Altamiro Borges: Futricas que custam R$ 1,4 bi em dinheiro público

Tempo de leitura: 3 min

Dilma em Lisboa e as contas de Aécio

Por Altamiro Borges, em seu blog

Desde sábado (25), a mídia tucana – que no ano passado recebeu mais de R$ 1,4 bilhão em verbas de publicidade do governo federal – não para de falar na tal escala da presidenta Dilma Rousseff em Portugal e do seu jantar em Lisboa. Jornalões e emissoras de rádio e tevê despejam uma overdose de futricas sobre o assunto.

De nada adiantou o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, explicar que a escala foi determinada pela aeronáutica por motivos técnicos de segurança e que as despesas foram bancadas pelos integrantes da comitiva presidencial.

De nada adiantou, também, a própria Dilma ter explicado que ela e sua comitiva pagaram a conta no restaurante. O governo alimenta cobras, despejando verbas publicitárias na mídia tucana, e sofre as consequências do seu denuncismo seletivo e da sua escandalização da política. Deve ser masoquismo!Com base neste novo bombardeio da mídia, o seu fiel dispositivo partidário (PSDB, DEM e PPS) tenta fazer a farra com objetivos eleitoreiros. Os tucanos até ingressaram com pedido de apuração dos gastos da viagem no Conselho de Ética da Presidência da República, que nesta quarta-feira (29) considerou a solicitação improcedente.

O ridículo pedido – que se soma às queixas patéticas contra o cartão de natal da presidenta e ao seu pronunciamento de final de ano na tevê – só demonstra o desespero do PSDB, que não tem propostas e conta um cambaleante presidenciável. Por falar nele, Aécio Neves também expressou “indignação com os excessos” da presidenta Dilma em Lisboa. Haja cinismo!

O mineiro é famoso por suas noitadas no Rio de Janeiro, com voos subsidiados pelo Senado. Até os bafômetros da cidade maravilhosa conhecem as suas baladas!Em março de 2013, o Estadão publicou curiosa notinha sobre o “indignado” tucano.

“Representante de Minas, o senador Aécio Neves fez para o Rio de Janeiro 63% das viagens bancadas pela verba de transporte aéreo (VTA) do Senado. Desde o início do mandato, ele pagou com dinheiro público 83 voos, dos quais 52 começaram ou terminaram na capital fluminense. Na maioria dos casos, ele embarca rumo ao Aeroporto Santos Dumont, o mais próximo da zona sul da cidade, onde passou parte da juventude, cursou a faculdade, mantém parentes e costuma ser visto em eventos sociais. O Senado pagou R$ 33,2 mil pelos voos a partir do Rio ou para a capital fluminense. Dos 25 que aterrissaram ali, 22 foram feitos de quinta a sábado; dos 27 que decolaram, 22 saíram entre domingo e terça”.

Ainda segundo a reportagem do jornal serrista, “as passagens de Aécio pelo Rio costumam aparecer em colunas e redes sociais que, não raro, registram sua presença em baladas e eventos cariocas nos fins de semana. Em tom bem-humorado, em 27 de agosto a imprensa do Rio registrou a participação do senador numa celebração do ‘PC (Partido do Chope)’, num bar em Copacabana, três dias antes. O Senado pagou R$ 939 pelo voo entre São Paulo e a cidade naquele dia, uma sexta-feira, e mais R$ 172 pelo trecho Rio-Belo Horizonte na segunda-feira seguinte. De 24 para 25 de novembro de 2011, quinta para sexta, o tucano foi fotografado em casa noturna de São Paulo deixando o aniversário do piloto Dudu Massa, na companhia de uma socialite. No sábado, foi para o Rio com passagem que custou R$ 420 ao Senado”.

A notinha do Estadão, jornal comprometido com o paulista José Serra nas sangrentas bicadas tucanas contra o mineiro Aécio Neves, logo caiu no esquecimento. Não foi manchete nos jornalões e nem motivo de comentários venenosos nos telejornais. Já a notícia sobre a escala da presidenta Dilma em Lisboa virou o principal tema da atualidade.

Apoie o VIOMUNDO

Ela deu brecha até para Aécio Neves, “quarto senador do Rio de Janeiro”, como já é conhecido, mostrar sua indignação. Até agora, pelo menos, o grão-tucano FHC não seguiu a trilha da mídia seletiva e evitou tratar do tema do momento.

Ele parece não se embriagar tão facilmente como seu pupilo mineiro e sabe que toda ação gera uma reação.Como antidoto a uma possível recaída do ex-presidente, o jornalista Paulo Moreira Leite até relembrou, “em nome do bom senso e da memória”, uma reportagem publicada pela Agência Brasil sobre a viagem de FHC a Lisboa, em 2002.

O texto relata que “Fernando Henrique Cardoso cumpre agenda privada hoje em Portugal. Durante a manhã ele fará um passeio turístico acompanhado de dona Ruth Cardoso, do embaixador do Brasil em Portugal, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador eleito pelo Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). Não há compromissos oficiais no período da tarde”. Na época, a mídia amiga não fez qualquer estardalhaço. Neste caso, dinheiro gasto em publicidade oficial foi bem aplicado!

Leia também:

Propinoduto tucano é mais amplo que o que sai na mídia

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também