Com apenas 16,5% dos mineiros vacinados, Zema marca volta de aulas presenciais; Sindicato é contra e deputada entra com ação

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Em defesa da vida, Sind-UTE não quer que outros profissionais da Educação de Minas Gerais, entre os quais 120 educadores da ativa, tenham o futuro interrompido como os professores Alessandra Rodrigues de Souza, Miriam Paiva (Mirinha), Ellen Cássia Pereira Lima, Maria Elizabete Nascimento, Vera Lúcia Pereira e Enir Martins Alves. Por isso, Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato, convocou reunião para deliberar sobre a decisão do governo Zema e a deputada estadual Beatriz Cerqueira entrou com uma ação popular contra a retomada agora das aulas. Fotos: Reprodução de vídeos e rede social

Por Conceição Lemes

Minas Gerais contabiliza 1.827.108 casos de covid-19 e 47.079 mortes.

Segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) divulgado nesse domingo (04/07), nas últimas 24h foram registrados 3.289 novos casos de infecção e 196 pessoas morreram.

De acordo com o Vacinômetro da SES-MG, 7.400.583 mineiros se vacinaram com a primeira dose dos imunizantes.

Outros 2.723.129 já tomaram duas doses e 25.126 receberam vacina de dose única.

Ou seja, 2.748.345 mineiros estão totamente vacinados.

Explicamos.

A população total de Minas Gerais em 2021, segundo projeção do IBGE, é de 21.411.923 habitantes.

O Plano Nacional de Operacionalização contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, determina a imunização de todas as pessoas com 18 anos e mais de idade.

Isso significa 16,6 milhões de mineiros.

Pois bem, somando os que já receberam as duas doses (2.723.129) aos que tomaram vacina da Jansem, de dose única (25.126),  temos  2.748.345 mineiros totalmente vacinados.

Eles representam 16,5% do contingente total a ser imunizado.

Se considerarmos apenas os mineiros as duas doses são 16,4% vacinados.

Mesmo assim, o governo Romeu Zema (Novo) anunciou retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino a partir de 12 de julho.

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) é contra.

“Não estamos dispostos a colocar a nossa vida e nem a dos nossos estudantes em risco”, afirma a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano.

“Queremos a volta presencial às aulas quando houver imunização de toda a população”, defende.

Em resposta à decisão do governo Zema, o Sind-UTE/MG convocou para esta quarta-feira (07/07), às 9h, reunião do seu Conselho Geral Deliberativo da categoria, que é composto por representantes de todo o estado.

Na pauta, deliberar sobre greve sanitária. Neste dia haverá paralisação total de atividades (leia abaixo).

E já na sexta-feira (02/07), a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) entrou com uma ação popular contra a retomada das aulas presenciais em regiões que estão na Zona Vermelha (leia mais abaixo).

07/07: SIND-UTE/MG CONVOCA CONSELHO GERAL PARA AVALIAÇÃO DE GREVE SANITÁRIA

Sind-UTE-MG

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) vem a público informar que decidiu convocar para o próximo dia 7 de julho de 2021, às 9h, o seu Conselho Geral e já está pautado indicativo de greve sanitária em todo o estado de Minas Gerais. Neste dia haverá paralisação total de atividades.

A decisão é uma resposta ao governo do Estado, que anunciou retorno presencial às escolas a partir de 12 de julho.

Pedimos às famílias que não enviem seus filhos e filhas para as escolas nesse momento. Há riscos sim de novas contaminações e de mais perdas de profissionais da educação, especialmente, em municípios que estão na onda vermelha.”

Minas Gerais registrou no dia de ontem (01/7/21) um cenário ainda extremamente preocupante: 46.459 mortes e 1, 81 milhão de infectados com a Covid-19.

E é diante desse quadro que o governo do Estado convoca a educação para as aulas presenciais sob o argumento de que o checklist está de acordo com as recomendações sanitárias.

Para o Sind-UTE/MG, onda vermelha favorável não existe.

O governo do estado de Minas Gerais quer fazer da escola um grande tubo de ensaio e assim verificar a possibilidade de contaminações em massa pelo vírus.

“Não estamos dispostos a colocar a nossa vida e nem a dos nossos estudantes em risco. O Sind-UTE/MG defende a educação e prima pela vida.Queremos a volta presencial às aulas quando houver imunização de toda a população”, afirma a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano.

De março a junho deste ano, o Sindicato redigiu mais de 160 notas de pêsames de profissionais da educação que perderam suas vidas pela Covid-19, destes 120 educadores e educadoras da ativa e mais de 40 aposentados/as. “São pais, mães e arrimos de famílias. Profissionais que não voltarão mais para a escola e deixarão órfãos também a comunidade escolar.

O Sind-UTE/MG é categórico: “A volta às aulas neste momento é um sinal de alerta máximo de perigo iminente que pode e deve ser evitado. Basta bom senso, cuidado com pessoas, investimento em vacinação e menos falácia. O governo do Estado, as Secretárias da Saúde e da Educação sabem que isso será uma catástrofe, mas, mesmo assim querem nos colocar no olho do furacão. O mundo dá sinais de que medidas intempestivas como essas tiveram péssimos resultados e fizeram eclodir o vírus, proporcionando a morte de milhões de pessoas”.

Batalha para manter a vida

Vale destacar que o Sind-UTE/MG travou uma batalha na justiça contra o governo e, por cerca de 1 ano e 4 meses, através de uma decisão liminar conseguida junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) garantiu a suspensão da convocação presencial dos trabalhadores em educação (exceto os diretores de escola) e o não retorno presencial das atividades escolares até que fossem implementados todos os protocolos sanitários, conforme decisão já proferida na liminar desde abril de 2020.

“Mas, é público e notório que o governo não cumpriu todos os protocolos. As escolas continuam sem infraestrutura adequada. Estão bonitas e preparadas só na foto.”

A luta não para e vai continuar.

A categoria da Educação, que em Minas responde por 80% do funcionalismo público, se mobiliza e o Sind-UTE/MG busca no apoio de sua base e da sociedade forças para impedir que o vírus da Covid-19 se alastre ainda mais com o retorno presencial às aulas.

Conceito – Greve Sanitária

A greve sanitária, também conhecida como greve ambiental, é uma greve deflagrada em função de uma emergência que coloca a segurança e vida dos trabalhadores em risco, como é o caso da pandemia da COVID-19. Ou seja, o ambiente “laboral” pode acarretar risco à segurança da vida do trabalhador.

No caso, a discussão da deflagração da greve é motivada em função da exigência de um trabalho presencial que pode trazer graves e sérios riscos a vida e saúde dos profissionais.

Assim, por todo o risco que o ambiente laboral pode vir ocasionar ao trabalhador a manutenção do trabalho será pela forma remota, já que a atividade presencial não possui as medidas sanitárias que garantam a segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho com a falta das medidas sanitárias.

DEPUTADA AJUÍZA AÇÃO CONTRA RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS EM REGIÕES DA ONDA VERMELHA 

A deputada estadual Beatriz Cerqueira, que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, ajuizou nesta sexta-feira, 2, Ação Popular na 2a Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte contra o governo do Estado pela autorização para o retorno presencial das aulas na rede estadual de ensino em regiões que estão na Zona Vermelha, de acordo com parâmetros da Covid-19.

A parlamentar destaca, na Ação, que, entre os dias 24/02/2021 e 02/07/2021 a situação epidemiológica e assistencial do Estado não apresentou melhoras, pelo contrário, apresentou piora, com decreto de Onda Roxa por um período e a manutenção de praticamente todo o Estado na Onda Vermelha.

Mesmo não havendo melhora na situação epidemiológica do Estado para oportunizar o retorno presencial e com muitos municípios optando por manterem-se na onda vermelha do Programa Minas Consciente, alertou a deputada, a Administração Pública, ferindo a autonomia da gestão municipal, emitiu ato, dissociado de qualquer critério razoável e em um cenário grave da pandemia, autorizando o retorno das atividades da educação pública para municípios da onda vermelha.

Tal medida para ter sido adotada “somente para fazer valer a sua vontade e dar “ares” de legalidade à tal atitude”, defendeu a deputada na Ação Parlamentar.


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