Walace Cestari: Pobres patrões!

Tempo de leitura: 3 min

Tresvarios de domingo

Publicado em 31 de março de 2013 por Walace Cestari, no Transversos

Empregados domésticos agora devem ser tratados como se trabalhassem fora. A patroa chora. Quanta rebeldia para quem parecia domesticada. Coitada. Era quase da família. Desde pequena foi tratada como filha. Apesar de limpar a casa toda. E cozinhar. E lavar. E passar. Mas quem não tem obrigação? Havia até um quartinho para ela (sem janela), como falar em nova escravidão? Agora quer ter direitos essa mulata. Que ingrata. Essa borralheira exige uma carteira. É, burguesia, se vira! E, sem empregada, a madame pira!

Piração mesmo é ver como a mídia trata da questão. Parecia que era de um 14 de maio a edição: ignorando conquistas trabalhistas, preocupada com o prejuízo do patrão. Os empregados domésticos só conseguiram ser reconhecidos como qualquer outro trabalhador. Mas o direto alheio sempre traz horror. E como fica, Danuza? Essa gente só abusa, vai querer deixar confusa e penetrar na sociedade de intrusa? Agora, se oferece um por fora, desdenha e até recusa?! Jura? Ai que loucura!

Loucos por uma guerra para ajeitar a economia, os EUA (quem diria?), já jogam para a plateia e ameaçam intervir no entrevero das Coreias. A notícia das oligarquias diz que o ditador maluco rasgou seu salvo-conduto e vai explodir a Ásia inteira.

Quanta besteira. Ali não há flor que se cheire, há quem se entrincheire para acusar o outro lado. O Sul divulgou uma lista de alvos no Norte, isso indica querer morte? Não, que sorte! Os EUA ensaiaram um bombardeio, invadiram o céu alheio e propõem uma série de sanções. Quem, de verdade, são esses vilões? Diante dos tostões, valem só os que a mídia fez? Quanta insensatez.

Insensata nação democrata, que cria jovens agressores de indefesos professores. Quantas dores! Pedagogia não é mais notícia, virou caso de polícia. Só demagogia. A raiz desse problema está no próprio tema. Ignorada pelo sistema, é ela mesma a solução: educação. Mas se aposta tão somente na via da contradição: a culpa é do indivíduo – e, se pobre, é resíduo. Um desajuste social, um anormal. Então que venha a punição. É a sociedade da insanidade.

Insana sanha por assassinatos. Dos fatos, nada pode ser pior: a sangue frio, por conta de ciúmes, tirar a vida de um menor. Inexplicável atrocidade. Covarde. E é hoje o dia de comemorar a covardia. Assim anuncia o círculo militar: hoje tem jantar!

Levantar a taça, rir da massa e chamar de revolução o que foi nossa desgraça. Quanta mordaça. Gente cabeça-dura, para celebrar a ditadura. Gritarão com todo afinco: “viva o AI-5!” Troçar com a censura e defender toda a tortura. Quisera eu que fosse só tolice, coisa da velhice, ou simples maluquice.

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Maluco, traz a conta! Mas não conta para essa gente parva, que o chocolate agora vem com larva. É segredo. Que saudades de quando só vinha brinquedo! E avisa pra torcida, iludida, que futebol não tem mais não. Seis anos já deu tempo para cair o Engenhão. Quanta lambança. O perfeito prefeito que garantiu a segurança é o mesmo que hoje a interdita. A gente finge que acredita. Sem ter quem nos proteja, exijamos o reverso. Porque a mão que afaga é a mesma que apedreja, como advertia o verso.

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