Vivaldo Barbosa: É muito bom constatar que hoje brizolismo e lulismo se confundem

Tempo de leitura: 2 min

BRIZOLA, 100 ANOS: COMO É BOM VER QUE, HOJE, BRIZOLISMO E LULISMO SE CONFUNDEM

Por Vivaldo Barbosa*

O que mais distinguia Brizola no ambiente político brasileiro é que era ser portador de um pensamento.

Brizola tinha pensamento político, o que o diferenciava de tantos do seu tempo e de hoje em dia.

Brizola era trabalhista, que na política brasileira ligava-se ao nacionalismo. As correntes mais autenticamente nacionais, mais enraizadas no povo brasileiro.

O trabalhismo forjou-se no Brasil de maneira bem diversa das correntes europeias, assumindo fisionomia própria. Diferenciou-se do que se denominava socialismo ou social democracia.

O próprio Brizola dizia que o seu pensamento ficou definido quando ele via nas ruas os operários e gente do povo defender a legislação do trabalho e os direitos do povo.

Aquela era a gente com quem se identificava, diferente em boa parte do que ele via em outras áreas.

Brizola ligava-se ao sentimento de pátria, de brasilidade.

Compreendia a situação em que o Brasil foi colocado ao longo da história, de maneira marginal.

Reclamava que os grupos econômicos e os países centrais não tinham o direito de se apropriar de nossas riquezas. Sempre clamou para que a política brasileira enfrentasse os interesses internacionais.

Em Brizola o trabalhismo e o nacionalismo se misturavam, como da tradição brasileira.

Sua paixão pela educação era solidariedade ao povo brasileiro e a visão superior do Brasil.

Muitas coisas da vida de Brizola poderão ser ressaltadas e muitos aspectos da sua personalidade devem servir de inspiração permanente.

Coerência? Claro, sempre foi sua marca.

Coerência era a retidão de vida de Brizola, o que o fazia respeitado, mesmo em meio a tanta polêmica em que mergulhava. Nunca procurou enganar ninguém, nunca aderiu às palavras fáceis, sempre na procura de expressar o seu sentimento, nunca ocultá-lo, distanciava-se dos hábitos corriqueiros dos políticos menores. Coerência como questão central, não apenas decorrente de manifestações marginais, passageiras.

Coragem? Coragem cívica, que o distinguia.

Exemplo foi sua decisão de expropriar as empresas multinacionais de eletricidade e de telefonia, que sufocavam a economia gaúcha. Dominavam as concessões, mas não investiam, não expandiam, impediam a industrialização e o desenvolvimento da economia.

O exemplo mais vivo foi a rebelião que Brizola liderou pela posse de Jango, enfrentando as cúpulas das Forças Armadas.

Sua coragem encontrou eco no povo brasileiro, que soube mobilizar e esteve ao seu lado.

Venceu com a marca da coragem. Demonstrou coragem ao ficar contra a derrubada do Collor, que rompia sua investidura popular. Pagou preço elevado, mas a derrubada da Dilma mostrou que tinha razão.

Brizola, hoje, estaria ao lado de Lula, sem dúvida.

Sendo homem de pensamento, trabalhista e nacionalista, Brizola não titubearia em ver que o único político no Brasil que hoje abraça as causas trabalhistas é o Lula.

Assim como o PT é o partido que mais defende a legislação trabalhista, a Previdência Social e as estatais estratégicas.

Como sempre o fez, Brizola estaria junto na luta pela derrubada de tudo o que se abateu sobre o Brasil.

Talvez a coisa mais marcante dos 100 anos de Brizola seja constatar que brizolismo e lulismo hoje se confundem.

*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.

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Comentários

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Riaj Otim

Ou seja, nas profundezas do inferno, Golbery e sua turma, criadores do personagem Lula, estão rindo à toa

Darcy Brasil R da Silva

Vivaldo Barbosa pode até não reconhecer no atual PDT o veículo do brizolismo autêntico, mas pretender a identidade entre o social-liberalismo que o lulismo representa com o nacional desenvolvimentismo que o brizolismo representou é uma falsificação grosseira da História, uma tentativa de sequestrar o brizolismo enquanto patrimônio histórico do povo brasileiro, com os seus grandes feitos e sonhos que não pôde ver realizados, para entregá-lo a herdeiros ilegítimos. Não há como igualar o projeto nacional de desenvolvimento de um grande herói brasileiro, disposto a pegar em armas para defender a sua pátria e o seu povo, que jamais assinaria algo como a “Carta aos Brasileiros”, com a descarada política de conciliação de interesses de classes que o lulismo praticou . Me arrependo profundamente de ter me jogado de corpo e alma na campanha de Lula em 1989, sete dias por semana, dentro da Ilha do Fundão na UFRJ, e em todas as favelas em seu em entorno (Maré, Nova Holanda, Vila do João), na Ilha do Governador e suas favelas (o violento Morro do Dendê entre elas). Se tivéssemos apoiado Brizola e não Lula em 1989, os eleitores de todo o Brasil que convencemos a votar em Lula teríamos convencido a votar em Brizola, o que levaria o herói gaúcho a ir para o 2° turno em lugar de Lula, para vencer as eleições e enfrentar o Brasil das elites em vez de tentar se conciliar com elas como se viu a partir de 2002. Pensar que fiquei angustiado, acompanhando a contagem de votos em 1989, temendo que Brizola tirasse a pequena vantagem de votos que Lula possuía sobre ele. Fosse hoje, conhecendo como conheço o “modo petista” de governar, ficaria decepcionado e triste com resultado da apuração do 1° turno daquela eleição, como ficaram os brizolistas daquele tempo. Em 1988, o Brasil perdeu a oportunidade de eleger um herói brasileiro, um homem capaz de morrer pela sua pátria e em defesa dos interesses do seu povo, que faria os fascistas, milicianos e traidores da pátria que nos governam tremer de medo. Não há nenhum sentido histórico em um eventual retorno de Lula à presidência que não seja o de defesa da democracia que o fascismo ameaça exterminar. Qualquer referência à retomada de projetos nacionais de desenvolvimento que jamais existiram em tempos de PT não passa de comércio de ilusões. Lula com 76 anos não poderá se reinventar, aprendendo os grandes ideais do herói gaúcho que engoliu o sapo barbudo para tentar impedir a vitória de Collor, trocando sua adoração pelo social liberalismo (que Lula e muitos petistas confundem com socialismo) pelo projeto de construção de uma nação soberana, desenvolvida, democrática e socialmente justa com que Brizola sonhava . Lula poderá ser apenas o candidato carismático de uma Frente Ampla para derrotar o candidato fascista que tenta se reeleger. Para isso, já que infelizmente não está disponível um Brizola redivivo como alternativa, estamos dispostos a subir novamente as favelas, mas sem nenhuma ilusão de que algo mais que a proteção das liberdades democráticas a candidatura de Lula poderá significar. O Brasil com que sonhamos está esperando o despertar da consciência de classe do proletariado revolucionário para se realizar. O resto é conversa fiada de embusteiros, de mercadores de ilusões profissionais, habituados a dar piruetas verbais diversionistas, que, em vez de despertar a consciência de classe do proletariado, as entorpece com imagens de salvadores da pátria.

    Ubelino Mota

    Vota nos generais. São hipersupernacionalistas.
    “Brasil acima de tudo”

Zé Maria

100 ANOS DE BRIZOLA

Na sexta-feira (21), o jornalista Luis Nassif conversou na TV GGN com
os Trabalhistas Vivaldo Barbosa e Carlos Roberto de Siqueira Castro
sobre Leonel Brizola, que completaria 100 anos neste sábado (22).

Assista: https://youtu.be/ax6LJZ3xhcU

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