Vanessa Portugal: 50 mil contra 50 milhões

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Damos sequência a nosso esforço para entrevistar todos os candidatos de alguns colégios eleitorais importantes na campanha municipal deste ano.

Desta vez, é Vanessa Portugal, do PSTU, candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, que apareceu com 4% de intenção de voto na mais recente pesquisa Datafolha.

[Aqui a entrevista com Patrus Ananias, do PT]

Ela faz uma campanha nas ruas da capital mineira e através da rede para participar do primeiro debate eleitoral na cidade, marcado para o dia 2 de agosto, na Band.

A candidata não foi convidada com a alegação de que só vão participar os candidatos de partidos com representação parlamentar.

“Acho que isso mostra como é antidemocrático o processo eleitoral, porque na verdade só participa do jogo quem já tá dentro dele”, afirma Vanessa.

A candidata tem uma previsão de gastar cerca de 50 mil reais na campanha e estima que seus principais adversários, Márcio Lacerda (PSB) e Patrus Ananias (PT), vão gastar juntos R$ 50 milhões.

Este, aliás, é um dos motes da campanha de Vanessa.

Ela diz: “Os dois adversários, eles na verdade fazem uma campanha comprometida com as empresas que há anos prestam serviços a Belo Horizonte e vamos poder ver isso claramente quando aparecerem as doações de campanha”.

O principal objetivo dela, se eleita, será reverter a lógica dos gastos públicos.

Segundo Vanessa, mais de 40% de tudo o que a Prefeitura de Belo Horizonte arrecada em IPTU e outros impostos cobrados de pequenos empresários são investidos no pagamento de dívidas ou em gastos com serviços terceirizados.

Com isso, segundo a candidata do PSTU, a capital mineira investe menos que o previsto pela Lei Orgânica em Educação, menos que o recomendado pelo governo federal em Saúde, cerca de 2% do orçamento em Habitação e tem obras do Metrô atrasadas em mais de 20 anos.

“O preço é que a população acaba não tendo retorno do imposto que paga e seus serviços ficam precarizados. Nossa intenção é reverter essa lógica”, afirma.

Clique abaixo para ouvir a entrevista:

Vanessa

 


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Comentários

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MARIA BRASILEIRA

isso mesmo, 4%, sem financiamento é sinal de que o belo horizontino já “percebeu”, que PT, NÃO FOI, NÃO É E NUNCA FOI ESQUERDA NESSE PAÍS!!!!! E que há novas possibilidades…

CONTINUE FIRME VANESSA!!!!!!!!!!!! SÓ PROCURE SER MAIS OBJETIVA EM SUAS
PROPOSTAS: EDUCAÇÃO
MORADIA
TRANSPORTE
DEFICIENTES FISICOS/IDOSOS/JOVENS APRENDIZES
SUCESSO!!!!!!!!!!!!!!!

Hans Bintje

Azenha:

Por que você reporta as eleições municipais no Brasil de 2012 como se fossem eleições municipais alemãs da década de 1990?

Os alemães já não são os mesmos e Flavio Aguiar descreveu o que está fazendo sucesso entre os eleitores de lá: “propaganda amadora ganhou a simpatia até de quem não votava neles, descrita como bem humorada, inteligente e autêntica” ( fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18520 )

Será que a mudança social que aconteceu no Brasil nos últimos dez anos também não alterou a mente dos eleitores do país?

Eis o que escreve Flavio Aguiar naquele texto:

“De repente ‘Piratas do Caribe’ voltou a entrar em cartaz em Berlim.

Mas não era bem o filme estrelado por Johnny Depp. Nem os piratas eram propriamente do Caribe. Eram, na verdade, de Berlim. Mais precisamente, eram 15. Não só sobreviveram, como ganharam a parada. Todos, sem exceção.

Eram os 15 candidatos do Partido Pirata.

Saíram do zero. O partido não tinha um único deputado na Câmara de Representantes de Berlim. Nas primeiras pesquisas, apareciam com um, dois por cento das intenções de voto. Como não tinham dinheiro, não contrataram uma empresa de marketing para fazer a propaganda do partido. Fizeram eles mesmos os cartazes, as fotos, as palavras de ordem. E passaram a pendurar seus cartazes nos postes, tímidos em meio à euforia e ao ar de certeza profissional dos grandes partidos e de seus marqueteiros. (…)

Na verdade, os Piratas acabaram navegando de uma posição monotemática, a liberdade de expressão e o maior direito à privacidade na internet, em direção à incorporação de bandeiras à esquerda: acabar o imposto eclesiástico (‘privatizemos as religiões’, dizia um cartaz), adoção de um salário mínimo (que não existe na Alemanha, e até o momento só a Linke abraçava essa causa do movimento sindical, inclusive o que apóia tradicionalmente o SPD), tornar gratuito o transporte público, causas ambientais e, para alegria do senador Suplicy, a adoção de uma renda mínima para os berlinenses.

Essas bandeiras foram simpáticas sobretudo para os jovens, setor que mais padece com o desemprego, mesmo na próspera Alemanha, e, também segundo as pesquisas, eles atraíram para as urnas 21 mil navegantes, quer dizer, votantes que antes desprezavam o voto. Além disso, forçaram o discurso dos Verdes, de quem tiraram o maior contingente de votos, a ir mais para a esquerda.

Bons ventos acolham esse novo partido.”

Rodrigo Leme

Por isso que sempre acredito e vendo a tese de que PT e PSDB brigam só pra fazer cena, pq na real eles dão risada de todo mundo, e vão se mantendo lá em cima sozinhos. Cartel no “úrtimo”.

Roberto Locatelli

Por isso a luta pela democratização das comunicações é tão importante. O PIG escolhe a quem dar voz.

Infelizmente, PSTU, PSOL, PCO e outros não encampam essa luta. Ao contrário: eles vão às reuniões com a Veja debaixo do braço para repercutir os “escândalos” da revista que é porta-voz de Cachoeira.

    lucas gomes

    a corrupção deve sempre ser acusada e combatida, da mesma forma que o PT e esses partidos também acusam a corrupção do PSDB, DEM e etc. Você não pode esperar que só porque o PSTU e o PSOL também estão no campo da esquerda que eles se solidarizem com as corrupções do PT…
    não que a Veja deva ser levada muito a sério, mesmo porque se você conhecesse bem estes partidos veria que corrupção não é de longe a principal pauta deles, mas quando falam algo sobre isso é o único momento em que o PIG lhes dá espaço. Neste caso, quem está levando o PIG demasiado a sério é quem pensa que o único que estes partidos fazem é fazer coro ao PIG…

Wagner

Realmente, como disse o colega abaixo, ter 4% contra os barões PT & PSDB é uma façanha.

Se campanha eleitoral fosse mais justa, candidatos como a Vanessa teriam chances reais.

Será que é por isso que os grandões não querem uma campanha mais equlibrada? Será?

leprechaun

e pq o PT, autodeclarado partido de esquerda, não se esforça pra garantir a democracia e ajuda o pstu a ter espaço?

    Roberto Locatelli

    O PT encampou a bandeira do financiamento público exclusivo de campanha. Esse é o ponto principal para que as eleições não sejam dominadas por aqueles que têm “doadores” mais ricos.

    J Fernando

    Porque não o PSDB que é Social Democracia?

    É engraçado como quase tudo que não está certo na política brasileira é cobrado… do PT!!!!

Porco Rosso

Às vezes o critério que a mídia usa são os resultados das pesquisas de intenção de voto (o candidato deve pontuar; ou deve estar entre os n com maior porcentagem) e às vezes o critério é a representação parlamentar.

No Rio, o Freixo está com 10% de intenções de voto e o PSOL tem representação parlamentar, mas mesmo assim Freixo é ignorado pela imprensa.

Fabio Passos

É a democracia burguesa. Uma completa fraude.
Participa apenas quem tem dinheiro. A definição de quem concorre de fato não é da sociedade… é restrita aos financiadores de campanha. É por isso que, não importa o vencedor, o grande vitorioso é sempre o poder econômico.

4% de intenção de voto para uma candidata sem financiamento de campanha é muito significativo.

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