Valter Pomar: A cara de paisagem do Banco Central

Tempo de leitura: 3 min
A omissão canalha, proposital, do presidente do BC, Campos Neto. diante da onda especulativa contra o real nos últimos dias. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A cara de paisagem do Banco Central

Por Valter Pomar, em seu blog

É um clássico.

O governo decide o que acha por bem decidir.

E o mercado age como sempre: alguns batem muito, outros assopram, mas todos (eles) ganham.

E o Banco Central faz cara de paisagem.

Nas palavras do líder do PT na Câmara dos Deputados:

“É inaceitável a omissão do Banco Central frente à onda especulativa contra o real nos últimos dias. É um crime contra o povo brasileiro e a economia nacional a inércia de Campos Neto, cuja postura é uma mistura de omissão e ação de sabotagem contra o Brasil. É sua obrigação intervir no mercado, pois há diferentes instrumentos à disposição do BC. No governo passado, o presidente do BC usou US$ 65,8 bilhões a fim de manter o câmbio sob controle. Só na véspera das eleições de 2022, Campos Neto vendeu US$ 20,85 bilhões. O BC interveio 122 vezes no mercado de câmbio no governo anterior; no atual, só duas vezes. Com o governo Lula, fica inerte, com papel decisivo na espiral especulativa. Um absurdo!”

Nota de rodapé: de que adiantou tentar pacificar a relação com o Banco Central? A pacificação, como se percebe, é de mão única.

Aliás, de que adiantou termos indicado parte da diretoria do Banco Central?

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A onda especulativa denunciada pelo líder do PT é um sinal de que o plano apresentado pelo ministro da Fazenda estaria “do lado certo da força”?

Esta é a opinião de muitos dirigentes do PT, para quem a onda especulativa seria a prova definitiva do acerto das medidas.

A experiência demonstra algo, digamos assim, um pouquinho diferente. O motivo da especulação é ganhar dinheiro. E como o BC faz cara de paisagem, todo ocasião vira motivo.

Entretanto, é verdade que o chamado “mercado” queria mais, muito mais.

As posições inicialmente defendidas pela Fazenda e pelo Planejamento iam muito além do que foi anunciado. Como é óbvio e público, o presidente Lula deu uma segurada nos cabeças de planilha.

Nota de rodapé: por onde anda a ministra Tebet?

Isto posto, as medidas realmente adotadas:

-não tocam na variável taxa de juros;

-não tocam nos gastos tributários (gastos estimados, por economista amigo, “em 6% do PIB, R$ 600 bilhões, dos quais R$ 100 bilhões ou 1% do PIB são concedidos diretamente às empresas”);

-incluem medidas positivas (IR, militares, emendas), algumas das quais dependem do Congresso Nacional;

-mas incluem, também, medidas negativas, que se forem implementadas vão recair sobre a base eleitoral e social do governo.

Dos 71,9 bilhões estimados de “economia” no biênio 2025-2026, a maior fatia – 26,6 bilhões de reais – sairá do abono salarial, do salário mínimo, do bolsa família e do BPC.

Do jeito que está escrito, a “economia” não recairá apenas nem principalmente no lombo de eventuais “malandros” que recebem benefícios que não merecem. Recairá sobre gente pobre e trabalhadora.

Aliás, vamos combinar: os grandes malandros deste país são os que vivem da especulação e dos benefícios tributários. Estes não foram alvos das medidas da Fazenda.

O mais grave, entretanto, não é isso.

O mais grave é que o pacote opera nos marcos definidos pelos nossos inimigos. A pauta deles é o corte de gastos. E boa parte de nosso debate é sobre que tipo de corte é aceitável ou não.

Nossa pauta precisa ser desenvolvimento, reindustrialização, ampliação do bem-estar social.

Qualquer que seja nossa avaliação sobre as medidas da Fazenda, precisamos mudar de pauta.

Ou fazemos isso, ou seguiremos na defensiva neste debate sobre a economia nacional. Com as consequências que já conhecemos.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Zé Maria

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Presidente Lula indica 3 Novos Diretores para o Banco Central

Os Escolhidos ainda Precisam Receber o Aval do Senado Federal

Os Indicados são:

IZABELA CORREA
Cargo: Diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta;
Servidora do Banco Central desde 2006, Correa foi pesquisadora
de pós-doutorado na Escola de Governo da Universidade de Oxford
e tem doutorado em Governo pela London School of Economics and
Political Science, concluído em 2017.
Graduada em Administração Pública pela Escola de Governo da
Fundação João Pinheiro, é mestre em Ciência Política pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Atualmente é secretária de Integridade Pública da Controladoria-Geral
da União (CGU).

GILNEU VIVAN
Cargo: Diretor de Regulação;
Servidor de carreira do Banco Central desde 1994, Vivan atualmente
é chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor)
da instituição financeira.
Até o início de 2024, atuou como chefe do Departamento de Monitoramento
do Sistema Financeiro Nacional.
Também representou o Brasil em grupos internacionais, como o Grupo
Analítico de Vulnerabilidades, do Conselho de Estabilidade Financeira,
órgão do G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União
Europeia e União Africana) responsável por avaliar as ameaças ao sistema
financeiro mundial.

NILTON DAVID
Cargo: Diretor de Política Monetária;
Chefe de Operações de Tesouraria do Bradesco, Nilton tem experiência
no mercado financeiro.
O diretor indicado é graduado em Engenharia de Produção pela Escola
de Engenharia Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

O Banco Central possui 8 Diretores, além do Presidente da Instituição,
que integram a Direção Colegiada.
Todos são Indicados pelo Presidente da República e devem receber o Aval
do Senado Federal
(https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/estruturabc)
Caso as atuais indicações de Lula sejam aprovadas pelo Senado ainda
em 2024, os indicados passarão a exercer os cargos a partir de 1° de
janeiro de 2025, por um Mandato de 4 Anos.

https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/lula-indica-tres-novos-diretores-para-o-banco-central/

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Zé Maria

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https://www.camara.leg.br/deputados/74159
https://www.camara.leg.br/deputados/liderancas-e-bancadas-partidarias/lideres-e-vice-lideres-dos-partidos
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O Príncipe e a Princesa da Área Econômica “Fazerem às Pazes”
com o Presidente Guedes-Bolsonarista do Banco Central é
o Mesmo que o Lula “Fazer às Pazes” com os Oficiais Militares
que tentaram Golpeá-lo com um “Punhal Verde-Amarelo”;
Ou, ainda, equivale à ex-Presidente Dilma Rousseff “Fazer às Pazes”
com os Conspiradores de 2015/2016 Michel Temer e Eduardo Cunha.
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Excerto:
“Nota de rodapé: de que adiantou tentar
pacificar a relação com o Banco Central?
A pacificação, como se percebe, é de mão única.
Aliás, de que adiantou termos indicado parte
da diretoria do Banco Central?”
VALTER POMAR
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