Ubiratan de Paula Santos: Contra os acordões de bastidores

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Evitar o diversionismo e muita cera no ouvido para não ceder ao canto das neosereias

por Ubiratan de Paula Santos, via whatsapp

O furacão provocado a partir da divulgação pela Globo das gravações e delações dos donos da JBS, que envolveram o presidente da República, além de outros expoentes, com destaque para o boca limpa Aécio Neves, não deve nos desviar do tema central a merecer atenção e ação dos que lutam pela democracia e contra os ataques aos direitos dos trabalhadores e do povo.

Pouco sabemos sobre os interesses por trás da Globo, ou dos que insistem em manter Temer, ou de mudanças de comportamentos de certas mídias, mas todos sabemos que todos eles, que organizaram e deram o golpe que feriu a democracia e jogou o País no abismo, não têm o menor compromisso com a ética, a moralidade, a democracia.

E todos estão unidos para dar continuidade à aprovação das reformas que retiram direitos dos trabalhadores, dos aposentados, dos mais pobres e para aumentar ao subalternidade do Brasil ao capital financeiro e internacional, com consequente perda de autonomia para dirigir seus rumos.

Todos eles estão disputando a melhor forma de aprovar as chamadas DEFORMAS, de caminhar rumo à liquidação da indústria nacional e, mais do que isto, ou melhor, para dar perenidade a estas políticas, chegar com algum grau de recuperação da aceitação popular do bloco conservador para melhor enfrentarem as eleições de 2018, ou com força para adiá-las.

Por estas razões, nossa atenção deve ser centrada na luta contra as reformas trabalhistas e a que assalta a aposentadoria; obrigar o congresso a retirá-las de pauta e mandá-las de volta aos devidos lugares dos personagens que as pariram.

Essa luta comandada pelos sindicatos de trabalhadores quanto mais for apoiada, unitária e forte, maiores serão as possibilidades do movimento democrático ganhar musculatura, pela presença do mundo do trabalho em cena, para enfrentar as forças conservadoras e golpistas, conquistar as eleições diretas e recuperar o caminho do desenvolvimento do país com democracia, soberania e redução das desigualdades.

No plano da política geral, além da prioridade antes assinalada, não resta alternativa às forças senão a luta pela saída de Temer e pela realização de eleições diretas.

Tentativas de acordos pelo alto com forças golpistas só agravarão o quadro de deterioração que atingiu o sistema político e seus partidos, reduzindo as possibilidades de reencontro ensaiado do campo progressista com a maioria do povo.

A redução de danos do lado de cá será tanto maior quanto mais bem sucedida for a luta para derrotar a política que os golpistas tentam impor ao país.

Acordões não só irão reduzir a força para derrotar o bloco conservador, como nos afastarão do esforço de recuperar terreno junto ao povo, aos trabalhadores.

Não devemos ser sócios de uma tentativa de “estabilizar” o País à custa dos direitos do povo.

Pelo contrário, botando pressão intransigente na defesa dos direitos é que poderemos aprofundar o dissenso entre os golpistas e melhor trilhar o caminho rumo às eleições democráticas e recuperar um período de estabilidade democrática para garantir a conquista de emprego, renda, saúde, educação, cultura, e derrotar os mecanismos reprodutores da brutal desigualdade secular.

 Ubiratan de Paula Santos é médico pneumologista.

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