”O mundo só terá paz quando a Palestina for livre e a Israel for negada a sua impunidade”; vídeos

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Por Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Neste domingo, 29 de novembro, celebramos o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino.

É a nossa data máxima, instituída em 1977 pela Organização das Nações Unidas (ONU)

Foi também em 29 de novembro de 1947, portanto há exatos 73 anos, que a Assembleia Geral da ONU aprovou o Plano de Partilha da Palestina, apesar da forte oposição da população autóctone, a palestina, de todos os Estados Árabes da região e de boa parte do mundo.

Isso se deu através da Resolução 181 da ONU.

Não bastasse ser injusta – previa 56,5% do território a 700 mil judeus, contra 42,9% para 1,4 milhão de palestinos, donos de 94% do território–, a Resolução 181 jamais foi cumprida por Israel.

Pior. Abriu caminho para o processo de limpeza étnica que está sendo conduzido até hoje com a ocupação criminosa de Israel na Palestina.

A Resolução 181 acabou servindo de salvaguarda para que as milícias compostas por estrangeiros sionistas dizimassem o povo palestino e impusessem um projeto de Estado colonial e supremacista, baseado na exclusão, na violência e na intolerância.

Não é a história de uma guerra ou de um conflito, diferentemente do que alguns costumam dizer.

É a história da remoção forçada e continuada de um povo de sua terra ancestral.

Mas é também uma história de resistência, luta pela preservação de uma identidade e pela retomada de direitos.

Enquanto não formos atendidos, seguiremos pedindo justiça e reparação para a Palestina e seu povo.

Pelo direito de retorno dos refugiados, pela autodeterminação do povo palestino, pelo cumprimento do direito internacional e pelo fim da ocupação militar, dizemos basta!

Está na hora de o mundo negar a Israel sua impunidade.

Não podemos nos calar diante de tanta violência e desrespeito.

O mundo só terá paz quando a Palestina for livre e a Israel for negada a sua impunidade!

ARAFAT VIVE!

Na verdade, novembro é um dos meses mais emblemáticos para a história da Palestina e de seu povo.

Começa de forma trágica, em 2 de novembro de 1917, quando o então chanceler britânico Arthur Balfour promete aos dirigentes euro-judeus sionistas um “Lar Nacional Judeu” na Palestina.

Tinha início ali, com a chamada Declaração Balfour, a tragédia palestina, que já dura 72 anos.

Só que, com o passar dos anos, graças às lutas de seu povo e líderes, tanto no campo de batalha quanto nos palcos da diplomacia, novembro também acumulou muitas conquistas.

Em 11 de novembro, relembramos mais uma vez o martírio e morte do grande líder palestino Yasser Arafat, envenenado anos a fio com substância radioativa mortal — polônio 210 — por seus algozes israelenses.

Arafat não é só o maior líder palestino da história.

Para muitos historiadores, foi um dos mais importantes líderes do século XX na luta contra o colonialismo.

Morreu em 11 de novembro de 2004, no hospital militar Percy, nas imediações de Paris.

Seu sepultamento, em 13 de novembro, em Ramallah, sede administrativa da Palestina, foi acompanhado por uma multidão.

A ocupação israelense impediu que fosse sepultado em Natal, sua cidade natal.

Impediu, ainda, que outras centenas de milhares de palestinos chegassem a Ramallah para o último adeus àquele que foi seu líder inconteste e depositário de todas as suas esperanças.

Arafat foi tão importante para os palestinos e o mundo que seu mausoléu e o museu anexo, dedicado à sua história, viraram ponto de romaria de palestinos e de não palestinos de todas as partes do mundo.

Arafat foi capaz de organizar as lutas armada e política dos palestinos sem praticamente nenhum apoio — seja do ocidente, da antiga URSS e de parte do chamado mundo árabe –, ressalvando sempre que não faltaram nações árabes que fortemente apoiaram a luta palestina e assim seguem até hoje.

Além disso, se tornou referência para todos os movimentos de libertação nacional — do Vietnã a África do Sul sob apartheid, da América Central ao Iêmen.

Em 1959, quando fundou o Al-Fatah, ninguém ousava imaginar que os palestinos seriam capazes de construir um poderoso grupo guerrilheiro, os fedayns, um verdadeiro exército não estatal.

Arafat, além de líder guerrilheiro fora do comum, foi também um líder político de envergadura mundial.

Como escreveu o jornalista brasileiro Clóvis Rossi, Arafat era um dos poucos que fazia com que os homens mais ricos e poderosos do mundo se acotovelassem em Davos, Suíça, para vê-lo e ouvi-lo.

Arafat era, segundo Rossi, um dos últimos homens que não se podia pintar de cinza.

O 13 de novembro, além de ser o dia em que Arafat foi sepultado, é também a data em que ele falou à Assembleia Geral da ONU, em 1974.

Foi o primeiro líder não governamental a fazer isso.

Seu discurso é até hoje impactante e segue repercutindo em todos que lutam contra o imperialismo, contra todas as formas de racismo, por um mundo de livres e iguais.

Na ocasião, disse ao mundo que trazia consigo, numa das mãos, uma arma com a qual combatia pela liberdade, e na outra um ramo de oliveira, símbolo da paz que buscava para a Palestina, conclamando a comunidade internacional para que não o deixasse cair.

Vale a pena a leitura desta lição de vida e de humanidade do maior palestino de todos os tempos.

Em 14 de outubro de 1974, a Organização de Libertação da Palestina (OLP) havia sido reconhecida como a única e legítima representante do povo palestino.

Em 22 de novembro do mesmo ano, tornava-se membro observador não-estatal da ONU.

 A Declaração de Independência da Palestina foi escrita pelo grande poeta palestino Mahmoud Darwish e proclamada por Arafat. Ilustração: Fepal 

Em 15 de novembro de 1988, a OLP proclamou um Estado Palestino com capital em Jerusalém e aceitava as Resoluções 181 e 242 da ONU.

Isso se deu durante sessão extraordinária do Conselho Nacional Palestino no exílio, em Argel, capital da Argélia.

Ou seja, em 2020, a Declaração de Independência da Palestina completa 32 anos.

Escrita pelo grande poeta palestino Mahmoud Darwish e proclamada por Arafat em 15 de novembro de 1988, ela estabelece o Estado palestino nas fronteiras de 1967, apoiando-se nos princípios do direito internacional e nas resoluções da ONU (181 e 242).

“Conclamamos nosso grande povo a se unir à bandeira da Palestina, para valorizá-la e defendê-la, para que possa ser para sempre o símbolo de nossa liberdade e dignidade nessa pátria, que é uma pátria para os livres, agora e sempre”, escreveu Darwish, dando voz aos anseios dos milhões de palestinos que viviam (e seguem vivendo) sob a ocupação israelense ou em exílio pelo mundo.

“O Estado da Palestina é o Estado dos palestinos onde quer que estejam”, destaca em outro ponto do texto.

Assim, em 1988, Jerusalém é designada capital da Palestina, e Arafat, um ano depois, eleito presidente pelo Conselho Central Palestino.

A bandeira preta, branca, verde e vermelha, usada pelos palestinos desde as revoltas contra o Império Otomano, em 1916, foi oficialmente adotada.

Em 29 de novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma moção alterando a situação da Palestina: de “entidade” para “Estado não-membro observador”.

Teve 138 votos favoráveis e apenas 9 votos contrários (Israel e EUA incluídos)

Em consequência, a ONU e todos os seus organismos passaram a adotar em seus documentos a designação “Estado da Palestina”.

O exemplo de luta de Arafat segue, portanto, vivo e nos inspirando. Arafat vive!

SAEB EREKAT E DIEGO MARADONA

Saeb Erekat e Mahmoud Abbas junto Maradona. Fotos: Fepal 

Neste novembro de 2020, tivemos duas grandes perdas para a Palestina e os palestinos.

Em 10 de novembro, faleceu aos 65 anos, Saeb Erekat, vítima da covid-19.

Erekat foi secretário-geral da OLP, um lutador incansável pela paz e uma das principais vozes nas últimas décadas na defesa de um Estado palestino soberano e independente.

Erekat esteve ao lado de Yasser Arafat nas negociações dos Acordos de Oslo e em outros momentos importantes na história recente da Palestina.

Acadêmico mundialmente respeitado na área de Relações Internacionais, hábil negociador e militante ativo contra o sistema de apartheid de Israel, era apontado como um dos principais nomes para a sucessão do presidente Mahmoud Abbas na Autoridade Nacional Palestina (ANP).

No dia 25 de novembro, aos 60 anos, morreu Diego Armando Maradona, um maiores jogadores de todos os tempos.

Amante da justiça, Maradona abraçou a Questão Palestina.

Seu primeiro contato direto com a Palestina se deu em agosto de 2011, em Dubai, quando assumia como treinador do Al-Wasl.

Após receber de um torcedor o tradicional lenço palestino quadriculado em preto e branco, Maradona o vestiu conforme manda a tradição, nos ombros e ao redor do pescoço, e clamou “Viva Palestina”.

Desde então, Maradona expressou seu apoio ao povo palestino em diversas ocasiões.

Maradona fez questão de visitar a Palestina, quando entregou ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, uma camiseta da seleção argentina autografada.

No encontro, Maradona, apontando para o próprio peito, disse a Abbas: “Tenho um coração palestino”.

Viva a Palestina livre e independente!

Arafat vive! Erekat vive! Maradona vive!


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Viva a AMADA Palestina livre e independente!

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