Toffoli diz que dinheiro estrangeiro financiou militantes bolsonaristas, “o que é gravíssimo”

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Da Redação

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, disse na noite de domingo ao programa Canal Livre, da Band, que dinheiro estrangeiro ajudou a financiar acusados no inquérito que apura fake news e atos antidemocráticos ligados ao bolsonarismo.

Toffoli não deu detalhes de quem pagou e recebeu, nem de valores.

O ministro encarregado do inquérito, que foi aberto de ofício pelo próprio STF, é Alexandre de Moraes, que na semana passada determinou a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), um dos investigados.

Toffoli relembrou aos entrevistadores que no passado injeção de dinheiro estrangeiro ajudou a desestabilizar a democracia brasileira.

Pode ter sido um recado aos militares apoiadores de Bolsonaro, que costumam apontar para o perigo que vem de fora relembrando que o levante comunista de 1954 foi financiado por organizações ligadas à União Soviética.

Nos anos 60, a CIA financiou campanhas eleitorais de candidatos que faziam oposição ao governo de João Goulart, além de várias outras atividades anticomunistas no Brasil — e empresários estrangeiros ajudaram a financiar o golpe de 1964 através do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e do IBAD (Instituto de Ação Democrática).

No inquérito em andamento no STF, o vereador Carlos Bolsonaro é apontado como um dos articuladores da rede de fake news que serve ao presidente Jair Bolsonaro.

Mas foi o irmão dele, Eduardo, deputado federal por São Paulo, quem teve contatos nos Estados Unidos com o estrategista Steve Bannon e com o ex-prefeito de Nova York, Rudy Giuliani.

Giuliani, advogado pessoal do ex-presidente Donald Trump, tocou uma espécie de diplomacia paralela ao governo do republicano.

Foi Giuliani quem articulou a tentativa de fazer o governo da Ucrânia investigar os negócios envolvendo o filho do então ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden — que resultou na primeira tentativa de impeachment de Trump.

Giuliani também teve envolvimento com o empresário americano-ucraniano Lev Parnas, de quem recebeu U$ 500 mil por serviços de advocacia.

Parnas é réu nos EUA.

Ele, seu parceiro Igor Fruman e outros teriam usado parte de duas remessas de U$ 500 mil, feitas por um russo não identificado, para influenciar candidatos e campanhas nos EUA, o que é proibido por lei para estrangeiros.

Eduardo Bolsonaro teve mais de um encontro com Steve Bannon desde a eleição de seu pai e também se reuniu com Giuliani.

Bannon tentou fundar uma espécie de internacional de extrema-direita.

Ele também é réu nos EUA, acusado de gastar centenas de milhares de dólares doados para We Build the Wall, uma campanha para financiar a construção do muro na fronteira do México com os Estados Unidos.

Bannon teria desviado o dinheiro para cobrir despesas pessoais.

No inquérito do STF que apura os atos antidemocráticos e as fake news do bolsonarismo também são investigados o blogueiro Allan dos Santos, o jornalista Oswaldo Eustáquio e a militante Sara Giromini.

Giromini, que usa o nome Sara Winter, foi uma das primeiras a dizer que era preciso “ucranizar” o Brasil.

Ela foi integrante do grupo feminista Femen, originário da Ucrânia — do qual foi expulsa — e teria feito treinamento naquele país.

Seguindo Sara

O deputado preso Daniel Silveira também adotou o bordão, em abril do ano passado.

Na Ucrânia, um golpe com adesão popular derrubou o presidente pró-russo Viktor Yanukovych.

No levante, que ocorreu entre 2013 e 2014, a extrema-direita teve participação decisiva.

A partir da agitação em Kiev foi formado o Právyi Séktor, Setor Direito, uma organização neofascista de caráter nacionalista que tem atuação política e paramilitar.

O grupo sofreu vários rachas internos e em 2019 não conseguiu eleger deputado.

Dos bolsonaristas investigados, o único que tem algum dinheiro é o investidor Otávio Oscar Fakhoury, que confirma ter financiado campanhas e carros de som em defesa do presidente — o que se confunde com ataques ao Congresso e ao STF.

Fakhoury diz que suas contribuições de cerca de R$ 100 mil para os candidatos Bia Kicis e o monarquista Luiz Philippe de Orléans e Bragança foram legais.


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Comentários

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Christian Fernandes

Outro Barrichello.

Henrique Martins

https://www.facebook.com/senadorhumberto/videos/249419813328042/Fantástico

Precisa desenhar, turma dos ‘130’?
Quem defende escória são os escórias. Vocês se igualaram a esse sujeito.
Pergunta que não quer calar: o Conselho de Ética também vai se igualar?
Sim. Porque o próprio presidente da Câmara está se igualando ao cavar punição mais branda para essa escoria com intuito de agradar o chefe miliciano ditador…
A ver.

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