Rogério Correia e Beatriz Cerqueira: É hora de derrotarmos o neoliberalismo que jogou nossa economia no buraco

Tempo de leitura: 3 min

O povo venceu nas urnas o fascismo; agora, é hora de vencer o neoliberalismo  

Por Rogério Correia e Beatriz Cerqueira*

Na política como na vida, não podemos nos acomodar com a vitória e negligenciar com os novos desafios. Mesmo que a vitória seja gigante, como esta que tivemos nas eleições.

O povo brasileiro venceu nas urnas o fascismo à brasileira representado por Jair Bolsonaro e o bolsonarismo.

Estamos agora diante de novas provocações que vão nos exigir a disposição para seguir lutando.

A principal delas é superar o neoliberalismo, ou o liberalismo radical executado nos últimos seis anos no país, nomeadamente nos governos Temer e Bolsonaro.

Um neoliberalismo, com pitadas de liberalismo radical, que fracassou soberbamente.

Uma política econômica que não consegue, nem conseguirá no futuro, apresentar um único indicador para orgulhar-se.

O mercado de trabalho piorou, a atividade econômica idem, as contas públicas ibidem, as relações externas se deterioraram…

Acabou. Chega! O povo brasileiro conheceu e, infelizmente, sentiu no seu sofrido cotidiano as desgraças trazidas por uma política econômica que privilegiou o fiscalismo, a restrição de investimentos e a total submissão aos interesses financeiros sobre a economia real.

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O presidente Lula foi novamente eleito pelo povo por que disse “não” a essa política sufocante na economia durante a campanha eleitoral – e, claro, porque boa parte do povo também se recorda dos seus exitosos governos entre 2003 e 2010.

Para além de apoiarmos as primeiras manifestações de Lula em relação à prioridade absoluta no combate à fome que retornou ao Brasil, precisamos defender as iniciativas e formar maioria em torno das propostas.

Até que essa prioridade seja inteiramente atendida, e o Brasil novamente deixar o Mapa da Fome da ONU, qualquer governo responsável, como será o de Lula, deve submeter a política econômica a essa necessidade.

O assim chamado “mercado” faz suas costumeiras queixas, já saudoso da época, que felizmente está acabando, em que a vida real do povo não era prioridade na economia. Faz parte de sua natureza, mas não pode se impor à vontade e necessidades do povo, do governo eleito e do país.

Novamente: o receituário seguido nos governos Temer e Bolsonaro tecnicamente fracassou. Nada de positivo trouxe para os fundamentos econômicos.

Velhos ideólogos do fiscalismo radical, ou da ortodoxia econômica, já fazem autocrítica e reconhecem o revés.

Nesta semana, o economista Raul Velloso, costumeiro defensor de cortes nos gastos públicos para pagar os serviços da dívida, admitiu que não faz sentido o choro mercadista após as prioridades defendidas por Lula.

“O teto de gastos nasceu morto”, resumiu.

Não há alguém que tenha trabalhado mais contra qualquer “responsabilidade” com as contas públicas do que Jair Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes.

Deixarão o governo no fim de dezembro com um rombo nas contas calculado em centenas de bilhões de reais, após quatro alterações no cálculo do “teto” e as inúmeras medidas eleitoreiras tomadas de última hora e sem qualquer planejamento, com o único fim de ganhar a eleição – não deu certo, como sabemos.

Apesar da ausência de resultados positivos e da contracorrente mundial (não há mais economista sério no mundo a defender o neoliberalismo), sabemos que o chamado “mercado” e seus porta-vozes, sobretudo, na mídia corporativa continuarão tentando ressuscitar o natimorto teto de gastos.

Por isso defendemos e apoiamos o presidente Lula em sua corajosa missão de dar cara popular a seu governo.

E para tanto, para além das articulações no Congresso e entre partidos, a mobilização social, a maioria se colocando na disputa nas ruas e redes, fazendo a justa pressão democrática será decisiva.

Vencemos os fascistas que tentaram jogar as instituições da democracia no buraco.

Venceremos os tecnocratas das finanças que derrubaram a atividade econômica, aumentaram o rombo nas contas públicas, fizeram do desemprego nosso novo “normal” e trouxeram de volta a fome.

Aprovar a chamada PEC da Transição significa garantir o Bolsa Família de R$ 600 acrescido de R$ 150 para mães com crianças até 6 anos e incluir no orçamento recursos para o Farmácia Popular, as universidades e institutos federais, a educação infantil e as demandas do funcionalismo público, negligenciadas no Orçamento de Paulo Guedes e Bolsonaro.

Importante também sepultarmos definitivamente a deforma da PEC 32 que privatiza a prestação de serviços, fazermos as revisões necessárias na reforma trabalhista e estancar a privataria em curso.

Lula vem aí e, com ele, a retomada de um governo popular e soberano.

Derrotamos o autoritarismo e derrotaremos o neoliberalismo radical de Guedes e Bolsonaro que jogou nossa economia no buraco. Foi esse o recado dado pelos brasileiros na eleição. Que assim seja. Sempre na luta!

*Rogério Correia é deputado federal reeleito (PT-MG) e Beatriz Cerqueira, deputada estadual reeleita (PT-MG)

Leia também:

Maria Lúcia Fatorelli: Mercado quer garantir o ‘bolsa banqueiro’

Jeferson Miola: Ganância eterna do mercado não pode decretar prazo de validade para combate à fome

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Comentários

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Zé Maria

O LULA está correndo Sério Risco
de Morte por um Atentado na Posse.

    Zé Maria

    .

    As Milícias Bolsonaristas Paramilitares – e Militares também –
    estão planejando se deslocarem de Diversos Estados para BSB
    Bandidos do Agro e da Elite do Atraso vão aprontar em Brasília.

    .

    Zé Maria

    .
    .
    Aliás, qualquer BolsoAsno Psicopata também pode agir por conta própria.
    .
    .
    https://twitter.com/i/status/1594321217070469123
    https://twitter.com/printsminions/status/1594318868012740608

    “Tá todo mundo louco?”
    Segue o fio…

    https://twitter.com/SergioFreire/status/1595047198626312199

    https://twitter.com/threadreaderapp/status/1595070415512248321

    “Sou psicólogo e linguista, com formação em Análise de Discurso.
    Por essa condição, sou muitas vezes perguntado sobre alguma explicação
    plausível para o comportamento assustador desses grupos de pessoas
    que hoje acampam na frente de quartéis.
    São pessoas que não aceitam o resultado das eleições, com condutas que,
    de fora, parecem loucura.
    Podemos buscar explicações a partir de vários vieses, mas vamos fazer
    o recorte a partir desses dois lugares a partir dos quais me sinto confortável:
    psicologia e linguagem.
    Como muita gente já apontou, muitos dos comportamentos de grupo
    que vemos no pessoal com a camisa do Brasil podem ser explicados
    a partir do que Freud apresenta em “Psicologia das massas e análise do eu”,
    de 1921.
    Nele, Freud afirma que na massa, o indivíduo tem sua afetividade intensificada,
    sua capacidade intelectual diminuída e suas inibições instintivas próprias
    suprimidas.
    O indivíduo se acha ligado ao líder – e aqui a eleição de Bolsonaro ajudou
    a organizar essa trupe – e aos outros indivíduos por uma energia libidinal.
    Para se ligar a outros, diz Freud, é preciso se desligar de si.
    Na formação da massa, os indivíduos agem como se fossem homogêneos,
    pois na massa aparecem restrições ao amor-próprio narcisista.
    A primeira leitura é a de que essa gente saiu de si.
    “Ele não era assim…”, “Parecem robôs”, “Agem todos da mesma forma!”
    são constatações comuns.
    Se o comportamento do grupo é muito igual, a adesão ao grupo
    se dá de forma diferente para cada indivíduo que participa do grupo.
    Sim, há várias motivações para a adesão.
    Aqui o inconsciente se cruza com a ideologia.
    Grosso modo, ou a pessoa é motivada por uma falta – a vida sem sentido,
    por n motivos, encontra um sentido em um grupo que acolhe – ou, também,
    a adesão é motivada por questões de classe, naquilo que o bom e velho Marx
    descreveu bem.
    Ódio inconsciente e às vezes consciente em relação aos pobres.
    Daí a existência de um bando de gente abastada de verdade (e outros
    que se acham ricos), bem de vida financeira (uns muitos com o carro
    financiado em 60 vezes), que são paupérrimos em saúde psíquica.
    Esse pessoal engrossa o caldo do grupo e financia a sobrevivência da trupe.
    Há ainda a mistura das duas coisas, sendo, na verdade,
    um contínuo combinatório.
    Diga-se que a classificação aqui é meramente didática.
    Dizendo de novo: se o comportamento do grupo é homogêneo e robotizado,
    as motivações para aderir fazem parte de um espectro amplo.
    Mas depois que adere, há uma homogeneidade nos comportamentos.
    Por que essa homogeneidade?
    Porque o grupo precisa se perpetuar.
    Quando a pessoa acha num grupo a razão de ser, há um grande investimento
    psíquico para se manter nele.
    É preciso negociar crenças e valores e aceitar e repetir as ideias hegemônicas
    do grupo sob o risco de ser expelido e ver ruir todo o investimento psíquico
    inconsciente.
    Isso acontece com religiões mais fundamentalistas.
    Freud também fala disso em “O futuro de uma ilusão”, de 1927,
    um dos livros sociais do ‘Pai da Psicanálise’.
    E o que acontece quando a pessoa entra no grupo e não pensa exatamente
    como ele?
    Dá um tilt, mas é preciso se adaptar.
    Acontece o que Leon Festinger, professor da New School for Social Research
    de Nova York, chamou de ‘dissonância cognitiva’ (*).
    A teoria sustenta que um indivíduo passa por um conflito no seu processo
    de tomada de decisão quando pelo menos dois elementos cognitivos
    não são coerentes.
    Em outras palavras, quando uma pessoa possui uma opinião
    ou um comportamento que não condiz com o que pensa de si,
    das suas opiniões ou comportamentos, ocorre uma dissonância.
    Ela tem de decidir e decide pelo grupo, renunciando a si e às suas crenças
    para não ser expulsa e desabar na perda de seu investimento.
    As pessoas saem de si, repetem roboticamente as ideias do grupo
    porque, agora, é isso que ancora sua subjetividade.
    É um comportamento de seita.
    Tudo isso gera um grupo ideológico por identificação, caracterizado
    por crenças sociais e políticas específicas, ligadas às ideias de direita
    ou extrema-direita.
    Esses grupos partem de verdades retóricas parafraseadas
    do pátria, família, religião.
    Mas não respeitam a democracia e têm repulsa à diversidade,
    são ancoradas num moralismo retórico: cobram os outros,
    mas sempre tem lá no meio:
    o pedófilo, o comerciante sonegador, o homofóbico, o empresário pilantra,
    a família que escraviza pessoas, o violento misógino, a senhora perfumada
    racista e por aí vai.
    Quando esses elementos moralistas de enunciação são descobertos
    em suas práticas, as redes não perdoam e gritam:
    “Não falha um!”.
    E aí vêm os inexoráveis vídeos de desculpa que, quase sempre, são ridículos
    porque não passam de teatrinho para dar conta de evitar um cancelamento.
    Muitas razões para entrar, uma forte razão para ficar, pagando o alto preço
    da alienação de si.
    O comportamento do grupo vai sendo direcionado para sua sobrevivência,
    praticando atos, criando e disseminando ideias – e as redes digitais têm
    um papel importante nessa disseminação.
    São comportamentos de manada que incluem muita violência, física e simbólica.
    A gente está vendo isso.
    Há uma irracionalidade que tem como lastro o bando. Horda primeva.
    Esse é o esboço de uma explicação.
    Como qualquer explicação é bastante generalizante.
    Mas penso que nos ajuda a tentar compreender o que está acontecendo
    com gente querida e gente nem tão querida assim.
    A saída? Não sei.
    Só sei que se Freud estiver certo – e costumo apostar nos palpites dele
    -, quando esses grupos se dissolverem, a quebra vai ser grande.
    Imagine você apostar todas as suas fichas em algo e esse algo que te sustenta
    desaparecer de repente?
    Vai haver uma perda de ancoragem subjetiva imensa para muita gente.
    Talvez nós, psicólogos, sejamos bastante demandados por essas pessoas.
    Ou pelos seus queridos que se importam com elas.
    Porque acho que elas vão estar bem mal para ter força para se erguer sozinhas.
    A ver.
    É importante notar que outros discursos que sustentam as mesmas ideias
    reforçam a noção de pertencimento.
    Isso se dá, por exemplo, com evangélicos neopentecostais.
    As pessoas fazem parte de vários grupos, que podem relativizar ou recrudescer
    o discurso do grupo dos amarelinhos.”

    *Dissociação Cognitiva
    Por Fabiano Horimoto,
    Médico Psiquiatra e
    Professor da UFMT:
    (https://youtu.be/Qdw_vdEaKNQ)
    (https://youtu.be/WOtRtnE6hlk)
    https://twitter.com/duartesrf/status/1595078805982674947

    https://t.co/Rpzr8eBlI9
    https://threadreaderapp.com/thread/1595047198626312199.html

    .

    Zé Maria

    .

    E a Imprensa-Empresa Tradicional (Mídia Venal)
    não tá nem aí pra Democracia, Estado de Direito,
    pra quem vai assumir a Presidência da República
    em 1º de Janeiro de 2023. O que a Mídia Venal quer
    mesmo é proteger a Verba Orçamentária para o
    Mercado Financeiro.

    O NeoLiberalismo é uma forma de Nazi-Fascismo:
    não importa se Pessoas Vulneráveis serão Exterminadas,
    nesse Sistema o que vale é a ‘Responsabilidade Fiscal’ ou
    reservar Dinheiro no Orçamento Público para Pagamento
    dos Juros da Dívida Interna aos Bancos.

    .

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