Paulo Pimenta denuncia: Na gestão do general Pazuello, casos de covid explodiram; os confirmados saltaram oito vezes e as mortes, cinco

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Divulgação e rede social

Fatalidade ou genocídio?

por Paulo Pimenta*

O Brasil testemunhou nessa primeira metade de 2020 um conflito aparentemente fora de qualquer compreensão aos olhos de qualquer cidadão.

De um lado o presidente da República, de outro, seu ministro da Saúde, o ex-deputado e médico Luiz Henrique Mandetta, que no início da gestão operou um desmonte significativo das políticas em andamento, vide o caso do Programa Mais Médicos e do próprio SUS, mas que frente à crise sanitária mundial aproximou-se das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O não alinhamento ao pensamento negacionista do capitão-presidente em relação à pandemia de covid-19 o levou à demissão, em 16 de abril.

Depois da derrubada do ministro, o presidente empenhou-se em consultas, marchas e contramarchas que duraram cerca de trinta dias, em busca de um novo titular para a pasta.

Fixou-se, por fim no nome de Nelson Teich, oncologista de suas relações, que durou menos de um mês no cargo.

Frustrada a segunda tentativa, Jair Bolsonaro optou pelo que lhe pareceu. naquele momento, a melhor saída para a crise: não ter um ministro da Saúde para enfrentar a pandemia de Covid-19, que sempre tratou como uma “gripezinha”.

Ocupação militar

O Brasil passa então a ser o único país do mundo a adotar essa solução original. Prescindir da instância de coordenação das ações na área, o que significa que conscientemente ou não, o presidente da República chamou para si a responsabilidade pelo que viesse a acontecer.

Escolheu o general intendente Eduardo Pazuello, oficial da ativa do Exército, não da reserva, para conduzir, como interino, a ocupação do Ministério da Saúde.

Não se trata de força de expressão. Trata-se de uma ocupação militar, materializada na troca de vários postos de coordenação do corpo técnico do Ministério por oficiais do Exército. Uma das justificativas apresentadas era a necessidade de destravar gargalos de logística para conduzir a bom termo o combate à pandemia.

Despreparados

Segundo esse raciocínio peculiar não se tratava de conduzir uma política de saúde pública – com a qual o general interino deixou claro desde o início não ter a menor familiaridade – em meio à maior calamidade sanitária já registrada na história do Brasil.

Tratava-se de resolver problemas de transporte de equipamentos, agilizar fluxo de recursos, armar tendas para instalar hospitais de campanha, etc.

Em 16 de maio, dia da posse do general Pazuello, o Brasil contava 233.142 casos identificados de Covid-19 e 15.633 óbitos.

Cinquenta e nove dias depois, o país registra 1.926.824 casos identificados e 74.133 óbitos por Covid-19, com uma média de 1.052 mortes diárias na última semana. Os números falam por si.

Quadro de terror

Em sã consciência, não se pode dizer que se trata exatamente de um triunfo da lógica da intendência imposta nos últimos dois meses ao Ministério da Saúde. Segundo consta, o vírus teria contaminado o próprio Presidente da República, protagonista de inúmeros atos de exposição pública para sabotar as recomendações de isolamento social da OMS.

Não há como negar, a pandemia venceu. Os resultados são colhidos hoje pelas famílias mais pobres da sociedade brasileira. Como sempre. Seriam maiores e mais dramáticos sem o empenho e a abnegação dos profissionais da saúde e em especial dos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS).

Nos últimos dias se percebem sensibilidades estremecidas pela menção, por parte de uma eminente personalidade do judiciário, o ministro Gilmar Mendes, à expressão “genocídio”, utilizada para definir a tragédia em curso. Bateu numa perna quebrada, como afirma ele próprio.

As reações provêm particularmente de dirigentes das Forças Armadas.

Foi emitida uma nota expressando indignação pelo fato de Gilmar Mendes associar indevidamente, na visão dos militares, a imagem do Exército ao genocídio.

A nota foi assinada pelos chefes das três armas, secundada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que cobra do ministro do STF, de forma incisiva: “Tem que se retratar!”

Genocídio

Que nome dar a essa tragédia? Fatalidade ou genocídio?

A julgar pelo conteúdo da nota há um incômodo dentro das Forças Armadas sobre essa definição.

Se aceitarem como uma fatalidade devem admitir uma incompetência criminosa que contribuiu para ceifar dezenas de milhares de vidas de brasileiros, sobretudo entre os mais pobres.

O que exige a interrupção urgente da lógica da intendência implantada no Ministério da Saúde é a remoção imediata do general interino. Se a extensão da tragédia se configura como genocídio, é necessário que o País, por meio de suas instituições, se prepare para responsabilizar seus autores.

Na sua incessante fuga para a frente, que vai da afirmação inicial da “gripezinha”, ao negacionismo impenitente da realidade, à sabotagem aberta às recomendações da OMS seguidas pelos países civilizados, o governo Bolsonaro perpetrou uma sucessão de desvarios que resultaram na maior calamidade sanitária em 500 anos de história.

E, lamentavelmente vem contando com o auxílio ativo de segmentos das Forças Armadas, que viram nele uma oportunidade de retornar ao poder e ataram sua imagem à aventura de um governo que não se cansa de demonstrar por suas ações o descompromisso com as instituições democráticas, com a soberania nacional e, durante os últimos meses, agrega uma doentia insensibilidade e indiferença frente à tragédia vivida pelas famílias brasileiras alcançadas pela Covid-19.

Vidas Importam! Fora Bolsonaro!

*Paulo Pimenta é deputado federal e presidente do PT/RS.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

Essa Estratégia do DD, de plantar na Mídia Venal
assuntos de interesse da Força-Tarefa de Patifes
da OLJ em Curitiba, já tá mais que manjada:

“Sob a condição de não terem seus nomes revelados,
integrantes da força-tarefa dizem” à Revista Veja … [SIC]

que a PGR trabalha para manchar a imagem da operação
e de seu símbolo maior, com o objetivo de facilitar
a reeleição do presidente.
O órgão — comandado por Augusto Aras,
indicado ao cargo por Bolsonaro —
estaria planejando até mesmo uma busca
e apreensão no escritório da advogada
Rosangela Moro, esposa do ex-­ministro,
a fim de desgastar o casal diante da
opinião pública.
“Foi por isso, acrescentam os procuradores
de Curitiba,” [SIC]
que a PGR teria retomado as negociações
para um acordo de delação premiada
com o operador financeiro Rodrigo Tacla
Duran.

Atualmente morando na Espanha, Tacla Duran …
já teve uma proposta de colaboração rejeitada
pela equipe coordenada pelo procurador
Deltan Dalla­gnol, sob a alegação de que
burlou provas e fraudou e-mails com
autoridades para tentar o desbloqueio
de seus bens.

Há tempos o caso parecia encerrado,
mas a PGR reabriu a conversa com o
operador financeiro, recorrendo a uma
estratégia antes condenada pelo próprio
Aras: a de ofertar ao candidato a delator
que entregue uma autoridade.
Qual autoridade? O nome não está posto
oficialmente, mas nos bastidores todos
sabem que se trata de Moro.
A esperança de enredar o ex-ministro
decorre do fato de Tacla Duran já ter dito
que pagou ao advogado Carlos Zucolotto,
amigo do ex-juiz, para obter vantagens em
seu acordo com a Lava-Jato, rejeitado em
Curitiba.

Zucolotto foi sócio de Rosangela Moro.

Essa sociedade entre os dois seria usada
pela PGR para pedir à Justiça o tal mandado
de busca e apreensão no escritório de Rosangela…

Numa tentativa de dar veracidade à motivação
política da PGR, “integrantes da força-tarefa dizem” [SIC]
que a subprocuradora-geral da República Lindôra
Araújo, braço direito de Aras, …

https://pbs.twimg.com/media/EdK9c76XgAI5Q7F?format=jpg
https://pbs.twimg.com/media/EdK9c77XYAEe0YT?format=jpg

Zé Maria

“Nada contra militares.
Mas eles deveriam estar em seus quartéis.
Voltem, pois, a seus quartéis, queridos cidadãos de farda.
É lá que precisamos de vocês”.

Eugênio Aragão
Sub-Procurador-Geral da República Aposentado
ex-Ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff

https://www.conversaafiada.com.br/brasil/eugenio-aragao-aos-militares-voltem-aos-quarteis-cidadaos-de-farda

Zé Maria

Ministério Público (MP) de Contas pede
ao Tribunal de Contas da União (TCU)
que determine ao Ministério da Defesa
que passe para a Reserva os Militares
da Ativa que exercem cargos civis
na Administração Pública Federal.
Para subprocurador, presença de
militares na administração representa
“afronta aos princípios da impessoalidade,
da moralidade e da eficiência”.

O subprocurador Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas da União, pediu que o TCU investigue a presença
de militares da ativa na administração pública federal.

O subprocurador afirmou que a presença deles representa “afronta
aos princípios da impessoalidade, da moralidade e da eficiência
na administração pública”.

Rocha Furtado também pediu que o TCU determine cautelarmente, ou seja,
em caráter de urgência, que o Ministério da Defesa adote as medidas necessárias
para que sejam transferidos para a reserva os militares da ativa que tenham sido
ou venham a ser indicados para o exercício na administração pública federal
até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão.

http://www.correiodopovo-al.com.br/index.php/noticia/2020/07/16/mp-pede-que-tcu-mande-defesa-passar-para-a-reserva-militares-com-cargo-federal

Zé Maria

“Pra que ter Forças Armadas, se os Comandantes aceitam que
o Brasil seja um Protetorado dos Estados Unidos da América.”

Ciro Gomes ao Jornalista Guilherme Amado

Ronaldo Werneck de Andrade

Neste momento Gilmar não pode ficar sozinho. Outras personalidades como artistas, políticos e intelectuais deveriam se pronunciar como fez o Deputado. Parabéns a ele.

Marcos Pereira

A que ponto chegamos.
Porque não mudamos a pauta imposta da elite jurídica, bélica, financeira, mediática, religiosa e politica?
1 – Onde está a lista dos 150 maiores operadores. do Banestado?
2 – Antes tarde que nunca. Vamos aproveitar os documentos originais Odebrechet, solicitado por Lula a Suíça, e partir para cima da farsa jato?

Juliana de Souza

Esse tema do Ministério da Saúde sob gestão de Pazuello escancaram o absoluto desprezo do governo Bolsonaro pela vida do povo brasileiro. É triste pensar que o Brasil do MAIS MÉDICOS virou o Brasil que nega ao seu povo uma política de saúde pública para enfrentar a maior pandemia que já vivemos.

Sandro Coelho de Matos

Corretíssimo Deputado Paulo Pimenta. A irresponsabilidade desse desgoverno, causou milhares de mortes que poderiam ser evitada. O Brasil soma mais mortes que todo o resto da populacao da América Latina, proporcionalmente ao número de habitantes. É um governo genocida. #ForaBolsonaro!

Deixe seu comentário

Leia também