Maurício Dias: Morto-vivo ainda não está tão morto assim

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Carta Capital n˚ 769

A Volta do Morto-Vivo

Aécio renuncia à pré-candidatura

Por Mauricio Dias, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Aparentemente, a disputa presidencial voltará ao embate já corriqueiro entre o PT e o PSDB. Tem sido assim ao longo dos últimos 20 anos. Ou seja, cinco eleições presidenciais. Pode haver uma variação no sexto confronto, em 2014, se o tucano mineiro Aécio Neves for candidato. Os paulistas estiveram presentes em todas as seis disputas pela cadeira do Planalto, em eleição direta, após a ditadura.

Ele, no entanto, não é mais uma aposta certa dos tucanos. Tímido como pré-candidato, ele cedeu à pressão do forte reduto tucano de São Paulo. Alguém diria que as costas de Aécio, com tantos alfinetes espetados, lembram almofada de alfaiate.

Assim, de repente, embora não surpreendentemente, o cenário da disputa presidencial no tucanato passou a indicar a possibilidade de uma virada. Isso está prenunciado na nota oficial distribuída na terça-feira 1˚ de outubro pelo próprio Aécio Neves. Na condição de presidente do PSDB, anunciou e cobriu de louvores a permanência de José Serra no ninho.

“A presença de Serra em nossas fileiras fornece a nós, tucanos (…), uma opção de grande dimensão política a ser avaliada no momento e segundo critérios adequados para o sucesso da luta comum”.

Em outras palavras, ainda não há candidatura definida no PSDB.

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Agora se entende melhor a indefinição de Aécio. Embora oficiosamente sagrado pré-candidato, não assumia inteiramente o papel. Dessa forma, tornou-se um alvo fácil, mesmo tendo sido dado a ele, pelo partido, o papel de estrela única do programa de televisão.

Já há reações sensíveis no PSDB, onde Serra era considerado, equivocadamente, um morto-vivo. Não existe, porém, morte política.

Por que Aécio renunciou à condição de pré-candidato e jogou para março de 2014 o anúncio da candidatura oficial do partido?

Assim queriam os serristas. Terão, então, seis meses para religar fios internos e melhorar a posição junto aos diretórios estaduais.

A presença do paulista Serra força a realização das prévias, com as quais Aécio se comprometeu talvez apenas como um gesto diplomático. Não por acaso, o senador “serrista” Aloysio Nunes Ferreira lembrou no mesmo dia que o PSDB reabriu as portas ao grupo: “Em nenhum momento foi descartado que haverá prévias”.

A certeza em Aécio era tanta que alguns institutos (Datafolha e Ibope) já haviam decidido excluir Serra da lista das pesquisas. Tinhoso, ele assumiu pessoalmente a tarefa de se manter na lista de pré-candidatos.

Essas sondagens podem ter influência na persistência de Serra. Elas indicam a dificuldade de Aécio de esclara o patamar das intenções de voto. Os dois vivem em empate técnico, com o paulista em ligeira vantagem. Como afastar Serra da disputa entre os tucanos, se ele mantiver a preferência do eleitorado, sinalizado nas intenções de voto registradas nas pesquisas?

Há quem conte com a rejeição do eleitor por ele. Nesse sentido é o único pré-candidato que destoa muito da curiosa situação de empate entre os candidatos.

Rejeição, no entanto, é construção cultural. Um preconceito que, como qualquer outro pode ser desconstruído. Aécio, porém, não pode contar só com essa rudimentar teoria. Agora, com Serra ao lado, será forçado a dormir de olhos abertos.

Sonho ou Pesadelo?

É possível formar no PSDB uma dupla puro-sangue para a eleição presidencial? Sairia da composição entre José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e, por consequência, a união dos dois maiores colégios eleitorais do País. Mas quem seria cabeça de chapa?

O verniz de Marina I

Para qual candidatura escoarão os votos de Marina? Em 2010, ela arrancou das urnas quase 20 milhões de votos em fabuloso e inesperado desempenho eleitoral. Ela saiu de cena e os eleitores se dividiram. Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, depois de esmiuçar os votos dela, concluiu que a metade deles, antipetistas, apoiou Serra no segundo turno. A outra metade, de ex-petistas, votou na ex-petista Marina e, na sequência, ficou com Dilma.

O verniz de Marina II

“A votação de Marina tem uma motivação efêmera. As intenções de voto nela cresceram após as manifestações antipartidárias de junho. Agora voltam a cair”, exemplifica. Montenegro: “Caso ela ingresse em um partido tradicional, perde o verniz”. Ou seja, Marina está amarrada a um projeto dependente do guarda-chuva da ética. Insustentável se levar a sério a disputa pelo poder nos moldes existentes.

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