Lelê Teles: Marina vai aceitar ser vice de Aécio?; Rede diz que a luta continua

Tempo de leitura: 4 min

O PESADELO DE MARINA

por Lelê Teles, via e-mail

O meio ambiente é o meu ambiente.

Ninguém incorporou tão bem essa máxima como Marina Silva. Ex-seringueira, militou ao lado de Chico Mendes em defesa da floresta e dos povos da floresta. Sim, Marina e Chico mostraram que na floresta amazônica tinha gente e que tinha gente matando gente, matando animais e desmatando a floresta.

Ao lutar contra as forças poderosas dos que ainda hoje mandam e desmandam, matam e desmatam, ela sonhou o impossível e trouxe a realidade para os espaços públicos de discussão.

Foi senadora pelo Acre por 16 anos e ministra do Meio Ambiente no governo Lula. Ganhou projeção internacional e é um símbolo da luta ambiental no mundo.

Pediu demissão do ministério em meio a uma forte crise criada em torno do Programa de Aceleração do Crescimento. Ela perdia a queda de braço para os desenvolvimentistas, sobretudo com a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Vana Rousseff.

Por causa disso, depois de 30 anos de militância, desfiliou-se do PT e começou a sonhar com vôos altíssimos. Madura politicamente, aceitou o convite do Partido Verde para concorrer à Presidência da República em 2010. Surpreendeu a todos obtendo mais de 20 milhões de votos.

Em seguida, deixou o PV alegando incompatibilidade de princípios. Ato contínuo, anunciou a realização de um Encontro por uma Nova Política.

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Velhos políticos, como Fernando Gabeira, confirmaram presença, além de outros políticos que se dispunham, conforme o site de Marina, a “integrar uma rede colaborativa que construa a nova política, fundada em dois dos valores mais destacados da democracia – a liberdade e o diálogo entre as diferenças que estimula o espírito criativo e inovador”.

Seja lá o que diabos isso queira dizer.

Marina cativou um grande número de pessoas, sobretudo jovens, descontentes com os partidos que aí estão. Eles se autodenominaram marineiros.

E como o negócio era marinar, resolveram criar um partido para a ambientalista ou ela decidiu criar um partido pra ela.

Aí, os sonháticos deram de cara com a realidade. Mesmo tendo obtido 20 milhões de votos, a boa Marina tinha dificuldade em amealhar meio milhão de assinaturas para a criação do seu Rede Sustentabilidade, que partia do princípio que seria um partido sem ser um partido.

E aí começou o pesadelo. A grande mídia e os principais caciques da direita eram fervorosamente favoráveis à criação de seu partido. Mas por que diabos um político lutaria tanto para ter um adversário com tantos votos? O mais comum é que tentem eliminar seus adversários fortes. Marina parecia estar entrando nessa briga como uma inocente útil.

Tradicionais políticos, artistas, jornalistas e juízes ligados à direita foram a público lutar pela criação do partido de Marina, mesmo se fosse necessário dar um jeitinho para validar assinaturas recusadas pelos TREs.

Nomes como Gilmar Mendes e Nelson Jobim estavam ao seu lado na tentativa de criar um partido na marra.

Uma contradição para quem queria acabar com a tradição da política sem limites e para quem acredita representar os que contestam contra tudo o que aí está.

Marina perdeu.

Ao deixar o partido que ajudou a fundar e nele militou por três décadas, Marina sonhava em ser protagonista da cena política nacional. Agora, após ter dado com os burros n’água, querem fazer dela uma coadjuvante de luxo. Aécio e Eduardo querem ela como sua vice.

Os bilionários herdeiros das Organizações Globo costuram a aliança entre Marina e Aécio. Se Marina aceitar se mostrará uma oportunista, a que troca de partidos em troca de oportunidades.

O que dirão os marineiros que terão que votar em Aécio pretendendo votar nela? O que Aécio tem a ver com o sonho que Marina sonha desde que era uma menina pobre e analfabeta que vivia com os pés descalços na floresta?

Que partido no Brasil pode representar os delírios marineiros? Após tantos anos construindo uma imagem independente e mostrando-se diferente dos outros, com quem Ela poderá se juntar sem se parecer contraditória?

Marina será a vice de 20 milhões de votos ou a de 442 mil assinaturas?

Como se vê, sonhar é fácil, mas a realidade é dura.

PS do Viomundo: PPS e PTB já se ofereceram a Marina como partidos barriga-de-aluguel.

Do blog da Rede:

Rede Sustentabilidade continuará processo de criação do partido

A votação de ontem (3/10) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contrária à criação neste momento da Rede Sustentabilidade, não representa uma derrota nem aos seus membros nem à população brasileira que apoia uma nova forma de fazer política no país. Isso resulta tão somente em um atraso no processo irreversível de reformas do país.

“Já somos partido político sim. Se agora não temos o registro legal, temos o registro moral perante a sociedade brasileira”, avalia a ex-senadora Marina Silva, uma das idealizadoras da #rede.

Essa determinação dos membros da #Rede é não apenas um desejo nosso, mas uma obrigação para com os 900 mil cidadãos que apoiaram diretamente a criação da Rede Sustentabilidade e os milhões de brasileiros que esperam por mudanças profundas nesse país, as quais os atuais partidos e a atual estrutura do Estado não permitem tornar realidade.

A Rede Sustentabilidade considera o resultado proferido pelo TSE uma clara demonstração dos entraves burocráticos que os brasileiros têm de enfrentar. Exigências descabidas e ilegais por agentes do Estado, atrasos injustificados e regras inaplicáveis foram alguns dos entraves enfrentados pela #Rede ao longo do processo de criação do partido.

Da mesma forma, ficou evidente a estrutura precária do Estado brasileiro, incapaz de cumprir as leis que ele impôs a si mesmo. Cartórios com pessoal sem treinamento; falta de insumos básicos para executar o trabalho; inconsistência generalizada nos dados utilizados para comparação das assinaturas.

Tudo isso culminou em uma situação paradoxal, na qual o mesmo órgão que exige o cumprimento da lei que prevê 492 mil assinaturas certificadas para aprovar a criação de um partido, não exige o cumprimento de outras que permitiriam viabilizar as certificações nesse montante, como a validação das assinaturas em até 15 dias ou a obrigatoriedade de se justificar todo ato administrativo.

A mobilização da Rede Sustentabilidade continuará inabalável nos próximos dias, meses e anos. Nossos apoiadores acreditam na causa pela qual lutam e se manterão firmes no objetivo de democratizar a democracia brasileira.

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