Mateus Souza: Para dar basta ao fascismo só há uma alternativa, Haddad-Manuela

Tempo de leitura: 4 min
Ricardo Stuckert

HADDAD PRESIDENTE, PORQUE “ELE NÃO” NÃO BASTA

por Mateus Mendes de Souza*, especial para o Viomundo

Por meses fiquei levando na mochila para passear o livro “Não basta dizer não”, de Naomi Klein.

Quando começou a eleição, percebi que era hora de terminar de ler.

Quando as pesquisas indicaram que o fascismo crescia a passos largos mesmo depois das manifestações #elenão, tive certeza que o término da leitura não mais poderia ser adiado.

A história está cheia de exemplos que comprovam a tese da jornalista e ativista.

Para ficarmos em poucos exemplos, lembremos os casos da Revolução Francesa e dos movimentos abolicionistas, independentistas e sufragistas.

Por mais que negassem algo, o seu ponto forte era a proposição de um mundo novo, uma utopia a ser conquistada.

Isso é fundamental porque quando simplesmente dizemos “não” a alguma coisa, não percebemos que o que estamos defendendo é o mundo onde aquilo que nos ameaça germinou e cresceu.

É o que nos ensina a autora: “Está claro que precisamos fazer mais do que apenas traçar um limite e dizer ‘basta’”.

Dizer “não ao fascismo” tem seu valor por deixar claro que a sociedade brasileira não aceita mais retrocessos civilizacionais.

Dizer “ele não” tem seu valor porque o fascista candidato representa o aprofundamento das medidas econômicas do governo Temer, do qual um eventual governo Bolsonaro seria a continuidade.

A inspiração da contrarrevolução neoliberal praticada por Michel Temer e Bolsonaro-Paulo Guedes é o Chile de Pinochet.

Sabemos que a agenda neoliberal só passa com muita violência, porque nenhum povo no mundo entrega direitos e patrimônios sem lutar.

Não é à toa que a aprovação da EC 95 e da contrarreforma trabalhistas foram acompanhadas de uma das mais severas repressões que temos notícia desde a redemocratização.

E o Decreto nº 9.527, assinado esta semana, deixa claro que o aparato institucional para reprimir todos que se levantarem contra a política econômica já está em curso ao criar uma Força-Tarefa de Inteligência para o “enfrentamento a organizações criminosas que afrontem o Estado brasileiro e suas instituições”.

Alguém tem dúvida de que o decreto não foca em milícias, traficantes de armas ou helicópteros com cocaína, e sim, os sindicatos e os movimentos sociais (MST e MTST à frente)?

Bolsonaro representa um desastre em proporções ainda não dimensionadas, mas já anunciadas.

Estamos falando do fim do Ministério do Meio Ambiente e Direitos Humanos, da militarização da educação e da imposição de uma novilíngua na qual os golpes virarão revoluções e essas sumirão dos livros.

Estamos falando da institucionalização dos grupos de extermínio, da concessão definitiva do direito de matar (esse está lá no programa com o eufemismo “excludente de ilicitude” para os agentes de segurança).

É disso que estamos falando: institucionalizar o extermínio como ferramenta de controle demográfico para ajuste salarial e segurança. No caso da isenção, é ficar indiferente ao fato de isso se tornar legal.

É obrigação de todos que têm apreço pela democracia dizer “BolsonaroNão”.

Mas isso pode se tornar votos nulos, em branco e as abstenções e, assim, decidir a eleição.

Portanto, precisamos ir a campo, seja ele concreto ou virtual, e dizer que para dar um basta ao fascismo só há uma alternativa: votar em Haddad e Manuela.

É missão de todos aqueles que têm consciência de o que está em jogo.

E nesse sentido, gostaria de parabenizar a atitude consciente e responsável que estão tendo setores que sempre foram muito refratários e críticos aos governos do PT.

Falo especificamente de lideranças e eleitores do PSTU e de algumas tendências do Psol que estão pedindo voto em Haddad 13.

Recentemente, ouvi de uma militante do PSTU em uma assembleia: estou votando em Haddad para ser oposição no dia 1º de janeiro, porque eu quero ter o direito de ser oposição.

Ou, como disse Ronaldo Moreno, quadro e fundador do mesmo partido: “conclamo os companheiros que estiverem nas trincheiras a votar 13 para, pelo menos, cobrarmos nossas reivindicações”.

Vale a pena lembrar que o Bolsonaro tem uma intenção de votos muito sólida. Claro que temos que dialogar com os seus eleitores que estão na margem desse bloco.

Mas temos muito mais facilidade em convencer aqueles que, mesmo sabendo do risco, estão preferindo a isenção ou a indiferença quanto ao futuro do Brasil, pois esses já não estão inclinados a votar em Bolsonaro.

Nossa obrigação é dialogar com esses eleitores e essas lideranças, cujas declarações de voto podem promover a reflexão em muitas pessoas. Precisamos mostrar que seu posicionamento e seu engajamento são cruciais para barrar o fascismo.

Por tudo isso, entendo que os militantes e as lideranças sociais precisam se envolver ativamente na campanha para a eleição da chapa Haddad-Manuela.

Tão somente dizer “Bolsonaro não” é insuficiente para os riscos envolvidos.

É hora de irmos às ruas, às redes sociais, a todos os espaços físicos e virtuais para disputar votos.

Mais do que dizer que somos contra o retrocesso representado pela candidatura fascista, precisamos deixar claro como podemos barrar o fascismo. A realidade não comporta mais mensagens subliminares ou coisas subentendidas.

Temos que deixar claro que, hoje, no Brasil, a luta contra o fascismo e pela defesa da democracia passa pelo engajamento na campanha Haddad Presidente.

*Mateus Mendes de Souza é professor de Geografia e diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação -Núcleo Duque de Caxias (SEPE-Duque de Caxias, RJ). 

Veja também:

 O recado do psicanalista Joel Birman aos judeus brasileiros democratas

Conceição Lemes: A política de extermínio de Bolsonaro


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Comentários

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Julio Silveira

Tenho todos os motivos humanos para não votar no Boçal ignaro, e não o farei, do outro lado também não me anima quem bajula o status quo, que flerta com o golpe e seus instrumentadores, que jovem já se mostra um velhaco do pior tipo de politiqueiro. Francamente preferiria a Manoela na cabeça da chapa, não sendo estou inclinado a anular meu voto, pela primeira vez, com tristeza pelo que nos espera em ambas as mãos.

Hudson

Achou que Juazeiro era menor que o cérebro dela!

    Hudson

    Uai, eu deveria ter postado esse comentário na matéria sobre a “fraude no Nordeste”…

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