Mário Magalhães: Temer imporia “muitos sacrifícios”. À Fiesp? À Globo?

Tempo de leitura: 2 min

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Vale o vazado? Temer imporia ‘muitos sacrifícios’ e calaria sobre corrupção

Mário Magalhães, em seu blog no UOL

No ensaio de discurso para a eventual iminência de se tornar presidente da República, Michel Temer pronunciou três vezes a palavra “sacrifícios”.

“Muitos sacrifícios”, enfatizou, na gravação distribuída por celular (aqui).

É o cenário que espera os brasileiros caso Dilma Rousseff venha a ser deposta por meio de impeachment.

Sabe quantas vezes apareceu a palavra “corrupção” no áudio conhecido ontem?

Nenhuma.

Se vale o vazado, um possível governo Temer sacrificaria a vida dos cidadãos — como sempre, sofreriam mais os mais pobres.

E deixaria para trás o tema da corrupção. Mais propriamente, o combate a ela.

Num aspecto, o dos sacrifícios, inexistiria maior novidade em relação ao segundo mandato de Dilma (Dilma-Temer, a rigor).

A presidente impõe sacrifícios a quem, por 12 anos (2003-2014), conseguiu amenizar a miséria e a pobreza atávicas.

O que o vice aspirante a titular indica é que apertará ainda mais o arrocho impiedoso que atende pelo eufemismo de “ajustes”.

O silêncio sobre a corrupção representaria regressão se comparado a Dilma, que reiteradamente trata do assunto.

Temer não citou a Operação Lava Jato.

Seria falar em corda na casa de enforcado. Os líderes da conspiração pelo impedimento de Dilma são investigados, suspeitos, denunciados ou réus em processos de corrupção.

Eis a receita do “governo de união nacional” almejado por Michel Temer: “muitos sacrifícios” e o esquecimento da corrupção que maltrata o Brasil.

O discurso apressado do vice pode ser observado de várias maneiras.

É uma pena que seu conteúdo, tão revelador, venha sendo minimizado.

Leia também:

Dilma, sobre o áudio de Temer: Ficou claro que existem dois chefes do golpe 


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Comentários

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Pato

Então Temer tira a fatura do pato do Skaf/FIESP e joga no povo trabalhador?

Luiz

Leiam a “joia” do valor.com.br… Tubulação vazada é eufemismo para golpe!!

A tubulação vazada que cerca o vice-presidente

O vice-presidente Michel Temer estava no seu escritório, no bairro paulistano do Itaim, na companhia de um amigo de quatro décadas que o convenceu a expor uma minuta de pronunciamento que se seguiria à votação da Câmara no domingo. Na expectativa de que o plenário venha a autorizar o Senado a julgar a presidente, Temer alinhavou para o professor e consultor de comunicação Gaudêncio Torquato, amigo de quatro décadas, algumas ideias a serem buriladas para o discurso da ocasião.

O áudio de 13m51s foi gravado no iPhone de Temer um pouco antes do meio-dia. Gaudêncio o receberia por e-mail. A mensagem, no entanto, iria parar no grupo de WhatsApp coordenado pelo ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e integrado por cerca de 50 parlamentares. Às 13h20, os jornalistas Murillo Camarotto e Daniel Rittner noticiaram no Valor PRO que o áudio já circulava entre os parlamentares do PMDB presentes à comissão do impeachment.

É a segunda vez, em quatro meses, que vaza manifestação do vice-presidente sobre a crise. Da primeira vez, tratava-se de carta queixosa à presidente Dilma Rousseff, em que parecia pedir desculpas por traí-la. Desta vez, falando como se a autorização da Câmara para que o Senado julgue a presidente já tivesse passado, o vice-presidente quase pede perdão a quem apoia o afastamento da titular pelas medidas que viria a tomar.

Governistas viram interesse do PMDB na divulgação da carta enviada à Presidência, mas os pemedebistas atribuem o vazamento ao ex-assessor de Dilma Rousseff, Anderson Dorneles. Da segunda vez, não parece razoável acreditar que a divulgação tenha tido sua anuência.

O tom é de moderação, contempla a possibilidade de o Senado absolver a presidente e adianta o receio de ‘não avançar o sinal’. Comete, o entanto, o pecado de falar nos ‘sacrifícios’ que, para não ‘gerar expectativas falsas’, teriam que ser enfrentados pelos brasileiros.

O vazamento é danoso não apenas pela munição dada a governistas na comissão de ontem, mas porque prejudicou a própria articulação pemedebista para a votação em plenário da Câmara no domingo. Nas negociações com parlamentares, o partido já flexibiliza a adoção do ‘Ponte para o futuro’, documento liberal pró-aperto fiscal elaborado pelo partido. No áudio, Temer se mostra como o ‘pacificador’, mas na comissão foi o áudio que alimentou a guerra que terá sua principal batalha no domingo

FrancoAtirador

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Temer e Cunha já Montaram
o Novo Gabinete de Governo.
35 Nomes estão Confirmados:
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#ACaraDoGolpe #VazaTemer
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(https://twitter.com/ContraGolpismo/status/719911240148066308)
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Nicola

Prezado Mario Magalhães.
Os seus textos são um bálsamo contra as toneladas de fascismo e ignorância que somos obrigados a engolir diàriamente. Seus tetos são uma força diária contra o obscurantismo.

    Sidnei Brito

    Mario Magalhães, é sempre bom lembrar, foi o melhor ombudsman da Folha de São Paulo.
    Sobre o texto, também achei estranho que ninguém tenha explorado melhor essa história de sacrifícios.
    Se conversasse mais com o Armínio, falaria em “medidas amargas”.
    O Marcelo Auler, reproduzido no Tijolaço do Fernando Brito, lembrou que ele quis, também, falar que não vai acabar com programas sociais, só pra dar uma quebrada de gelo.

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