Marcelo Zero: Com a histórica vitória de Lula, o mundo volta a respirar. Sem fumaça

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Após pronunciamento à nação, na noite de domingo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez discurso emocionado para milhares de apoiadores na Avenida Paulista e dedicou a vitória à democracia e ao futuro do povo brasileiro. Foto: Ricardo Stuckert

O Significado Internacional da Vitória de Lula

Por Marcelo Zero*

A histórica vitória de Lula ganhou muito destaque nos principais jornais do mundo.

O The New York Times, por exemplo, publicou várias matérias sobre o assunto, com grande visibilidade e ênfase. O mesmo aconteceu com jornais e revistas da Europa e da América Latina.

A vitória de Lula foi a grande manchete do planeta.

Pudera. Em primeiro lugar, trata-se de uma ressureição política poucas vezes vista na história.

Há poucos anos, Lula, como ele mesmo diz, estava enterrado vivo nas masmorras do Juiz Sergio Moro e de seus procuradores políticos, que o condenaram sem provas, apenas com base em depoimentos extraídos de acusados em desespero e em adolescente power point.

Na época, diziam que Lula estava “acabado para sempre” e que o PT tinha sido “destruído”.

Era a voz corrente na imprensa corporativa que havia contribuído decisivamente para o golpe de 2016 e para o encarceramento político de Lula.

Mas, como uma Fênix real, Lula, que havia o feito o melhor governo da história do Brasil, ressuscitou de forma extraordinária para salvar-nos do neofascismo bolsonarista e pacificar e reconciliar o país, tarefa hercúlea, heroica, que só ele pode liderar.

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Tal trajetória épica só encontra paralelo em figuras da magnitude de um Nelson Mandela, por exemplo, que saiu da prisão da Ilha Robben para acabar com o apartheid, reconciliar a África do Sul e livrá-la do isolamento mundial.

Em segundo lugar, e mais importante, a vitória de Lula, como bem assinalou o New York Times em vídeo amplamente divulgado, representa a possibilidade da salvação do planeta.

Bolsonaro tornou o Brasil um pária internacional, uma espécie de ovelha negra planetária, devido, em grande parte, ao seu ativo e abjeto antiambientalismo.

Ele jogou na fogueira dos interesses mais atrasados do nosso capitalismo selvagem todos os grandes avanços internos e externos feitos pelos governos do PT na área, como a grande redução do desmatamento e os compromissos internacionais significativos para a redução de emissões de gases do efeito estufa, e passou a investir em “passar a boiada”, metafórica e literalmente.

O mundo passou a temer, com razão, que Bolsonaro deixaria a Amazônia queimar, num processo irreversível que acabaria por levar o aquecimento global ao ponto desastroso do “não-retorno”.

Esse grotesco antiambientalismo, somado ao negacionismo científico, à misoginia, ao racismo, à homofobia, e, sobretudo, ao flerte constante com uma ditadura, tornaram Bolsonaro uma “persona no grata” para boa parte, senão a totalidade, dos países civilizados do mundo.

O Brasil, com Bolsonaro, passou a ser visto como um país muito pouco confiável, ou mesmo como séria ameaça para o futuro da humanidade e do planeta. Também como uma ameaça à democracia e à civilização, como Trump, seu amado líder.

Não é de se estranhar, portanto, o alívio da chamada “comunidade internacional” e das democracias com a eleição de Lula. A extrema-direita fascistoide e o negacionismo climático perderam seu principal bastião.

As grandes lideranças mundiais, Biden à frente, correram para reconhecer a vitória legítima e democrática de Lula, coisa que Bolsonaro se recusou a fazer.

Esses governantes sabem bem que Lula, único político brasileiro que conseguiu se converter numa grande liderança mundial, poderá contribuir, de novo, para a solução dos graves problemas internacionais, a começar pela crise climática, passando pela fome, pela crise econômica, pela guerra e pelo agravamento das tensões geopolíticas.

Lula, com toda certeza, usará seu grande poder de negociação e o amplo soft power do Brasil para contribuir com uma ordem mundial mais simétrica, multilateral, pacífica e próspera.

O BRICS, a África, o Oriente Médio, a articulação Sul-Sul e, sobretudo, a integração regional soberana, voltarão a ter centralidade em nossa política externa. Ao mesmo tempo, Lula deverá investir em boas relações com os EUA, a União Europeia e outros aliados mais tradicionais, como sempre fez.

Com Lula, a política externa brasileira voltará a ser universalista e pragmática, sem discriminações ideológicas, como as que impôs Bolsonaro, principalmente no período de desvario do singular chanceler pré-iluminista.

Com Lula, o mundo volta a respirar. Sem fumaça.

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.

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Comentários

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Zé Maria

https://ichef.bbci.co.uk/news/800/cpsprodpb/AC51/production/_127431144_pressreview.jpg

Como a Imprensa Internacional noticiou
a VITÓRIA de LULA PRESIDENTE ELEITO

Importantes Meios de Comunicação da imprensa Mundial
deram Grande Destaque à Vitória de Luiz Inácio LULA da Silva
no Segundo Turno da Eleição de Domingo (30/10).

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63451405

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Zé Maria

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“Ontem conversei com Dezenas de Chefes de Estado. Todos querem ampliar as parcerias e trabalho conjunto
com o Brasil no comércio, na questão do clima e
nos grandes temas globais.
Estamos voltando ao mundo.”
LULA
PRESIDENTE ELEITO
do, para e pelo Brasil
https://twitter.com/LulaOficial/status/1587453004197888000

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