Lincoln Secco: A esquerda precisa ver os pobres como sujeitos históricos

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O fenômeno Russomanno

Lincoln Secco*, no Blog  São Paulo Para Todos

Numa reunião de intelectuais em apoio ao então pré-candidato petista Fernando Haddad um deles disse: “Vamos nos concentrar na classe média porque a periferia já é nossa”. Passados vários meses, parece que só agora petistas e tucanos acordaram para o fato de que a dianteira do Deputado Celso Russomanno nas eleições de 2012 na cidade de São Paulo é mais do que um fogo de palha.

Até recentemente vigorava a ideia de que Russomanno era uma novidade passageira. Depois surgiu a ideia de que ele podia se estabilizar somente porque o eleitor estaria cansado da polarização entre PT e PSDB e apostaria num outsider desvinculado de partidos.

Alguns tentaram explicá-lo pelo fato de que o lulismo teria criado uma base ampla em que petistas e lideranças evangélicas coabitam no governo federal. A nova classe trabalhadora que ascendeu ao mercado poderia ser disputada pelo tradicional discurso petista de melhoria do serviço público ou se voltar para um discurso típico da classe média: a defesa do consumidor. E nisto Russomanno é um mestre pelo histórico de seus programas de televisão.

Nada mais falso. Ainda que uma parte das pessoas que ingressam no mercado possa querer se diferenciar pela compra de serviços privados, não há nenhuma correlação comprovada entre consumo e ideologia política. Pessoas da classe média tradicional consomem mais e se consideram politizadas. Por que no momento em que os pobres ascendem eles não teriam capacidade de consumir e manter suas preferências políticas?

As igrejas evangélicas também foram mostradas como motivo do voto popular. Mas os evangélicos não são mais “alienados” do que ateus ou membros de outras religiões. Se uma parte dos fiéis pode seguir o pastor, uma maioria certamente se define por convicções formadas em vários espaços de sociabilidade como a vizinhança, os parentes mais informados e também as igrejas. Muitas pessoas na periferia frequentam mais de uma ao mesmo tempo.

A história não costuma ser chamada a opinar em processos eleitorais que tem oscilações rápidas e casuais. Uma acusação de corrupção, um escândalo na família e a falta de recursos financeiros podem fazer desabar uma candidatura. Pode ser que o vídeo de Mitt Romney falando maldades dos eleitores de Obama tenha selado a sua derrota. Quem sabe?

Mas deixando de lado as oscilações do tempo curto, a história de São Paulo prova duas coisas. A primeira é que um candidato como Russomanno não é nenhuma novidade, mas a norma. Desde os anos 1940 candidatos como Ademar de Barros e Janio Quadros mantiveram uma corrente que podemos chamar apenas por falta de um conceito melhor como “direita popular”. Ela contrastava com a direita nacional de classe média da UDN que era derrotada nas eleições presidenciais. Decerto muita gente desgosta da expressão porque parece um oximoro. Se é popular não pode ser direita.

Esta corrente política nunca se expressou numa organização partidária, mas é um “partido” no lato sentido de corrente de opinião permanente. O fenômeno de candidatos direitistas com voto não é uma exclusividade paulistana. Mas como São Paulo é uma grande cidade que passou por urbanização intensa em dimensões incomparáveis, as populações recém-chegadas sempre foram alvo de um discurso autoritário que as situava como clientela e vítima. “Culpadas” pela violência que sofriam e dependentes, elas nem sempre se viam como trabalhadoras responsáveis pelo erguimento da metrópole e sucumbiam à mensagem de ordem, segurança e habitação. Mas ao mesmo tempo se organizavam nas associações de bairro (muitas com sede própria há mais de meio século) e conquistavam loteamentos, asfalto, postos de saúde etc.

Mas a história paulistana nos mostra um segundo fator. Nunca houve uma polarização entre PT e PSDB no município de São Paulo. Em 1985 um velho representante desse “partido de direita” voltou ao poder municipal pelo voto. Era Janio Quadros que derrotou F. H. Cardoso. Mas Eduardo Suplicy (PT) ficou num digno terceiro lugar. Em 1988 o município foi surpreendido pela vitória de Luiza Erundina (então no PT). Mas desde 1992 o malufismo governou São Paulo. Na onda neoliberal a direita apresentou a privatização da saúde como propaganda já em 1992 e não agora. O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) foi uma concessão de serviços públicos que enriqueceu alguns empresários médicos e se parecia a um plano de saúde privado.

Enquanto isso, o PT fincou raízes na periferia extrema da cidade, mas divide o apoio com a direita popular. Na verdade só conseguiu derrotá-la em 1988 numa eleição de um só turno e em 2000 quando o Governo FHC estava em seu momento de mais baixa popularidade e o PT despontava como alternativa nacional de poder. Além disso, a petista Marta Suplicy teve o apoio do Governador Mario Covas do PSDB! A vitória do tucano José Serra em 2004 poderia ser apontada como uma anomalia, pois ele não tem o perfil malufista. Tem um partido estabelecido e outra relação com eleitores de classe média.

Mas a vitória de Serra só foi possível com o apoio de votos que ficaram sem uma liderança na direita popular em 2004, já que ela estava absorvida pelo governo Lula em sua lua de mel com os novos aliados. Maluf já estava em franca decadência e o próprio Serra inclinou o discurso à direita. Ao olhar somente para o tempo curto o analista passa a acreditar que há um fenômeno estrutural: a “direita lulista”. Na verdade, a Direita popular atualiza frequentemente o discurso, pois se apresenta como uma “direita de resultados” e não presa a valores morais. Estes são mais fortes na direita conservadora de classe média. Depois de sua derrota em 1988 a direita popular incorporou temas sociais ao lado das propostas de suas tradicionais grandes obras viárias. O projeto Cingapura (Habitação) e a aparente defesa dos favelados foram vitrines da campanha malufista em 1992.

Entretanto, Serra perdeu a chance de quebrar a polaridade entre PT e a velha direita ao deixar a prefeitura para um antigo malufista que se reelegeu: Kassab. A disputa de 2012 pode reproduzir o duelo entre petistas e a direita popular. Se o PSDB for ao segundo turno isso se deverá mais ao erro estratégico do PT ter demorado a fazer campanha onde ele sempre foi mais forte: a periferia. A geografia do voto em São Paulo mostra há vinte anos que o PT tem apoio maior entre os mais pobres.

O apoio de Maluf ao PT em nada muda a luta política estabelecida porque a sua base social não o acompanhou. É que a periferia não é propriedade de ninguém. O PT tem lá sua força e a direita popular também porque ela é popular de fato. E é de Direita porque visa manter o Status Quo através da canalização das necessidades populares para saídas individualistas ou para organizações limitadas às demandas corporativas.

Decerto um “grande acontecimento” ou uma campanha massiva dos meios de comunicação (no caso de Serra ir ao segundo turno) pode tirar a vitória de Russomanno. Fora disso só o improvável apoio do eleitorado do PSDB ao PT no segundo turno e a recuperação dos votos petistas nos extremos Leste e Sul da cidade alterariam um resultado mais do que previsível, embora não inelutável. É que as eleições são uma composição de quadros dinâmicos e não estáticos. Haddad poderia reorientar sua agenda na reta final do primeiro turno totalmente para o objetivo de desmontar uma parcela do apoio popular à Direita e, depois, usar sua imagem de classe média para atrair os votos que Marta Suplicy teve em 2000. Se ainda há tempo só a campanha petista poderá comprovar depois de tantas desavenças internas e erros estratégicos.

Quanto ao futuro, é a mudança de condição de vida já em curso na periferia que poderá quebrar a hegemonia de Direita em São Paulo. A velocidade da urbanização e o perfil da economia industrial da cidade começaram a mudar nos últimos decênios. Mas para isso a esquerda precisa ver os pobres como sujeitos históricos.

*Lincoln Secco é Professor de História Contemporânea na USP e autor de “A História do PT” (Ed. Ateliê, terceira edição, 2012).

PS do Viomundo: Tratamos de algumas destas questões, aqui. O artigo me lembrou de uma entrevista que fiz com um jovem recém-saído de tratamento em uma clínica para dependentes de álcool e drogas — uma das poucas que existem no estado de São Paulo. Acompanhamos a volta dele para casa. Lá, abriu a janela do quarto e nos mostrou a paisagem, comum a uma infinidade de bairros da periferia de São Paulo: um paredão de sobrados de dois ou três andares, tijolo aparente, nada além disso no horizonte. O adolescente sentou-se na cama diante da janela e desabafou: “Aqui não tem nada. Não tem quadra, não tem show, não tem escola, é lugar só de dormir. A única diversão é beber no bar”. Meu ponto: não existe Estado nos extremos da periferia de São Paulo. O eleitor usa o voto como protesto diante do abandono. E, então, uma ínfima mas barulhenta fatia da militância do PT sugere que este eleitor é intrinsicamente ruim, não sabe escolher, não tem educação — em resumo, não sabe votar! Uma promessa de que Dilma investiria mais em São Paulo através de Haddad talvez ajude, mas aos olhos de quem mora lá continua sendo uma promessa.

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Paulo

Ótima análise. A direita popular existe sim, basta ver o conteúdo do discurso dos que defendem esse tal Russomanno. Vi um eleitor que comentou no blog de um jornalão dizendo que é bom um conservador como ele na prefeitura pois vai acabar com o “liberalismo transviado” (???).

Julio Silveira

Concordo com muita coisa dita aí. Mas discordo da aparente pouca importância da parceria com o Malluf. Vejo como de muita importancia sim. Mas diferente do efeito desejado, ela afastou muita gente da esquerda, que mesmo não sendo petista associava-os aos bons costumes que a esquerda, a verdadeira, sempre buscou. Mas vejo outros maleficios, não conseguiu e nem conseguirá atrair os eleitores do Malluf, como dito. Ainda produziram a desconfiança geral na legitimidade das esquerdas, que se agora se sabe, se vende, como qualquer desses grupos politicos de direita que navegam como naufragos ao sabor da oportunidade. O PT e seus caciques agiram com a prepotência da elite, mas a elite pejorativa, que acredito, do qual ambicionam fazer parte. Enfiaram goela abaixo o carater macunaimico de seus dirigentes, pela leitura deles de que nossa sociedade com ele se identifica. Foi muito humilhante, fruto da pouca fé no nosso senso critico. Sequer no nosso senso de cidadania. Acreditaram que com um pouquinho do marqueting da boa intenção, por trás de qualquer ato esdruxulo, conseguiriam levar seus eleitores para onde quisessem. Desrespeito foi o minimo, com quem sempre lhes devotou confiança.

    Mário SF Alves

    Julio, você demonstra que está descontente com os rumos do PT. Eu confesso que também estou. E digo isso não como militante partidário, mas, sim, como cidadão. Mas, convenhamos, não é tarefa fácil entrar nesse circo e enfrentar as feras. Ou você discorda disso? A democracia que nos concederam até o PT era por demais relativa; por demais condicionada aos interesses do o Brasil país de poucos; do Brasil-eterna senzala. Progredimos um pouco. Não resta dúvida. Dizem que o poder corrompe. Penso que o capitalismo corrompe muito mais. Penso que num país como o Brasil é a política que é condicionada demais que, portanto, se deixou corromper demais. Aliás, parece que sempre foi assim, não? E o que é igualmente grave, a esquerda que temos é ainda muitíssimo permeada por dogmas. É pouco permeável à ideia da democracia como meta. Ninguém pensa fora do riscado. E é isso precisa mudar. Mas, louvemos o progresso alcançado. O Brasil está melhor, inegavelmente. Ainda estamos ainda muito longe da democracia que queremos. O governo tem trabalhado arduamente. Para o PT não basta colocar a faixa presidencial e deixar acontecer. Este tempo para o PT nunca existiu. Tomara que o STF não enfie os pés pela mãos e faça sair pelo ralo nosso melhor momento, o único onde se pode vislumbrar um projeto coletivo de país.

    Julio Silveira

    A questão é justamente essa meu caro, a Democracia que queremos. Concordo plenamente que tivemos avanços, a questão é o preço que se pagara, e a efetividade dele. Preocupa-me sobremaneira ser utilitário de gente inescrupulosa, por que se auto denominam esquerdistas, quando na verdade aparecem com mão de veludo resgatando o que sempre se combateram em publico. Aquilo que já foi mote critico em campnhas passadas, o é dando que se recebe, ou ainda o rouba mas faz transformando-se em necessidades desse sistema. Percebe a canalhice, então deixamos de ter opções. Esse tipo de democracia escorregadia leva o cidadão a ter uma falsa sensação da existencia de legimitidade nesse discurso, mas é falso, nada se constroi sob bases fracas. A continuar essa cultura, aliás muito aproveitada pela criminalidade inteligente, em breve haveremos de libertar aqueles criminosos usando a força de suas quadrilhas atendem a necessidades de cidadãos nas comunidades carentes, onde o estado os ignora ou ignorou. Para mim isto é a completa inversão de valores e falta de principios,que se aproveita das brechas para propagar a antitese do que possa significar cidadania. Que Brasil você quer?

assalariado.

O discurso pragmatico da ‘esquerda’ e as praticas de governos idem, são flancos abertos para os representantes dos partidos de direita que nada mais são que, os representantes (legítimos e confiaveis), do capital. Os discursos misturaram -se, se igualam com os ‘progressistas’, no campo institucional eleitoral burgues, o que leva confundir a periferia e os explorados da nação, na hora do voto. A ex -presidente michelle Bachelet (Chile) sabe disso, ‘perdeu’ o poder para a direita populista). As esquerdas e seu intelectuais, historicamente no Brasil, com respeito as periferias, sempre desconfiam das massas e, atrevo -me a dizer, tem medo de vir aqui conversar conosco sobre politica de fato e de direito. Por isso, nunca investiram nesses agentes transformadores/ estratégicos, da luta de classes.

Ou seja, como diz o titulo deste post ” A esquerda precisa ver os pobres como sujeitos históricos.” Isto é, como sempre, a social democracia nunca vai além de uma relação economicista (consumista)para com os assalariados e os pobres da nação. Por isso afirmo, sem medo de errar: tem uma relação promíscua ideologica e, eleitoreira, para com os pobres sendo que, a sua preferencia mesmo é com a classe média conservadora. Continuam pensando como nossos pais, esquecem dos exemplo históricos e que, estamos no século 21. A exploração é a mesma, até maior, porém as táticas para o avanço das massas tem que ser outras. Ora, não basta enxergar os pobres como agentes históricos do sepultamento da ideologia capitalista, como afirma certeiramente o Sr. Lincoln Secco.

Então pergunto: Qual a diferença da retórica populista que faz defesa da cidadania (PT), e do defensor dos consumidores (PRB). Onde é que está a politização necessária para que os pobres, como sempre, não caiam nos braços da direita ‘cidadã e consumista’? Isto é, na disputa por votos, nos discursos são iguais aos ouvidos das massas. Ou seja, está tática eleitoral é fruto da cegueira politica social democrata, no que se refere aos avanços politicos tão necessários na hora de politizar as questões que tem demandas populares, porem, ações estas, limitadas entre os muros das senzalas do Estado de Direito burgues. Este tipo de luta eleitoral de esquerda parou no tempo, perdeu o cacoete revolucionário perante as massas. Basta continuar com está tática de que a vida se resume em ser consumista (não falo dos direitos basicos), e que isto não tem nada haver com a luta politica pelo poder entre classes com interesses economicos opostos (CAPITAL X TRABALHO). O povo grego, espanhol, portugues, … sabem disso, … E agora?

Saudações Socialistas.

    Mário SF Alves

    Assalariado, gostei do argumento, cara. Aliás, não é essa a primeira vez que me impressiona bem sua leitura da realidade. Mas, será que não daria pra deixar um pouco de lado essa fixação no socialismo? Digo isto com todo o respeito. É que fica parecendo que existe um aí certo determinismo, um dilema de tipo: “ou se é socialista ou não se é nada”.
    Saudações (ainda) democráticas.

    assalariado.

    Mário SF, fixação pelo socialismo? Falo muito em socialismo devido que, esta expressão, na minha ótica de politizar as massas, traz embutida dentro dela, uma outra relação social entre os humanos. Isso seria, e é, um trabalho para os partidos de esquerda, no entanto, nunca é colocada em pauta, quando é, não se explica. E é isso que tento mostrar por aqui.

    Por isso, lhe digo, não se trata de determinismo trata se de um trabalho de consciencia politica que tanto faz falta, de modo que, o nosso povo perceba que tem alternativa para o capitalismo. Sim, existem táticas e táticas, para se chegar ao socialismo porém, como é que o povo vai saber disso se esta expressão nem faz parte de seu vocabulário. Para eu, isto é, e será, estratégico na encruzilhada da história.

    Abraços Fraternos.

    Mário SF Alves

    Assalariado, eu te entendo. Sei como é. Concordo com o Engels quando ele diz que o “espírito é o mais excelso produto da matéria”. Matéria essa que nem sequer a ciência consegue definir. Taí a tão decantada e incrível saga do bóson de Higgs, também chamado de a partícula de deus, e que não deixa margem pra dúvidas quanto à complexidade da matéria. Acostumamo-nos ao conceito vulgar de matéria, ao preconceito, porém não era neste sentido que a situava Engels. Basta contextualizar historicamente o enunciado, que cai por terra o conceito ditado ao sabor das aparências. Também concordo com o Marx quando ele diz que “a verdadeira história do homem ainda nem sequer começou”. Sim, vivemos na pré-história da humanidade.
    No entanto, com relação ao socialismo, em pese sua importância em relação ao futuro e às garantias de evolução da espécie humana, este jamais poderá ser construído por meia dúzia de iluminados a conduzir as massas. Isso não dá certo; fracassou na ex-URSS; hibridizou-se na China. E em Cuba, parece-me, lá o socialismo só se sustenta porque Cuba não se enveredou pelos mesmos caminhos da ex-URSS; de mais a mais Cuba é uma ilha, jamais ameaçou tanto quanto aquela potência que teve o poder enfrentar e contribuir grandemente na derrota do Hitler.
    Penso a coisa da seguinte maneira: primeiro temos de fazer a revolução democrática. Depois, quem sabe, se for da vontade do povo, aí, sim, que venha e seja bem vindo o socialismo. E isso sem dizer que nem a consolidação da democracia estamos conseguindo conquistar. E isso sem dizer que não temos (ou não demonstramos ter ainda) sequer poder para enfrentar os inimigos da nossa parca, porém, imprescindível, democracia. Não estou com isso dizendo que desacredito. O que eu não acredito é que vá passar em brancas nuvens um novo golpe contra o povo. O que eu não acredito é que o STF vá fazer o que bem entende, inclusive, situando-se acima da lei maior deste País e que tudo será permitido. Não, nisso eu não acredito; ainda que apesar dos mensalânicos e de outros travestidos de santos, com ou sem togas.

Zilda

Para saber o que é”direita popular” basta ler sobre o fascismo na Itália de Mussolini. Foi o que Gramsci fez: analisou com profundidade o porquê das massas populares apoiarem candidato que não defende um projeto de sociedade que as beneficiam, em detrimento de outro cujo projeto é voltado para os seus interesses.

Wagner

A melhor análise sobre as eleições paulistas que li até agora.

Despida de sectarismos ou ideologias que contaminam a opinião.

Acho interessante essa ideia de direita popular, porque ela existe sim, embora não faça sentido para os ideólogos da esquerda.

Convivo, até mesmo por força de meu trabalho, com pessoas muito pobres. Por vezes, suas opiniões reacionárias me espantam.

E, realmente, no atual cenário, salvo uma bomba atômica não há como PT ou PSDB ganharem essa eleição.

Os ódios recíprocos, fomentados pela grande mídia contra o PT e pela blogosfera contra o PSDB geraram uma terceira via, ou melhor, um Frankenstein: o dileto aprendiz de Maluf e hoje apaniguado de um certo bispo.

Durma-se com um barulho desses.

Roberto Locatelli

Repetindo meu mantra: o PT cortou suas raízes no movimento social. O resultado é que o Manno está em primeiro, pois as igrejas evangélicas têm raízes, têm capilaridade.

Tempo de TV é o que menos conta.

    Wagner

    É o que vivo dizendo no Blog da Cidadania, Locatelli.

    O PT, hoje, é o partido que gasta seu tempo, exclusivamente, para defender criminosos de colarinho branco (mensalão). Sei que você não concorda comigo sobre esse assunto, mas é como penso.

    Esqueceu-se dos movimentos sociais, da militância, dos diretórios regionais (que por vezes foram “tratorados” como no caso de Recife), das minorias (como os gays no caso do Kit anti-homofobia), enfim, de bandeiras que serão fatalmente apropriadas por outrem.

    Chegamos a um ponto em que vi pessoas que imagino petistas, aqui mesmo neste blog, chamando servidores grevistas de vagabundos…Outros se aferram em semântica para defender privatizações.

    Você acha que isso vai ter um final feliz??? Eu acho que não.

    Mário SF Alves

    Enquanto isso, eles fazem a festa. O texto é antigo, de 18 de agosto de 2010. Publicado em pleno calor vulcânico das últimas eleições presidenciais. Até valeria a pena imaginar quanto esses ordinários recebem para ficar burilando letrinhas para agradar senhores de engenho (de cana, óbvio). Por favor, dê uma olhadela no texto, quero dizer no lixo tóxico, a seguir:
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    “Discriminação! Cadê O País dos Petralhas???”, bradou Reinaldo Azevedo, que reproduziu o texto do Estadão em seu blog. Meu amigo e vizinho de site está coberto de razão. Se a equipe do marqueteiro João Santana quis mostrar que Dilma se converteu numa democrata tão radical que lê até as obras dos grandes satãs do PT, não poderia ter esquecido o best-seller de Reinaldo. A menos que a entrada em cena de Lula é Minha Anta tenha sido coisa de algum tucano infiltrado, admirador de Reinaldo Azevedo, que deixou em casa o exemplar autografado para não ser identificado pela dedicatória.
    Lula, que nunca leu nada na vida, já teria motivos para sentir-se afrontado com a mera presença da estante. A ideia de juntar com estudada displicência livros de diferentes gêneros e autores é ofensa grave. Se o padrinho não passou sequer da orelha daquele livro de Paulo Coelho, a afilhada deveria ter-se dispensado de fingir que leu todos os poemas de Manuel Bandeira, os clássicos de William Faulkner, livros de química e física, lançamentos recentíssimos e até obras por traduzir.
    Mais que afronta, mais que ofensa grave, a inclusão de Lula é Minha Anta talvez seja o primeiro indício veemente da ruptura inevitável. É possível que a criatura, anabolizada pelas últimas pesquisas de opinião, já esteja desconfiando de que não deve tanto assim ao criador. Nessa hipótese, Dilma começou a trair Lula ─ com Diogo Mainardi.
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    E aí, valeu ou não valeu a pena? É assim que eles fazem política. É isso que eles entendem por democracia. É essa a democracia deles. Por isso queremos a nossa.
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    O link a seguir encaminha direto para a montanha de detritos de onde se originou este besteirol quântico: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-primeira-traicao-lula-e-minha-anta-ocupa-um-lugar-de-honra-na-estante-de-dilma/

Jayme Vasconcellos Soares

O PT e os partidos aliados do governo estão menosprezando a importância dos aposentados e de seus dependentes, também eleitores, nas próximas eleições municipais. Ledo engano…, a resposta para estes políticos será, certamente, muito negativa. A Dilma esqueceu, perversamente, que os aposentados da Previdência são seres humanos e têm as mesmas necescidades dos demais cidadãos brasileiros. Vejamos o final destas eleições!!!

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