Jeferson Miola: O Exército está no centro do terrorismo no Brasil

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Marcello Casal/Agência Brasil e Pinterest

O Exército no centro do terrorismo

Por Jeferson Miola, em seu blog

Convenhamos: não é nada trivial 1.200 criminosos serem presos na área do Quartel-General do Exército Brasileiro. E numa única “tarrafada”!

A prisão de terroristas e criminosos no Forte Apache – e em escala industrial – diz muito sobre o envolvimento objetivo das Forças Armadas com o terrorismo e com as práticas sistemáticas de crimes contra a democracia e o Estado de Direito.

Os criminosos só poderiam ficar acampados nas áreas dos quartéis se tivessem autorização dos comandos militares, como de fato tinham.

E puderam permanecer mais de dois meses acampados no QG do Exército, onde foram tratados com camaradagem e apreço.

A senhora Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do líder golpista e general-conspirador Villas Bôas, prestigiou o acampamento dos terroristas, onde foi festejada como celebridade.

Militares da reserva e da ativa desfilavam regularmente no local. Muitos deles para insuflar os criminosos, como o sargento da Marinha Ronaldo Ribeiro Travassos, que ali discursava clamando pelo assassinato do presidente Lula e de eleitores petistas.

O sargento, então lotado no GSI do general Augusto Heleno, apenas seguiu o exemplo de um oficial mais graduado, o general André Luiz Ribeiro Allão.

Comandante da 10ª Região Militar do Exército, o general Allão prometeu manter e proteger terroristas acampados na área do seu comando em Fortaleza “ainda que existam ordens de outros poderes no caminho contrário”. Uma declaração de guerra à Constituição.

Os criminosos acampados em Brasília com a bênção e a proteção do Comando do Exército não desocuparam a área do QG espontaneamente.

E tampouco foram retirados do local pelo Exército, mesmo depois dos atentados terroristas em Brasília nos dias 12 e 24 de dezembro perpetrados por criminosos que ali prepararam os atentados.

Foi preciso ordem judicial do ministro do STF Alexandre Moraes para que o acampamento fosse finalmente desmobilizado e os criminosos identificados e presos. Mas somente após os graves ataques às sedes dos poderes da República neste 8 de janeiro.

Na ordem de desocupação [9/1], o ministro Moraes destacou que o “acampamento criminoso na frente do QG do Exército […] estava infestado de terroristas, que inclusive tiveram suas prisões temporárias e preventivas decretadas”.

Para o ministro Moraes, “absolutamente NADA justifica e existência de acampamentos cheios de terroristas, patrocinados por diversos financiadores e com a complacência de autoridades civis e militares em total subversão ao necessário respeito à Constituição Federal”.

O ministro do STF entende que “em momento tão sensível da Democracia brasileira, em que atos antidemocráticos estão ocorrendo diuturnamente, com ocupação das imediações de prédios militares em todo o país, e em Brasília, não se pode alegar ignorância ou incompetência pela OMISSÃO DOLOSA e CRIMINOSA”.

A fúria destrutiva que atingiu o Palácio do Planalto também foi facilitada pela “omissão dolosa e criminosa” do Exército.

Nunca se observou o Planalto desguarnecido e exposto como no momento do ataque das hordas fascistas.

Não se viu nenhuma sombra do Batalhão da Guarda Presidencial, que é responsável pela segurança e proteção do presidente e vice-presidente da República e da sede do poder civil.

A dissolução dos acampamentos criminosos deveria ter sido a primeira ordem que o atual comandante do Exército deveria ter recebido e cumprido no governo Lula.

Como ficou comprovado com a evolução dos acontecimentos, o gradualismo defendido pelo ministro da Defesa José Múcio Monteiro foi um equívoco fatal. Era sabido que os acampamentos terroristas não iam “se esvair” espontaneamente.

Os terroristas que barbarizaram Brasília neste 8 de janeiro contaram com o apoio financeiro, logístico e material de empresários criminosos e, claro, com a conivência da PGR, do governo distrital e das polícias do DF.

Além da responsabilização de particulares e de agentes públicos implicados, é fundamental, porém, se agir em relação às Forças Armadas, em especial ao Exército brasileiro, que está no centro do terrorismo no Brasil, como esteve no tempo da ditadura, para manter controle e poder.

Como avalia o professor da UFJF Odilon Caldeira Neto, o ataque terrorista de 8 de janeiro “não é golpe em si, mas um evento apoteótico de deslegitimação das lideranças políticas e instituições democráticas. O plano é cercear o governo pelo centro e beiradas, na busca por tornar insustentável o exercício de poder. O caos é um instrumento para demandar militarização”.

Sintomaticamente, o Exército colocou tropas de prontidão esperando ser acionado para uma GLO – operação de Garantia da Lei e da Ordem, que corretamente não foi cogitada pelo governo federal.

O presidente Lula precisa aproveitar a coesão e comoção institucional e a solidariedade da comunidade internacional para adotar as medidas inadiáveis para a reformulação das Forças Armadas, a começar pela extinção do GSI, a substituição do ministro da Defesa e a demissão do comandante do Exército.

Não se pode minimizar o significado e a gravidade da prisão de um verdadeiro batalhão de 1.200 terroristas dentro da área do QG do Exército brasileiro.

Menosprezar isso seria devastador para a autoridade e governabilidade do governo Lula, e fatal para a democracia.

Leia também:

Jeferson Miola: Finalmente, o Capitólio de Brasília, e com agravantes

Veja o que vândalos de extrema direita destruíram no Palácio do Planalto, STF e Congresso

Manuel Domingos Neto: Lula, assuma o comando!


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

A Responsabilização Civil em relação à Indenização Por Danos Materiais à União
deverá ficar a Encargo dos Patrocinadores do Golpe Terrorista Processados.

marcio gaúcho

Segundo a boataria que segue proliferando no país, os ataques terroristas de domingo, dia 08 de janeiro, seriam apenas o começo do processo de golpe, sob o comando de membros das FFAAs e caciques políticos ligados ao bolsonarismo, juntamente com toda a maçonaria instalada em todos os recantos do país. A ideia é continuar a atacar as instituições e causar pânico e caos na população, impedindo as ações governamentais de serem executadas, dificultando ao máximo a governabilidade. Aliados a esses trastes, estão os prefeitos e vereadores da maioria das cidades brasileiras. O caminho do governo Lula será difícil e pedregoso, cheio de chincanas e armadilhas espalhadas pelo caminho.

Zé Maria

Existe uma Influência Nefasta das FFAA dos EUA
que é impatrioticamente Acatada pelas daqui.
E a Doutrina Neoliberal se infiltrou no Oficialato.

Ibsen Marques

As FFAA precisam ser extintas a bem do Brasil. Não assista demitir um general golpista para colocar outro em seu lugar. Ou se faz isso ou se passa ruído o generalato para a reserva e se promove novos para as posições de mando sabendo-se de antemão que formarão nova safra de golpistas.

Zé Maria

Essa Organização Criminosa (ORCRIM) Fascista Terrorista Golpista
é como a Hydra com Tentáculos e Cabeças por tudo que é Lado.
Tem Cabeça Econômico-Financeira, Político-Partidária, Midiática
e Militar que é a Imortal. Teremos que queimá-las com Fogo.

    Zé Maria

    .

    Sem esquecer das Cabeças Estrangeiras.

    Porém, cuidado com o Veneno da Hydra.

    .

Deumir Lins

Esses atos desastrosos apenas promovem os que cuidam da lei de fato.
Basta se por do lado certo para se cacifar para a próxima eleição presidencial.
Pouco importa se o político é de direita ou esquerda.
São atos desastrosos e repletos de idiotice. Pois não dá para levar no “braço forte”.
Quem se colocar do lado certo terá muitos votos nas eleições subsequentes, inclusive a eleição presidencial.
A tendência é o bolsonarismo refluir.

Deixe seu comentário

Leia também