Jeferson Miola: General Tomás Paiva reitera à CPMI versão farsesca do Exército sobre o 8 de janeiro

Tempo de leitura: 4 min
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado, em 04/05/2023. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

General Tomás reitera à CPMI versão farsesca do Exército sobre o 8 de janeiro

Por Jeferson Miola, em seu blog

O inquérito do Exército sobre o 8 de janeiro, cujo conteúdo foi tornado público pela Folha de São Paulo [31/7], é uma peça de ficção; é mais uma farsa das cúpulas militares para desviar a atenção sobre o envolvimento permanente das Forças Armadas nos atentados à democracia nos últimos anos.

A desfaçatez dos militares não tem limite. Os embusteiros insinuam “falha de planejamento” do atual governo como causa da devastação do Planalto.

Finalizado em março passado, o inquérito concluiu “que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações”.

E assegura que “a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizados os danos patrimoniais sofridos” se tivesse sido “realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente”.

Neste caso, conclui cinicamente o inquérito do Exército, “a execução das ações de segurança por parte das tropas do Comando Militar do Planalto teria melhores condições de êxito”.

É uma versão inteiramente descabida que serve, todavia, a três propósitos:

[i] para safar as Forças Armadas, em especial o Exército, da responsabilidade nas sucessivas tentativas de perpetrar golpes de Estado;

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[ii] para sedimentar a “narrativa” delirante da extrema-direita, que inverte a realidade para responsabilizar o próprio governo Lula pelos infames acontecimentos de 8 de janeiro; e

[iii] para distrair a sociedade e as instituições sobre os acampamentos nas áreas dos quarteis que albergaram criminosos, terroristas e integrantes da “família militar” em ordem unida contra o resultado da eleição de 30 de outubro.

Foi o próprio Comando do Exército que designou, ainda na gestão do general Heleno no GSI, os comandantes da ativa para as funções de responsabilidade pela [des]proteção do Palácio e [in]segurança presidencial.

Não se tratava, como mostrou a realidade, de uma estrutura profissional e leal ao Estado de Direito, mas de um verdadeiro Cavalo de Tróia para facilitar o trabalho da horda fascista que invadiu o Palácio.

Por algum motivo – que pode ser inclusive por ingenuidade, confiança pueril nos colegas de farda, espírito de corpo, incompetência ou obediência à hierarquia do partido dos generais – tal destacamento golpista foi integralmente mantido pelo general Gonçalves Dias.

O diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues rebate com contundência esta versão farsesca e mentirosa do inquérito do Exército.

Na visão dele, o atentado golpista de 8 de janeiro “deveria ter sido evitado lá em dezembro” com a desmontagem do acampamento na área do QG do Exército em Brasília, mas o Comando da Força impediu que fosse realizada a “profilaxia” na área.

“Era um acampamento de criminosos, que reunia pessoas que estavam tramando um golpe de Estado”, ele disse.

Andrei informa ter alertado que “essas pessoas têm que ser contidas no acampamento. Não podem sair de lá porque eles irão invadir o Congresso, o Supremo e o Palácio do Planalto”.

Mas, segundo ele, os militares “não só permitiram a saída [dos acampados], como esse bando foi levado até os palácios”.

Andrei entende “que deliberadamente havia o interesse que o caos fosse instaurado e acontecesse o que aconteceu”.

“Quando nós fomos de novo lá [no QG], no dia 8 de janeiro, tinha tanque de guerra no meio da rua impedindo que a polícia entrasse para retirar aquelas pessoas do acampamento”, disse o diretor-geral da PF.

O Exército, contudo, tem uma visão cândida sobre o acampamento. Diz que foi montado “de forma intensa, porém pacífica”.

E ainda tergiversa que houve “redução gradual no número de manifestantes a partir de 15 de novembro em razão da postura restritiva do Comando Militar do Planalto”.

E culpa o governo do DF que “autorizou que os manifestantes realizassem seu desembarque” no Setor Militar Urbano, onde se localiza o QG do Exército.

Tão grave quanto este inquérito farsesco do Exército, é a aprovação dele pelo general Tomás Paiva, atual Comandante da Força Terrestre, que encaminhou ofício à CPMI dos atos golpistas reiterando a versão mentirosa [26/7].

No documento, o general Tomás Paiva reitera as conclusões do inquérito de que “a responsabilidade pela segurança do Palácio do Planalto está a cargo do GSI”, assim como a responsabilidade pelo planejamento das ações de segurança dos palácios presidenciais.

O ofício do comandante do Exército é como música aos ouvidos da extrema-direita. Ele escreveu à CPMI que “em razão da avaliação informada pelo GSI, a mobilização dos meios do Exército Brasileiro foi realizada de acordo com a situação de NORMALIDADE” [caixa alta no original].

Leia também:

Jeferson Miola: As ”aproximações sucessivas” do Alto Comando do Exército no governo Lula

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Comentários

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abelardo

O tempo passou, o século mudou e as Forças Armadas, principalmente da parte do exército, vai de mal a pior. Além da flagrante e alucinante degradação, também é acusada de assumir o papel subversivo de terrorista e, mais uma vez, de traidora da pátria e de ser uma golpista reincidente e costumaz. Partidária e parcial deixou bem clara sua estreita ligação com a direita extremista, e também que não tem mais como se recuperar do vício escroto de tramar contra a democracia, contra o estado de direito, contra o país, contra a população e contra a Constituição Federal. As Forças Armadas demonstram que uma grande parte de suas fileiras está contaminada pelo fel do extremismo e do totalitarismo. Imagino que o seu vício de ditador só terá cura depois que forem extirpadas, uma por uma, das sementes alopradas do comando, da cúpula e das suas diversas fileiras hierárquicas.

Zé Maria

Sem esquecer que a Zambelli do ‘Nas Ruas’ era unha e carne com a Thamea no auge da Campanha da Força-Tarefa da Lava-Jato pelo Impedimento da Presidente Dilma.

Zé Maria

“É ou não é uma tentativa de invadir e fraudar as urnas
em conluio com o presidente da República?
Pelo depoimento de Delgatti, Bolsonaro perguntou a ele
se, “munido do código-fonte”, ele conseguiria invadir
as urnas eletrônicas.
Vcs lembram como na época o Exército,incluído naquela
comissão do TSE, fazia relatórios estranhos e insistia
em obter o código fonte das urnas??
O crime não deu certo pq o acesso fornecido valia
só a partir de computadores de dentro do tribunal.
Mas houve a tentativa.”

https://twitter.com/HelenaChagas/status/1686772960932069376

Zé Maria

Excerto 2

“Foi o próprio Comando do Exército que designou, ainda na gestão do general Heleno no GSI [durante o Governo Bolsonaro/Mourão] , os comandantes da ativa para as funções de responsabilidade pela [des]proteção do Palácio e [in]segurança presidencial.

Não se tratava, como mostrou a realidade, de uma estrutura profissional e leal ao Estado de Direito, mas de um verdadeiro Cavalo de Tróia para facilitar o trabalho da horda fascista que invadiu o Palácio.

Por algum motivo – que pode ser inclusive por ingenuidade, confiança pueril nos colegas de farda, espírito de corpo, incompetência ou obediência à hierarquia do partido dos generais – tal destacamento golpista foi integralmente mantido pelo general Gonçalves Dias.”

Zé Maria

Advogado de Defesa do Hacker Walter Delgatti afirma que tem prova
de que o cliente foi ao Ministério da Defesa, com a Proposta Inicial de
de trabalhar na Pasta, no Governo de Jair Bolsonaro.

O Hacker – que foi contratado por Carla Zambelli, Deputada Federal Bolsonarista [fato incontroverso] – foi preso pela Polícia Federal (PF)
sob suspeita de haver recebido Dinheiro “para invadir o Banco de Dados
do CNJ para inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro
do STF Alexandre de Moraes”.

“Além do ministro, a investigação policial aponta que, entre os dias 4 e 6
de janeiro deste ano, Delgatti, a mando de Zambelli, teria “inserido no
sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás
de soltura de indivíduos presos por motivos diversos”.

“Segundo a apuração da Polícia Federal, Walter Delgatti Neto recebeu
pela execução da fraude ao menos R$13,5 mil depositados via PIX por
Assessores da Deputada Bolsonarista”.

Ainda de acordo com a investigação da PF, detalhada na decisão
do Supremo Tribunal Federal que autorizou a operação 3FA, os
extratos fornecidos pelo próprio hacker mostram que ele recebeu EFETIVAMENTE o montante dos assessores da parlamentar.
Uma parte antes e outra depois do serviço.”

“Verifica-se que, do montante de R$ 13.500,00, a quantia de
R$ 10.500,00 foi enviada por RENAN CÉSAR SILVA GOULART,
valendo-se de 3 transferências bancárias via PIX; e que o valor
de R$ 3.000,00 foi enviado, numa única transferência bancária
via PIX, por JEAN HERNANI GUIMARÃES VILELA”, diz um trecho
da decisão.

Leia mais em:

https://www.cartacapital.com.br/politica/o-valor-pago-por-zambelli-para-o-hacker-inserir-falso-mandado-de-prisao-contra-moraes-no-sistema-do-cnj

Zé Maria

Já existem Provas de Envolvimento, por Ação ou Omissão
de 3 Generais do Exército: Arruda, Dutra e Freire Gomes.

Zé Maria

Excerto

O diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues rebate com contundência
esta versão farsesca e mentirosa do inquérito do Exército.
Na visão dele, o atentado golpista de 8 de janeiro “deveria ter sido evitado
lá em dezembro” com a desmontagem do acampamento na área do
QG do Exército em Brasília, mas o Comando da Força impediu
que fosse realizada a “profilaxia” na área.

“Era um acampamento de criminosos, que reunia pessoas que estavam
tramando um golpe de Estado”, ele disse.

Andrei informa ter alertado que “essas pessoas têm que ser contidas
no acampamento.
Não podem sair de lá porque eles irão invadir o Congresso, o Supremo
e o Palácio do Planalto”.

Mas, segundo ele, os militares “não só permitiram a saída
[dos acampados em direção à Praça dos 3 Poderes],
como esse bando foi levado até os palácios”.

Andrei entende “que deliberadamente havia o interesse
que o caos fosse instaurado e acontecesse o que aconteceu”.

“Quando nós fomos de novo lá [no QG], no dia 8 de janeiro,
tinha tanque de guerra no meio da rua impedindo que a polícia
entrasse para retirar aquelas pessoas do acampamento”,
disse o diretor-geral da PF.

.

Zé Maria

Esses Generais Golpistas Sem-Vergonhas queriam mesmo
que o Lula decretasse GLO e entregasse o Governo para os
Comandantes das Forças Armadas.

Ato contínuo, afastariam os Ministros do TSE e do STF, e
prenderiam o Ministro Alexandre de Moraes, dentre outros.

Assim não haveria invasão e depredação dos Prédios da
Praça dos Três Poderes. E os ‘manifestantes’ deixariam
pacificamente os acampamentos dos QGs do Exército
e voltariam tranquilamente para suas Casas felizes, pois
o Golpe Militar havia sido Consumado como eles queriam.

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