Jair de Souza: Perversidade do sionismo israelense assusta até seus mais íntimos protetores ocidentais

Tempo de leitura: 3 min
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA): Os pesados bombardeios em Gaza continuam. Em 16 de dezembro, os ataques aéreos mais intensos foram relatados em Khan Yunis e na cidade de Gaza. A maioria das pessoas está deslocada e passa fome, o sistema de saúde mal funciona e não existem condições para operações humanitárias numa escala significativa. Ninguém e nenhum lugar estão seguros. Foto: El-Baba/ Unicef

Perversidade do sionismo israelense assusta até seus protetores ocidentais

Por Jair de Souza*

Já dissemos isto em outras oportunidades, mas é indispensável repeti-lo uma vez mais: o sionismo é uma criação ocidental, mais especificamente, europeia.

Trata-se de uma ideologia política surgida no bojo das disputas nacionalistas interburguesas que ganharam destaque na Europa do século 19.

Também, faz-se necessário ressaltar que o sionismo é uma corrente de pensamento político tipicamente vinculado à burguesia judaica europeia daquele período, e não de suas extrações operárias.

Até antes da ascensão do nazismo na Alemanha, a incidência do sionismo entre as massas de trabalhadores judeus era praticamente insignificante.

A amplíssima maioria desses trabalhadores se inclinava muito mais por propostas políticas que apontavam para a construção de sociedades socialistas em sua região de moradia do que num projeto de cunho colonialista em outra parte do mundo.

Os trabalhadores judeus, assim como o operariado de modo geral, sofreram violentíssimas repressões a mando das classes dominantes europeias. Foi na Europa, e não em nenhum outro lugar do planeta, que os judeus foram perseguidos, vilipendiados e tratados como não humanos.

Porém, com a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, as classes dominantes da Europa e dos Estados Unidos decidiram apadrinhar o movimento sionista.

Viram nele uma grande oportunidade para alcançar algumas metas importantes para seus interesses de classe. Em consequência, passou a haver uma atuação simbiótica de parte dos governantes das potências ocidentais e a liderança do movimento sionista.

Por um lado, retirava-se da Europa um enorme contingente de trabalhadores que se mostravam excessivamente combativos para os critérios admitidos pelas burguesias locais.

Por outro, instalá-los sob o comando de uma corrente plenamente afinada com os propósitos de dominação ocidentais num projeto colonialista numa zona estratégica do mundo representaria um grande passo para afiançar a defesa dos interesses capitalistas ocidentais de maneira permanente em futuros embates contra forças concorrentes.

Portanto, a partir daquele momento, os judeus, que haviam sido perseguidos e massacrados pelas classes dominantes europeias, passaram a receber enormes estímulos para transferirem-se para a Palestina e, com isso, tornar viável a fundação do Estado de Israel.

Que por ali já houvesse outro povo vivendo há milhares de anos não representava nenhum problema para os mentores dessa ideologia burguesa colonialista.

O que poderia significar as vidas dos palestinos diante dos interesses do grande capital? Nada, absolutamente nada!

Entretanto, como uma das justificativas internas do capitalismo ocidental para validar suas agressões ao redor do mundo tem sido a alegação da defesa dos direitos humanos, eles agora estão meio aturdidos com a exibição das cenas de crueldade e perversidade das ações militares dos sionistas do Estado de Israel contra crianças, mulheres, hospitais, escolas, etc., na Faixa de Gaza.

Como convencer seu próprio público interno de que não há nisso nenhuma violação flagrante dos direitos humanos que requeira medidas mais drásticas se, como recordamos, as forças militares da OTAN foram empregadas e causaram a morte de dezenas de milhares de civis líbios sob a mera insinuação de que as tropas de Muamar Khadafi pretendiam eliminar a uns quinhentos opositores?

Ante o rumor de uma aniquilação de 500 pessoas, a OTAN partiu para a efetivação de bombardeios que produziram mais de 20.000 mortes. A isso, poderíamos acrescentar os casos do Vietnã, do Iraque, da Síria, do Afeganistão, do Panamá, etc., etc., etc.

Provavelmente, nenhum desconforto estaria sendo externado na mídia corporativa e nos ambientes governamentais do Ocidente, se as atrocidades israelenses pudessem ter sido mantidas longe dos olhos do grande público.

Porém, lamentavelmente para eles, as atuais tecnologias de envio de imagens não puderam ser controladas, e as cenas de horror acabaram por atingir os olhos daqueles que não deveriam vê-las.

Em consequência, o reboliço se formou em vários grandes centros do mundo capitalista ocidental.

Estamos presenciando gigantescas manifestações de protesto pelas ruas das principais capitais europeias e dos Estados Unidos.

Ainda estão ecoando os gritos para que se ponha fim às matanças terríveis cometidas pelos militares do Estado de Israel.

Em vista da impossibilidade de ocultar tantos crimes atrozes, as classes políticas dos países capitalistas, ou seja, aqueles que sempre atuaram como financiadores e protetores do Estado de Israel, estão se vendo na obrigação de marcar posição em diferenciação com as atitudes de seu pupilo preferido.

E é por isso que algumas tímidas críticas começam a pipocar, aqui e ali, entre os representantes dos estados que costumam sustentar e proteger Israel, e o eximem de qualquer responsabilidade por toda a perversidade que é feita contra o povo palestino.

O vídeo que disponibilizamos neste link [assista-o no topo] com tradução ao português e as respectivas legendas, aborda a questão desde esta perspectiva.

Acreditamos que pode significar um importante instrumento para o debate que o tema requer.

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ

Veja também

Giorgio Romano: Sionismo, cinismo e solidariedade


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Comentários

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Zé Maria

https://m.media-amazon.com/images/I/61DonwYv4UL._SL1360_.jpg

Livro:
“Axis Rule in Occupied Europe:”
“Laws of Occupation,
Analysis of Government,
Proposals for Redress”

[“O Poder do Eixo na Europa Ocupada:”
” Leis de Ocupação, Análise do Governo,
Propostas de Reparação”]

Autor: RAPHAEL LEMKIN

O Livro “Axis Rule in Occupied Europe”, que introduziu e definiu
o conceito de “Genocídio”, estão listadas todas as políticas nazistas
que visavam a destruição dos Povos Judeu e Polonês e das suas
Características Nacionais, Étnicas e Religiosas.

Na Obra “O Século dos Genocídios Violências, Massacres e Processos Genocidários da Armênia ao Ruanda” (Inst. Piaget, 2008), o Professor
Bernard Bruneteau, Historiador Francês, destaca que, para Lemkin,
“o genocídio ia além da eliminação física em massa, o que,
na sua opinião, era um caso extremo e excepcional; foi, sim,
uma multiplicidade de ações destinadas a destruir as bases
de sobrevivência de um grupo enquanto grupo. Foi a síntese
dos vários atos de perseguição e de destruição.

De certa forma, a Morte era o Resultado, o Fim Pretendido.

Neste ato de genocídio perpetrado pelo III Reich, Lemkin viu,
além disso, a síntese e cumprimento de todas as atrocidades
do passado, tanto na Idade Antiga e na Idade Média procurou
destruir fisicamente alguns grupos, tais como aqueles na
Idade Moderna, tentando aniquilá-los culturalmente.

A Europa Nazista, continuadora destas práticas antigas,
hierarquizava grupos visando sua aniquilação física imediata
(‘Judeus’ e ‘Ciganos’) ou a sua Extinção Sócio-Cultural (no caso,
dos ‘Povos Eslavos’).

Nota-se, então, que Lemkin não queria nomear um novo fenômeno,
mas sim, denominar uma Prática Secular da Humanidade
designando-a como um Crime sob a Lei Internacional.”

https://m.media-amazon.com/images/I/91JAPt8tOwL._SL1500_.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio#cite_note-”O_S%C3%A9culo_dos_Genoc%C3%ADdios._Viol%C3%AAncias,_Massacres_e_Processos_Genocid%C3%A1rios_da_Arm%C3%A9nia_a_Ruanda.”-15
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio#/media/Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_192-208,_KZ_Mauthausen,_Sowjetische_Kriegsgefangene.jpg

GENOCÍDIO EM GAZA 2023
Historiadores do Mundo Inteiro passarão a incluir o Genocído Palestino
na Série de Genocídios Praticados ao Longo da História da Humanidade,
independentemente da Omissão das Cortes dos Tribunais Internacionais
ou da Auto-Censura à Informação Aplicada pelos Grupos de Comunicação.

https://esquerdaonline.com.br/2023/12/07/a-harvard-law-review-se-recusou-a-publicar-este-artigo-sobre-o-genocidio-em-gaza/

https://esquerdaonline.com.br/2023/12/05/opiniao-veja-como-e-a-violencia-em-massa-em-gaza-para-um-estudioso-do-genocidio/

.

Zé Maria

“PALESTINOS NO EXTREMO SUL DO BRASIL”
“Identidade Étnica e os Mecanismos Sociais de Produção da Etnicidade”
Chuí/RS

“Se nem a palavra ‘herança’, nem a palavra ‘patrimônio’,
nem mesmo a palavra ‘tradição’, ainda que entendida
no sentido forte de ‘herança espiritual’, são capazes
de traduzir ‘a carga afetiva e o conteúdo ideológico’
veiculados pela noção de ‘Turãth’ no Pensamento
Árabe Moderno, é porque o ‘pensamento ocidental’
conseguiu realizar a superação que lhe permite
relegar o seu passado a um lugar em que ele pode ser
o seu expectador-agente, ao passo que, na ‘Consciência
Árabe’ o ‘Turãth’ não é apenas ‘uma coleção de rastros
do passado’, mas antes um ‘Todo Cultural’ que compreende
‘uma Fé, uma Lei, uma Língua, uma Literatura, uma Razão,
uma Mentalidade, um Apego ao Passado, uma Projeção
para o Futuro’…”
“O Turãth não é a ‘herança de um pai morto para o filho’.
Mas sim um ‘Pai Sempre Presente, Vivo no Filho’.
Todo Avanço, toda Superação deve, pois, ser precedida
de um trabalho de exumação dessa Presença Latente,
para alcançá-la sob uma forma nova, enquanto agentes
e não mais enquanto pacientes”
(Ahmed Mahfoud e Marc Geoffroy.
Sobre o Filósofo Árabe Abdel Al Jabri:
1999:13).

Por DENISE FAGUNDES JARDIM,
Pesquisadora CNPQ e Professora Titular do
Departamento de Antropologia da UFRGS;
Licenciada e Bacharel em Ciências Sociais na UFRGS (1989 e 1991);
Mestre em Antropologia pelo PPGAS/UFRGS(1991); e
Doutora em Antropologia Social pelo PPGAS/Museu Nacional – UFRJ (2001).
https://www.escavador.com/sobre/3934129/denise-fagundes-jardim

Íntegra em:
(https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5249/000298770.pdf)
(https://buscaintegrada.ufrj.br/Record/aleph-UFR01-000493942/Description#tabnav)
.
.

Zé Maria

https://www.ethnologue.com/subgroup/32/

José Espare

Pelo que pude ler em um dos comentários, a lógica sionista permanece válida. Os sionistas precisam imperiosamente que a maioria do mundo entenda que ser judeu e ser sionista são coisas equivalentes. Se não for assim, os sionistas sabem que vão estar perdidos. Eles não vão poder continuar massacrando crianças e mulheres palestinas e tachar de antissemita a quem condena esses crimes. Se o mundo souber que o sionismo é tão somente uma ideologia racista, supremacista, colonialista que procura defender interesses de grupos burgueses imperialistas, e não é nada intrínseco aos judeus como povo, vai ficar difícil para os sionistas seguir argumentando em defesa da limpeza étnica da Palestina. É fácil resolver esta questão. Basta levar em conta que nenhum judeu humanista é sionista e que nenhum sionista é humanista. É só observar qual é o posicionamento sobre o atual genocídio palestino dos conhecidos judeus humanistas no Brasil e no mundo para que a gente se dê conta que nenhum deles é favorável ao sionismo. Sionismo é racismo de extrema direita em sua pior espécie.

Zé Maria

Vídeo: https://twitter.com/i/status/1736775926820581614

Coordenador de Logística da Organização Não-Governamental
Médicos Sem Fronteiras (MSF), fala sobre o Genocídio que está
sendo Vivido em Gaza.

“Algo que impressiona muito os médicos
que trabalham nos pronto-socorros de Gaza
é observar como os cadáveres de crianças
desmembradas chegam cheios de sangue
e fezes.
Pelo medo que têm de morrer, seus esfíncteres
se abrem e elas morrem”.

https://twitter.com/HoyPalestina/status/1736775926820581614

Zé Maria

https://t.co/DTU7z7EAXE

Grupo de Intelectuais Liderado pelo ex-Primeiro-Ministro da Turquia,
Ahmet Davutoglu, acusa Israel de realizar um “Ataque Genocida”.

“Israel foi Instado a escolher o Caminho para a Paz não apenas por Razões
Humanitárias, mas também para alcançar uma Verdadeira Segurança
e Respeito tanto para os Palestinos como para os Israelenses.”

“No entanto, agora os Corpos estão novamente a acumular-se, o Sistema
Médico de Gaza não consegue oferecer Tratamento à Maioria dos Feridos e
as Ameaças de Doenças e Fome Generalizada intensificam-se Diariamente”,

afirma o Grupo em Comunicado também Assinado por Moncef Marzouki,
ex-Presidente da Tunísia; Mahathir Mohamad, ex-Primeiro-Ministro da
Malásia; Mairead Maguire, Ganhadora do Nobel da Paz, e Arundhati Roy, Renomado Escritor Indiano, entre outros.

“Muitas Semanas de Devastação Cruel Causada pela Resposta Grosseiramente Desproporcional de Israel ao Ataque de 7 de Outubro
continuam a demonstrar a Fúria Vingativa de Israel”, diz o Comunicado.

“O Renascimento dessa Campanha Militar Travada por Israel Contra
a População Civil de Gaza equivale a um Repúdio à Autoridade da ONU,
à Lei e à Moralidade, em geral, e à Simples Decência Humana”, prossegue.

“Também apoiamos o Direito Incondicional dos Palestinos, como Povo
Nativo da Terra, de dar ou recusar a Aprovação de qualquer Solução Proposta Relacionada com a sua Luta de Libertação Subjacente.”

https://aje.io/bxwakd?update=2565250

https://twitter.com/Jansant/status/1736765976589607317

Zé Maria

As Matrizes Coloniais Anti-Semitas Européias
optaram por enviar os Judeus para a Palestina
em vez de expulsá-los da Europa para Qualquer
Lugar do Mundo.

Foi Mais Conveniente e Menos Traumático, porque
se livraram do Estigma e preservaram o Poder de
Influência na Região.

Foi assim que as Potências Capitalistas esquartejaram
os Territórios das Colônias do Oriente Médio e da África,
como de resto, no Mundo Inteiro, sem minimamente
considerar os Interesses das Populações Nativas.

Fauzi Achoa

Uma ginástica mental sua. Não me convence.
Sionismo é uma expressão politica do judaísmo..
A ação de Israel é ação do País Judeu, É ação judaica.
Judaísmo e sionismo se não são o mesmo, são compatíveis.
Mais que compatíveis são conexos.
Quer você aceite aplauda, quer você não goste cale-se pois estará praticando o anti-semitismo.

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