Gustavo Guerreiro: O sacrifício de Anas Al-Sharif nos convoca a viver e lutar por uma ideia maior
Tempo de leitura: 6 min
Por Gustavo Guerreiro*, especial para o Viomundo
Há algo de profundamente perturbador, mas também revelador, quando um homem escreve seu testamento sabendo que será assassinado.
Mais perturbador ainda quando esse testamento, como o do jornalista Anas Al-Sharif, da Al Jazeera, morto por um ataque israelense em 10 de agosto de 2025, revela-se não apenas um documento político, mas um texto sagrado da mais pura religião moderna: o nacionalismo.
“Se estas palavras chegarem até vocês, saibam que Israel conseguiu me matar”, escreveu Al-Sharif em seu testamento póstumo.
Mas o que mais impressiona não é a previsão certeira de sua morte, pois Israel vinha ameaçando-o sistematicamente há meses, mas a linguagem litúrgica com que reveste seu sacrifício.
“Ó Alá, aceite-me entre os mártires… faça do meu sangue uma luz que ilumine o caminho da liberdade para meu povo.”
Aqui, o divino e o nacional se fundem em uma espécie de eucaristia cívica onde o sangue derramado não redime pecados, mas um povo e um território.
O sociólogo Benedict Anderson percebia as nações como “comunidades imaginadas”. O que ele talvez não tenha enfatizado suficientemente é que essas comunidades não apenas são imaginadas, mas sacralizadas.
O nacionalismo não substituiu a religião; ele é a religião dominante da modernidade, completa com seus mártires, relíquias, liturgias e promessas de imortalidade.
Considerem a estrutura do testamento de Al-Sharif. Não é uma despedida secular, mas uma oração. “Confio a vocês a Palestina – a joia da coroa do mundo muçulmano, o coração de cada pessoa livre neste mundo.”
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A pátria aqui não é apenas território; é entidade transcendental, merecedora de adoração e, crucialmente, de sacrifício humano.
O Ocidente “civilizado” distingue obsessivamente entre o “fanático religioso” que morre por Alá e o “patriota heroico” que morre pela pátria. Como se houvesse diferença substancial entre morrer gritando “Deus é grande” ou “Viva a França livre”.
Al-Sharif, em sua honestidade brutal, dissolve essa distinção confortável ao fundir ambas as invocações: morre simultaneamente por Alá e pela Palestina, sem ver contradição alguma.
Segundo dados do Committee to Protect Journalists, 184 jornalistas palestinos foram mortos desde outubro de 2023. Mas reduzir isso a estatísticas é perder o ponto central: cada uma dessas mortes é um sacrifício no altar da nação, e cada testamento é um texto sagrado dessa religião cívica que todos praticamos, mas poucos reconhecem como tal.
O que torna o caso de Al-Sharif particularmente revelador é como seu testamento materializa, com clareza cristalina, a tese de que o nacionalismo não é uma ideologia política entre outras, mas o sucessor direto dos grandes sistemas culturais religiosos pré-modernos.
Oferece a mesma promessa fundamental: a imortalidade através da absorção no corpo místico da nação. “Não esqueçam Gaza. E não me esqueçam em suas orações sinceras”, implora Al-Sharif no final de seu testamento.
Mas que tipo de imortalidade é essa, senão a mesma prometida pelos antigos cultos aos heróis? O jornalista morto vive na memória coletiva, seu sangue fertiliza simbolicamente o solo pátrio, sua história é contada e recontada como hagiografia nacional.
Permitam-me aqui um parêntese pessoal: sempre me intrigou como nós, brasileiros, tratamos nossos “heróis nacionais”. Tiradentes pendurado como Cristo republicano, Getúlio transformado em pai dos pobres mesmo depois de morto, Tancredo Neves canonizado antes mesmo de assumir.
Não são santos no sentido católico tradicional, mas ocupam exatamente o mesmo espaço psíquico e cultural. E isso nos leva a outro aspecto perturbador dessa história toda.
O que mais incomoda é a hipocrisia monumental da imprensa ocidental, tão eloquente quando se trata de defender correspondentes presos na Rússia ou em Mianmar, mas que emudece diante do massacre sistemático de colegas palestinos.
O caso de Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, detido na Rússia, mobilizou campanhas internacionais, cartas abertas, editoriais inflamados. Mas onde estão as campanhas equivalentes para Al-Sharif, que foi ameaçado publicamente por Israel desde novembro de 2023, teve o pai de 90 anos morto num bombardeio e ainda assim continuou reportando?
A resposta é óbvia: o palestino morto não ativa os mesmos circuitos de empatia que o ocidental preso.
Um é mártir de uma causa “controversa”; o outro, vítima inequívoca de autoritarismo.
Mas voltemos ao testamento de Al-Sharif e sua dimensão teológica. “Eu testemunho diante de Alá que estou contente com Seu decreto, certo de encontrá-Lo, e assegurado de que o que está com Alá é melhor e eterno.” Mas logo em seguida: “Se eu morrer, morro firme em meus princípios.” Quais princípios? Os da nação palestina, é claro.
Aqui está o nó górdio da questão: o nacionalismo moderno não elimina o sagrado, apenas o desloca.
A bandeira substitui o ícone, o hino nacional torna-se o cântico sagrado, o território pátrio transforma-se em Terra Santa. E o mais inquietante: fazemos isso naturalmente, sem questionar, como se amar a pátria até a morte fosse tão natural quanto respirar. Mas não é natural, mas aprendido, cultivado, ritualizado.
Desde pequenos, somos ensinados a nos emocionar com os símbolos nacionais, a venerar os heróis pátrios, a considerar sagrado o solo nacional. No Brasil, quem não se lembra das intermináveis horas cantando o hino na escola, hasteando a bandeira, decorando as datas cívicas? Era catequese nacionalista, pura e simples.
O que o testamento de Al-Sharif expõe com brutalidade é o paradoxo central do nacionalismo como religião: ele promete imortalidade através da morte voluntária. “Faça do meu sangue uma luz”, ele implora. Não é metáfora, é liturgia.
O sangue do mártir nacional tem poder sacramental, transforma-se em símbolo de redenção coletiva.
Israel já havia acusado Al-Sharif de ser “terrorista”, parte de seu protocolo padrão de desumanização. Mas o que é um “terrorista” senão alguém cuja religião nacional não reconhecemos como legítima? O partizan francês era terrorista para os nazistas, o vietcong era terrorista para os americanos, o revolucionário americano era terrorista para os britânicos.
A diferença entre terrorista e freedom fighter (desculpem o anglicismo, mas ele é revelador) é puramente questão de perspectiva teológico-nacional.
Ernest Renan disse que uma nação é um plebiscito diário. É também uma missa diária, com seus rituais de reafirmação da fé coletiva. O testamento de Al-Sharif funciona como homilia dessa missa, relembrando aos fiéis (compatriotas) seus deveres sagrados para com a pátria.
“Sejam pontes para a libertação da terra e seu povo, até que o sol da dignidade e da liberdade nasça sobre nossa pátria roubada”, escreveu o jornalista. Não é apelo político, mas uma convocação religiosa. A “terra prometida” aqui é literal, e a libertação não é apenas política, mas escatológica.
Seria fácil e intelectualmente desonesto simplesmente condenar o nacionalismo como ilusão perigosa. A questão é mais complexa. Numa era de capitalismo globalizado que dissolve todas as solidariedades tradicionais, o nacionalismo oferece algo que o mercado não pode: sentido, pertencimento, transcendência.
Al-Sharif não morreu por PIB ou taxa de câmbio. Morreu por algo que considerava maior que ele mesmo. Que esse “algo” seja uma construção social, uma “comunidade imaginada”, não diminui seu poder psicológico e social. Pelo contrário: as ficções mais poderosas são aquelas que não reconhecemos como ficções.
Se há algo a extrair dessa tragédia, além da óbvia condenação do massacre do povo palestino, é a urgência de desnaturalizar o nacionalismo nos currículos educacionais.
Não para eliminá-lo (tarefa impossível e provavelmente indesejável), mas para compreendê-lo através da lente que Émile Durkheim oferece para a religião: como um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas que une os indivíduos em uma comunidade moral.
Imaginem se, nos cursos de Relações Internacionais e Ciências Sociais, analisássemos testamentos como o de Al-Sharif não como meros documentos políticos, mas como textos que consagram os símbolos sagrados dessa “religião secular”.
Talvez então compreenderíamos melhor por que jovens se explodem pelo Iraque ou por que estadunidenses invadem países por “liberdade”. São todas variações do mesmo fenômeno: a sacralização do coletivo nacional, onde a nação se torna o princípio transcendente cuja veneração e defesa oferecem aos indivíduos a promessa de transcendência e perpetuação através do sacrifício, tal como nas religiões tradicionais descritas por Durkheim.
Al-Sharif pediu para não ser esquecido. É tentador lembrá-lo apenas como um mártir, mas isso o reduziria a um símbolo da mesma lógica de conflito que o consumiu. Talvez haja um caminho mais profundo.
Sua própria luta aponta para ele. A verdadeira causa nacional não reside no culto cego a uma bandeira ou a linhas imaginárias no mapa. A verdadeira causa nacional, aquela pela qual vale a pena viver e morrer, é a que se constrói sobre valores que a transcendem: a justiça, a dignidade humana, a liberdade e o direito de um povo a existir em sua terra com soberania e paz. É a defesa destes princípios universais que confere legitimidade a um projeto nacional.
A lucidez de Al-Sharif ao afirmar ”Alá sabe que dei todos os esforços e toda minha força para ser apoio e voz para meu povo”, não foi um ato por um tribalismo vazio, mas sim por esse direito fundamental.
Honrar sua memória, portanto, não é celebrar a morte, mas sim absorver a essência de sua luta pela vida.
O melhor tributo é continuar a defender, com firmeza e clareza moral, que o projeto sionista, ao se fundar na negação desses valores para o povo palestino, falha em sua pretensão de representar uma “nação” no seu sentido mais nobre. A verdadeira causa nacional palestina é a resistência política contra a ocupação, em nome daqueles grandes ideais que são o patrimônio de toda a humanidade.
Que Alá ou a História julgue não a nossa devoção a um pedaço de terra, mas a nossa fidelidade aos princípios de humanidade que devem iluminar qualquer projeto coletivo.
A memória de Al-Sharif nos convoca não a morrer por uma abstração, mas a viver e lutar por uma ideia maior.
*Gustavo Guerreiro é doutor em políticas públicas e pesquisador do Observatório das Nacionalidades.




Comentários
Zé Maria
Mega Thread
“O Excepcionalismo Estadunidense”
Ou
“As Origens Históricas da Prepotência
dos Estados Unidos DA América (EUA)”
(Por @leninaveira2):
“Não há nenhum brasileiro querendo impor o modelo
da Constituição brasileira nos EUA.
Então por que tantos Estadunidenses Norte-Americanos
se sentem à vontade para querer impor sua Constituição
a outros países, a outras democracias com histórias,
a outras referências jurídicas e filosóficas?”
“A resposta:
muitos americanos [dos EUA] crescem imbuídos
da crença de que os Estados Unidos não são um país qualquer.
Não é ‘só’ a maior economia do mundo.
Não é como os demais países do ‘Free World’.
Eles creem piamente q os EUA são uma ‘Nação Excepcionalíssima’,
com uma missão ‘civilizatória’ no mundo.”
“E essa visão tem raízes lá no puritanismo protestante
britânico que fundou as 13 Colônias na América do Norte.
Eles [os colonizadores] acreditavam que estavam cumprindo
uma missão divina de levar um tipo de sociedade
moralmente superior ao resto do mundo.”
“Isso justificou barbaridades, como o genocídio indígena,
na chamada ‘Marcha Para o Oeste’.
Era, para eles, a manifestação do ‘destino’ de uma nação
excepcionalíssima no mundo, escolhida por Deus para
tal missão…
Um ‘Destino Manifesto’, cristalizado na alegoria de 1872
de John Gast: (https://pbs.twimg.com/media/GyuyeNGWYAE2PbP?format=jpg)”
“É o que eles chamam de ‘Excepcionalismo Americano’
(https://pbs.twimg.com/media/GyuzT0DXUAAryCN?format=jpg)”
“Por que eles passam por cima do Direito Internacional,
do Conselho de Segurança da ONU , invadem países
com tanta frequência, matam tanta gente, inclusive
civis, e se acham moralmente superiores?
Porque é parte do ‘Mito Fundacional Americano’.”
“Muito embora todo o Direito Internacional e a ONU
partam do princípio de que há igualdade de direitos
entre os países, apesar do poder de veto no Conselho
de Segurança das potências q venceram a II Guerra Mundial,
eles {os EUA] se acham no ‘dever’ de interferir em outros
países.”
“Claro q não é muito diferente do q a Europa
sempre pensou sobre si, no fim das contas.
Mas me parece q enquanto quase todas as
ex-colônias problematizaram o pensamento
de superioridade moral civilizatória europeia,
esse ‘Mito de Fundação’ faz muitos americanos
o introjetarem para si.”
“Apesar d valorizarem muito a história da Revolução
Americana e da Independência em relação à Inglaterra,
é numa chave interpretativa muito diferente.
Nós vemos a independência como fundamental na
nossa soberania.
Eles veem como ‘Consagração de um Destino Excepcional’
de Grande Nação
(https://pbs.twimg.com/media/Gyu2kg1WsAAqpY1?format=jpg)”
“Não é tipo ‘nós somos UMA grande nação’, entre outras
tantas grandes nações do mundo.
Não.
É o ‘Excepcionalismo Americano’.
Eles acreditam ser ‘A’ Grande Nação, predestinada a
moldar o mundo.
É raro, mas há intelectuais americanos q conseguem
enxergar isso criticamente.
Como Noam Chomsky.”
“À exceção de brilhantes intelectuais críticos, como Chomsky,
você dizer para um americano médio que a nação dele
é só mais uma, por rica que seja (e ao mesmo tempo
muitíssimo desigual), seria a mesma coisa que dizer para um romano, há 2 mil anos, que ele não é a ‘luz do mundo’.”
“A República Romana e o Império Romano cometeram
atrocidades invadindo meio mundo para, em tese, ‘civilizar’ povos ‘bárbaros’ (de onde convenientemente
obtinham impostos $ e escravos).
Essa ideia basilar de ‘luz civilizatória em um mundo de trevas’ foi se remodelando no tempo.”
“Os romanos viam outros povos de sua época, inclusive
povos europeus, como ostrogodos, visigodos, celtas,
germânicos, gauleses, como ‘bárbaros’, ‘inferiores’,
‘sem capacidade de racionalidade e compreensão moral de mundo’ (sem tentar compreendê-los).
Antes mesmo de serem cristãos.”
“Além das guerras infinitas de expansão, internamente o ‘glorioso’ ‘Direito Romano’, com princípios de presunção
de inocência etc. e tal valiam para cidadãos [romanos].
Para escravos, um castigo comum, em caso de fuga
ou revolta, era a tortura até a morte na cruz.”
“Um gladiador romano – e gladiadores eram escravos
obrigados a lutar para a diversão dos cidadãos [romanos]
chamado Spartacus liderou no século I d.C uma famosa
revolta de escravizados lutando por sua liberdade.
Ele chegou a liderar uma força de dezenas de milhares de escravos foragidos.”
“Depois de uma série de batalhas, Espártaco refugiou
seu grupo no monte Vesúvio, cuja geografia ele conhecia
bem, para utilizar técnicas de guerrilha contra o exército
romano, que fazia de tudo para exterminá-los como
forma de ‘servir de exemplo’.”
“Após várias expedições, o exército romano acabou
vencendo-os na Terceira Guerra Servil.
E Roma decretou a morte por crucificação de cerca de
6 mil escravizados revoltosos sobreviventes dos combates.
Mas os ‘bárbaros’ eram os ‘outros’, entende?
Na visão romana.”
“Por isso mesmo, eu acho tão importante o estudo crítico da História Antiga, como se tem progressivamente
[e vagarosamente] feito na Academia aqui no Brasil.”
Acho mais importante compreender como a Democracia
Ateniense, na Grécia Antiga, excluía a maioria da
população – uma vez q na época de Péricles, no séc V a.C.,
somente homens livres filhos de pai e mãe atenienses)
podiam participar das Assembleias, excluindo mulheres e escravos –
E compreender como que Atenas se sentia moralmente
superior aos demais povos, que eles também, assim como os romanos, viam como ‘bárbaros’,
(até para entender por que eles decidiram em Assembleia
entrar na Guerra do Peloponeso, que levou à peste, à destruição parcial e à derrota de Atenas),”
do que reproduzir acriticamente ideias de mitos fundadores
europeus sobre a ‘Glória de Roma’ ou sobre o ‘excepcionalismo
moralmente superior’ da Atenas Clássica.”
“Não foi sem motivo que Mussolini e o fascismo italiano
utilizavam o facho romano (fascio littorio, em italiano)
como símbolo de poder – daí o termo ‘fascista’.
O facho romano (“fascis” em latim) era um feixe de varas
com um machado na ponta que simbolizava o poder
romano de punir e dominar
(https://pbs.twimg.com/media/GyvIHJfWEAA9xlt?format=jpg)”
“Não é sem motivo a admiração dos fascistas pelos símbolos
antigos romanos de poder (https://x.com/leninaveira2/status/19578802284091601830)”
“Sentindo-se superiores aos demais, os fascistas
se sentiam no direito de dominar o mundo, de construir
um novo mundo a seu próprio molde, moralmente e
racialmente superiores que eles supunham ser, para
‘pacificar’ a Europa
(https://pbs.twimg.com/media/GyvMMS4W0AAKQCz?format=jpg)
O resultado foi catastrófico. Como sempre.”
“Daí as identificações constantes de Trump com
o fascismo, embora não diretas.
– Trump disse querer ‘generais como os de Hitler’
e que nazista ‘fez algumas coisas boas’, afirma
ex-chefe de gabinete [Manchete de O Globo] (https://x.com/leninaveira2/status/1957884698337652935)”
“Trump apaga vídeo com referência ao regime nazista após repercussão negativa
Publicação falava em ‘Reich’, termo frequentemente associado ao nazismo de Adolf Hitler [Manchete CNN]
(https://x.com/leninaveira2/status/1957884984145981633)”
“Donald Trump ignorou as denúncias de xenofobia e reafirmou, na terça-feira, um polêmico comentário no qual afirmou que imigrantes indocumentados estariam “envenenando o sangue” dos EUA.
A fala rapidamente foi comparada a um trecho do manifesto autobiográfico do ditador nazista.
— Isso é o que eles estão fazendo.
Eles estão destruindo nosso país — continuou Trump.
— Eles não gostam quando eu digo isso.
E eu nunca li ‘Mein Kampf’.
Eles disseram: ‘Oh, Hitler disse isso’.
Acrescentou que Hitler utilizou os termos ‘de uma maneira muito diferente’ [Reportagem de O Globo:]
https://x.com/leninaveira2/status/1957885803209650202)”
“E não, não estou dizendo que Trump é igual a Hitler.
Como Putin não é, tampouco.
Estou dizendo que o sentimento de ‘superioridade’ moral
ou nacional ou racial ou de ‘excepcionalismo nacional’
descamba para este tipo de histórico com raízes na
Antiguidade.”
“O ex-presidente americano Barack Obama, por exemplo,
atacou a Líbia em 2011, tentando interferir nos rumos
da guerra civil líbia, com objetivo de derrubar Muamar
Kadafi, que acabou morto em um linchamento feito
por grupos rebeldes depois que seu comboio foi
bombardeado pela OTAN.”
“Um dos muitos questionamentos que se fez à época
é que a ação militar americana na Líbia não tinha autorização
do Congresso Americano (algo que a Lei dos EUA exige para declarar guerra – War Power Resolutions, 1973).”
“E como Obama, imerecido Nobel da Paz, respondeu?
Com a ideia do ‘Excepcionalismo Americano’.
Aspas para o discurso de Obama em 2011:
-‘Algumas nações podem ser capazes de ignorar
atrocidades em outros países. Os Estados Unidos
da América são diferentes’. E, como presidente,
recusei-me a esperar pelas imagens de massacres
e valas comuns antes de agir. Além disso, os EUA têm
um importante interesse estratégico em impedir
que Kadafi derrote aqueles q se opõem a ele.’
‘Os EUA são diferentes’. Entendem? Fonte: (https://t.co/tg57vJmEcZ)”
“E quando a morte de Kadafi e a operação militar a favor
dos grupos dos EUA e da OTAN na Líbia não estabilizou
o país e deixou a Líbia numa espiral sem fim de violência,
crise e guerra civil interminável?
O que Obama tinha a dizer?
Ora, que ele ‘fez o melhor que podia’!
Mas que admitia ‘ter errado ao não pensar no futuro
da Líbia após a intervenção militar’ dos EUA.
E terceirizou a culpa p/ parceiros da OTAN (França e
Inglaterra).”
“Dez anos depois, Líbia se depara com uma estranha saudade de Gaddafi | CNN Brasil:
(https://x.com/leninaveira2/status/1957954098461921654)”
“Um dos objetivos de Kadafi era criar uma ‘Moeda Única Africana’ e os ‘Estados Unidos da África’.
(Reportagem 1999):
(https://pbs.twimg.com/media/GywQb6LWYAAEVAo?format=jpg)”
“O site jornalístico WikiLeaks que vazou de documentos
oficiais americanos comprometedores, cujo fundador,
Julian Assange, foi preso, publicou uma série de e-mails
confidenciais do serviço secreto americano para a então
Secretária de Estado Hillary Clinton [Governo Obama].”
“Em um desses e-mails, fica evidente o interesse do
presidente da França Nicolas Sarkozy em não querer
permitir a criação de uma moeda africana lastreada
nas reservas de ouro e prata, para não enfraquecer
o franco francês utilizado em ex-colônias francesas
africanas.”
“Aspas ao e-mail p/ Hillary:
‘- Esse ouro foi acumulado antes da atual rebelião
e deveria ser usado para estabelecer uma moeda
pan-africana baseada no dinar dourado líbio.
Esse plano foi elaborado para fornecer aos países
africanos francófonos uma alternativa ao franco
francês (CFA)
“(Comentário da fonte: ‘De acordo com pessoas bem
informadas, essa quantidade de ouro e prata é avaliada
em + de U$ 7 b … Oficiais da inteligência francesa
descobriram esse plano logo após o início da rebelião
atual, e esse foi um dos fatores q influenciaram a decisão
do pres Sarkozy’
e esse foi um dos fatores que influenciaram a decisão
do presidente francês Nicolas Sarkozy de comprometer
a França no ataque à Líbia.
De acordo com essas pessoas, os planos de Sarkozy
são motivados pelas seguintes questões:
a. O desejo de ganhar uma fatia maior da produção
de petróleo da Líbia,
b. Aumentar a influência francesa no Norte da África,
c. Melhorar sua situação política interna na França;
d. Fornecer aos militares franceses uma oportunidade
de reafirmar sua posição no mundo;
e. Abordar a preocupação de seus conselheiros sobre os planos de longo prazo de Kadafi para suplantar a França como a potência dominante na África francófona).
NÃO CLASSIFICADO Departamento de Estado dos EUA.
Caso nº F-2014-20439 Doc nº C05779612 Data: 31/12/2015)’.”
“Trecho que selecionei do longo e-mail à Hillary Clinton cujo original segue em fonte abaixo:
(https://t.co/c7h5TqV9Ma)”
“Meu ponto é que os líderes americanos, sejam democratas
liberais formados em Direito em Harvard como Obama,
ou em Yale, como Hillary Clinton, sejam republicanos
conservadores como Bush ou Trump conhecem bem
seus interesses e os dos europeus, ponto a ponto.”
“E, no entanto, na hora de justificar suas ações bélicas
ao público interno ou de justificar ações unilaterais
contra outros países, irremediavelmente vão usar o
discurso do ‘excepcionalismo americano’ e da suposta ‘superioridade moral’ da ‘terra dos livres e dos valentes’.”
“Trecho do discurso de Trump no Monte Rushmore
no 4 de julho (dia da Independência dos EUA):
– ‘Declaramos que os Estados Unidos da América
são a nação mais justa e excepcional que já existiu
na Terra’:
(https://pbs.twimg.com/media/GywYwdlXwAAlrVO?format=jpg)”
“Sem entender esse caldo ideológico, não se entende as bases teóricas das ações absolutamente atípicas dos EUA no mundo.”
“O que justifica o imperialismo?
Por que eles o fazem?
Porque eles consideram que é o dever deles;
acreditam que são excepcionais e que estão
‘predestinados por Deus’ a fazê-lo, dada a
‘superioridade moral’ da ‘única grande nação’
do mundo, exemplar às demais, ‘às trevas
bárbaras’ do mundo.”
“E não é preciso que um dado presidente americano acredite, de coração, em tudo isso. Basta ele utilizar um alicerce ideológico fomentado desde o berço de cada cidadão americano.
É uma ferramenta retórica poderosíssima.
Em alguma camada, provavelmente o presidente dos EUA
acredita também.”
Fio da Meada:
https://x.com/leninaveira2/status/1957868708468035904
.
Zé Maria
“A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO NO PENSAMENTO DE CELSO FURTADO”
https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/479345
https://repositorio.unicamp.br/Busca/Download?codigoArquivo=498537
https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2010.479345
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/GyuYu6yWwAAUDS9?format=jpg
“Foto que envergonharia Churchill, De Gaulle,
Olaf Palme e quem sabe Schoreder, Mitterrand.
“Os ‘Meninos’ Europeus Bem Comportados
Escutando o ‘Professor’ Autoritário de
Palmatória em Riste”
“Só que não são alunos, são Chefes de Estado.
Vergonha alheia!
Capitulação e Falta de Personalidade Política!”
https://x.com/TarsoGenro/status/1957826401450549575
.
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/GyGGs2AW0AA_jDt?format=jpg
https://x.com/translatingpal
https://twitter.com/i/status/1955676511006347768
“Israel Caça e Mata Anas Al-Sharif na Cidade de Gaza”
Na Noite de 10 Agosto Próximo Passado, isRéu assassinou
6 Repórteres de Radiodifusão e Fotojornalistas na Cidade
de Gaza, incluindo Anas Al-Sharif e Mohammad Qreiqeh,
ambos da Al Jazeera, enquanto eles estavam dentro
de sua Tenda de Imprensa no pátio do Hospital Al-Shifa.
Anas Al-Sharif, da Al Jazeera, um repórter de 28 anos com quem milhões de pessoas na Palestina e em todo
o mundo contavam todos os dias para sua cobertura,
foi morto junto com o correspondente da rede,
Mohammad Qreiqeh, seus cinegrafistas Ibrahim Zaher
e Mohammed Nofal, os jornalistas Moamen Aliwa e
Mohammad al-Khaldi, e Saad Jundiya, um civil palestino que estava presente;
enquanto a Caça e os Assassinatos Seletivos de Testemunhas
Importantes do Crime de Genocídio na Palestina
continuam impunemente, diante do Olhar Complacente
da ‘International Community’.
https://electronicintifada.net/blogs/nora-barrows-friedman/israel-hunts-then-kills-anas-al-sharif-gaza-city
“O assassinato deliberado de jornalistas em Gaza
por Israel é um pilar fundamental de sua estratégia
genocida, promovendo Quatro Objetivos Interligados:
1] desmantelar a infraestrutura da verdade,
apagando evidências e minando processos
futuros;
2] aterrorizar jornalistas até o silêncio, sufocando
aqueles que arriscam suas vidas para reportar;
3] esconder Gaza do escrutínio global; e
4] encobrir esses assassinatos, difamando
postumamente jornalistas como militantes,
uma tática calculada que utiliza alegações
infundadas para reformular crimes de guerra
como ataques justificados.
Cada objetivo alimenta os outros, aniquilando
a responsabilização, apagando narrativas
palestinas, distorcendo a história e consolidando
a Impunidade como Política de Estado.
Segundo o Direito Internacional, esses assassinatos
seletivos não são meros crimes de guerra, mas componentes cruciais da maquinaria do genocídio.”
https://x.com/bustami_lima/status/1954992021837582467
https://x.com/translatingpal/status/1955676511006347768
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Zé Maria
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ETIMOLOGIA
“Nascer”:
Do Verbo Latino “Nasci”, do onde deriva a palavra “Natio”,
da qual se originam:
“Nação, “Nacional”, “Nativo”, “Nato”, “Natal”, “Natureza” e “Natural”; e mesmo “Geração” (declarado no Latim “Generatio”)
e até na Construção Vocabular do Neologismo “Genocídio”, resultado do Radical Grego “Génos” + o Sufixo
Latino “cidium” que representa “tirar a vida”, como em
“Infanticídio”, “Parricídio”, “Matricídio”, “Fratricídio”, “Suicídio”, “Magnicídio”, etc).
https://etimologia.com.br/nato-nascer-nascimento/
“Nação”:
“1. Conjunto de Indivíduos Habituados
aos mesmos Usos, Costumes e Língua.”
[in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:
(https://dicionario.priberam.org/Na%C3%A7%C3%A3o)]
Do Latim “Natio” = Nascimento, Origem, Raça (Etnia);
de onde se origina a Palavra Latina “Nativus” (“Nativo”):
“Nativo”:
Do Latim “Nativus” = “O que Nasceu em Determinado Lugar”.
“Nacional” (adj. 2g.):
Do Latim “Nationalis”, pelo Francês “National” = Relativo ou
Pertencente à “Nação”.
(https://dicionario.priberam.org/nacional)
.
.