Brito detona a “genial” ideia da “massa cheirosa” para Lula ser vice: A incrível cara de pau da elite brasileira

Tempo de leitura: 3 min

A incrível cara de pau da elite brasileira

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Quando a gente acha, neste otimismo generoso que deve caracterizar quem crê na democracia, que as elites brasileiras estão se vergando a realidade e verificando que o país se volta para Lula como esperança de superar tudo o que de desastroso e odiento se instalou no Brasil sob Bolsonaro, eis que surgem suas vozes mostrando que, incorrigíveis, tudo o que lhes passa pela cabeça é que, sem voto, possam chegar ao poder na garupa de quem, uma vez lá, possam descartar ou manietar para que tudo possa continuar essencialmente igual, com a diferença de que mais bem educado.

Em 2018, não fizeram isso com o próprio ex-capitão ora presidente, na esperança de que ele fosse domado de suas inconveniências e amansado de seus arroubos autoritários?

Deu, como é patente, num bicho tão xucro e perigoso que ameaça partir os cristais da própria democracia, com os cascos a dar no vidro das eleições.

Agora, quando as pesquisas eleitorais revelam que a população, sozinha, encontrou o caminho para corrigir a quadra desgraçada de nossa história a que nos lançaram com Bolsonaro, lá vem eles com os parquíssimos votos que seus preferidos podem amealhar dizer, candidamente: “ah, não, mas Lula tem muitas resistências, quem sabe não seria melhor outro, mais palatável…”

É o que faz hoje no Estadão a inefável Eliane Cantanhêde, a eterna “colunista da massa cheirosa” com uma ideia “genial”: Lula abriria mão de ser candidato a Presidente e aceitaria ser vice de outro, não importa quem fosse, para ser vice numa chapa encabeçada por alguém que ela, a um ano e um tico das eleições, diz que virá dos “os líderes que o passado nos lega e o futuro já nos oferece, nos três Poderes, nas organizações, na iniciativa privada.”

“Com Lula disputando a volta à Presidência, e com grandes chances, aprofundam-se a polarização e esvaem-se as soluções. Com Lula trocando a vaga na chapa pelo papel histórico de arquiteto e líder da união nacional, ele mantém sua capacidade poderosa de atrair votos, mas desanuvia-se o ambiente, tira-se a motivação de parte dos votos em Bolsonaro e abre-se a porta para uma nova era, inclusive na economia.

Além de decisiva para o Brasil, a solução pode ser conveniente para o próprio Lula. Ele tem milhares de motivos para ressentimento, mas seu maior troco é a vitória, o reconhecimento, não a volta à cadeira que ocupou por oito anos (…) Lula terá 77 anos em 2022 e 81 em 2026. Nada mal. Ele, porém, teve uma vida difícil e tem sérios problemas de saúde, além de… viver um novo amor. O que ganharia assumindo a rotina de presidente, com críticas, pedradas, cargos, reuniões e chateações?”

Que meigo! Como ela quer o bem do ex-presidente: o belo Palácio do Jaburu, residência oficial do vice, linda casa com comida e roupa lavada, carro oficial bacana e, sobretudo, nada para fazer e ficar curtindo seu amor outonal!

E como conseguir essa maravilha? Simples, mercadejando a confiança que recebe do povo brasileiro, manifestada nas pesquisas eleitorais, com qualquer outro – o mais bem colocado tem intenção de voto cinco vezes menor que a dele! – e ganhando em troca a “maré mansa” de quatro anos paradisíacos. De maneira mais direta: vendendo as esperanças do povo brasileiro em troca de vantagens pessoais.

Nada que difira, aliás, do que fazem os políticos convencionais.

Vão vendo como a colunista repete, tosca e melosamente, a fábula da raposa que elogia o canto da gralha para que esta solte o queijo que traz no bico…

Mas, se você apurar bem o ouvido verá que isso é, na verdade, o mudo “ele, não” que a elite brasileira sempre tem na cabeça quando se trata de aceitar a ideia de que o Brasil possa ser governado por um filho do próprio povo que, não importa o que tenha já provado em fazê-lo traz, na testa, o estigma de não ser alguém integrado ao pensamento medíocre de que o país não precisa apenas de um gerente, mas de uma expressão de identidade, afirmação e estímulo.

Suavemente, com todos os modos e generosidades, apoiam os vetos da extrema-direita a Lula e a intolerância que eles próprios ajudaram a construir.


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Comentários

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Marco Vitis

Cantanhêde não está sendo nada original em sua proposta. Ela quer copiar em 2022 estratégia eleitoral vencedora na Argentina:
Em 2018, Lula insistiu numa estratégia eleitoral que ensejou a vitória de Bolsonaro.
Em 2019, Cristina Kirchner escolheu uma estratégia oposta a de Lula e venceu as eleições.
Mas Lula de presidente ou de vice, a mim pouco importa. Penso que a Idolatria é coisa de Estado Totalitário. Quero saber qual é o Projeto Político Estratégico de Lula para o Brasil. Como o Orçamento será compartilhado ? Os impostos serão progressivos ou vai continuar a mamata dos ricos ? Chega de conversa fiada.
Numa sociedade democrática os cidadãos precisam ser participantes e politizados. Conscientes. Mas isso é impossível quando a prática política é a do ANTI. Sou Bolsonaro porque sou antipetista; sou Lula porque sou antibolsonaro. Alienante e emburrecedor. Ou não ?

Bíblia do Bolsonarismo

Se for para Lula ser vice, deveria ser do Mito , o que uniria todo país

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/E6BkFJwXIAQ69j3?format=jpg
Top 3 da Tucana Cheirosa da Zelite Paulistana
https://twitter.com/direitasiqueira/status/1414312083550834695

Eduardo Pondé

Como se dizia tempos atrás, “vai se catar, Catanhede!”

Zé Maria

Quem sabe o Fernando Henrique Cardoso – FHC (PSDB)
queira ser candidato a vice-presidente de “alguém ?

Zé Maria

A Tucana Cheirosa é uma piadista.
Só por curiosidade: seria vice de quem ?

Dan

Eliane é colunista sem coluna vertebral! Sem vergonha! A cara estampada da elite do atraso: cara de pau!

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