Escandalizado com sítio brega atribuído a Lula, o “fashion” Paludo sugeriu que morte de dona Marisa foi queima de arquivo

Tempo de leitura: 3 min
Camiseta de tio roqueiro e ternos com gravatas e camisas escuras, ao gosto de Moro. Reprodução

Da Redação

Eles são todos “filhos de Januário”. Era o nome de um dos grupos da Força Tarefa da Lava Jato nos aplicativos de mensagem. Januário Paludo, apresentado pelo chefe Deltan Dallagnol como um dos mestres em delação premiada no Brasil.

A Lava Jato se estruturou sobre delações premiadas. Que premiaram criminosos e quebraram empresas. Que em alguns casos foram “combinadas” por executivos, como foi o caso da Odebrecht. Que se mostraram vazias, como nos casos de Delcídio do Amaral e Antonio Palocci, mas tiveram amplo impacto político.

O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Lava Jato, acusou a extinta Força Tarefa de Curitiba de trabalhar com uma “panelinha” de advogados, que faturavam milhões intermediando delações.

Duran disse que recebeu uma proposta: se pagasse U$ 5 milhões, ficaria livre. Quem intermediou? O compadre do juiz Sergio Moro, advogado Carlos Zucolotto, que nega. Moro jamais aceitou que Tacla Duran depusesse em Curitiba.

O próprio Januário foi alvo de uma acusação, não provada, de que o doleiro Dario Messer pagou a ele uma mensalidade para ficar livre de investigações em Curitiba.

Teriam sido U$ 50 mil mensais entre 2005 e 2013. O caso foi arquivado na PGR por falta de provas.

Messer, o doleiro dos doleiros, só foi preso pela Lava Jato do Rio depois de uma longa carreira na lavagem de dinheiro.

Em 4 de março de 2016, Moro determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula, ao mesmo tempo em que a Polícia Federal fez busca e apreensão no apartamento de Lula em São Bernardo e no sítio de Atibaia atribuído ao presidente.

Paludo foi ao sítio e, numa mensagem agora revelada, desdenhou:

“Sem dúvida, o sítio é do Lula, porque a roupa de mulher [de dona Marisa Letícia] era muito brega. Decoração horrorosa. Muitos tipos de aguardente. Vinhos de boa qualidade, mas mal conservados. Achei o sítio deprimente. Local para pouso de helicóptero confirmado à esquerda da entrada em campo de futebol, para helicóptero pequeno”.

No dia seguinte, os procuradores voltaram a tocar no assunto.

“Não me deixaram ficar na adega com medo que eu pegasse um Brunello [Nota do Viomundo: Vinho tinto que custa por volta de R$ 3 mil a garrafa], botasse um chapéu do MST no patinho e saísse pedalando!!!”.

Ele se refere aos pedalinhos dos netos de Lula.

Laura Tessler, outra procuradora, respondeu a Paludo: “O sítio é mesmo do Lula: a 1ª foto mostra uma 51!!! Essas fotos da adega deveriam ser divulgadas”.

A arrogância foi a marca registrada da Lava Jato de Curitiba, agora extinta.

Em 2020, Januário Paludo entrou com ação na Justiça para tirar do ar um texto do Valor Econômico que dizia que ele estava sendo investigado pela denúncia de Dario Messer.

Pedia que o diário conservador deixasse de escrever sobre ele e pagasse uma indenização por danos morais.

A relação de Paludo com Dario Messer era antiga. Em 2011, o procurador testemunhou a favor de Messer numa ação que corria na Justiça Federal do Rio.

A acusação dizia que Messer, no caso Banestado, teria movimentado três contas no Exterior, o que Paludo não confirmou.

Não foi apenas a suposta “breguice” das roupas de dona Marisa que incomodaram Paludo ao longo da Lava Jato.

Quando a ex-primeira dama morreu, ele sugeriu que se tratava de queima de arquivo:

“Estão eliminando testemunhas […] Sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem. É a segunda morte em sequência”, escreveu aos colegas.

A morte anterior tinha sido a do irmão de Lula, Vavá.

Lula foi impedido pela Justiça de ir ao enterro do irmão.

Na questão fashion, Paludo parece seguir o estilo Moro, de ternos com camisas e gravatas escuras. Quando casual, veste camiseta de tiozinho roqueiro. Não é exatamente um estilo que o levará ao São Paulo Fashion Week.


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Comentários

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Marco

Belo texto (mais um), camarada. Parabéns!
Marco

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