Dia Internacional da Mulher: A verdadeira história do 8 de março

Tempo de leitura: 4 min
Russas contribuíram para estabelecer o 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres. Arte: Wilcker Morais

Março das Mulheres: Conheça a verdadeira história do 8 de março

Pesquisadora afirma que a origem da data foi propositalmente dissociada da luta das trabalhadoras da União Soviética

Por Lu Sudré, no Brasil de Fato/08 de março de 2019

Todos os anos, divulga-se a história de que o Dia Internacional da Mulher surgiu em homenagem a 129 operárias estadunidenses de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional no dia 8 de março de 1957, em Nova York.

Segundo a versão que circula no senso comum, o crime teria ocorrido em retaliação a uma série de greves e levantes das trabalhadoras.

Embora essa seja a narrativa mais conhecida, quando se fala sobre a origem da data comemorativa, ela não é verdadeira.

O primeiro registro remete a 1910.

Durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, Clara Zetkin, feminista marxista alemã, propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, cujo primeiro objetivo seria promover o direito ao voto feminino. A reivindicação também inflamava feministas de outros países, como Estados Unidos e Reino Unido.

No ano seguinte, em 25 de março, ocorreu um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, que matou 146 trabalhadores — incluindo 125 mulheres, em sua maioria mulheres imigrantes judias e italianas, entre 13 e 23 anos.

A tragédia fez com que a luta das mulheres operárias estadunidenses, coordenada pelo histórico sindicato International Ladies ‘Garment Workers’ Union (em português, União Internacional de Mulheres da Indústria Têxtil), crescesse ainda mais, em defesa de condições dignas de trabalho.

As russas soviéticas também tiveram um papel central no estabelecimento do 8 de março como data comemorativa e de lutas.

Por “Pão e paz”, no dia 8 de março de 1917, no calendário ocidental, e 23 de fevereiro no calendário russo, mulheres tecelãs e mulheres familiares de soldados do exército tomaram as ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo).

De fábrica em fábrica, elas convocaram o operariado russo contra a monarquia e pelo fim da participação da Rússia na I Guerra Mundial.

A revolta se estendeu por vários dias, assumindo gradativamente um caráter de greve geral e de luta política. Ao final, eliminou-se a autocracia russa e possibilitou-se a chegada dos bolcheviques ao poder.

A atuação de mulheres russas revolucionárias como Aleksandra Kollontai, Nadiéjda Krúpskaia, Inessa Armand, Anna Kalmánovitch, Maria Pokróvskaia, Olga Chapír e Elena Kuvchínskaia, é considerada imprescindível para o início da revolução.

“A história real do 8 de março é totalmente marcada pela história da luta socialista das mulheres, que não desvincula a batalha pelos direitos mais elementares — que, naquele momento, era o voto feminino — da batalha contra o patriarcado e o sistema capitalista”, ressalta a historiadora Diana Assunção, integrante do coletivo feminista Pão e Rosas.

Por “Pão e paz”, mulheres deram início à Revolução Russa. Foto: Reprodução

A pesquisadora explica que houve uma articulação histórica para esvaziar o conteúdo político do 8 de março, transformá-lo em “uma data simbólica inofensiva” e em um nicho de mercado, apagando sua origem operária.

“No dia da mulher, compram-se flores e presentes para as mulheres. Tentam esconder o conteúdo subversivo do significado desse dia, que é questionar o patriarcado. Tentam esconder que a luta das mulheres sempre esteve vinculada à luta socialista, perigosa para o status quo”, acrescenta Assunção.

Em 1921, na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, o dia 8 de março foi aceito como dia oficial de lutas, em referência aos acontecimentos de 1917. A data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975.

RETORNAR ÀS ORIGENS

A cada 8 de março, as mulheres trazem à tona questionamentos sobre a hipocrisia em torno das homenagens que recebem apenas nessa data. Em todos os dias do ano, o gênero feminino é o principal alvo da violência e da desigualdade.

Em resposta, trabalhadoras em todo o mundo se organizam cada vez mais pela defesa de seus direitos. Em 2017 e 2018, elas organizaram uma greve internacional com adesão de 40 países, com o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”.

Assunção comemora o “resgate de um método de luta da classe operária de enfrentamento aos patrões e aos capitalistas”.

“O que estamos vendo é justamente que a revolta e a luta de classes têm rosto de mulher a nível internacional, com a luta a que estamos assistindo nos últimos anos, com essa verdadeira primavera feminista no mundo inteiro, com enormes marchas. Mas, agora, com uma cara cada vez mais operária”, ressalta.

“As mulheres são metade da classe operária, e as mulheres negras estão mostrando que são linha de frente em vários processos de luta”.

A historiadora avalia que é importante resgatar a verdadeira origem do Dia Internacional da Mulher, pois, segundo ela, foram as proletárias que avançaram efetivamente em medidas concretas para atacar os pilares que sustentam a opressão às mulheres.

“Mais do que nunca, precisamos da organização dos trabalhadores com as mulheres à frente, mostrando que são vanguarda, inclusive da classe operária. Enfim, sacudindo os movimentos, os sindicatos, com toda força expressada internacionalmente”, enfatiza.

Edição: Mauro Ramos

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Zé Maria

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No Dia Internacional da Mulher,
“as Mulheres em Gaza continuam
a sofrer as Consequências desta
Guerra Brutal”, afirma a Agência
da ONU para Refugiados (UNRWA).

“Pelo menos 9 mil mulheres foram
mortas e muitas mais estão
sob os escombros”

Ao menos 63 Mulheres Palestinas
são Assassinadas Diariamente
pelas Forças Armadas de isRéu

https://www.aa.com.tr/en/middle-east/63-women-in-gaza-killed-daily-amid-israeli-brutal-war-un-refugee-agency/3159080

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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/GII7cTjWgAA6XdK?format=jpg

Às Guerreiras Palestinas que defendem o Sangue do Seu Povo
e não se curvam diante da Bárbara Violação Sionista Genocida
que assassina os Filhos e Filhas, Netos e Netas, Irmãos e Irmãs,
Pais e Avós, da Terra Roubada pelos Invasores Agressores.

https://twitter.com/papel_em_branco/status/1766039364776145220
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“Dia Internacional da Mulher”

• Pelo menos 9.000 Mulheres Palestinas foram Mortas por isRéu;

• 37 Mães são Mortas por isRéu Todos os Dias na Faixa de Gaza;

• Pelo menos 65 Mulheres – Moças e Adolescentes, inclusive –
foram Raptadas e Sujeitas a Abuso Sexual, Tortura e Outros
Métodos Degradantes de Tratamento por Militares Israelenses.
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(https://bit.ly/3Iv06vi) (https://bit.ly/3VaJ8tv) (https://bit.ly/46D0zFj)

Em um documento, divulgado em 19 de fevereiro deste ano,
Especialistas do Alto Comissariado das Nações Unidas
para Direitos Humanos (ACNUDH) pediram uma investigação
independente e expressaram preocupação com as “alegações
confiáveis de Graves Violações dos Direitos Humanos”, incluindo
Violência Sexual, que teriam sido Perpetradas por Militares
Israelenses Contra Palestinas da Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Sete Especialistas Independentes Nomeadas pelo Escritório
de Direitos Humanos da ONU já se manifestaram:
Reem Alsalem, Francesca Albanese, Dorothy Estrada Tanck,
Claudia Flores, Ivana Krstić, Haina Lu e Laura Nyirinkindi.

As Especialistas citam Relatos de Mulheres e Meninas
que foram “executadas arbitrariamente em Gaza, às vezes
com membros de suas famílias, incluindo seus filhos”.

Elas também disseram estar “chocadas com relatos de
ataques deliberados e assassinatos extrajudiciais de
mulheres e crianças palestinas em locais onde procuraram
refúgio ou enquanto fugiam”, afirmando que algumas
“seguravam pedaços de pano branco quando foram mortas
pelo Exército Israelense”.

Também manifestaram “séria preocupação” com a “detenção
arbitrária de centenas de mulheres e meninas palestinas”,
especialmente defensoras dos direitos humanos, jornalistas
e trabalhadoras humanitárias em Gaza.

[Com informações da Agence France Presse (AFP) — Genebra]
https://pbs.twimg.com/media/GCdpcXyWwAAiScu?format=jpg

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Zé Maria

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“Trabajadoras del Mundo, Uni-vos!”
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Zé Maria

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“Proletarier Aller Länder, Vereinigt Euch!”
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Zé Maria

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“Trabahadoras do Mundo, Uni-vos!”
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