Deltan queria a cabeça de homem forte do PT em plena campanha eleitoral: “É agora ou nunca…”

Essa atitude é tão perversa quanto a ditadura. A sociedade apoia investigação séria para combater a corrupção mas não apoia um judiciário e um MP em formato de partido político com feições nazistas numa perseguição cruel aos seus adversários por “questão simbólica”. Indignação! Rui Costa, governador da Bahia, no tweeter

Da Redação

Com Lula preso e Fernando Haddad candidato ao Planalto já no segundo turno, o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, aparentemente precisava de uma nova bomba contra o PT para facilitar a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.

Por isso, em outubro de 2018, segundo a repórter Mônica Bergamo, Dallagnol mandou mensagem a colegas: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”.

Eleito para o Senado, Wagner era àquela altura o articulador fundamental nos bastidores da campanha de Haddad.

Além disso, em caso de vitória do petista, poderia ocupar um cargo importante, como o de chefe da Casa Civil.

Wagner tinha, além disso, o papel de garantir uma imensa votação para Haddad na Bahia — o que de fato aconteceu.

No segundo turno, o petista venceu com 72,69% dos votos dos baianos.

Na troca de mensagens recém-revelada, um procurador de nome Athayde, provavelmente Atahyde Ribeiro Costa, respondeu a Dallagnol, na descrição de Mônica Bergamo:

“As primeiras quebras [de sigilo] em face dele [Wagner] não foram deferidas [pela Justiça]. Mas novos fatos surgiram e eles iriam pedir reconsideração”.

Deltan foi adiante na conversa: “Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”.

Não fica explícito o motivo do chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba gargalhar sobre assunto tão sério.

Na conversa pelo aplicativo Telegram, Athayde lembrou a Deltan que, como senador eleito, Wagner já teria direito a foro privilegiado em Brasília.

Deltan respondeu: “Não impactará, mas só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”.

Ou seja, o chefe da Lava Jato de Curitiba buscava oportunidade para fazer um show midiático com Wagner às vésperas do segundo turno.

As mensagens foram trocadas em 24 de outubro, quatro dias antes de Bolsonaro ser eleito presidente.

Na mesma troca de mensagens, uma procuradora lembrou a Deltan que Wagner já havia sido alvo de busca e apreensão.

Em 26 de fevereiro de 2018, a Polícia Federal foi ao apartamento de Jaques Wagner em Salvador, como parte da Operação Cartão Vermelho, que apura desvios de dinheiro público na construção do estádio da Copa do Mundo na capital baiana, a Fonte Nova.

Até aquela data, o governador baiano era um dos nomes cotados para substituir Lula, se o ex-presidente não pudesse concorrer ao Planalto.

De acordo com Mônica Bérgamo, Deltan insistiu com os colegas na troca de mensagens na reta final da eleição: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA [busca e apreensão] até, por questão simbólica. Mas temos que ter um caso forte”.

“Questão simbólica” resume o objetivo de Dallagnol: influenciar a eleição para presidente da República Federativa do Brasil a partir de seu cargo de concursado no Ministério Público Federal.