Delator foi acusado de fazer gastos fora do objetivo do Senac, inclusive com jornalistas da Globo

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Da Redação

A denúncia do Ministério Público Federal que foi base para a ação de hoje da Polícia Federal diz que o amigo de Lula, o advogado Roberto Teixeira, bem como seu sócio, Cristiano Zanin, teriam sido contratados com o objetivo de resolver uma disputa política.

Contratados por Orlando Diniz, o presidente da Fecomércio, do SESC e do SENAC no Rio, Teixeira e Zanin teriam como tarefa acabar com a disputa que Diniz travava com a direção nacional das entidades do comércio.

Para isso, teriam cobrado mais de R$ 10 milhões.

Do outro lado da disputa estava Carlos Eduardo Gabas, que era do Conselho Fiscal do SESC Nacional e foi ministro de Lula e Dilma.

O MPF sugere que Teixeira foi contratado por ter capacidade de dobrar Gabas, ligado ao PT.

Porém, o próprio MPF admite que Teixeira e Zanin não conseguiram mudar a posição de Gabas — eventualmente, um relatório de auditoria do Conselho Fiscal do SENAC acabou por derrubar Diniz do cargo.

O relatório da auditoria da gestão do agora delator, de 170 páginas (ver abaixo), foi primeiro revelado pelo Intercept.

Os auditores disseram que, dentre muitas outras irregularidades, Orlando Diniz contratou jornalistas para fazer palestras fora dos objetivos do SENAC ou não comprovou adequadamente que os serviços haviam de fato sido prestados.

Foram R$ 375 mil para Merval Pereira, R$ 270 mil para Giuliana Morrone, R$ 270 mil para Flávia Oliveira, R$ 95 mil para Edimilson Ávila, mais de R$ 250 mil para Flávio Fachel e R$ 72 mil para Lilia Teles — comentaristas, âncoras e repórteres da TV Globo do Rio.

As palestras dos jornalistas não foram incluídas em nenhum anexo da delação, que focou nos advogados que prestaram serviços à Fecomércio.

Não houve qualquer conduta ilícita dos jornalistas apontada pela auditoria.

O advogado Frederick Wassef, que deixou a defesa do senador de Flávio Bolsonaro depois que ficou claro que escondeu o laranja Fabrício Queiroz em suas casas, foi acusado na mesma ação de lavar dinheiro — que teria sido desviado da Fecomércio através de um colega.

No twitter, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, fez uma observação sobre o timing da operação autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, que é próximo do clã Bolsonaro:

No último dia 31/08 o STJ mandou o Ministro da Justiça falar em 5 dias sobre as cooperações internacionais da Lava Jato com os EUA — onde alguns juízes e promotores brasileiros fizeram ‘cursos’. O prazo venceu ONTEM e a decisão NÃO FOI CUMPRIDA; Nesta semana, após quase 3 anos de batalha judicial, deveríamos começar a fazer o exame do material proveniente do acordo de leniência da Odebrecht, que foi guardado até agora com muito sigilo pela Lava Jato. Dá para imaginar por que a Lava Jato invadiu nosso escritório e pegou nosso material?

Zanin lembrou que o delator foi “recompensado” pelo MPF com a manutenção de uma conta no Exterior onde estão depositados 350 mil dólares: “A Lava Jato invadiu o nosso escritório e a minha casa pagando o delator até com a manutenção de conta no exterior. Para se livrar de penas, o ex-gestor de uma entidade privada acusa os advogados contratados pela instituição para defendê-la”.

Além disso, foi revelado que a busca e apreensão da Polícia Federal levou um HD onde estavam cópias de conversas telefônicas ilegalmente grampeadas por determinação do juiz Sérgio Moro.

As conversas envolviam advogados do escritório de defesa de Lula, uma delas inclusive envolvendo o ex-presidente.

O STF mandou destruir as gravações e retirá-las de qualquer processo, mas os advogados de Lula guardaram uma cópia num HD agora apreendido.

Auditoria by Azenha Luiz

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