David Bromwich: Barack Obama, entre Zelig e Forrest Gump

Tempo de leitura: 11 min

Um mau presidente

David Bromwich, no NYRB, 5 de julho de 2012

Fui ver Barack Obama falar em  Nova York, na primavera de 2007, num ‘teste’ preliminar para doadores de campanha e outros. Foi algumas semanas depois dele anunciar sua candidatura e a audiência de mais ou menos cem pessoas, num espaçoso apartamento do Upper West Side, ficou suficientemente próxima para que todos dessem uma olhada. Curiosidade imparcial era o sentimento em relação a Obama, então. Não houve frisson com a chegada dele; ele apertou mãos, conversou com estranhos amigáveis e se manteve distante.

Falou por alguma coisa como meia hora e o que ouvimos foi mais uma atitude que um programa.

Era uma época ruim, ele disse. Tinhamos de colocar o país no caminho certo. As guerras estavam causando danos graves e nos afastando de nossas responsabilidades, uns em relação aos outros. Ele falou com desembaraço e agradavelmente, sem paixão. Na época, [o presidente] George W. Bush tinha ignorado a recomendação da Comissão Baker por uma retirada do Iraque e ordenado a ‘onda’ de tropas adicionais sob o general Petraues; havia um sentimento próximo de desespero no grupo de artistas e jornalistas presentes, mas Obama não mencionou nada disso: parecia até que o ano era 1992 e seu oponente era George Bush pai. O que me tocou foi a capacidade de Obama de se misturar aos outros. Ainda assim ele expressou um sentimento de crise impessoal e estranhamente mínimo. Uma mulher com rosto de preocupação disse, depois do encontro: ‘Não estou certa de que ele é o cara do qual precisamos’.

O Obama glamuroso que emergiu em 2008 — as saudações para cidades inteiras com o grito de celebridade ‘Alô Miami’, a exortação do ‘Ligado, pronto para avançar’: nada disso se parece com o homem que tínhamos ouvido, ainda que o discurso dele na convenção [democrata] de 2004 tenha sido responsável pela lealdade de seus apoiadores mais calorosos. Mas, como tem sido demonstrado, a maior parte da presidência Obama tem sido conduzida no estilo que vimos na sala daquele apartamento.

Discursos cerimoniais como o do Estado da União ou ocasiões solenes no Salão Oval ou em ocasiões como o tiroteio de Tucson, em 2011, marcaram retornos episódicos ao grande estilo, mas quando você ouve esse tipo de discurso é levado a se perguntar que tipo de cargo ele acha que ocupa, e em que país. As apresentações dignificadas e que demonstram comando da situação são adequadas a um certo impulso teatral que se articula profundamente com a ideia que Obama tem de seus poderes pessoais — um impulso que ele sempre reconheceu mas que, em boa parte de sua vida, Obama cuidou de reprimir.

Uma das recompensas de ler a biografia que David Maraniss* escreveu sobre os primeiros 27 anos de Barack é que o livro confirma nossa intuição sobre a capacidade de Obama de se reinventar. A vida errante com a mãe intelectual boêmia, o pai carismático e irresponsável que voltou para a África, pertencem a uma infância que o livro de Maraniss relembra em detalhes e que outros também exploraram, mas aqueles anos explicam menos que se presume. O jovem Barack sempre foi bem cuidado e, a partir dos 10 anos de idade, a educação dele aconteceu sem problemas em instituições da elite. A escola Punahou do Havaí é uma das escolas preparatórias de elite dos Estados Unidos, a faculdade Occidental do sul da Califórnia era um escola liberal de alta qualidade e, para os dois anos finais da universidade, Obama se transferiu para a Columbia [em Nova York].

Aos 22 anos de idade a ambição de Obama já era a presidência — uma esperança que emergiu com seriedade numa conversa com um amigo de Nova York. Durante seu último ano na Columbia e num emprego corporativo que se seguiu, Obama meditou sobre sua necessidade de adquirir uma identidade negra — um sinal disso era a cópia do livro Homem Invisível, de Ellison, que carregava por toda parte. Obama nunca tinha pensado em si como negro, anteriormente. As duas namoradas daquele período que Maraniss encontrou e uma terceira, não identificada no livro, do primeiro ano de Obama em Chicago, eram brancas, assim como muitos dos amigos dele.

No livro de memórias “Sonhos de Meu Pai” [Dreams from My Father], Obama condensou várias parceiras numa só e nos ofereceu uma cena de alienação mútua entre o herói e sua namorada, que tiveram reações diversas a respeito de uma peça de teatro que tratava dos negros norte-americanos. Segundo Maraniss, um incidente de outra época e lugar, envolvendo outra pessoa, foi transferido para o episódio, em busca de economia narrativa. Fazia mais sentido literário o estranhamento temporário de Obama em relação à sociedade branca englobar um único episódio, parte de um único caso romântico.

De forma mais geral, as informações que Obama dá no livro sobre seus primeiros anos, segundo Maraniss, foram tão esticadas e ajustadas e os incidentes e personagens foram de tal forma alterados e transpostos que Dreams from My Father deveria ser tratado como trabalho literário, em vez de um livro de memórias pessoal.

O livro empregou de forma bem permissiva a técnica que o teórico literário Michael André Bernstein chamou de “sombreamento reverso”: uma forma de narrativa convencional na qual momentos significativos, que levam ao climax ou a conclusões importantes, são inseridos de forma teleológica na fase inicial do enredo. A História, desta forma, é condensada e parcialmente falsificada para sustentar a versão mais tardia que o autor tem de sua própria vida.

O resultado dá à memória um triunfo retroativo sobre as particularidades caóticas da vida. Dreams mostrou um jovem Obama perplexo e prisioneiro de sua identidade racial já em Punahou. Sugere uma inclinação para sentimentos de opressão que não foi notado pelos amigos no grupo do qual Obama fazia parte, que nadava, surfava e festejava, cantava garotas, fumava maconha, jogava e assistia partidas de basquete. Mas agora sabemos que o herói irônico e indiferente retratado em Dreams foi uma criação literária. Naturalmente, a dúvida agonizante é boa para uma memória que trata de identidade. Algum tipo de conversão, também, assim como um desenvolvimento heróico em torno de uma busca reiterada. A memória de Obama foi calibrada para atender a essas necessidades. O personagem público de Obama, ao que parece, só começou a corresponder à sua persona fictícia quando ele tinha quase 30 anos.

Tais mosaicos são comuns, convencionais, quando tratamos de literatura, mas no caso de Obama levantam certas questões. É perigoso para uma pessoa pensar sobre sua própria vida (o que é distinto de um autor que pensa sobre a vida de seu herói) considerando todas as suas ações como importantes. Significa que você se considera a encarnação de um propósito simbólico que flutua livre do conteúdo de suas ações; um propósito que requer que qualquer desvio perturbador seja visto à luz de um objetivo ainda não revelado.

Obama decidiu ainda jovem enfrentar a ansiedade da identidade mestiça se enxergando como a convergência sortuda de forças e tendências opostas: ‘Sem pertencer a uma classe, sem estrutura, sem uma tradição na qual me apoiar, em certo sentido a escolha por um caminho diferente foi feita para mim… A única forma de mitigar minha sensação de isolamento foi absorver todas as tradições [e todas as] classes; torná-las minhas e eu, delas’.

Assim, o estranho forasteiro se torna nos Estados Unidos a personalidade central através da qual todas as correntes e contra-correntes do caráter nacional precisam fluir. É uma fantasia significativa. Como presidente dos Estados Unidos, Obama acredita que seu papel é o de refletir todos os pontos-de-vista, sem rejeitar qualquer deles. Ele finalmente se torna um lutador, ou melhor, fala com o tom de um lutador, de forma a que possa submeter o  mais nebuloso dos adversários a uma severa repreensão. Ele é contra o egoísmo, contra ‘o pior que existe em nós’ e assim por diante.

A invenção de personagens compostos em sua autobiografia — uma prática que Maraniss demonstra que foi muito mais ampla do que ficou implícito nas notas do livro ‘Sonhos de Meu Pai’ — pode parecer trivial e apenas indulgência literária. Por que deixa uma sensação de desconforto?

‘Existem algumas intâncias’, nota Maraniss, ‘em que personagens negros do livro assumem características e histórias que Obama emprestou de amigos brancos’. Por que ele faria isso? Algumas coisas sobre aqueles pessoas fizeram com que suas vidas fossem mais apropriadas às demandas de identidade dos negros. Levar a licença estética a esse ponto, a fim de impor uma lição cultural, envolve uma violação do autor à realidade e à verdade da experiência. É feito por conveniência, mas o custo é alto em fantasia indulgente. Você constrói uma identidade saudável na memória pela falsificação das identidades da vida.

As descobertas de Maraniss sobre Dreams from My Father jogam luz considerável em um aspecto das apresentações públicas de Obama desde 2009. É no apoio copioso que ele faz de clichês. Ele sabe usar clichês. Usa-os para acomodar uma audiência imaginária, com condescendência que acredita que a audiência é incapaz de detetar. Mas esta é uma prática que vai contra o respeito genuíno. A consequência, para sua instância política, é um populismo sem âncora, um pedido de unidade para diferentes agrupamentos políticos sem base em qualquer um deles. A aposta de Obama é de que, já que ele veio de todos os lugares, de todas as classes e que todas as tradições passam por ele, ele nunca poderá ser acusado de ser provinciano, marginal ou mera ferramenta de interesses especiais.

Em 14 de junho o presidente Obama fez em Ohio, um estado em disputa eleitoral, um longo discurso de campanha sobre a economia e a sociedade dos Estados Unidos. Houve alguns ataques sólidos a Mitt Romney e uma tentativa de enfrentar o preconceito dos republicanos sem adulação: “Não penso que é nosso dever ajudar pessoas que se negam a se ajudar. Mas compartilho o sentimento de nosso primeiro presidente republicano, de meu estado — Abraham Lincoln — de que através do governo devemos fazer juntos o que não conseguimos fazer por conta própria”.

Parece ser uma defesa do senso comum. Dá até para imaginar que no próximo parágrafo ele vai atacar a doideira do Tea Party de que devemos nos livrar de qualquer tipo de governo, a não ser o dos homens armados: a polícia e as Forças Armadas.

Mas, em vez disso, Obama seguiu usando um apelo mais ecumênico e melodramático: “É assim que construímos este país — juntos. Construimos ferrovias e rodovias, a barragem Hoover e a ponte de Golden Gate.  Fizemos isso juntos. Mandamos a geração de meu avô à faculdade com a GI Bill [lei de apoio aos soldados que voltavam da Segunda Guerra Mundial] — juntos. Instituímos o salário mínimo e as regras que protegem os depósitos bancários das pessoas — juntos. Juntos, tocamos a face da lua, desvendamos os mistérios do átomo, conectamos o mundo através de nossa Ciência e imaginação. Não fizemos isso como democratas ou republicanos. Fizemos como norte-americanos”.

Bom, peraí um minuto, não: não desvendamos o mistério do átomo juntos. Alguns cientistas o fizeram, com subsídio secreto do governo. Um político honesto pode não dar voz a isso, mas também não deve repetir rotineiramente meias-verdades que são mentiras práticas. Ainda assim, Obama faz isso o tempo todo — como quando ele diz que o inimigo que estamos enfrentando no mundo árabe é chamado al-Qaeda.

Doidos ou políticos loucos pelo poder caem facilmente nas ilusões descritas por Freud como “onipotência dos pensamentos”. Eles imaginam que seus desejos, ou suas palavras que incorporam desejos, se tornam ações só pelo fato de que foram ditas por eles. Obama tem mais dificuldade que qualquer político são que já ouvi em admitir que suas palavras são apenas palavras. Ele disse uma vez a um professor que as palavras eram o poder mais perigoso do mundo; parece que ele queria dizer que palavras são as coisas mais poderosas do mundo. Mas falar palavras que têm um significado distinto sobre determinado assunto, e em seguida não acompanhá-las de ações, é pior que não dizer nada.

Obama, no entanto, se enxerga o tempo todo não apenas como um político, mas como homem genial. O objetivo dele é unir e reconciliar opostos, de uma forma como só genios foram capazes.

Ele tem ecoado frequentemente o segundo discurso de posse de Lincoln, o discurso canônico de reconciliação. Não ocorreu a Obama que os tempos de hoje talvez sejam mais adequados ao discurso da Casa Dividida, no qual Lincoln, em 1858, demonstrou que a questão da escravidão era tão importante que poderia tornar os dois lados irreconciliáveis.

Os vários discursos da Casa Unida de Obama, por contraste, são sempre sobre unidade como um fim em si — uma ideia curiosa. A unidade como objetivo em si não vai capturar votos nem lealdade duradoura entre os que buscam explicação para o certo e o errado na política. Obama gosta de dizer que a verdade fica em algum lugar no meio. À primeira vista, parece justo. Um compromisso entre pessoas tapadas ou forças políticas opostas pode geralmente ficar em algum lugar no meio. Mas com a verdade é diferente, a verdade ocorre onde ocorre e muitas vezes podemos encontrá-la nos extremos.

Obama se enxerga como a mais fria das cabeças, o ouvinte mais razoável de todos, o homem prático em um mundo de teóricos e fanáticos, mas nenhum destes traços qualifica uma pessoa para tomar sozinha uma decisão que doze pessoas poderiam, com dificuldade, tomar de consciência limpa. No fim das contas, existe um ponto onde o fervor messiânico e o amor pelo poder executivo convergem. Ao determinar os assassinatos por aviões não tripulados no Paquistão, Obama assumiu para si o papel de juiz sem processo legal para matar com impunidade pessoas que ele acha que devam ser mortas.

Sobre este fato só soubemos recentemente e ainda estamos digerindo. Quando se fala nas medidas de emergência à disposição do presidente, os admiradores de Obama, que normalmente o descrevem como ‘pragmático’, mudam de tom. Mencionam Agostinho ou Tomás de Aquino e dizem que o presidente tem estudado a teoria da guerra justa. Ainda assim, a diferença entre direito moral e conveniência política não é superada por uma mudança de marcha da mais secular das filosofias para a mais saturada teologicamente.

Por um decreto geral do presidente, um homem civil afegão em idade militar que é morto por um avião não tripulado que tinha como alvo um terrorista agora também é considerado terrorista. A razão é que a identidade dos terroristas é reconhecida por todos os nativos e os inocentes evitam a companhia deles. Este malabarismo, como vários comentaristas destacaram, nos leva de volta à época da contagem de mortos no Vietnã, cujos métodos Sartre descreveu com precisão: ‘Um vietnamita morto é um viet cong [guerrilheiro que enfrentava os Estados Unidos]’.

E ainda assim não há alternativa a Obama. Os apoiadores dele que se deram conta de que Obama não é o que esperavam em 2008 podem apenas dizer (como dois deles, um historiador e um advogado, me disseram separadamente nos últimos dias): ‘Ele não é um bom presidente, não merece ser reeleito, mas precisa ser reeleito’. O nome abreviado da razão é Mitt Romney, o nome mais longo e verdadeiro é o que o Partido Republicano se tornou. É o partido das guerras, das prisões, da expansão da riqueza dos muito ricos.

Os assessores de política externa de Romney são formandos do [ex-vice-presidente] Dick Cheney, das várias encarnações norte-americanas do Likud ou do neoconservador American Enterprise Institute.

Estas pessoas —  incluindo Cofer Black, Michael Chertoff, Robert Kagan e Dan Senor – tem os olhos voltados para um objetivo que vai além da vitória na Síria e no Irã: querem um confronto militarizado com a Rússia e a China. Quanto às ideias econômicas de Romney, todos os passos em direção à economia financeira dos anos 20, que Obama tenta impedir sem muito esforço, Romney vai buscá-las com grande vigor. Mesmo que ele não queira isso pessoalmente, a ideologia de seu partido o compromete com uma ordem regressiva, que vai suplantar a de Ronald Reagan.

O governo Obama avançou muito na completa destruição da política do New Deal [do estado de bem estar social de Franklin Delano Roosevelt], que começou quando Bill Clinton trouxe Wall Street para dentro da Casa Branca.

A direita venceu as guerras políticas das duas últimas gerações, a esquerda venceu a guerra cultural, e agora podemos medir ganhos e perdas. De um lado, maior tolerância em relação a casamentos mestiços, o hábito forçado de não mostrar preconceito em público, direitos dos gays. De outro lado, a maior parte dos norte-americanos de poucos recursos, com chances modestas na vida, foi seduzida a adotar a ética da jogatina: falam o linguajar comercial — que muitos de seus avós teriam desprezado — do ‘espírito empresarial’ e do ‘sonho americano’. Obama não fez nada para mudar isso.

Ele tentou recorrer à linguagem do sonho com mais eficácia que seus oponentes: uma jogada que, agora sabemos, fracassou.

Em Consequências Econômicas da Paz, Keynes retratou Woodrow Wilson na conferência de Versalhes [que se segiu à Primeira Guerra Mundial] de uma forma que ficou em minha cabeça:

“O presidente não foi herói nem profeta; não era nem mesmo um filósofo; foi um homem generosamente bem intencionado, com muitas das fraquezas de outros seres humanos, e sem o equipamento intelectual que teria sido necessário para lidar com as questões sutis e perigosas as quais o tremendo choque de forças e personalidades tinha trazido ao topo, exigindo mestres triunfantes no jogo da barganha, cara a cara — um jogo no qual ele não tinha qualquer experiência. Havia a crença no início [das negociações] de que o presidente havia refletido, com a ajuda de um grande corpo de assessores, sobre objetivos amplos… Mas na verdade o presidente não tinha pensado sobre nada; quando o assunto eram ideias práticas, as de Wilson eram nebulosas e incompletas. Ele não tinha plano, esquema ou ideias construtivas para dar vida aos mandamentos que havia ditado desde a Casa Branca”.

Outro presidente eleito em tempos de paz que se tornou presidente de uma guerra — mas uma afinidade maior pode ser notada entre eles. Wilson e Obama compartilham uma peculiaridade ímpar do caráter nacional, uma mistura de alta determinação com distanciamento extremo, idealismo romântico e uma despreocupação opaca em cumprir o prometido.

Sobre o Irã, por exemplo, Obama não se juntou ao bater de espadas, mas sua política parece ser a da troca de regime e ele fez pouco para acalmar as vozes do lobby israelense no Congresso que clamam por sanções mais duras e em breve vão pregar o bloqueio naval e a guerra. Ele não encontrou tempo ou juízo para oferecer argumentos em defesa do bom senso da paz — no caso das perspectivas se tornarem melhores nas atuais negociações. Ele prometeu fazer todo o necessário para evitar que o Irã obtenha a bomba nuclear, e subscreveu a equação de Netanyahu: avanço do Irã no caminho para ter uma bomba é o mesmo que ter uma bomba.

Consistentemente, em seu mandato, o método Obama para enfrentar uma medida, uma tendência ou um desenvolvimento mundial ao qual ele se opõe não é o enfrentando, mas tentando retardá-lo. Na verdade, esta é praticamente sua única tática, como se acreditasse que para evitar a chegada de um trem ao terminal errado basta preencher os vagões com bons absorventes de impacto. A presente estratégia de Obama é de continuar vagarosamente em direção à guerra com o Irã, mas sem chegar até ela em novembro.

[*] Barack Obama: The Making of the Man (Atlantic, 643 pp., £25, June, 978 1 84887 279 0).

PS do Viomundo: Barack Obama é um político de seu tempo, em que a imagem é tudo.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

sousa

interesses do capital!!! esse pessoal passa a vida repetindo os dogmas de um alemão de cem anos atrás.

    Hércules

    É mesmo. As Leis de Newton continuam sendo usadas até hoje, um absurdo. Esse povo é viciado em “dogmas”. Por que será?

    jose marcos

    Hercules, muito boa a sua resposta a este sousa. Voce poderia completar dizendo tambem que a Terra continua não sendo o centro do universo, como afirmam estas pessoas que insistem em repetir “dogmas antigos”

    Fabio Passos

    É ainda mais engraçado.

    “… alemão de cem anos atrás”

    Percebeu?
    Ele também se recusa a usar aritmética porque são “dogmas” muito, muito antigos… rsrs

    Esse é leitor de veja. Não há dúvida. rsrs

Fabio Passos

Não faz sentido analisar o “presidente” dos eua como se fosse um representante dos interesses reais dos cidadãos estadunidenses.

O “presidente” ianque representa os interesses do capital.
Sua responsabilidade para com os cidadãos é a de um mero relações públicas.

Isto é a “democracia” ianque.
Uma completa fraude.

Apenas o PIG e seus adestrados repetem que há democracia nos eua.

Nouriel Roubini: A tempestade global perfeita, em 2013 « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Barack Obama, entre Zelig e Forrest Gump […]

Hércules

Obama foi uma decepção e seu prêmio nobel da Paz foi claramente preventivo, como a dizer que o mundo não quer mais guerras. A submissão de Obama ao lobby de Israel só não é pior do que a de Mitt Romney, uma quimera do “tea party”, completamente teleguiado, patético. Obama é um voto útil contra outras guerras, sem a certeza de que ele não terá alguma firmeza em provocar mais uma. A comprovação de que o mundo midiático do século XXI é também o da mediocridade e do baixo nível intelectual, a decadência em êxtase. Tchá, tchá, tchá, ai se eu te pego.

Marco Aurelio

Tá ruim,Azenha!!!!!!!Os urubus estão voando de costas em Niterói,digo,New Jersey!!!!!!!!!!!!!Chamem o Tião Macalé!!!!!!!!!

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20557

A situação europeia não pode ser compreendida sem considerar a situação da economia mundial em sua totalidade. Hoje, após a reintegração da China e a plena incorporação da Índia na economia capitalista mundial, a densidade das relações de interconexão e a velocidade de interações no mercado alcançaram um nível jamais visto anteriormente. O que prevalece hoje na arena mundial é o que Marx chama de “anarquia da produção”. Alguns Estados, os que ainda têm meios para isso, são cada vez mais os agentes ativos dessa competição. E único Estado que conserva esses meios na Europa continental é a Alemanha. O artigo é de François Chesnais.

François Chesnais – SinPermiso

A luta de classes na Europa e as raízes da crise econômica mundial (I)
……
Mas essa incapacidade não implica passividade política. O que ocorre simplesmente é que a ação da burguesia está cada vez mais movida exclusivamente pela vontade de preservar a dominação de classe em toda sua crueza. E faz isso de maneira imediata e direta sobre os trabalhadores da Europa. Os centros de decisão capitalista buscam ativamente soluções capazes de proteger os bancos e evitar o imenso choque financeiro que significaria a moratória de Itália ou Espanha, fazendo cair mais do que nunca o peso da crise sobre as classes populares. Um testemunho disso foi o desembarque (com poucos dias de intervalo) na cúpula dos governos grego e italiado, de agentes do capital financeiro que foram designados diretamente por este, “ignorando os procedimentos democráticos”. Outro testemunho é a dança de rumores sobre projetos de “governança” autoritária que estão sendo discutidos na zona euro. Isso tem implicações políticas ainda mais graves para os trabalhadores, porque vem acompanhado pelo reforço do caráter pró-cíclico das políticas de austeridade e privatização que contribui para a nova recessão em marcha.

Os incessantes chamados que, do outro lado do Atlântico Norte, fazem Barack Obama e o Secretário do Tesouro, Tim Geithner, para que os dirigentes europeus apresentem uma rápida resposta à crise do euro traduzem o fato de que o “motor americano”, como dizem os jornalistas, está “avariado”. Desde 1998 (rebote da crise asiática), o funcionamento macroeconômico estadunidense foi construído quase inteiramente na base do endividamento das famílias, das pequenas e médias empresas e das comunidades locais.
Este “regime de crescimento” está muito arraigado: reforçou com tanta força o jogo dos mecanismos de distribuição desigual de renda que os dirigentes não têm outra perspectiva a qual se agarrar que o momento – distante – em que as pessoas possam (ou estejam, na verdade, obrigadas a) endividar-se novamente. As diferenças “irrenconciliáveis” entre democratas e republicanos estão ligadas a duas questões interconectadas: qual seria a melhor maneira de desendividar o Estado Federal desde essa perspectiva e se pode, ou mesmo deve, endividar-se ainda mais para alcançar esse objetivo…

Deixe seu comentário

Leia também