Brasil de Fato: Como foi a entrega de créditos do BB para o banco fundado por Paulo Guedes, o BTG Pactual

Tempo de leitura: 2 min
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

De mãos beijadas: BB entrega carteira de R$ 3 bi para Banco criado por Guedes

Além de privatizar riquezas públicas, este governo ainda beneficia os amigos do Chicago Boy

Por Daniel Valença, no Brasil de Fato

Em “estranha” movimentação ocorrida no dia primeiro de julho deste ano, o Banco do Brasil cedeu uma carteira com 3 bilhões em créditos “perdidos”, isto é, em que os empréstimos concedidos são considerados difíceis de serem quitados.

Um exemplo nos ajuda a entender a questão: vamos supor que o BB tenha emprestado R$ 30 mil para um de seus clientes. Receando não receber o pagamento, o Banco do Brasil vende os direitos de crédito contra os tomadores de empréstimo por R$ 3 mil.

Daí o banco comprador da carteira, por meio de investigação, consegue reaver R$ 10 mil, resultando num lucro de R$ 7 mil.

Na prática, por R$ 371 milhões, o banco BTG Pactual se tornou credor de quase 10 vezes o preço que pagou, podendo, em cima desse crédito, ter lucros gigantescos.

Mesmo tendo sido uma operação de valor e tamanho inéditos no mercado financeiro brasileiro, não se tem notícia de nenhum processo licitatório pela carteira.

Suspeito, para dizer o mínimo.

Mais estranho ainda é que, coincidentemente ou não, a dinheirama foi arrebatada pelo banco fundado por ninguém menos que Paulo Guedes, que — vejam só — foi quem indicou o presidente do Banco do Brasil.

Funcionário este que, assim como o ministro da “granada no bolso dos servidores” que o nomeou, defende a privatização do banco público que preside.

Ou seja, além de ir sorrateiramente privatizando riquezas públicas, este governo ainda beneficia os amigos do Chicago Boy.

Para os bancos privados, tudo, para amplas massas da população, “trabalhem”, senão vira “vida boa”.

Precisamos, portanto, construir a política oposta: se, neste governo, o Estado está totalmente voltado para aumentar os lucros do rentismo e espoliar as classes trabalhadoras, precisamos construir um projeto político da classe trabalhadora, que oriente o Estado para as amplas massas e exproprie o rentismo e as classes possuidoras.

Movimento sindical, movimento feminista, movimento negro, sem terra e sem teto, os partidos de trabalhadores, as mais diversas das frações das classes trabalhadoras – aqueles e aquelas que vivem do seu trabalho – devem construir uma ampla frente de esquerda que tenha uma premissa: para salvar vidas, fora Bolsonaro e fora Mourão; que a classe trabalhadora possa exercer seu direito ao isolamento e que os quase 200 mil milionários brasileiros paguem a conta da luta contra a pandemia.

*Daniel Valença é professor da graduação e mestrado em Direito da UFERSA, Vice-Presidente do PT/RN, e associado do IPDMS (GT – Direito e Marxismo)

Edição: Rodrigo Durão Coelho


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Comentários

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Zé Maria

“URGENTE BOLSONARO REVOGA PORTARIA
QUE CLASSIFICA COVID-19 COMO DOENÇA DO TRABALHO
Ao adoecer, o trabalhador pode recorrer ao INSS,
aos recursos do FGTS e tem 1 ano de estabilidade.
Governo tira esse direito a quem teve COVID19 no trabalho.”
https://twitter.com/padilhando/status/1301258185244839943
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1301259452457332736

https://youtu.be/HHlws86tbAo

Bolsonaro comete crime ao revogar portaria
que incluía Covid-19 como doença ocupacional

CUTRS

Revogação da Portaria nº 2.309/20, lançada na terça-feira
que atualizava a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho,
incluindo a Covid-19 no rol de doenças ocupacionais,
foi feita por meio da nova Portaria nº 2.345/20,
assinada pelo ministro interino da Saúde,
general Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira (2).

Veja os direitos que o trabalhador perde com a decisão do governo:
– o trabalhador, segurado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que fosse afastado por mais de 15 dias teria direito a sacar o FGTS proporcional aos dias de licença.
Ele também poderia ter estabilidade no emprego por um ano;

– o trabalhador poderia pedir indenização para ele ou
para seus familiares, por danos morais e materiais
às empresas, nos casos mais graves da doença;

– o auxílio-doença fixado em 60% do valor
das contribuições da Previdência e mais 2% ao ano
para homens que contribuíram por 20 anos
e mulheres por 15 anos, voltaria a ser de 100%,
já que a contaminação pela Covid-19 seria enquadrada
como “benefício acidentário”.

Íntegra em: http://cutrs.org.br/bolsonaro-comete-crime-ao-revogar-portaria-que-incluia-covid-19-como-doenca-ocupacional/

marcio gaúcho

Tudo aconteceu nas barbas e dentro da casa do Banco do Brasil. A maioria dos funcionários, antes trabalhistas, agora são fascistas/bolsonaristas. Nada fizeram de concreto para barrar ou impedir essa negociata com o BTG, nem se ouviu nenhum gritinho, por menor que fosse, nesse imenso Brasil continente, de protesto público dos funcionários contrário à venda dos créditos. A velha guarda dos funcionários, sempre disposta a defender a instituição nos momentos de perigo, inclusive no período da ditadura, arriscando os próprios pescoços, essa não existe mais nos quadros do banco. Hoje, os jovens só pensam nas vantagens momentâneas e são meros batedores de ponto e cumpridores das metas do dia. Não conhecem o passado do BB, seu presente e não verão o futuro da instituição. Lamentável!

Zé Maria

As mil empresas com maiores dívidas ativas com a União sonegaram, ao todo, R$ 754,7 bilhões aos cofres públicos.

De acordo com reportagem de Igor Carvalho, no Brasil de Fato, esse valor sonegado seria capaz de pagar o auxílio emergencial de R$ 600 a todos os benefícios por mais 14 meses.

https://www.brasildefato.com.br/2020/07/27/divida-de-mil-empresas-com-a-uniao-pagaria-o-auxilio-emergencial-por-14-meses

Nelson

Por conta desse negócio, os deputados federais Enio Verri (PT-PR), Zé Carlos (PT-MA) e João Daniel (PT-SE) e a deputada Erika Kokay (PT-DF) ingressaram com uma ação no Ministério Público Federal contra o ex-presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes.

“Qual a razoabilidade do Banco do Brasil ter alienado essa Carteira de Crédito por 12,8% do seu valor estimado quando o próprio conglomerado do BB possui a empresa Ativos S.A. que tem obtido taxas de retorno e sucesso da ordem de 23% segundo o balanço de 2019 do próprio Banco do Brasil?”, perguntam os deputados.

Em sendo assim, o banco público perdeu praticamente a metade do que conseguiria arrecadar se mantivesse esse lote de créditos em seu poder. Prejuízo para o tesouro nacional, prejuízos para o povo brasileiro como um todo.

Mas, tem mais. Ao que tudo indica, os nossos prejuízos, e os ganhos do BTG Pactual, não ficarão só nisso. Em maio deste ano, o Congresso Nacional aprovou a tal de PEC 010/2020, supostamente, para enfrentar o difícil período da pandemia. Por isso, de forma a engabelar mais facilmente o povo, deram a ela o nome de “Orçamento de Guerra”.

Enxertada na PEC, uma medida a mais para satisfazer a insaciável sede de lucros da banca privada. Se o Congresso Nacional já não tivesse aprovado outras barbaridades – PEC241-EC95, “reforma” Trabalhista, MP do Trilhão, Terceirização sem limites, “reforma” da Previdência, para citar só essas – nos últimos anos, a aprovação dessa medida seria uma grande surpresa.

Infelizmente, não é. Falo da autorização dada ao Banco Central, banco público que, na verdade, é totalmente guiado por interesses da banca privada, para comprar derivativos. Em linguagem simplificada, títulos podres.

Alguns entendidos afirmam que os bancos privados têm, em seu poder, em torno de R$ 1 trilhão desses títulos. Aqui, como alertava um eminente economista, deve entrar a tacada principal do BTG ao comprar a carteira de crédito do BB.

Ou seja, o BTG poderia vender a tal carteira, pela qual pagou R$ 371 milhões, por 500, 800, 1,5 bilhão ao BC. Ou mais, já que o BC está em mãos privadas. Quem duvida?

Então, o negócio com o BB pode estar garantindo ganhos vultosos dos dois lados para o BTG. E grandes prejuízos também nas duas pontas para nosotros. A compra de títulos podres pelo BC vai aumentar a dívida pública.

Com o aumento da dívida, os governantes de plantão não demorarão em lançar mão, uma vez mais, de sua “saída mágica” que conteria o endividamento: mais cortes na saúde, educação, saneamento, moradia, enfim, mais cortes na qualidade de vida do povo.

E “asi pasan los dias”, e vão se passando os anos e as décadas no nosso Bananão. Mas, não desesperemos, pois, como podemos ver, é com afinco que os homens que vieram, com procuração divina, para nos livrar da corrupção estão a trabalhar.

Julio Costa

Quem vale menos, mouro, guedes ou bolsonaro? Quem dá menos?

Zé Maria

A “demoracia judicial”:
‘pequeno’ Jornal GGN, de Nassif,
não pode falar do ‘grande’ BTG Pactual

Por Fernando Brito, no Tijolaço: https://t.co/CG8U2wmLEN

https://twitter.com/luisnassif/status/1300079680649940994
https://tijolaco.net/a-demoracia-judicial-pequeno-jornal-ggn-de-nassif-nao-pode-falar-do-grande-btg-pactual/

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