Ângela Carrato: Operação Carbono Oculto some do noticiário.‘Rabo preso’ da mídia com a Faria Lima?

Tempo de leitura: 6 min
Ilustração: Renato Aroeira (@arocartum)

Por Ângela Carrato*

A megaoperação de combate ao crime organizado, Carbono Oculto, considerada a maior no gênero em toda a história do Brasil, tanto em abrangência quanto em complexidade, que, na última quinta-feira (28/8) mirou 350 alvos, entre eles 42 no coração financeiro de São Paulo, a avenida Faria Lima, quase desapareceu da mídia corporativa.

Exceto no noticiário das TVs na mesma noite da operação e nas manchetes dos jornalões no dia seguinte, praticamente não se falou mais no assunto.

Em qualquer país onde a mídia fosse minimamente séria, era para o assunto seguir nas manchetes, com os diversos veículos de comunicação trazendo diariamente novas informações, entrevistas e produzindo reportagens investigativas.

Não faltam conexões a serem investigadas, atitudes suspeitas de figurões e de seus assessores, fugas cinematográficas em lanchas e escritórios vazios quando a Polícia Federal chegou a alguns prédios da Faria Lima.

Não seriam esses elementos de sobra para o assunto continuar “quente” no noticiário?

Como nada é por acaso, a explicação para tal sumiço passa pelo “rabo preso” desta mídia com o “mercado” (do qual a Faria Lima é sinônimo), do apoio que dá a figurões do meio empresarial suspeitos de financiarem políticos da direita e da extrema-direita golpista e do comprometimento dela própria com o golpismo no Brasil.

Depois de uma década promovendo a Operação Lava Jato e seus falsos heróis – Sérgio Moro e Deltan Dalagnol – como paladinos no combate à corrupção e ao crime de colarinho branco, o mínimo que esta mídia teria que ter feito é pedir desculpas ao público pela enganação que lhe proporcionou.

Como isso não aconteceu e ela segue “passando pano” para o lavajatismo, mesmo após o fim melancólico e desmoralizado desta operação, é pouco provável que tenha qualquer interesse em cobrir e se aprofundar no efetivo combate à corrupção no “andar de cima”.

Para quem é familiarizado com o funcionamento desta mídia, tem sido muito interessante observar como, desde o primeiro momento, houve a tentativa de transformar as instituições financeiras alvo da operação em vítimas. No máximo, as fintechs (bancos digitais) teriam sido “usadas” pelo crime organizado (PCC) para lavar dinheiro, sem que suspeitassem de nada.

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O avanço do crime organizado sobre o sistema financeiro formal é um fenômeno que merece toda atenção. A recente operação, que prendeu pessoas ligadas ao mercado financeiro por suspeita de colaborarem com o PCC, é um exemplo de como essa engrenagem criminosa opera.

Esse fato não deveria estar merecendo da mídia o maior destaque e aprofundamento nas informações?

Não se trata apenas de transações ocultas, mas da criação de estruturas para dar aparência de legalidade a recursos ilícitos, a famosa “lavagem” de dinheiro, por parte de empresas do mercado.

Por que não estão sendo feitas reportagens mostrando o que são e como surgiram as fintechs, empresas que atuam no mercado financeiro baseando-se inteiramente na tecnologia?

Uma possível resposta passa pelo fato de até antes da Operação Carbono Oculto elas não serem reguladas no Brasil, transformando-se em uma espécie de big techs da gestão de fundos e dos investimentos, por onde circulam bilhões de reais.

Situação que, obviamente, estas empresas gostariam que fosse mantida.

Um levantamento inicial indicou, por exemplo, que o PCC movimentou R$ 46 bilhões de recursos, de 2020 a 2024, através da Faria Lima.

Por que igualmente não teve o devido destaque e a repercussão que merece o anúncio feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a Receita Federal passará a enquadrar as fintechs como instituições financeiras, determinando que cumpram as mesmas obrigações legais e fiscais dos bancos tradicionais?

Para uma mídia que exalta o “mercado” e o consulta para tudo – desde se gostou da subida ou queda do dólar ou de medidas adotadas pelo governo Lula -, não seria obrigação mostrar quem são, como vivem e agem os banqueiros e “figurões” da Faria Lima, alvo da operação da PF contra o PCC?

Por que os nomes de Mohamed Mourad, João Pedro Mansur, Rodolfo Riechert, Roberto Augusto Leme da Silva, Ricardo Magro, Maurício Quadrado e Nelson Tanure não viraram manchetes?

Por que não foram ouvidos ou tiveram suas conexões empresariais transformadas em ilustrações exibidas pela mídia?

Uma possível resposta, uma vez que são nomes conhecidos e fontes de vários jornalistas e analistas econômicos, é o fato de possuírem negócios e parcerias com os donos desta mídia.

O caso mais visível é Rodolfo Riechert, fundador e CEO da Genial Investimentos.

Alvo da operação, o seu banco administra o fundo Radford. O Ministério Público Federal afirma que o fundo, de R$ 100 milhões, foi constituído e utilizado pelo PCC.

O grupo Genial é também o parceiro do Instituto de Pesquisas Quaest, que substituiu o extinto Ibope na divulgação de pesquisas de opinião na TV Globo.

Já o CEO da Quaest, Felipe Nunes, é diretor da Comissão Fullbright no Brasil, conselheiro da Fundação Roberto Marinho, comentarista de política na TV Globo e na GloboNews. Mais uma vez, parece que não seria interessante para os irmãos Marinho, herdeiros do Grupo Globo, um aprofundamento sobre suas parcerias.

No terceiro governo Lula, a Genial/Quaest tem pesquisado dia sim e outro também, a popularidade do presidente Lula e suas chances numa disputa para um novo mandato em 2026. Mesmo Bolsonaro estando inelegível por oito anos, os formulários de pesquisa insistem em incluir seu nome em todas as rodadas sobre eleição presidencial.

Mero acaso? Detalhe sem importância?

Claro que não.

Vale notar que estas pesquisas, da forma como são estruturadas, acabam prestando um desserviço à democracia, colocando água no moinho dos golpistas e da extrema-direita que insistem em questionar as decisões da Justiça quanto a Bolsonaro, cujo julgamento acontece a partir desta terça-feira (2/9).

A Quaest não é o único instituto de pesquisa que tem agido desta maneira e na maioria das vezes tais pesquisas são bancadas pelo mercado financeiro. Isso, no entanto, parece um detalhe sem importância para esta mídia, sempre a procura de uma “terceira via” que a livre de uma nova vitória de Lula nas eleições

O jornal Folha de S. Paulo também é bastante próximo de uma fintech. Entre os negócios de seu proprietário, Luis Frias, está o PagSeguro, uma das maiores fintechs da América Latina, que oferece serviços financeiros como pagamentos online, contas digitais e pagamento via maquininhas de cartão. A empresa não está entre as investigadas, mas mesmo assim seu proprietário parece querer distância do assunto.

A Operação Carbono sumiu da Folha de S. Paulo e do portal UOL, outro veículo do grupo, no dia seguinte à sua realização.

Para uma mídia que, aparentemente, tenta se colocar distante dos bolsonaristas – o que definitivamente não corresponde à realidade – outra pauta interessante e oportuna seria investigar as conexões de fintechs com extremistas de direita, a exemplo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Seu vídeo denunciando uma inverídica taxação do governo Lula sobre o PIX, sistema brasileiro instantâneo de pagamentos, viralizou recentemente de forma escandalosa e muito suspeita.

O vídeo gerou uma enxurrada de fake news sobre a falsa taxação, que levou a Receita Federal a revogar medidas que apenas disciplinavam o uso e ampliavam a fiscalização do PIX. A ação de Nikolas teve alto custo político para o governo Lula e não poderia estar passando em branco.

Observando os fatos em retrospectiva, a mídia está devendo ao público reportagens ligando as pontas deste episódio, aí incluído o PCC e a lavagem de dinheiro e o próprio ataque do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao PIX considerado por ele como “concorrência desleal” às empresas de seu país.

Por ser gratuito para as pessoas físicas e ter custo baixo para as empresas, o PIX representa um forte concorrente para as grandes operadoras de cartão de crédito estadunidenses, como Visa e Mastercard.

Trump não tem nada com isso e, pior ainda, não deveria tentar se meter na vida de empresas de outro país. Mas age e tem tentado, de toda forma, prejudicar o Brasil e os interesses do povo brasileiro, auxiliado por brasileiros traidores da pátria e pela própria mídia que não mede esforços para criticar Lula e tentar responsabilizá-lo até pelas ações imperialistas de Trump contra o Brasil.

Esta mídia consegue a proeza de falar sobre as taxações dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos e as sanções de Trump contra autoridades brasileiras sem contextualizá-las e, sem, jamais, chamá-las pelo nome: imperialismo ou tentativa de transformar o Brasil em “quintal” do Tio Sam.

Ao agir contra o PIX, como fez Nikolas Ferreira, ele não poderia ter propositalmente prejudicado o serviço de pagamentos brasileiro?

Não poderia estar facilitando a lavagem de dinheiro por parte do PCC?

A mídia tem obrigação de abordar o assunto, especialmente num momento em que se avolumam denúncias contra este parlamentar e integrantes do seu partido, que estenderam a bandeira de Trump e dos Estados Unidos em pleno Congresso Nacional.

Para quem não poupou artifícios e mentiu descaradamente para transformar a Operação Lava Jato, parceria da classe dominante brasileira com os interesses dos Estados Unidos, em algo que pudesse parecer positivo para a nossa população, o silêncio diante da Operação Carbono Oculto é pleno de significados.

A Operação Lava Jato foi responsável pelo golpe contra a presidente Dilma Rousseff e pela prisão, sem crime, de Lula, viabilizando assim a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência da República em 2018, com todo o entreguismo daí decorrente.

Para quem continua acreditando que a Lava Jato foi uma operação genuinamente brasileira, sugiro a leitura do livro de Luis Eduardo Fernandes, “A Internacional da Lava Jato. Imperialismo, nova direita e o combate à corrupção como farsa” (editora Autonomia Literária, 2024).

O autor detalha e comprova como a Lava Jato fez parte da chamada “guerra híbrida” dos Estados Unidos contra o Brasil. Guerra que tem início em 2013 e prossegue mais ativa do que nunca nos dias atuais.

Como a Operação Carbono Oculto deverá ter desdobramentos, não só figurões no meio político como a turma das fintechs estão preocupados. E a mídia corporativa também.

Se o papel da mídia é mostrar os fatos, o da mídia corporativa brasileira tem sido ocultá-los o máximo possível.

Resta saber até quando terá sucesso nesta empreitada.

Enganação que levou ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016, à prisão, sem crime, de Lula, em 2018, e à eleição de Jair Bolsonaro. Um pesadelo do qual ainda não conseguimos nos livrar totalmente.

*Ângela Carrato, jornalista, professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. É membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (Abi) 

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Zé Maria

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“Quem é DANIEL VORCARO, Dono do Banco Master
cuja Operação de Compra pelo BRB foi Rejeitada
pelo Banco Central”

A notícia de que o Banco Central vetou a compra
de parte do Banco Master pelo BRB lança luz,
mais uma vez, sobre DANIEL VORCARO, belo-horizontino
de 41 anos que possui participação em várias empresas
‘destacadas’, além de ser dono de cerca de 25% da SAF
do Clube Atlético Mineiro.

Vorcaro, que é dono do Banco Master, poderia ter usado
sua proximidade com diversos políticos de Brasília para
conseguir fazer a negociação com o banco brasiliense,
que é controlado pelo governo do Distrito Federal.

Além do Banco Master, Vorcaro possui participações
em diversas empresas, como a Biomm, empresa
farmacêutica sediada em Nova Lima, na Grande BH,
que está produzindo insulina para abastecer o SUS.

Uma reportagem de agosto indicou que Vorcaro
colocou à venda no mercado um novo conjunto de
ativos contendo precatórios, direitos creditórios de
ações judiciais, a seguradora Kovr e ações de empresas.

Por R$ 1,5 bilhão, o BTG Pactual adquiriu, do banqueiro,
ações de empresas como Light (15,17% do capital social)
e Méliuz (8,12% do capital social), por meio da cessão
de cotas de fundos de investimento.

A negociação também envolveu precatórios e imóveis
como o prédio do Hotel Fasano, em São Paulo.

Em 2023, Daniel Vorcaro virou notícia em todo o Brasil
ao gastar cerca de R$ 15 milhões na festa de 15 anos
da filha, em Nova Lima.
O evento contou com show do Alok e bolo de R$ 25 mil
“importado” de São Paulo.

Relação com a Reag
Mais da metade dos fundos do Banco Master são administrados por Trustee DTVM e Reag Investimentos,
empresas que estão entre os 350 alvos da Operação
Carbono Oculto da Polícia Federal, que cumpriu mandados
de busca e apreensão e de prisão em investigações
sobre ação do Primeiro Comando da Capital (PCC)
em negócios da economia formal na Faria Lima.
Vorcaro tem relação próxima com as duas empresas.

Segundo apuração da Imprensa, a casa do empresário
em Brasília tem ligações com a Reag, que administra
cinco fundos ligados ao Master.

Além disso, a compra do Will Bank, em 2024, pelo Master,
foi realizada em operação conjunta com a Reag,
uma das maiores gestoras independentes do país.
Listada na B3 (Bolsa de Valores brasileira), seu principal
foco é a gestão de recursos e de patrimônio.

Os agentes chegaram à sede da empresa na alameda
Gabriel Monteiro, na zona oeste da capital, nas primeiras
horas da manhã.
Também estiveram em outras administradoras em
três endereços da avenida Faria Lima, que concentra
as empresas financeiras do Brasil.

Segundo a força tarefa, cerca de 40 fundos são suspeitos
de serem utilizados pelo PCC e suas gestoras foram
os alvos na quinta-feira (28).

A Carbono Oculto, maior operação desse tipo na história,
mobilizou 1.400 agentes policiais e da Receita Federal
em oito estados numa megaoperação na quinta-feira (28)
e busca desarticular a infiltração do crime organizado
no setor de combustíveis e em instituições financeiras
utilizadas como suporte da Organização Criminosa.

Fundada por João Carlos Mansur em 2012, a Reag
passa por um acelerado processo de crescimento,
impulsionado por aquisições e diversificação de
investimentos.

Passou também a patrocinar o tradicional Belas Artes,
um dos cinemas de ruas mais tradicionais da capital paulista.

A divulgação do resultado fechado para o ano de 2024
foi postergada, mas os anúncios trimestrais mostraram
que ela saiu de um prejuízo de R$ 2,1 milhões no primeiro
trimestre de 2023 para um lucro líquido de R$ 2,9 milhões
no primeiro trimestre de 2024.

Em janeiro deste ano, estreou na B3 comprando uma
empresa que já estava listada, um tipo de operação
que o mercado chama de IPO reverso (sigla em inglês
para Oferta Inicial da Ações).

Adquiriu a GetNinjas e a transformou na nova plataforma
de investimentos do grupo.
Está listada no segmento ‘Novo Mercado’, que exige
práticas de governança corporativa ‘mais elevadas’.
A aquisição foi gradativa, por meio da compra de ações.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) avaliou que
a Reag demorou para deixar clara a intenção de que
pretendia assumir a GetNinjas e abriu um processo
para apurar a irregularidade dessa falta de transparência.

Por causa das sucessivas aquisições, a Reag Investimentos
controla diversas empresas especializadas em diferentes
segmentos do mercado financeiro.

A Reag Asset Management, por exemplo, faz gestão
de fundos de investimento, incluindo FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e fundos imobiliários.

A Reag Administradora de Recurso trabalha com carteiras
de títulos e valores mobiliários.

A Empírica Investimentos, especializada em crédito
estruturado, é uma das maiores gestoras de crédito
do Brasil, com R$ 25 bilhões sob gestão.

A Reag Trust, rebatizada como Ciabrasf (Companhia Brasileira de Serviços Financeiros), originalmente fazia
parte da GetNinjas.
Foi reestruturada e listada na B3, em fevereiro deste
ano, para atuar na administração de fundos e serviços
fiduciários.
É uma das principais gestoras de FIPs (Fundos de Investimento em Participações), FIDCs e Fundos
Multi Mercado no Brasil.

No seu portfólio também estão Rapier, Quadrante, Quasar,
Hieron e Berkana, empresas que foram adquiridas
pelo grupo para atuar em áreas específicas, como
multimercados, ativos líquidos,FIDCs, crédito estruturado
e ‘private equity’.

Mais Detalhes em:

https://www.otempo.com.br/economia/2025/8/28/reag-investimentos-e-alvo-de-operacao-que-mira-atuacao-do-pcc-na-faria-lima-em-sp

https://www.otempo.com.br/economia/2025/9/4/quem-e-daniel-vorcaro-dono-do-banco-master-e-de-parte-da-saf-do-atletico

https://revistaforum.com.br/brasil/2025/9/4/bc-barra-compra-do-master-pelo-brb-186919.html
.
.
[Esse tal Vorcaro é a Prova Viva de que Ninguém
fica Bilionário Trabalhando Honestamente].
.
.

Zé Maria

https://autonomialiteraria.com.br/wp-content/uploads/2024/03/WhatsApp-Image-2024-03-14-at-17.40.20-440×539.jpeg

“A Internacional da Lava Jato:
Imperialismo, Nova Direita e
o Combate à Corrupção
como Farsa”

Autor: Luís Eduardo Fernandes
Prefácio: Zé Paulo Netto
Orelha: Juliane Furno
Contracapa: Elias Jabbour
Apresentação: Marcelo Braz
Revisão: Lígia Magalhães
Capa: Rodrigo Correa
ISBN: 978-65-5497-017-4
Páginas: 400
Ano: 2024

Descrição
As relações entre a operação Lava Jato e organismos governamentais norte-americanos, em especial o Departamento de Justiça, suscitaram polêmicas, denúncias e debates em diversos círculos.

No entanto, é pouco debatido como o chamado “combate à corrupção”, na última década, foi instrumentalizado pela ofensiva, liderada pelos EUA, jurídica, política, econômica e ideologicamente contra governos não alinhados aos ditames de Washington.

Neste livro, que conta com prefácio de José Paulo Neto, orelha de Juliane Furno, contracapa de Elias Jabbour e apresentação de Marcelo Braz, Luís Eduardo Fernandes apresenta, a partir da análise crítica de extensa documentação inédita no Brasil, a relação da Lava Jato com o Imperialismo contemporâneo:
vínculos não somente com órgãos governamentais estrangeiros, mas uma extensa rede de ONG´s, Think Tanks, organizações empresariais e jurisdições extraterritoriais que influenciaram a formação de uma autonomia relativa dessa operação que culminou na destruição de cadeias produtivas nacionais, no golpe de 2016 contra Dilma Rouseff e na projeção de uma nova direita com peso de massas no Brasil.

Sobre o autor
Luís Eduardo Fernandes
Historiador, mestre em História pela UFF e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Atualmente é professor do IFSP e na Escola de Serviço Social da UFRJ.
Pesquisa os seguintes temas: imperialismo contemporâneo, formação social brasileira e políticas públicas anticorrupção.

“O autor está superlativamente preparado para conduzir, com êxito, a sua pesquisa.
É que, além de historiador competente, Luís Fernandes é um dos mais perspicazes estudiosos da tradição crítico-analitica inaugurada pelos teóricos marxistas do começo do século XX, nomeadamente Rudolf Hilferdin, Rosa Luxemburgo, Vladimir Lenin e Nikolai Bukharin.
Luís Fernandes, porém, está muito afastado da condição de um didático divulgador ou um disciplinado seguidor dos ‘clássicos’ do marxismo: vai além destes, é original, inovador e criativo.”
— José Paulo Netto

“Esse trabalho está IMPECÁVEL.
Arriscaria a dizer que é o melhor livro que já li dos pesquisadores da nossa geração.
Feliz demais em fazer a orelha.
Obrigada, Luís, teu trabalho é fundamental!”
— Juliane Furno

“O livro que Luís Fernandes nos entrega não é somente sobre a Lava Jato ou qualquer outra operação que envolva a participação de uma potencia estrangeira na determinação dos destinos de outros países.
Ele fez algo fundamental: elucidou qual a verdadeira forma histórica que o imperialismo toma em nossa época. Não se trata mais, ou somente, da mera exportação de excedentes e disputa pelo mercado mundial.
Vai além disso, pois alcançou um grau de complexidade jamais visto tanto pela organização de organizações extraterritoriais para fazer valer determinados interesses, domínio da subjetividade média com apelos a temas sensíveis e com forte apelo moral e estético e, por fim, a própria descontração da capacidade de pensamento crítico nos países dependentes.”
— Elias Jabbour

https://autonomialiteraria.com.br/loja/teoria-politica/a-internacional-da-lava-jato-imperialismo-nova-direita-e-combate-a-corrupcao-como-farsa/

Wagner Murinelli

obrigado Sra. Ângela Carrato , como e prazeroso ler seus artigos , pena que igual a Sra. existam pouco na midia atual que virou uma coisa nojenta sem exceções atualmente.

Zé Maria

Excerto

“Um levantamento inicial indicou, por exemplo, que o PCC
movimentou R$ 46 bilhões de recursos, de 2020 a 2024,
através da Faria Lima.

Por que igualmente não teve o devido destaque e a
repercussão que merece o anúncio feito pelo ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, que a Receita Federal
passará a enquadrar as ‘fintechs’ como instituições
financeiras, determinando que cumpram as mesmas
obrigações legais e fiscais dos bancos tradicionais?

Para uma mídia que exalta o ‘mercado’ e o consulta
para tudo – desde se gostou da subida ou queda
do dólar ou de medidas adotadas pelo governo Lula -,
não seria obrigação mostrar quem são, como vivem
e agem os banqueiros e ‘figurões’ da Faria Lima,
alvo da operação da PF contra o PCC?

Por que os nomes de Mohamed Mourad, João Pedro Mansur,
Rodolfo Riechert, Roberto Augusto Leme da Silva,
Ricardo Magro, Maurício Quadrado e Nelson Tanure
não viraram manchetes?”

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