Ângela Carrato: Debate com pencas de mentiras ignoradas por âncoras e entrevistadores ou show de variedades, a começar pela estranha sala do Google?

Tempo de leitura: 7 min
Foto: Reprodução

DEBATE OU SHOW DE VARIEDADES?

Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo

O visual adotado pela TV Bandeirantes se assemelhou mais ao de um show de variedades.

Muitas luzes, efeitos especiais, trilha sonora, imagens cinematográficas, além da tal sala digital do Google, tudo isso para o primeiro debate entre os candidatos à presidência da República.

Um debate que tinha tudo para ser histórico. E não foi.

Faltou jornalismo no sentido mais amplo da palavra e sobrou estranheza, a começar pela tal sala do Google e sua tentativa de ressignificar o que estava sendo dito e visto.

O debate transcorreu em meio a uma dinâmica confusa, com apresentadores e jornalistas sendo alterados a cada bloco e a demagogia marcando a fala da maioria dos candidatos.

Como nas entrevistas na TV Globo, na semana passada, o alvo previsível era e foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela óbvia razão dele estar liderando todas as pesquisas de intenção de votos.

O debate foi aberto pelo desconhecido candidato do Partido Novo, Felipe D’Ávila.

Deu a partida se apresentando e mentindo. Disse que há 20 anos a economia brasileira não cresce.

Na sequência, a igualmente desconhecida Soraya Thronicke, do União Brasil, lascou uma pérola: não sou política, estou na política.

E não parou aí: disse ser “muito chato” ficar escutando juridiquês e politiquês e, bem no estilo de uma pastora de igreja evangélica, anunciou sua principal e milagrosa (ela prefere chamar de “revolucionária”) proposta: a criação do Imposto Único Federal. Como fará isso, caso eleita? Disse que tudo já está esquematizado por sua equipe, sem revelar nada.

Bolsonaro, candidato à reeleição, protagonizou as falas e as cenas mais deploráveis deste primeiro debate realizado pelo pool de veículos integrado pelo UOL, Folha de S.Paulo, TV Bandeirantes e TV Cultura.

Além de repetir as fake news de sempre, agrediu verbalmente a candidata Simone Tebet, do MDB, a jornalista da TV Cultura, Vera Guimarães, e ainda chamou Lula, por duas vezes, de ex-presidiário.

REVOGAR SIGILOS

Lula não caiu nas provocações de Bolsonaro e nem nas de Ciro Gomes, candidato do PDT.

Da mesma forma que não se comprometeu com promessas que, em si, dizem pouco, a exemplo da paridade entre homens e mulheres na equipe ministerial.

No direito de resposta a que fez jus em relação a Bolsonaro, Lula lembrou que foi inocentado pelo STF, pela ONU e que só foi preso “para que Bolsonaro fosse eleito”.

No final, o ex-presidente ainda fez um anúncio: caso seja vitorioso, seu primeiro decreto será revogar todos os sigilos de 100 anos impostos pelo atual ocupante do Palácio do Planalto.

Ciro e Tebet tentaram, a todo custo, melhorar o fraco desempenho que têm tido nas pesquisas de intenção de voto, com propostas tão mirabolantes quanto inexequíveis.

Funcionando como espécies de metralhadoras giratórias, procuraram atingir tanto Bolsonaro quanto Lula sob o argumento de que os governos dos dois foram marcados pela corrupção e que ambos se equivalem. Situação que insistem em definir como “polarização” e responsável pelos problemas de que padecem o país e o povo brasileiro.

O tema corrupção acabou tendo, como era igualmente previsível, enorme presença neste debate. Bolsonaro, para desviar o assunto de seu governo, acusou Lula e o PT de terem sido corruptos e os demais candidatos, na caradura, pegaram carona e alguns prometeram até o óbvio: não nomear corruptos para suas equipes caso eleitos.

Também como era previsível, o ex-presidente Lula foi o único que deu nome aos bois: respondendo a Bolsonaro, disse que a ex-presidente Dilma Rousseff foi alvo de um golpe, que as “pedaladas” a ela atribuídas não são nada se comparadas ao escândalo do “orçamento secreto”.

Ciro e Tebet deram continuidade à tabelinha que vem protagonizado, cujo objetivo é empurrar a eleição para o segundo turno.

Ciro chegou a se apresentar como a solução para “despolarizar as eleições”. Tebet fez o mesmo e ainda aproveitou para tentar outra tabelinha, desta vez com a desconhecida Thronicke, de quem disse ter sido professora. Não deu certo.

De forma quase patética, as duas se colocaram como porta-vozes das mulheres brasileiras. Detalhe: Tebet apoiou o golpe contra a primeira mulher presidente deste país, Dilma Rousseff, e Soraia, que se diz cristã, declarou em entrevista que nem em todos os casos de estupro as mulheres estão com a razão.

TUDO PARA SEREM NOTADOS

Thronicke e Felipe D’Avila só participaram do debate, porque seus partidos têm representação no Congresso Nacional.

Como estreantes, fizeram de tudo para serem notados. Usaram e abusaram de promessas envolvendo saúde e educação, de olho no voto dos mais carentes e dos gravíssimos problemas que esse segmento enfrenta no governo Bolsonaro.

Os erros e fake news de Bolsonaro em se tratando da pandemia foram tema da pergunta que Tebet fez ao presidente.

Ela se valeu do fato de ter integrado a CPI do Senado que investigou a atuação do governo. Motivo da agressão verbal de que foi vítima e do direito de resposta que conseguiu. O assunto voltou à cena na pergunta que Lula fez a Tebet e em alguns comentários de Ciro.

Nem Lula ter afagado e chamado Ciro de “caro amigo” alterou seus ataques. Ciro voltou a repetir sua teoria um tanto delirante de que Lula é o responsável pela vitória de Bolsonaro, mesmo tendo sido preso e impedido de disputar a eleição em que Bolsonaro foi vitorioso. Lula, por sua vez, lembrou que Ciro foi para Paris e sequer votou no segundo turno do pleito de 2018.

É no mínimo estranho que a maioria dos candidatos não tenha se detido mais num assunto tão crucial para a população brasileira como a pandemia. O mesmo podendo ser dito de problemas gravíssimos como fome, desemprego, inflação de dois dígitos, perda de direitos por parte da maioria da população, privatização de empresas estatais, preço dos combustíveis e destruição da Petrobras.

Mais uma vez percebe-se que, mesmo criticando Bolsonaro, todos miravam para valer o ex-presidente Lula. Daí a insistência tanto de Bolsonaro como dos demais no tema corrupção em detrimento da pauta econômica.

Depois de a própria mídia corporativa brasileira ter martelado na cabeça da população as agora sabidas mentiras da Operação Lava Jato e de seus desmoralizadíssimos ex-juiz Sergio Moro e ex-procurador Deltan Dallagnol, o que esses candidatos pretendem é tentar reativar o ódio ao PT.

Vale lembrar que até hoje a mídia não se desculpou e nem fez autocrítica pelas mentiras que contou à população brasileira desde as chamadas manifestações de junho de 2013, passando pelo impeachment da Dilma e chegando aos dias atuais.

FORMATO COMPROMETEDOR

O Brasil não tem tradição em debates presidenciais. O comum tem sido inexistirem ou acontecerem de forma enviesada.

O deste domingo poderia ter rompido com isso. Mas não foi o que se verificou.

O formato adotado comprometeu e muito o entendimento de quem o assistiu, sem falar que o horário, como foi dito, está longe de ser o ideal para ser acompanhado por quem trabalha e precisa acordar cedo.

Qual a razão para este debate não ter começando às 17 ou 18h?

Qual a necessidade de tanta pirotecnia e de tantas mudanças de âncoras e entrevistadores?

Qual o motivo para aspectos essenciais à compreensão de quem estava assistindo não serem informados?

Exemplos? Felipe D’Ávila, do Partido Novo, que se apresenta como cientista político e professor e tanto falou em pobres, é, de todos os candidatos à presidência, o mais rico.

Com um patrimônio de R$ 24,6 milhões (a recente mudança na legislação eleitoral não permite que se conheça mais detalhes sobre patrimônio dos candidatos) prometeu coisas incompatíveis: erradicar a extrema pobreza e promover a abertura total da economia brasileira.

Não existe na história mundial um único país em que isso tenha sido possível.

Num debate e não numa espécie de show, esse tipo de contradição teria que ser apontada. Não basta que um candidato possa fazer perguntas para o outro e que haja direito de réplica ou de tréplica. É necessário um fio condutor, para que não se salte de um assunto para o outro e as questões não sejam só tangenciadas, sem qualquer aprofundamento ou esclarecimento.

Convenhamos: não dá para discutir nada, com um mínimo de seriedade, em quatro ou cinco minutos.

MAIS AGRESSÕES QUE PROPOSTAS

Nem de longe esse debate chegou perto do que se propôs. Falou-se mais do passado do que do futuro e as agressões estiveram presentes num grau infinitamente maior do que propostas para superar a crise, que é gravíssima.

Parece que o debate foi pensado para um país vivendo em plena normalidade. Nenhum jornalista fez referência aos ataques sistemáticos de Bolsonaro à democracia, às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.

Se o objetivo era propiciar a apresentação de propostas pelos candidatos, é inadmissível a conivência com mentiras por parte dos seus organizadores. As mentiras não podem ser tratadas com o mesmo status que as verdades.

É por isso que o país está na situação em que se encontra. E a mídia tem enorme responsabilidade neste processo.

Durante a campanha eleitoral de 2019, nos Estados Unidos, em mais de uma oportunidade os veículos de comunicação desligaram microfones e câmeras quando o então presidente Trump falou barbaridades e se valeu de fake news. Trump ficou, literalmente, falando sozinho.

Não se pode permitir que Bolsonaro agrida a verdade a cada frase que pronuncia e fique o dito pelo não dito.

O cuidado nos debates presidenciais nos Estados Unidos é tamanho, que não são conduzidos por grupos privados de mídia e menos ainda contam com a participação de mídia estrangeira em sua organização. Eles acontecem em auditórios de universidades e a transmissão fica a cargo da PBS (Public Broadcasting System), a TV pública de lá.

CÃOZINHO DE PAVLOV

No mais, não entendi qual o papel da tal sala do Google. Aquele papo de checar os assuntos mais acessados pelos telespectadores/internautas me pareceu algo problemático.

Mais do que isso: uma tremenda manipulação. A maioria dos candidatos se junta para falar em corrupção e depois o Google constata que o assunto corrupção foi o tema que gerou mais buscas! Me poupem, né. Parece até coisa do cãozinho de Pavlov.

Não vou reproduzir aqui as pencas de mentiras ditas por Bolsonaro e nem o lero-lero de candidatos que, sem qualquer chance de se vitória, falaram qualquer coisa. A gravação está disponível para quem quiser conferir.

É preciso salientar, no entanto, que é inaceitável a complacência da mídia brasileira com Bolsonaro. Ela perderá mais credibilidade, da pouca que lhe resta, quando a mídia internacional se debruçar sobre esse debate, em especial sobre assuntos que envolvem a comunidade internacional como os “rios de dinheiro” que estariam entrando no Brasil, a maravilha em que vive o meio ambiente ou tudo aqui estar indo bem.

No show de horrores de Bolsonaro, não faltou nem mesmo o aceno explícito para o que há de mais reacionário na política nacional – a turma do “Deus, Pátria e Família” – e na internacional, o deep state estadunidense, com referências às vitórias de candidatos progressistas em países como Chile e Colômbia e o fato do então candidato à presidência da Argentina, Alberto Fernández, ter visitado Lula na prisão.

Lula chamou atenção, exatamente pelo oposto: a tranquilidade e a segurança com que enfrentou ataques e mentiras.

Nem assim deixou de fazer elogios aos adversários e passar ao largo de atritos com os estreantes. Certamente estava mirando na governabilidade ou em alianças, caso a eleição vá para o segundo turno.

Como estão previstos mais quatro debates antes de 2 de outubro, dá tempo para evitar que se repita mais do mesmo.

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação da UFMG.

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Comentários

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Paulo Moreira

É difícil aceitar que pessoas que eu sei que são inteligentes não enxerguem que orçamento secreto é ‘n’ vezes mais grave que os desvios atribuídos aos petistas e que Bolsonaro e Lira deviam estar muito mais presos do que um José Dirceu.

Paulo Moreira

Peço desculpas esse blog por usa-lo para um desabafo pessoal. É que eu tive a noção do grau de decepção que tive com Ciro Gomes depois da desgraça que abateu sobre o Brasil. Mesmo após a morte de milhares de brasileiros ele continua favorecendo a candidatura de Bolsonaro. Não me admira que apesar do belo esfrega que ele deu nele no debate tenha sido o único que Bolsonaro apertou a mão antes de ir embora da Band. O cara considera Ciro um poderoso aliado. Ele sabe com quem pode contar.
Infelizmente, Ciro se mostra tão frio e insensível quanto ele. Não concebo que Ciro aja assim e não enxergo mais nele uma índole de esquerda.

Paulo Moreira

Você Ciro Gomes é advogado e sabe que Lula foi condenado e preso sem provas.
Já houve um tempo em que eu o considerava o político mais inteligente e preparado para governar o país. No entanto, o senso de justiça é o mínimo que se espera de um governante. O
senhor definitivamente não é justo e, portanto, não tem condições de governar o país. Lamento os votos que dei a você em primeiros turnos.

Paulo Moreira

Nao costumo fazer comentários nas redes sociais mais gostaria de externar aqui a minha indignação com Ciro Gomes pois a coisa mais grave que ouvi no debate foi ele acusar Lula e o PT de serem responsáveis pela eleição de Bolsonaro.

Se alguém puder que chegue a ele o seguinte:
Seu rancor pessoal tem sido mais importante que o destino deste país Ciro Gomes. Se o senhor não tivesse ido para Paris Haddad teria vencido Bolsonaro mesmo com suposta facada e fake news. O país caiu no abismo e agora além de acusar Lula o senhor o persegue e está lutando para para inviabilizar a candidatura dele sabendo que está contribuindo para um segundo mandato de Bolsonaro e para a perpetuação da barbárie que se instalou no país. Portanto o senhor corre o risco de ser culpado duas vezes por esse caos.
Se fazer política é lutar contra o seu próprio país eu desisto de todos vocês.
Deus nos livre…

Dilma Coelho

Ouvi na tv que Simone Tebet quer se tornar mais conhecida pelo eleitor; então decidi “ajudá-la”:
————————
Ela foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul pela primeira vez em 2014 e faz parte da bancada ruralista. Filha do ex-senador Ramez Tebet, que a lançou na política.
Seu principal projeto pede a suspensão das demarcações de terras indígenas e o pagamento de indenizações para fazendeiros invasores – por sinal, ela é dona de um latifúndio em Caarapó (MS), município conhecido pelos episódios de violência contra os indígenas, e é suspeita de ser uma dessas invasoras.
Seu marido, Eduardo Rocha, é deputado estadual e foi um dos nomes mais atuantes da CPI da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul contra o conselho indigenista missionário (Cimi), entidade conhecida por denunciar a violência de ruralistas contra os povos indígenas.
Ajudou a eleger o Bozo e ainda faz parte de sua base de apoio, embora candidata. Apesar de seu slogan ser “mulher vota em mulher”, votou contra Dilma no processo de impeachment e ajudou Aécio Neves a se safar do processo que respondia por ter pedido dois milhões para Joesley Batista.
Também votou a favor da PEC do Teto de Gastos, das Reformas Trabalhista e da Previdência, e do orçamento secreto.

Ibsen Marques.

Felizmente não perdi meu tempo. Tudo que aconteceu era previsivel. Um show de horrores fruto de uma mídia acanalhada e prepotente.

Zé Maria

Excerto

“Parece que o debate foi pensado para um país vivendo em plena normalidade.

Nenhum jornalista fez referência aos ataques sistemáticos de Bolsonaro
à democracia, às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.

Se o objetivo era propiciar a apresentação de propostas pelos candidatos,
é inadmissível a conivência com mentiras por parte dos seus organizadores.

As mentiras não podem ser tratadas com o mesmo status que as verdades.

É por isso que o país está na situação em que se encontra.

E a mídia tem enorme responsabilidade neste processo.”
.
.
Comentário:

O Grupo Bandeirantes, que é patrocinado pelo Agronegócio
e por agentes e entidades do Mercado Financeiro, não propôs
um debate que proporcionasse o confronto de propostas, mas
sim para que houvesse ofensas e ataques mentirosos como foi.

O Formato do Debate, portanto, não se adequou à Exposição e
Contraposição Civilizada de Idéias e Programas de Governo.
Nesse aspecto, foram Prejudicados Ciro e Lula que efetivamente
possuem Conteúdo Programático a apresentar à População.

Os demais ficaram no Limbo entre o Vazio Absoluto de Bolsolão
e a Torcida Desesperada -da Mídia Venal inclusive- de impedir
a Vitória de LULA no Primeiro Turno e, por conseguinte, levar a
Eleição para o Segundo Turno, qualquer que seja @ Adversári@
da Direita Antipetista.
É Difícil mensurar se os Eleitores tiveram a Clareza Necessária.
Talvez o Propósito do Debate fosse esse mesmo: confundir,
para gerar Dúvida e alimentar a Propaganda Eleitoral na TV.
.
.

Zé Maria

Bolsolão foi no debate precisamente como é e sempre foi:

Mentiroso, Vil e Estúpido com todo mundo que o desagrade.

Não duvide se a jornalista agredida esteja sofrendo ameaças
-de morte, inclusive- como vem ocorrendo com outras pessoas
que ousaram confrontá-lo expondo seus malfeitos no governo.

A gente continua se perguntando: como é que a Maioria pôs
um Miliciano da Última Laia na Presidência da República?

Esperamos que 2 de Outubro seja o Dia da Redenção do Brasil
não o Prolongamento dessa Desgraça Trágica que se abateu.

#LulaNoPrimeiroTurno

Marcelo Machado Campello

Penso que a estratégia do candidato Lula foi adequada,pois se tratava de um ataque combinado de peões,como no jogo de xadrez.

Barreto

Debate é uma coisa que já estava datada nos anos 90 do século passado. Para ser modorrento tinha que melhorar 80 por cento.

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