Altamiro Borges: PSDB complica planos de reeleição do camaleônico bolsonarista em SP

Tempo de leitura: 3 min
Ilustração: Intercept Brasil; Agência Brasil

PSDB abandona Nunes em São Paulo

Por Altamiro Borges, no seu blog

Apesar de dispor de muita grana dos cofres públicos e contar com o apoio dos partidos de extrema direita e fisiológicos e com a simpatia da mídia monopolista, a situação do prefeito Ricardo Nunes, de São Paulo, não é tranquila.

Conforme mais se alinha ao bolsonarismo, o oportunista do MDB sofre novas perdas.

Na sexta-feira passada (22), a comissão executiva municipal do PSDB decidiu abandoná-lo em seu projeto de reeleição. Os tucanos aprovaram o lançamento de candidatura própria na disputa da capital paulista.

De acordo com relato do jornal Estadão, “caso os tucanos não consigam um nome eleitoralmente viável para a cabeça de chapa, também existe a possibilidade de composição com outro candidato. O apoio a pré-candidata do PSB, deputada Tabata Amaral (SP), é tido como mais provável neste cenário”.

Segundo o presidente municipal do PSDB, José Aníbal, a decisão teve nove votos a favor e dois contrários. A reunião durou cerca de duas horas.

A executiva é composta por 15 membros, sendo que só três se ausentaram. Por presidir a comissão, José Aníbal vota apenas em caso de empate.

UM BOLSONARISTA ENVERGONHADO

“Como mostrou o Estadão, a proximidade entre o prefeito da capital e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pesou na decisão do PSDB. Nunes busca o apoio do ex-mandatário para neutralizar possíveis candidaturas bolsonaristas na cidade… Em contrapartida ao apoio do ex-presidente, foi acordado que a posição de vice na chapa de Nunes será ocupada pelo PL. Além disso, o nome precisará ser aprovado por Jair Bolsonaro, relatam pessoas próximas ao chefe do executivo paulistano”.

A decisão do PSDB, uma sigla famosa por seu tradicional “murismo” e por suas crescentes divisões, deve ser questionada nos próximos dias.

Como registra o jornalão, há insatisfação da bancada de vereadores.

“O Estadão apurou que ao menos quatro dos oito vereadores tucanos em exercício vão deixar a legenda e apoiarão Ricardo Nunes. Já na terça-feira, 19, militantes do PSDB se reuniram para divulgar um manifesto a favor do prefeito. Intitulado ‘Movimento tucano com Ricardo Nunes’, o ato teve a presença de parlamentares e de Tomás Covas, filho de Bruno Covas (PSDB), morto em 2021”.

Mesmo assim, a decisão tucana complica os planos de reeleição do camaleônico bolsonarista, que faz um grande esforço em ampliar seu leque de apoio para ter maior espaço na propaganda eleitoral de rádio e TV e mais capilaridade na cidade.

O emedebista já conta em sua coligação com PL, PP, PSD, Republicanos, Avante, Solidariedade e Agir. Ele também espera as adesões do União Brasil e do Podemos.

“Uma aliança com o PSDB seria importante para reforçar a ideia de que Nunes dá continuidade à gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), de quem foi vice”, registra o Estadão. Mas ele gorou!

BAIXA POPULARIDADE DE BOLSONARO NA CAPITAL

Apesar do crescente vínculo com o bolsonarismo – o prefeito inclusive esteve no ato golpista da Avenida Paulista em 25 de fevereiro –, Ricardo Nunes teme pela baixa popularidade do ex-presidente na capital.

Pesquisa Datafolha divulgada na semana retrasada apontou que 63% dos eleitores da cidade de São Paulo afirmam não votar “de jeito nenhum” no candidato indicado por Jair Bolsonaro.

Já a parcela que rejeita um nome apoiado pelo presidente Lula é de 42% – o que aumenta as chances de Guilherme Boulos (Psol).

No ato da Paulista, o camaleônico até tentou disfarçar seu apoio ao ex-presidente fujão, sendo alvo de uma saraivada de críticas.

O presidente do PV, José Luiz Penna, chamou o Ricardo Nunes de “bolsonarista envergonhado” e criticou sua traição ao ex-prefeito tucano.

Em vídeo, ele afirmou que “é vergonhoso ele ter ido à manifestação e ficar escondido, não assumindo sua aliança. Como pode? Um político que conviveu com Bruno Covas. Aliás, só virou prefeito pela infelicidade do Bruno. Traiu a amizade e os compromissos políticos que tinha com Bruno Covas”.

Já o ex-ministro da devastação ambiental, Ricardo Salles, que foi traído por seu “mito”, aproveitou para espinafrar o concorrente.

Como registrou o site Metrópoles, “preterido por Jair Bolsonaro na eleição de São Paulo, na qual o ex-presidente vai apoiar a reeleição do atual prefeito, o deputado Ricardo Salles ironizou a discretíssima passagem de Nunes pela manifestação desse domingo na Paulista. ‘Normal ele ficar quieto, não é o público dele’… Salles, que não subiu ao carro de som onde estavam o ex-presidente e Nunes na Paulista, descartou apoiar a reeleição do emedebista. ‘Se os outros apoiarem, problema deles’, declarou”.

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