Nesta sexta, ato e missa pelos 50 anos da morte de Alexandre Vannucchi Leme, assassinado no DOI-Codi, em SP; vídeo

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Da Redação

Nesta sexta-feira, 17 de março, faz 50 anos que Alexandre Vannucchi Leme foi preso, torturado e assassinado nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo.

Alexandre era estudante de Geologia da USP e tinha apenas 22 anos.

Em sua memória acontecem dois eventos na cidade de São Paulo.

Um, às 16h, é o ato Alexandre Vive! 50 anos, na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, 95, Centro da capital.

É organizado pelo Instituto Vladimir Herzog, Comissão Arns e Núcleo de Preservação da Memória Política.

Participam o jornalista Juca Kfouri, que fará a abertura,  ex-deputado Adriano Diogo, colega do curso de Geologia de Alexandre, e representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Centro Acadêmico XI de Agosto e do Diretório Central dos Estudantes da USP, cujo nome homenageia Vannucchi.

Haverá ainda uma apresentação musical do cantor Renato Braz.

Durante o evento será lançada a exposição virtual Alexandre Vannucchi Leme: eu só disse o meu nome, composta por imagens, áudios e textos que narram a vida, a morte e o legado deixado pelo jovem para a luta por direitos humanos.

Também terá início a pré-venda do livro Eu só disse o meu nome, escrito por Camilo Vannuchi, jornalista e primo de segundo grau do estudante. O lançamento da obra está previsto para o meio do ano.

O outro evento é a missa em memória dos 50 anos de morte de Alexandre.

Será das 19h às 20h, na Catedral da Sé.

A missa será celebrada por dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Mogi das Cruzes (SP), e dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC).

Dom Angélico foi  um dos celebrantes do ato ecumênico realizado após a morte do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975.

Alexandre Vannucchi Leme

 Memórias da ditadura

Alexandre Vannucchi Leme era estudante de Geologia da Universidade de São Paulo (USP), primeiro colocado no vestibular, e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), quando foi assassinado. Conhecido pelos amigos pelo apelido de “Minhoca”, o jovem estava tentando reorganizar o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, o que era ilegal na época. Tinha apenas 22 anos quando foi preso pelo DOI-Codi, em São Paulo, em 1973.

No dia seguinte à prisão, após ter sido submetido a sessões de tortura, foi encontrado morto numa das celas desse órgão da repressão. O Estado brasileiro divulgou duas versões para a morte de Vannucchi: que ele teria sido atropelado por um caminhão, e que teria se jogado na frente do veículo, numa atitude suicida. Em seu atestado de óbito, consta que ele morreu em decorrência de “lesão traumática crânio-encefálica”, decorrente do suposto atropelamento.

Dois dias depois que sua morte se tornou pública, seus pais souberam que o filho tinha sido sepultado como indigente no Cemitério de Perus, em São Paulo, numa cova comum. O corpo do jovem tinha sido coberto de cal para esconder as marcas das torturas que ele havia sofrido.

Sua morte teve uma grande repercussão, não apenas entre seus colegas, como também em toda a sociedade brasileira.

O Conselho de Centros Acadêmicos declarou luto na USP e os alunos pressionaram o reitor Miguel Reale para que interviesse no caso. Ele solicitou informações sobre a morte de Alexandre, enviando um ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado. A resposta concedida não alterou em nada as informações que tinham sido divulgadas na imprensa, apenas reiterou a versão do atropelamento.

Cerca de 5 mil pessoas foram à missa celebrada em sua intenção na Catedral da Sé, pelo arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns, no dia 30 de março de 1973, entre estudantes, artistas, autoridades, sindicatos e militantes contra a ditadura.

Foi justamente o sentimento de revolta contra o brutal assassinato do colega, somado à prisão de 44 alunos da USP, o que impulsionou o ressurgimento do movimento estudantil brasileiro.

O cantor e compositor Gilberto Gil, chamado para denunciar essas prisões, fez um show na Escola Politécnica da USP, em que falou sobre política, movimento estudantil, arte engajada, imperialismo estadunidense, entre outros assuntos.

O show, que devia durar apenas meia hora, teve mais de três horas, um gesto de desobediência civil, num dos momentos mais tensos da ditadura militar.

Em março de 1976, o DCE-Livre da USP finalmente foi criado, em assembleia, e batizado com o nome de Alexandre Vannucchi Leme.

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Elói Mattos

Só sendo bem tolo para pedir o exército na política. Só presta na caserna e olha lá.
É óbvio que muitos não são como o Ustra, mas muitos são e fazem qualquer coisa por um cargo elevado e um salário de 100 mil reais.
Ele foi torturado, não dava nem para andar qto mais para se matar.
Combater ” guerrilheiro” dá mais para puxar o saco dos políticos e dos generais do que uma guerra que provavelmente o milico não volta vivo.
Salve Lamarca !
Exímio atirador.

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