100 anos depois, intelectuais voltam a alertar o mundo contra fascismo: ”Convocamos todos aqueles que valorizam a democracia a agir”; leia o manifesto
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Por Conceição Lemes
Em 1925, o intelectual italiano Benedetto Croce escreveu o primeiro Manifesto dos Intelectuais Antifascistas (veja recorte de jornal, ao final), ciente de que tinha o direito de se manifestar e o dever de responder à ascensão do fascismo na Itália.
Um grupo de intelectuais italianos — cientistas, filósofos, escritores e artistas — subscreveu-o, denunciando publicamente o regime fascista. Mussolini já estava no poder.
Cem anos depois, por meio de uma nova carta aberta, intelectuais de todo o mundo estão dando o alerta contra o retorno do fascismo.
A Carta de 2025 (na íntegra, abaixo) já foi assinada por mais 400 acadêmicos, incluindo 31 ganhadores do Prêmio Nobel.
”Tal como em 1925, nós cientistas, filósofos, escritores, artistas e cidadãos do mundo temos a responsabilidade de denunciar e resistir à ressurgência do fascismo em todas as suas formas. Assim, fazemos apelo a todas as pessoas que valorizam a democracia a agir”, afirmam os signatários no documento.
Portanto, eu, você, amigos, companheiros, familiares — TODOS NÓS — não só podemos, como devemos nos juntar a eles na luta em defesa da democracia.
A Carta 2025 está disponível em seis idiomas:
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Confira a íntegra.
CEM ANOS DEPOIS: UMA NOVA CARTA ABERTA CONTRA A VOLTA DO FASCISMO
“Em 1º de maio de 1925, já com Mussolini no poder, um grupo de intelectuais italianos denunciou publicamente o regime fascista em uma carta aberta. Os signatários – cientistas, filósofos, escritores e artistas – se posicionaram em apoio aos princípios essenciais de uma sociedade livre: o estado de direito, a liberdade pessoal e o pensamento, a cultura, a arte e a ciência independentes. Seu desafio aberto à imposição brutal da ideologia fascista – com grande risco pessoal – provou que a oposição não era apenas possível, mas necessária. Hoje, cem anos depois, a ameaça do fascismo retornou e, por isso, precisamos reunir a mesma coragem e desafiá-lo novamente.
O fascismo surgiu na Itália há um século, marcando o advento da ditadura moderna. Em poucos anos, espalhou-se pela Europa e pelo mundo, assumindo nomes diferentes, mas mantendo formas semelhantes. Onde quer que tenha tomado o poder, ele minou a separação de poderes a serviço da autocracia, silenciou a oposição por meio da violência, assumiu o controle da imprensa, interrompeu o avanço dos direitos das mulheres e esmagou as lutas dos trabalhadores por justiça econômica. Inevitavelmente, ele permeou e distorceu todas as instituições dedicadas a atividades científicas, acadêmicas e culturais. Seu culto à morte exaltou a agressão imperial e o racismo genocida, desencadeando a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, a morte de dezenas de milhões de pessoas e crimes contra a humanidade.
Ao mesmo tempo, a resistência ao fascismo e a muitas outras ideologias fascistas tornou-se um terreno fértil para imaginar formas alternativas de organizar as sociedades e as relações internacionais. O mundo que emergiu da Segunda Guerra Mundial – com a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os fundamentos teóricos da União Europeia e os argumentos legais contra o colonialismo – permaneceu marcado por profundas desigualdades. No entanto, ele representou uma tentativa decisiva de estabelecer uma ordem jurídica internacional: uma aspiração à democracia e à paz globais, fundamentada na proteção dos direitos humanos universais, incluindo não apenas os direitos civis e políticos, mas também os direitos econômicos, sociais e culturais.
O fascismo nunca desapareceu, mas por algum tempo foi mantido sob controle. No entanto, nas últimas duas décadas, testemunhamos uma onda renovada de movimentos de extrema direita, muitas vezes com traços inconfundivelmente fascistas: ataques a normas e instituições democráticas, um nacionalismo revigorado com retórica racista, impulsos autoritários e ataques sistemáticos aos direitos daqueles que não se enquadram em uma autoridade tradicional fabricada, enraizada na normatividade religiosa, sexual e de gênero. Esses movimentos ressurgiram em todo o mundo, inclusive em democracias de longa data, onde a insatisfação generalizada com o fracasso político em lidar com as crescentes desigualdades e a exclusão social foi mais uma vez explorada por novas figuras autoritárias. Fiéis ao antigo roteiro fascista, sob o pretexto de um mandato popular ilimitado, essas figuras minam o estado de direito nacional e internacional, tendo como alvo a independência do judiciário, da imprensa, das instituições culturais, do ensino superior e da ciência, tentando até mesmo destruir dados essenciais e informações científicas. Eles fabricam “fatos alternativos” e inventam “inimigos internos”; usam as preocupações com a segurança como arma para consolidar sua autoridade e a do 1% ultra-rico, oferecendo privilégios em troca de lealdade.
Esse processo agora está se acelerando, à medida que a dissidência é cada vez mais reprimida por meio de detenções arbitrárias, ameaças de violência, deportações e uma campanha implacável de desinformação e propaganda, operada com o apoio dos barões da mídia tradicional e social – alguns meramente complacentes, outros abertamente entusiastas tecnofascistas.
As democracias não são perfeitas: elas são vulneráveis à desinformação e ainda não são suficientemente inclusivas. Entretanto, as democracias, por sua natureza, oferecem um terreno fértil para o progresso intelectual e cultural e, portanto, sempre têm o potencial de melhorar. Nas sociedades democráticas, os direitos humanos e as liberdades podem se expandir, as artes florescem, as descobertas científicas prosperam e o conhecimento cresce. Elas concedem a liberdade de desafiar ideias e questionar estruturas de poder, propor novas teorias mesmo quando culturalmente incômodas, o que é essencial para o avanço humano. As instituições democráticas oferecem a melhor estrutura para lidar com as injustiças sociais e a melhor esperança de cumprir as promessas pós-guerra dos direitos ao trabalho, à educação, à saúde, à seguridade social, à participação na vida cultural e científica e o direito coletivo dos povos ao desenvolvimento, à autodeterminação e à paz. Sem isso, a humanidade enfrenta a estagnação, a crescente desigualdade, a injustiça e a catástrofe, principalmente a ameaça existencial causada pela emergência climática, negadas pela nova onda fascista.
Em nosso mundo hiperconectado, a democracia não pode existir isoladamente. Assim como as democracias nacionais exigem instituições sólidas, a cooperação internacional depende da implementação efetiva dos princípios democráticos e do multilateralismo para regular as relações entre as nações e dos processos de múltiplas partes interessadas para envolver uma sociedade saudável. O estado de direito deve se estender além das fronteiras, garantindo que os tratados internacionais, as convenções de direitos humanos e os acordos de paz sejam respeitados. Embora a governança global e as instituições internacionais existentes precisem ser aprimoradas, sua erosão em favor de um mundo governado pelo poder bruto, pela lógica transacional e pelo poderio militar é um retrocesso a uma era de colonialismo, sofrimento e destruição.
Como em 1925, nós, cientistas, filósofos, escritores, artistas e cidadãos do mundo, temos a responsabilidade de denunciar e resistir ao ressurgimento do fascismo em todas as suas formas. Convocamos todos aqueles que valorizam a democracia a agir:
* Defenda instituições democráticas, culturais e educacionais. Denuncie os abusos dos princípios democráticos e dos direitos humanos. Recusar o cumprimento preventivo.
* Participe de ações coletivas, local e internacionalmente. Boicote e faça greve quando possível. Torne a resistência impossível de ser ignorada e custosa de ser reprimida.
* Defenda os fatos e as evidências. Promova o pensamento crítico e se envolva com suas comunidades com base nesses fatos.
Esta é uma luta contínua. Que as nossas vozes, o nosso trabalho e os nossos princípios sejam uma barreira contra o autoritarismo. Que esta mensagem seja uma renovada declaração de resistência”.
Comentários
Jordan Michel-Muniz
Os engodos no texto de
“Cem anos depois: uma nova carta aberta contra a volta do fascismo”
Jordan Michel-Muniz
Diante de causa crucial como a luta antifascista, devemos ter o cuidado de situar tal carta aberta no tempo e no espaço – em termos geográficos e discursivos. Por que agora? Porque Trump atacou a liberdade universitária nos Estados Unidos (EUA). De onde vem a carta? De acadêmicos norte-americanos (https://stopreturnfascism.org/) que protestam com razão, porém são parciais em várias alegações. Condenam corretamente os nacionalismos, mas reagiram por corporativismo, para proteger fronteiras de espaço muito menor, o do privilégio profissional da sua corporação – instituição medieval bem anterior ao Estado-nação, e mais excludente. Por que não organizaram o manifesto quando o fascismo israelita reduziu a escombros universidades palestinas? Acadêmicos palestinos de pele escura não merecem amparo contra fascistas? Nem os hospitais arrasados pelo nazi-sionismo, nem dezenas de milhares de crianças palestinas trucidadas com bombas dos EUA? Qual o tempo e o espaço da luta contra o fascismo?
A quem dirigem o texto? Aqui surge o primeiro problema, pois a divulgação é feita apenas em línguas anglo-eurocêntricas, expressando uma noção racista de cultura típica do supremacismo branco. O documento está redigido em sete idiomas europeus, embora o chinês e o hindi sejam línguas faladas por centenas de milhões de pessoas a mais que o italiano, alemão, francês ou turco. Evidente, indianos e chineses não são brancos, nem anglo-europeus. O sentimento de superioridade revela-se ainda na coleta de assinaturas, a cargo da Manifesto de Londra (Manifesto de Londres, https://manifestodilondra.org/), associação italiana em Londres que em outro lugar diz que “a verdadeira emergência nacional não são navios carregados de refugiados, mas o meio milhão de pessoas que deixaram o país em dez anos”. Ou seja, meu bem-estar primeiro, e depois também, afinal, meio milhão de italianos em busca de vida boa e confortável são mais relevantes que dezenas de milhões de refugiados famintos. Belo antifascismo!
Qual fascismo incomoda esta gente? E quando? Ou só desagrada ao serem atingidos? Por que não protestaram quando Biden armou neonazistas na Ucrânia e genocidas em Israel? Além do que a carta revela, é necessária atenção para o que omite, afora meias verdades e referências tendenciosas. A análise segue os parágrafos. Versão em português: https://stopreturnfascism.org/portugues/.
§2
Esta carta aberta toma as sociedades anglo-europeias como modelo cultural e político, e pretende dar ao mundo lições de democracia, liberdade, direitos humanos, justiça, Direito Internacional etc. Há uma amnésia dos males que a Europa produziu antes do fascismo e do nazismo: a novidade nestes, como diz Aimé Césaire em Discurso sobre o colonialismo, “é haver aplicado à Europa os procedimentos colonialistas que atingiam até então apenas os árabes da Argélia, os coolies da Índia e os negros da África”. O “racismo genocida” atribuído ao fascismo começou a ser exaltado a partir da invasão e ocupação da África, Américas, Ásia e Oceania e consta de boa parte da filosofia política anglo-eurocêntrica do século XVII até hoje, sem interrupções, conforme explicado por Charles W. Mills em O contrato racial. Centenas de milhões de habitantes originários das terras invadidas foram mortos, mas tal carta aberta sublinha o holocausto judeu, omitindo que a mesma guerra matou 27 milhões de soviéticos, ou seja, quatro e meia vezes mais que dito holocausto! Quanto a isto, a russofobia – fortemente incentivada pela atual Europa ‘civilizada’ – é forma dissimulada de racismo, além de ocultar a visceral intolerância russa com o fascismo e nazismo, pelas severas perdas que o apoio anglo-europeu a tais regimes lá provocou.
§3
Existe omissão e inversão dos fatos – da realidade histórica – ao afirmar que da resistência ao fascismo surgiu “terreno fértil para imaginar formas alternativas de organizar as sociedades e as relações internacionais”, quando o próprio fascismo foi concebido contra tais formas alternativas, contra o socialismo e a União Soviética (URSS), e contra as lutas operárias por uma sociedade justa, especialmente na Alemanha, Itália e Espanha, e que o fascismo e o nazismo só prosperaram por ter o apoio, inclusive financeiro, do Reino Unido, França e EUA, interessados em acabar com a URSS, o comunismo e a organização política da classe trabalhadora no mundo todo. Além disso, após a guerra as potências ocidentais nunca confrontaram a longa e sanguinária ditadura fascista de Franco na Espanha, por ele ser útil às oligarquias anglo-europeias na luta de classes. Tampouco se preocuparam com o fascista Salazar em Portugal. Muito mais grave, a Europa foi solidária com os EUA nos diversos golpes de Estado contra democracias latino-americanas que, estas sim, tentavam “imaginar formas alternativas de organizar as sociedades”, porém receberam repressão, tortura, desaparecimentos e execuções sumárias das ditaduras militares engendradas pelos EUA. Apesar disso, em seu exílio em Londres Pinochet foi visitado por Thatcher, que queria agradecer por ele “ter levado democracia ao Chile”. Estas são as verdadeiras “formas alternativas de organizar as sociedades e as relações internacionais” do anglo-eurocentrismo posterior à Segunda Guerra Mundial: opressão e dominação visando a pilhagem. O colonialismo deu lugar ao neocolonialismo, mais rentável e menos dispendioso. Enfatizo o que disse Césaire: o fascismo são os procedimentos colonialistas aplicados à Europa, e a recíproca também é verdadeira, os procedimentos colonialistas (ou neocolonialistas) são essencialmente fascistas, e continuam a ser executados pelo anglo-eurocentrismo, saqueando o resto do planeta.
§4
Dado o neocolonialismo da dominação anglo-eurocêntrica, é certo dizer que o fascismo nunca desapareceu, mas o alvo da frase é outro. Sem dar nomes, a menção à “autoridade tradicional fabricada, enraizada na normatividade religiosa, sexual e de gênero” ataca Viktor Orbán (Hungria) e Vladimir Putin (Rússia): há países conservadores nestes temas, como o próprio Vaticano, sem que isto configure fascismo. O mundo não é obrigado a priorizar tais questões ou a agenda identitária apenas porque o Ocidente Coletivo hoje o faz e insiste em submeter os demais à hegemonia da sua pauta cultural, enquanto a maioria dos povos sofre com fome e miséria, para lembrar duas causas sociais ausentes neste debate. Quem quer impor valores anglo-europeus precisa recordar que a Rússia não escravizou africanos nem exterminou povos indígenas, lá nunca existiu racismo, e foi a primeira nação a tratar com igualdade mulheres e homens. Outro alvo é Giorgia Meloni (Itália), mas o foco principal é Donald Trump (EUA) – na referência às “democracias de longa data” – pela violência contra migrantes e ataques às universidades. Porém, em que diferem os aliados dos EUA? A Dinamarca, com governo dito de esquerda, criou rígidas barreiras contra migrantes, que o Reino Unido envia a navios convertidos em prisões flutuantes. Polícias de nações europeias agridem e prendem quem protesta – nas ruas ou nas redes sociais – contra o genocídio dos palestinos pelos nazistas no poder em Israel, estes fascistas em relação aos quais não há a mínima alusão. Igualmente, nada é dito contra os neonazistas ucranianos sustentados financeira e belicamente por quase todos os países europeus, OTAN e Comissão Europeia, sob o despotismo de Ursula von der Leyen, a Führer corrupta sem voto popular que se mantém no cargo “oferecendo privilégios em troca de lealdade”. Mas nisso o umbigo dos acadêmicos dos EUA não vê autoritarismo. Afinal, como disse Joseph Borrell, “a Europa é um jardim”, e “a maioria do resto do mundo é uma selva, e a selva pode invadir o jardim”: por que não redigiram a carta aberta antifascista neste momento, contra tal discurso?
§5
Sim, “a dissidência é cada vez mais reprimida”, mas isso ocorre em quase todos os países da UE, como referido acima, prendendo quem se manifesta contra os genocidas israelenses, com acusações de antissemitismo à apologia do terrorismo. O Reino Unido quer deportar para Ruanda migrantes considerados ilegais, mas nunca achou ilegal o Império Britânico saquear o resto do mundo, deixando os que hoje migram sem ter com que viver. Elon Musk é sem dúvida um “tecnofascista”, mas e as proibições europeias contra as mídias dissidentes, como as russas, o que são, senão a imposição fascista do discurso único? O que é o apagamento do papel central da URSS na derrota do nazismo, senão “campanha implacável de desinformação e propaganda”?
§6
Não se cansam de insistir na arenga das maravilhas da democracia capitalista e, pior, no falacioso discurso sobre os graus da democracia, na qual se sobe degrau por degrau, sem nunca revelar que tal escada se apoia no lombo dos mais pobres, mantidos subjugados e forçados a trabalhar para sobreviver miseramente. Do jeito que falam parece que não houve artes ou descobertas científicas no socialismo soviético, ou que isso não ocorre na China, país que lidera o registro de novas patentes e tem o maior número de publicações científicas relevantes. Repetem a ladainha de que as “instituições democráticas oferecem a melhor estrutura para lidar com as injustiças sociais” e melhorar a educação, saúde, seguridade social e outros direitos, justamente quando a Europa impõe gasto de quase um trilhão de Euros para financiar o rearmamento – tipicamente fascista –, dinheiro que sairá do bem-estar social dos povos europeus.
§7
Na conclusão exaltam os “princípios democráticos e do multilateralismo”, do Estado de Direito e dos tratados internacionais, ideais que o anglo-eurocentrismo nunca respeitou. Recentemente a UE agiu duas vezes para anular a vontade do eleitorado romeno, porque o vencedor não seria servil. Manipularam as urnas moldavas e tentaram revolução colorida na Geórgia, mas lá, fracassaram. Falam em Estado de Direito, que há muito é ilegal e serve à pilhagem, como demonstram Ugo Mattei e Laura Nader ao apontar a “impossibilidade de transformar de modo significativo o Estado de Direito imperial em Estado de Direito do povo”. Por fim, qual “multilateralismo”, se desde a queda do Muro de Berlim (1989) o Ocidente Coletivo impôs o neoliberalismo e a globalização com domínio unipolar, com sua ‘ordem mundial baseada em regras’, regras que só valem para os outros, como alertou Lavrov. Quais tratados obedecem, se eles são rasgados por quem vê autoritarismo somente nos outros: do bombardeio da Iugoslávia à invenção do Kosovo independente, da invasão do Iraque e destruição da Líbia à implantação do terror na Síria. Que legalidade respeitam? Que organizações internacionais honram, se alçam a belicista Annalena Baerbock à presidência da Assembleia-Geral da ONU? Quais instituições democráticas dignificam, se como disse James Baldwin, em Dark days, “não há uma única instituição norte-americana que não seja uma instituição racista”?
* * *
Devemos denunciar o lixo fascista: Trump, Orbán, Meloni, Bolsonaro, Milei, Bukele, Zelensky, e seus ministros. Acima de todos, há que prender e julgar o fascista-mor: Netanyahu, seu gabinete genocida, sionistas e israelenses, invasores da Palestina que são colonos brancos – descendentes de europeus – ocupantes do território de um povo realmente semita, diferença visível na cor das peles. A cor escura condena palestinos à desumanização e extermínio, como tantas vezes anglo-europeus já fizeram.
Ao denunciar o fascismo vale a sabedoria da Resistência na última Grande Guerra: se há um conhecido fascista em uma mesa, e alguém senta junto, a mesa passa a ter dois fascistas. Quase todas as lideranças dos países da UE ou OTAN estão sentadas à mesa fascista, com os anfitriões Zelensky e Netanyahu: quem apoia fascistas, fascista é!
Sejamos antifascistas autênticos, e sempre, não só quando ou onde convém: o verdadeiro antifascismo é antirracista, anti-imperialista, anticolonialista, antissionista e também anticapitalista, pois os ovos da serpente fascista são criados como válvula de escape das crises do capitalismo.
Zé Maria
Entrevista
HISTORIADOR JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA
Concedida ao Jornalista Juca Kfouri.
Na TVT:
https://youtu.be/L64amdwSkvc
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