Vitória na Pensilvânia por 40 mil votos esvazia balão de Trump, mas o potencial de revolta nos EUA vai continuar

Tempo de leitura: 2 min
Reprodução

Da Redação

Joe Biden virou e está a caminho de obter uma vitória por cerca de 40 mil votos na Pensilvânia, garantindo ao democrata os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral.

Biden planeja um discurso de vitória esta noite, ainda que Donald Trump já tenha dito que não vai reconhecer o resultado.

O democrata espera que as organizações de mídia, especialmente a Associated Press, o considerem o vencedor. 

A AP, assim como outros grupos de mídia, tem uma equipe de analistas eleitorais que antecipam os resultados antes da certificação final dos estados, que só acontece dentro de alguns dias.

A vitória por uma vantagem relativamente ampla na Pensilvânia esvazia o balão de Trump, que também está atrás na Geórgia, Nevada e Arizona.

Apesar das alegações estapafúrdias disseminadas nas redes sociais por apoiadores de Trump, especialmente pelos filhos, o presidente teria de provar caso a caso na Justiça: mesmo que um morto tenha votado, como argumentou um senador republicano, somente o voto daquele morto — se a acusação se confirmar — seria anulado.

Além disso, todo o litígio judicial de Trump teria de começar em tribunais estaduais — diferentemente do Brasil, todo estado dos Estados Unidos tem sua Suprema Corte. A anulação de toda a eleição pela Suprema Corte federal é uma impossibilidade jurídica.

Porém, o presidente Trump sai internamente fortalecido do processo entre os republicanos.

Ele evitou que o partido perdesse cadeiras na Câmara e o GOP tem chance de manter controle do Senado.

Além disso, Trump provou que é capaz de mobilizar milhões de eleitores na zona rural e especialmente os trabalhadores brancos de macacão, que foram deixados para trás pela globalização.

O discurso com tons xenofóbicos, racistas e misóginos ajudou na mobilização, mas não apenas isso: o que a elite americana chama de “rednecks” e “white trash” está revoltada contra o establishment dos Estados Unidos muito mais do que se imaginava, tanto que desconheceu as pesquisas e saiu de casa para votar, atendendo aos apelos de Trump.

Os ricaços foram os mais beneficiados pela política econômica de Trump, mas o presidente conseguiu atrair para si, mesmo depois de um mandato, o potencial de revolta que existe à direita nos Estados Unidos.


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Zé Maria

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do bolsonarismo ou do Brasil

Por Vinícius Rodrigues Vieira

Se no plano interno o presidente Jair Bolsonaro vem camuflando seus ímpetos autoritários desde a associação com o Centrão, o bolsonarismo segue de vento em popa na política externa.

No curto prazo, um único evento pode suprimir o populismo de direita do mapa político brasileiro: a vitória do democrata Joe Biden nas eleições para a Casa Branca. Contraditoriamente, porém, a saída do “amigo” bolsonarista Donald Trump da presidência dos EUA tem o potencial de ser a conjuntura crítica a levar ao fim do Brasil – pelo menos do jeito que o conhecemos.

O fato de um único evento levar a dois caminhos contraditórios entre si merece explicação bastante detalhada.

Para tanto, elaboro quatro cenários a seguir – todos eles plausíveis à luz da plasticidade que Bolsonaro tem demonstrado no poder, o que implica, às vezes, contradizer o próprio bolsonarismo. Este movimento político-cultural é aqui entendido como a versão brasileira do populismo de direita do século XXI, centrado na premissa da superioridade cultural-racial de um grupo (geralmente branco, de origem judaico-cristã), ao qual caberia retomar valores supostamente conservadores, tolhidos pelo cosmopolitismo da globalização (redefinida pela nova direita como marxismo cultural).

Cenário 1 – Biden isola Bolsonaro e demais populistas de direita, os quais se unem ao brasileiro: o democrata cumpre sua promessa de levar a cabo uma agenda ambiciosa em meio ambiente e direitos humanos, reconstruindo pontes com a Europa Ocidental (leia-se Alemanha e França).

Neste cenário, o acordo Mercosul-União Europeia é enterrado de vez, Bolsonaro radicaliza sua política externa, tomando o lugar de Trump como principal voz do populismo de direita e aliados tácitos, notadamente governos autoritários de cunho religioso, seja no Oriente Médio, seja na Europa Oriental, em especial a Hungria de Viktor Orbán.
Economicamente, nos tornamos ainda mais dependentes da venda de matérias-primas para a China, que, porém, encontra mercados fornecedores alternativos, deixando-nos empobrecidos. Neste cenário, o chanceler Ernesto Araújo realiza o sonho de transformar o Brasil em pária internacional de vez – não um suposto defensor da liberdade, mas um país isolado por quase tudo e todos. Ademais, Berlim e Paris podem flertar com a expulsão de Budapeste do bloco, que veria em Brasília, sob Bolsonaro, um aliado ainda mais próximo. Nossa política externa se aprofunda em pautas estranhas a nossa história, como a defesa de valores supostamente cristãos e distanciamento do Sul Global democrático, como ficou evidente quando recusamos a nos juntar a África de Sul e Índia (governada pelo populista de direita e nacionalista Hindu Narendra Modi) para defender a quebra de patentes em vacinas.

Íntegra em:
https://entendendobolsonaro.blogosfera.uol.com.br/2020/11/01/eleicao-americana-decretara-fim-do-bolsonarismo-ou-do-brasil

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