O que Alexandria Ocasio-Cortez, 30, tem a ensinar a políticos veteranos sobre como derrotar Bolsonaro

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Da Redação

A ex-garçonete Alexandria Ocasio-Cortez, de 30 anos de idade, foi catapultada de uma lanchonete em um bairro do distrito de Queens, em Nova York, para a posição de mais influente líder progressista dos Estados Unidos.

Recentemente, ela jogou o videogame Among Us na plataforma Twitch, obteve mais de 5 milhões de visualizações e direcionou milhares de jovens para uma página que os incentivava a votar na próxima terça-feira.

Ocasio-Cortez é uma das maiores apoiadoras do Green New Deal, um projeto do candidato derrotado Bernie Sanders para redesenhar completamente a indústria da energia nos Estados Unidos, abandonando progressivamente os combustíveis fósseis.

No entanto, o candidato democrata Joe Biden já disse que não apoia o projeto e tem seu próprio plano, muito mais conservador. Recentemente, Biden simplesmente abandonou a pretensão de banir o fracking nos EUA, um método para resgatar petróleo que contamina os lençóis freáticos.

Biden fez isso para não perder votos na Pensilvânia, um estado que tem no fracking uma de suas atividades econômicas importantes.

Alexandria, que todos conhecem como AOC, vem sendo provocada pelo presidente Donald Trump ao longo da campanha.

Trump tenta jogá-la contra Biden, dizendo que o ex-vice-presidente é apenas mais um representante do establishment que AOC abomina.

Desta vez, no entanto, a ala progressista do Partido Democrata suspendeu completamente qualquer crítica a Biden, ao menos em público.

Guiados por gente como Sanders e AOC, os democratas “de esquerda” não aceitam qualquer tipo de provocação.

Em entrevistas, a deputada tem dito que eventuais diferenças com Biden serão resolvidas pelo diálogo, depois da eleição.

A deputada é uma campeã da mobilização popular. Ela investe boa parte de seu tempo articulando o movimento de base que tornou Sanders um candidato formidável ao menos no início da disputa com Biden.

Os republicanos contavam com uma baixa participação dos jovens, que apoiaram Sanders maciçamente, nas eleições deste ano.

Ao menos um grupo chegou a defender o Sanders or Bust na pré-campanha, ou Sanders ou nada.

AOC manteve-se firme, alegando que o mais importante é derrotar o neofascismo representado por Trump e aprofundar a organização de base que eventualmente fará pressão sobre Joe Biden, se ele se eleger.

Das promessas de campanha de Sanders, Biden só abraçou uma: aumentar o salário mínimo para 15 dólares por hora.

O Medicare Para Todos, o que equivaleria a criar uma espécie de SUS nos Estados Unidos, que Sanders e AOC defendem, por enquanto vai ficar na gaveta.

O gradualismo da deputada não significa que ela não seja suficientemente de esquerda: os projetos que ela propõe estão dentre os mais progressistas do Partido Democrata.

AOC tem dito, no entanto, que de nada adianta ter ideias ousadas sem uma base popular organizada que seja capaz de colocá-las em prática.

Na próxima terça-feira saberemos se AOC e Sanders acertaram ou não. Os indícios iniciais dizem que sim. Pesquisas sobre os norte-americanos que já votaram em 2020 indicam que o comparecimento de jovens às urnas pode ser equivalente ao de 2008. Foi o que elegeu Barack Obama.

Se os jovens forem às urnas na proporção que se espera, Trump não só será derrotado: AOC será a personalidade mais importante a apontar o futuro dos democratas num século de profundas mudanças na demografia dos EUA.


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Comentários

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Marco Vitis

Alexandria vai direto ao ponto que eu acredito ser realmente relevante: organização de base. Se uma idéia (valor, princípio, solução) for introjetada racional e criticamente pela maioria, a sociedade muda e os políticos vêm atrás…
Fiquei sabendo que na Constituinte do Chile a proporção será de 50% homens e 50% mulheres. Isto sim é sintoma de mudança cultural, difícil de ser revertida. E isto só é possível com conscientização e organização de base.

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