por Luiz Carlos Azenha
Escrevi lá atrás que não acreditava que Aloízio Mercadante seria capaz de levar a eleição para o segundo turno.
Depois de assistir ao debate de ontem à noite, na TV Record, fico em dúvida.
Há leitores que suspeitam das pesquisas do Ibope e do Datafolha, por causa do histórico dos dois institutos em disputas estaduais. Basta lembrar do que aconteceu este ano, na campanha presidencial, para de fato duvidar de ambos. Mas acredito que se as pesquisas internas mostrassem algo diferente a própria campanha seria a primeira a informar o público sobre a discrepância.
Dito isso, resumo o discurso de maior impacto de Mercadante, no debate:
1. Na proposição: educação é o caminho, todo pai quer o melhor para seu filho, mas não é possível dar o melhor se a educação anda ruim (salários dos professores, aprovação automática, etc.) É um discurso simples, emocional e lógico. Todo mundo entende. Educação boa para poucos tem ressonância na realidade das pessoas, especialmente em um mundo competitivo onde todo pai e mãe acha que o filho do vizinho está se educando melhor, independentemente disso ser verdadeiro ou não. É a inveja do gramado alheio. Tem pegada.
2. Na desconstrução: pedágio e presídio.
Na questão dos pedágios, estranhei que nenhum candidato tenha dito que pagam pedágio mesmo os paulistas que não andam de automóvel. Sim, já que o preço dos pedágios vai embutido no preço das mercadorias que pagam pedágio. Ideia simples, que todos entendem. Li em algum lugar uma estatística sobre quanto as transportadoras pagam em pedágios anualmente. É uma enormidade.
Na questão dos presídios estranhei que nenhum candidato tenha articulado a ideia de que um estado só precisa de tantos presídios se não oferece oportunidades a seus habitantes. Voltamos, aqui, à questão da falta de oportunidades. Ou das oportunidades desiguais. Um dos motivos: a deficiência da escola pública. É possível amarrar boa escola pública em emprego e má escola pública em presídio.
Minha opinião é que Mercadante e Geraldo Alckmin se sairam melhor no debate, seguidos pelo Celso Russomano.
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