por Luiz Carlos Azenha
Lula elegeu-se presidente, em 2002, como herdeiro dos movimentos sociais que militaram contra a ditadura e defenderam a inclusão social.
Escolheu, para sucedê-lo, Dilma Rousseff, a tecnocrata de classe média mais preocupada com a eficiência da máquina administrativa do que com o debate ideológico.
Depois de eleger a primeira mulher presidente da República, Lula patrocinou o “novo”, em São Paulo, o que pode ser visto sob vários aspectos: mudança geracional, mudança em uma cidade marcada pelo continuismo tucano, mudança no PT pós-mensalão…
A eleição de Haddad pode marcar, também, a consolidação da guinada do PT do sindicalismo militante à academia militante.
O novo prefeito de São Paulo tem ligações profundas com a Universidade de São Paulo, que será essencial na formulação das políticas públicas necessárias para enfrentar a crise urbana na maior cidade brasileira.
Encarar a péssima qualidade de vida em São Paulo com soluções criativas, baseadas na inclusão social, requer ouvir os afetados pela crise, especialmente na periferia, e em seguida transformar as reivindicações em políticas viáveis. A crise urbana em São Paulo é, aliás, a crise urbana de todas as metrópoles brasileiras, o que dá dimensão nacional a qualquer solução bem sucedida na capital paulista.
Deng Xiaoping, o líder chinês, dizia que não importava a cor do gato, desde que capturasse o rato.
Se Dilma encarna a preocupação do PT com o governo de resultados, Haddad, pela natureza do cargo que assumirá, representa um passo além. Seu desafio será traduzir em políticas públicas ideias capazes de reverter o quadro que nos levou ao caos urbano, resultado da aplicação do neoliberalismo à maior metrópole brasileira. Em outras palavras, buscar um caminho alternativo ao dos tucanos, que apostaram na privatização com higienismo social.
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