Diário de Guadalajara (1)
Enquanto eu estiver por aqui, para a cobertura dos Jogos Panamericanos, a Conceição Lemes cuidará do site e a Conceição Oliveira das mídias sociais associadas ao Viomundo.
Escreverei nos horários livres, ou seja, nas madrugadas.
Já tinha vindo algumas vezes ao México, por isso sei que as generalizações aqui nunca se aplicam, dada a diversidade do país.
As redondezas de onde estamos hospedados deixam em aberto a dúvida: estamos mesmo no México ou em Peoria, Illinois?
Ou será que é a Barra da Tijuca, com aquela estátua da Liberdade kitsch que deveria figurar no Travels on Hyperreality, do Umberto Eco?
Refiro-me, obviamente, à arquitetura pasteurizada, saída das pranchetas dos arquitetos contratados pelas grandes redes norte-americanas de consumo.
O formato dos prédios é o mesmo, estejam em Acapulco, Raleigh ou Bauru.
A arquitetura e as marcas — Kentucky Fried Chicken, McDonald’s, Starbuck’s — promovem um cenário homogêneo e enervante.
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Quando viaja, a gente costuma acordar sem saber muito bem onde está e agora, literalmente, é capaz de caminhar pelas ruas sem saber onde anda.
Ontem à noite, andando por um hipermercado local, tive a sensação de não saber direito quem eram aquelas pessoas empurrando os carrinhos: mexicanos, brasileiros, norte-americanos de um bairro de imigrantes?
Com exceção de uma barraquinha com produtos de Chiapas — onde comprei um pacote de café –, o cenário era o mesmo que já vi em situações parecidas, em lugares distintos.
As marcas são as mesmas, os apelos de consumo também e, neste supermercado de Guadalajara, as Barbies loiras de olhos azuis formam uma pirâmide que vai do solo ao teto, dominando a seção dos brinquedos infantis.
Quando vi aquela pilha de Barbies, por um segundo me lembrei da foto dos prisioneiros obrigados a fazer aquela pirâmide em Abu Ghraib. Bem que o Rodrigo Vianna disse que, nas primeiras 48 horas, sentiríamos os efeitos da altitude.
PS: Basta uma conversa com os mexicanos, sempre muito acolhedores e simpáticos, para nos lembrar da beleza do país.





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