por Luiz Carlos Azenha
Dia desses um gênio do jornalismo descobriu que a CIA derrubou o líder nacionalista Mohammed Mossadegh, no Irã, em 1953, razão pela qual existe uma discordância histórica entre os persas e os Estados Unidos.
O mesmo gênio descobriu que a ascensão dos aiatolás , em 1979, levou a uma crise entre Teerã e Washington, da qual a tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos na capital iraniana fez parte.
Faltou ao gênio ler um pouco sobre o imperialismo europeu e norte-americano e sobre a reação eminentemente nacionalista daqueles que foram vítimas dele.
Havia uma grande dose de nacionalismo na luta que levou os comunistas chineses ao poder, depois de uma história de “encroachment” ocidental em território chinês (Guerra do Ópio, rebelião dos Boxers, etc.).
Havia uma grande dose de nacionalismo na luta dos aiatolás pela soberania iraniana.
Há uma grande dose de nacionalismo na luta dos iraquianos contra a invasão dos Estados Unidos (no bloco de um Globo Repórter que me coube, antes da invasão, um dos entrevistados alertava que Washington estava desprezando o nacionalismo dos iraquianos, que rejeitavam a ditadura de Saddam Hussein mas nem por isso concordavam com um troca de regime patrocinada por interesses estrangeiros).
O que Barack Obama faz hoje, no Irã, é manter a política externa de George W. Bush, que pregava a troca de regime no Irã, na Coreia do Norte e no Iraque, o chamado axis of evil, eixo do mal.
Há quem acredite em uma divergência interna no próprio governo americano, com Hillary Clinton tirando proveito de uma autonomia que teria garantido como condição para apoiar Obama contra o republicano John McCain.
Há quem acredite que Hillary representa o AIPAC, o lobby de Israel que sequestrou a política externa dos Estados Unidos e que prega, obviamente, a troca de regime em Teerã.
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Não importa. O que importa é que, ao fim e ao cabo, o governo Obama sustenta a mesma política externa de George W. Bush, que não quer apenas o desarmamento nuclear do Irã, mas usa essa questão para fazer avançar a troca de regime em Teerã.
E o mundo não pode mais aceitar que os Estados Unidos determinem, a partir de seus interesses em Washington, quais governos podem ou não existir, em qualquer parte do mundo.
Pode parecer simplismo. Mas é simples, mesmo: esse tempo acabou.




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