Doria culpa o PT para escapar da realidade: maioria dos que assistem a seus vídeos diz que é autopromoção

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Os políticos costumam se encantar com as redes sociais.

Os assim chamados “magos” das redes sociais costumam mesmo apresentar números impressionantes: trabalham com o número de likes, compartilhamentos e visualizações.

Isso certamente difunde a imagem de um presidente, governador, prefeito ou parlamentar. Mas, nem sempre para melhor.

No caso de alguém que atua no Executivo, o risco é maior: um vereador pode aparecer muito nas redes, mas se as ruas do bairro que ele representa estão esburacadas abre-se um hiato entre o discurso e a prática.

É o que parece ter acontecido com o prefeito paulistano João Doria.

Depois que ele intensificou suas viagens pelo Brasil, de olho no Planalto, a aprovação de Doria caiu de 41% para 32% em São Paulo. 55% dizem que não votariam de jeito nenhum em Doria para presidente. 49% acham que as viagens trazem mais prejuízos que benefícios para São Paulo e 77% enxergam benefício pessoal nelas.

Os números são do Datafolha, publicados no domingo.

77% dizem que Doria fez menos do que esperavam pelo bairro, o que pode ser resultado da superexposição do prefeito na mídia em geral e nas redes sociais em particular. Dos 85% que possuem contas nas redes, 36% dizem ter assistido aos vídeos de Doria, mas a maioria — 21% — diz que trata-se de autopromoção.

O prefeito culpou o PT pela queda de sua aprovação, um recurso que ainda repercute com a faixa de eleitorado que majoritariamente apoia Doria — os que ganham mais de 10 salários mínimos.

“Eu aprendi com o pai de um conhecido meu, que no dia de hoje deve estar muito feliz, que, quando não puder falar bem, é melhor não dizer nada”, rebateu o ex-prefeito Fernando Haddad — fazendo referência à frase utilizada pelo governador Geraldo Alckmin, no mês passado, quando lhe foi perguntado como encarava a disputa interna com Doria no PSDB.

Neste domingo, o Estadão parece ter endossado Alckmin abertamente ao escrever um editorial detonando a “gestão” Doria e, especialmente, seu principal programa, o Cidade Linda:

Por enquanto, a Cidade Linda de linda só tem o nome. A presença do prefeito João Doria, paramentado de gari, nos primeiros dias de seu governo, ajudando na limpeza de ruas e avenidas, para dar exemplo e mostrar empenho em cuidar da cidade, não produziu nenhum efeito positivo. Nada mais foi, como se constata passado mais de um semestre de seu mandato, do que uma hábil jogada de marketing. Mas essas jogadas – como sabem ou deveriam saber os que as fazem e os que as recomendam –, quando não são seguidas de ações concretas, destinadas a tornar realidade o que prometem, só produzem frustrações. A população pode se impressionar num primeiro momento, mas não demora para distinguir muito bem ação efetiva de fogo de artifício.

Foi um fim de semana ruim para o prefeito paulistano, que trocou farpas com o ex-governador Alberto Goldman e resvalou para a baixaria quando sugeriu que era um velho.

A iniciativa das críticas foi de Goldman, que publicou dois vídeos na refrega com Doria.

Doria convocou assessores para o bate-boca e um deles, Milton Flávio, secretário especial de Relações Governamentais, foi explícito ao dizer que Goldman “atingiu a senilidade política muito antes que essa patologia o acometesse pela idade”.

Os idosos representam 17% do eleitorado.

“O discurso de ódio e ataques pessoais não trazem resposta a críticas políticas fundamentadas. Isso não ajuda as pessoas e nem o progresso e desenvolvimento da nossa cidade”, retrucou o tucano Andrea Matarazzo.

Goldman insistiu: “A relação dele com o PSDB é puramente utilitária. Quando não tiver mais utilidade, ele buscará outro. Doria não tem vínculo, não tem compromisso com o PSDB nem com as ideias do partido”.

O sinal de alerta entre os tucanos acendeu quando a revista Piaui publicou reportagem sobre um grupo de whatsapp que integrantes do MBL, que apoia Doria, compartilhavam com agentes do mercado financeiro.

No grupo, ficou claro que a estrategia de Doria é juntar à sua campanha o PMDB, o agronegócio e evangélicos — daí a repentina corrida do MBL atrás de pautas moralistas.

“São pilantras”, escreveu um dos integrantes do MBL no grupo, sobre a velha guarda do PSDB. “A ideia é deixar todo esse povo podre afundando com o PSDB”.

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Comentários

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Alex Back

Se a culpa é do PT, então ele está admitindo que é incompetente contra o PT.

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