Como Obama evitou a manipulação da mídia

Tempo de leitura: 11 min

por Luiz Carlos Azenha

Segundo a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, a Folha de S. Paulo acrescentou uma frase ao discurso que ela fez sábado, no ABC paulista.

A notícia que o jornal publicou domingo, a título de “reação do PT” ao lançamento da campanha de José Serra, dizia:

REAÇÃO DO PT
Dilma ironiza e diz que não deixou o país

Em evento marcado pelo PT de última hora para se contrapor ao lançamento de José Serra, Dilma Rousseff disse em São Bernardo do Campo que não trairá o povo brasileiro.

A pré-candidata do PT à Presidência disse que a militância do PT nunca a verá “por aí pedindo que esqueçam’’ o que escreveu (numa alusão ao ex-presidente FHC).

– Eu não fugi da luta e não deixei o Brasil – disse Dilma, numa referência à ditadura militar, quando foi para a clandestinidade enquanto Serra, também opositor ao regime, se exilou no Chile.

O ato, do qual participou o presidente Lula, aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, berço político do PT.

O evento foi explicado como o lançamento de uma pesquisa sobre emprego e qualificação profissional, com um debate de Lula e Dilma sobre o tema. Os discursos tinham como alvo o governo de Serra em São Paulo e a gestão do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

No twitter de sua campanha, no entanto, a candidata diz que nunca se referiu ao exílio, nem falou a frase “não deixei o Brasil”.

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Afirma ter enviado uma carta ao jornal.

E dá o link do discurso, que está aqui.

Ou seja, a Folha acrescentou à manchete uma afirmação que Dilma não fez. No discurso a candidata não fala em exílio, nem em sua não saída do Brasil.

Pode ter sido um simples erro do repórter. Ou má fé.

No entanto, esses “erros” adquirem na mídia uma dinâmica própria.

Porque os jornais “repercutem” seus próprios textos, ainda que estejam errados.

E os ouvidos pelo jornal partem do pressuposto de que o que foi publicado expressa a verdade. Portanto, quando um repórter da Folha foi ouvir o Plínio de Arruda Sampaio, por exemplo, a respeito das declarações da pré-candidata petista, não mostrou a Plínio a íntegra do discurso, nem o vídeo, nem o áudio. Mostrou o que o jornal publicou, ainda que o conteúdo tenha sido distorcido de boa ou má fé.

Por conta disso, por exemplo, o Estadão repercutiu, acrescentando que Dilma teria dito uma frase “sobre exilados”, quando ela não se referiu a exilados no discurso.

Frase de Dilma sobre exilados gera polêmica com adversários políticos
Serra e Marina comentaram as palavras da ex-ministra, que disse que ‘apanha’ mas ‘não foge’

12 de abril de 2010 | 13h 19

estadão.com.br

Em entrevista à rádio Jovem Pan concedida nesta manhã, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, respondeu à colocação feita pela candidata do PT, Dilma Rousseff, em evento no ABC paulista neste sábado, 10, e lembrou que vários políticos de diversos partidos se exilaram durante a ditadura militar (1964-1985) para evitar a prisão.

Como exemplo, Serra citou o ex-governador de Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Leonel Brizola, fundador o PDT, partido da Dilma Rousseff antes dela ingressar no PT, que permaneceu no exílio por mais de uma década.

No sábado, em evento ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pré-candidata do PT disse que pode “apanhar”, mas não “foge da luta”. A frase foi interpretada como uma provocação a Serra, que viveu diversos anos no exílio durante a ditadura. “Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu posso apanhar, ser maltrada, como eu já fui, mas não fujo da luta. Em cada época da minha vida, eu fiz o que fiz porque acreditava naquilo. Eu mudei quando o Brasil mudou. Eu não fujo da luta. Nunca abandonei o barco”, disse a ex-ministra na ocasião.

Nesta segunda-feira, 12, a pré-candidata do PT se retratou e disse, através de seu recém-inaugurado Twitter, que não pretendeu em momento algum criticar os exilados. “De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? O exílio significou a diferença entre a vida e a morte para os exilados brasileiros”, disse Dilma em um post. “Grandes amigos meus corajosos e valorosos só tiveram uma saída na ditadura, se exilar. Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé”, acrescentou a ex-ministra no post seguinte.

Mais tarde, a assessoria de imprensa da pré-candidata do PT negou, em nota, que ela tenha feito referência, no discurso de sábado, a brasileiros que se exilaram no exterior durante a ditadura militar.

Oposição

A frase de Dilma também causou polêmica entre políticos de outros partidos. A pré-candidata do PV, Marina Silva, comentou a frase de Dilma e afirmou que “os exilados não são fugitivos”. A senadora disse que as pessoas que deixaram o País durante o regime de exceção “agiram em legitima defesa” e “continuaram sua luta fora do Brasil”. “Inclusive trouxeram novos ares, como Gabeira, na luta pelo meio ambiente”, concluiu, citando o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).

Por sua vez, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, divulgou nesta manhã uma nota de repúdio às declarações da candidata do PT. No texto, Freire compara a declaração de Dilma às do general Leônidas Pires Gonçalves, que chefiou o DOI-CODI durante o regime de exceção e se referia aos exilados como fugitivos.

“Essa distorção infame do general contra os brasileiros que lutavam contra o regime ditatorial de 1964 e que tiveram que se exilar não jamais poderia servir de mote para a insensatez de Dilma Roussef”, disse Freire. Na nota, o PPS presta solidariedade aos exilados, “que eram milhares” e que “viveram dias amargos longe da pátria, sem poder voltar”.

E o assunto ganhou pernas, merecendo inclusive uma nota de desagravo do PPS, que avançou mais algumas casas, dizendo que Dilma “chamou a todos de fugitivos”.

Nota de desagravo

O PPS, herdeiro das mais dignas tradições do PCB, vem a público em defesa de todos os exilados brasileiros, obrigados a deixar o país durante a ditadura militar. Ao mesmo tempo, repudia as acusações feitas pela candidata do PT, Dilma Roussef, que os chamou a todos de fugitivos.

Ao tachá-los com tal adjetivo, Dilma nada mais fez do que se igualar ao general Leônidas Pires Gonçalves, que na ditadura, durante um bom período de tempo, ocupou o cargo de chefe do Estado Maior do Terceiro Exército, no Rio. Cabia a ele dirigir o DOI-CODI, o famigerado Destacamento de Operações e Informações do Centro de Defesa Interna.

Como a candidata do PT, o general Leônidas chamou de fugitivos aqueles que se exilaram. Ele disse isso durante entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto e exibido pela Globo News. Essa distorção infame do general contra os brasileiros que lutavam contra o regime ditatorial de 1964 e que tiveram que se exilar jamais poderia servir de mote para a insensatez de Dilma Roussef.

Não são poucos os desagravados. Entre eles podemos citar Leonel Brizola, Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes, Gregório Bezerra,Francisco Julião, Apolônio de Carvalho, Plínio de Arruda Sampaio, Almino Afonso, Gilberto Gil, Caetano, Fernando Henrique Cardoso, Betinho, José Serra a quase totalidade dos membros do Comitê Central do PCB na década de 70 que conseguiram salvar suas vidas ao partir para o exílio. Citamos alguns; são milhares!

Não bastou a declaração do Presidente Lula ao comparar o preso político Orlando Zapata Tamoyo, que morreu numa greve de fome em Cuba, com bandidos das nossas cadeias. Logo vem outra sandice, desta vez para macular a luta dos brasileiros exilados.

Nossa solidariedade com todos os que se exilaram e viveram dias amargos longe da pátria, sem poder voltar.

Principalmente com os que já se foram. Honra aos exilados brasileiros que fazem parte da nossa história de luta pelos direitos humanos e pela Liberdade.

Roberto Freire – Presidente Nacional do PPS

Brasília, 12 de abril de 2010.

No entanto, o próprio Estadão reproduziu a íntegra do discurso de Dilma Rousseff:

Leia abaixo a íntegra do discurso de Dilma Rousseff em evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, neste sábado, 10 de abril

“Companheiros e Companheiras do ABC,

Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços . O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos.

Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.
Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando.

Com a força do povo e a graça de Deus.”

Basta ler o texto para comprovar que Dilma não falou “que não deixou o país”, como diz a manchete da Folha; que nada falou sobre “exilados”, como diz a manchete do Estadão; que não chamou “a todos de fugitivos”, como diz a nota do PPS.

Mas a Folha, ao repercutir seu próprio erro, induziu os entrevistados a acreditar que Dilma disse o que não disse:

Crítica de Dilma a exilados causa polêmica

Opositores e aliados rebatem declaração de ex-ministra de que não “fugiu” à luta contra a ditadura, que visava atingir Serra

Oposicionistas e até aliados ao governo condenaram ontem a declaração da pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, que, na tentativa de atingir seu opositor José Serra (PSDB), criticou militantes de esquerda que optaram pelo exílio durante a ditadura militar.

“Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta”, disse ela, em referência à ditadura, quando foi para a clandestinidade. Serra, também opositor ao regime militar, se exilou no Chile.

“Dilma cometeu uma insensatez igual à de Lula, quando ele comparou preso político a bandido ao falar sobre Cuba”, disse Roberto Freire, presidente do PPS. “Miguel Arraes, Luis Carlos Prestes, Apolonio de Carvalho, João Goulart, José Dirceu… Então todos eles foram fugitivos?”, questionou Freire, que apoia a candidatura de Serra e disse estar organizando um “ato de desagravo aos exilados”.

O pré-candidato do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, um dos fundadores do PT, reagiu com indignação à fala: “É uma frase aloprada de quem nunca disputou eleição”.

Sampaio, que também foi exilado no Chile, acrescentou: “Eu me sinto contente a respeito do meu passado. Não tenho nenhum tipo de ressentimento e tenho orgulho de ter sido exilado, de ter sido cassado”.

A deputada Jô Morais (PC do B-MG), que apoia Dilma, afirmou que “foi um equívoco” pois a saída de alguns brasileiros do país foi importante para a própria sobrevivência da ministra, presa durante o regime.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o comentário de Dilma foi feito há poucos dias pelo general Leônidas Pires Gonçalves, que foi chefe do DOI-Codi e ministro do Exército do governo Sarney (1985-1990).

“É incrível o desrespeito dela. Parafraseando o Romário, ela calada é uma poeta.” Em recente entrevista, o general classificou de “fugitivos” o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e demais exilados, pois “ninguém estava sendo preso impunemente”.

Finalmente, o blogueiro Ricardo Noblat “descobriu” que o discurso de Dilma foi resultado de uma espécie de conspiração envolvendo Emir Sader e Paulo Henrique Amorim e uma teia maligna de blogueiros. É a versão Dilma, incapaz de ter ideias proprias, manipulada pelo eixo do mal:

Ação para prejudicar Serra se voltou contra Dilma

Por que a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata à sucessão de Lula, disse no último sábado, em São Bernardo do Campo, que “não foge à luta”?

Ela é quem sabe.

Por que prosperou a interpretação de que ela tinha se referido indiretamente a José Serra e a outros brasileiros que se exilaram durante a ditadura?

Aí é fácil explicar.

No dia 26 de setembro do ano passado, em artigo publicado no site da agência Carta Maior sob o título “Duas trajetórias distintas”, o professor Emir Sader, eleitor de Dilma e fervoroso defensor do governo Lula, escreveu:

“Nas horas mais difíceis se revela a personalidade – as forças e as fraquezas – de cada um.

(…) No Brasil também, na hora negra da ditadura militar, formos todos testados na nossa firmeza na decisão de lutar contra a ditadura, entre aderir ao regime surgido do golpe, tentar ficar alheios a todas as brutalidades que sucediam ou somar-se à resistência. Poderíamos olhar para trás, para saber onde estava cada um naquele período.

Dois personagens que aparecem como pré-candidatos à presidência são casos opostos de comportamento e daí podemos julgar seu caráter, exatamente no momento mais difícil, quando não era possível esconder seus comportamentos, sua personalidade, sua coragem para enfrentar dificuldades, seus valores.

José Serra era dirigente estudantil, tinha sido presidente do Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia da USP. Já com aquela ânsia de poder que seguiu caracterizando-o por toda a vida, brigou duramente até conseguir ser presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e, com os mesmos meios de não se deter diante de nada, chegou a ser presidente da UNE.

Com esse cargo participou do comício da Central do Brasil, em março de 1964, poucas semanas antes do golpe. Nesse evento, foi mais radical do que todos os que discursaram, não apenas de Jango, mas de Miguel Arraes e mesmo de Leonel Brizola.

No dia do golpe, poucos dias depois, da mesma forma que as outras organizações de massa, a UNE, por seu presidente, decretou greve geral. Esperava-se que iria comandar o processo de resistência estudantil, a partir do cargo pelo qual havia lutado tanto e para o qual havia sido eleito.

No entanto, Serra saiu do Brasil no primeiro grupo de pessoas que abandonou o país. Deixou abandonada a UNE, abandonou a luta de resistência dos estudantes contra a ditadura, abandonou o cargo para o qual tinha sido eleito pelos estudantes. Essa a atitude de Serra diante da primeira adversidade.

(…) Outra personalidade que aparece como pré-candidata à presidência também teve que reagir diante das circunstâncias do golpe militar e da ditadura. Dilma Rousseff, estudante mineira, fez outra escolha. Optou por ficar no Brasil e participar ativamente da resistência à ditadura, primeiro das mobilizações estudantis, depois das organizações clandestinas, que buscavam criar as condições para uma luta armada contra a ditadura militar.”

—–

O artigo de Sader foi reproduzido pelo blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, adversário ferrenho da candidatura Serra. Em seguida foi citado em artigo publicado no blog do ex-ministro José Dirceu. E desde então clonado pela imensa teia de blogs e de sites que apóiam o governo e a candidatura de Dilma.

Se Dilma leu o artigo, se se lembrou dele ao afirmar que não foge à luta, somente ela pode dizer. E ela disse que sua referência a não fugir à luta nada teve a ver com aqueles que se exilaram.

Mas sem dúvida havia uma ação de desconstrução da imagem de Serra na internet. E essa ação se aproveitou do que disse Dilma. Tanto que celebrou com euforia o que ela disse.

O que foi péssimo para a imagem dela.

É longa a lista dos brasileiros ilustres que, ameaçados pela ditadura, buscaram refúgio no exterior. Vai de Miguel Arraes, Leonel Brizola e João Goulart a Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Ferreira Gullar, por exemplo.

A ação para ajudar Dilma acabou por prejudicá-la.

Portanto, vejam o que uma distorção, de boa ou má fé, ajudou a gerar. A solução, que serve para todos os candidatos, me parece estar na tática adotada pela campanha de Barack Obama, nos Estados Unidos, diante da máquina de moer carne dos republicanos. Acompanhei de perto aquela campanha.

Trata-se de montar uma rede para transmitir online, ao vivo, todos os eventos de campanha. Assim, um grupo ainda que reduzido de internautas terá capacidade de se antecipar às manipulações e distorções e às frases tiradas de contexto.

O eleitor que viu o evento na internet será o primeiro a cotejar o que assistiu com o que saiu no jornal no dia seguinte. Ou comparar o que viu com as edições feitas nas emissoras de rádio e de televisão.

Além disso, as assessorias dos candidatos devem divulgar por escrito os discursos na íntegra, pela internet, permitindo que as pessoas que serão mais tarde ouvidas por repórteres, para “repercutir”, tenham acesso antecipado ao que de fato disse o candidato.

Finalmente, as assessorias devem postar os vídeos de eventos e entrevistas no You Tube, no Vimeo ou outros sites, para posterior comprovação das distorções, manipulações ou erros.

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