por Luiz Carlos Azenha
A respeito de um comentário que fiz, quando relembrei como eu tinha sido educado para aprender a perder, uma querida amiga me deu um puxão de orelhas. Ela tem razão. Argumenta que, diferentemente do que aconteceu na minha infância, nos anos 60, quando os pais tinham completa ou quase completa ascendência sobre as crianças, hoje em dia as crianças estão midiatizadas como nunca. Ou seja, entraram “ferozmente” na torcida pelo Brasil na Copa do Mundo, envolvidas numa expectativa amplificada pela mídia. Daí que, quando o Brasil perdeu, a frustração foi muito maior que teria sido nos anos 60 ou 70, quando o mundo não era tão midiatizado e as crianças menos ainda. Bom argumento, especialmente quando sabemos que a TV promove dia e noite e autonomia consumidora das crianças em relação aos pais. É como se dissesse “peçam, que eles compram”. Na Copa a mensagem subjacente foi “torça, que a gente vence”. Nunca tantos, tão jovens, foram emocionalmente mobilizados tão cedo em nome da Pátria em Chuteiras. Uma boa questão para esmiuçar.
Por outro lado, a Conceição Oliveira promete para breve um texto sobre um tema que também chamou minha atenção. Ela acha ignóbil o lamento de tantos pelo futuro desperdiçado de Bruno, o goleiro do Flamengo, como se o problema neste caso se limitasse a isso: um jovem que desperdiçou um futuro brilhante no mundo do futebol. Mas… e a mulher que foi morta? Será que ela “mereceu morrer”? Será apenas um dano colateral nesse “desperdício” de Bruno? Eu também acho espantoso que o lamento tenha se deslocado da vítima para a perda financeira do goleiro. Mas sobre isso com certeza a Conceição escreverá melhor que eu.
Sobre o caso Bruno, ainda, uma observação: se os policiais se dedicassem a investigar tanto quanto se dedicam a dar entrevistas, o caso já estaria solucionado. Isso é verdadeiramente espantoso: a polícia brasileira investiga ao vivo, na mídia. Entrega tudo de bandeja, antecipadamente, aos acusados e à defesa. Acho até que a polícia brasileira é melhor que a dos Estados Unidos, por dispor de mais informantes e fontes “quentes” no mundo do crime, mas às vezes não custa manter a discrição, no estilo da Polícia Federal, para ficar no Brasil. Delegados deveriam ser proibidos de dar entrevistas sobre casos em andamento. Informações de bastidores, tudo bem, mas na frente da telinha…




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