As críticas à política de comunicação do prefeito Haddad

Tempo de leitura: 6 min

Preso no mundo da hierarquia informativa

por Luiz Carlos Azenha

Quais seriam os problemas com a comunicação?

Não está sendo feita de forma adequada. A gestão Haddad não pode se fiar apenas nos meios tradicionais de comunicação achando que eles vão divulgar as políticas corretas da prefeitura. Muito pelo contrário. Eu vejo meios de comunicação que têm bastante penetração na sociedade paulistana e que eles sistematicamente criticam a prefeitura, mesmo nas questões em que ela está correta.

O que eu recomendaria ao Haddad, e tenho o poder de recomendar, é que ele troque essa equipe de comunicação. Porque essa equipe de comunicação foi desastrosa. Se eu tiver que dar uma nota ruim para a gestão Haddad eu daria justamente na comunicação. Sem comunicação você não vence a batalha política, sem comunicação você não vence inclusive a batalha administrativa. Hoje, se comunicar bem e interagir bem com a sociedade é um elemento de uma boa administração.

Falta ao governo municipal criar uma política própria de comunicação. E de diálogo com a sociedade. Não adianta você implementar uma política correta se você não dialoga com a sociedade. O governo Haddad está falhando em fazer uma verdadeira revolução no que tange a comunicação da prefeitura. Principalmente em um momento histórico como esse, em que existe uma crise de legitimidade dos políticos de modo geral. Falta à prefeitura uma política própria de comunicação, uma política aguerrida, arrojada, moderna, que leve em conta principalmente as redes sociais.

O trecho acima é de uma entrevista do sociólogo Aldo Fornazieri, que colaborou com o programa de governo de Fernando Haddad em 2012, à Rede Brasil Atual, reproduzida no GNN.

O problema a que ele se refere não é apenas de um governo, partido ou político brasileiro. É, acima de tudo, geracional.

Em maio de 68 tivemos uma explosão estudantil que pegou os mais velhos de surpresa. Uma revolta movida por ideias que haviam passado a circular através do embrião de um mercado fonográfico globalizado e do impacto de novas tecnologias de informação que pela primeira vez conectavam o planeta, como a televisão.

O século 21 é o da informação instantânea, multidirecionada, horizontal. Aos poucos, as hierarquias que herdamos da sociedade industrial estão ruindo, assim como as jornadas de trabalho com horário fixo. A comunicação assim o permite.

No que diz respeito ao consumo de informação e entretenimento, os jovens não querem mais ficar à mercê das “grades” de programação. Reflexo disso: enquanto o Jornal Nacional pela primeira vez na história tem audiência inferior a 20 pontos, o YouTube bomba. Ainda não surgiram aparatos de medição para avaliar este fenômeno.

No Brasil, a Globo continua vendendo seu peixe baseada em medições do Ibope que não dão conta de analisar a complexidade do novo mercado de comunicação. As agências de publicidade são prisioneiras do BV, a bonificação por volume — que é em resumo um jabá concentrador das verbas publicitárias. Os clientes só aos poucos começam a despertar para o fato de que, usando as redes sociais, podem atingir seu público-alvo sem torrar milhões no canhão da Globo. Isso já se expressa no crescimento do Google como a grande agência de publicidade global. O Facebook vai pelo mesmo caminho.

Um mundo está se desfazendo, outro ocupa o lugar, mas ainda somos reféns das ideias que circulavam naquele em extinção.

Os governos, partidos e políticos brasileiros continuam agindo de acordo com a lógica ultrapassada, hierarquizada, da comunicação. Como em 68, são pegos de surpresa pela dinâmica das ruas, pelo descompasso entre o que dizem as instituições e o que os jovens querem ouvir. A forma de dizer também está ultrapassada. Pressupõe a relevância de algo que, para a molecada, é irrelevante: hierarquia, senioridade, autoridade baseada em cargos, sobrenomes e contas bancárias.

Occupy nos Estados Unidos e black blocs no Brasil são apenas sintomas deste descompasso.

No caso apontado pelo sociólogo Fornazieri, é importante lembrar que o PT se rendeu à lógica do ex-presidente Lula: deixem que o marqueteiro João Santana resolve, na reta final. A fórmula desconsidera que uma fatia considerável, embora ainda não majoritária do eleitorado, associa a propaganda eleitoral gratuita ao mesmo discurso surrado, ultrapassado e unilateral dos noticiários da TV.

O candidato fala, você concorda ou não. É diferente de o candidato dialogar contigo nas redes sociais, ou pelo menos dar a impressão de que faz isso.

Em 2008 Barack Obama decobriu a pólvora. Fez uma campanha verdadeiramente “ground breaking”, inovadora, tirando proveito de que as redes sociais tinham atingido massa crítica nos Estados Unidos. Obama recrutou voluntários em rede, para financiar, organizar e propagar sua mensagem.

Tirou proveito de um fenômeno identificado em uma pesquisa que a revista britânica Economist resumiu: mesmo as pessoas que estão muito satisfeitas com a vida sob o regime capitalista acham que a vida não é apenas ganhar dinheiro. Estão dispostas a se engajar em alguma causa de forma voluntária. Admiram e cultuam os “idealistas”.

A campanha de Obama adotou uma tática interessante: fatiou a plataforma eleitoral do candidato em temas. Engajou voluntários que se identificavam com cada um destes temas: autorização para recrutamento de gays pelas Forças Armadas, salários iguais para homens e mulheres, fechamento da base de Guantánamo e assim sucessivamente. A soma das partes formava o projeto político de Obama. Mas ninguém precisava abraçar o todo: o militante interessado especificamente no plano de saúde proposto por Obama não tinha que necessariamente concordar com o todo, mas se empenhava pelo candidato tanto quanto o eleitor ideológico, que sentia repulsa pela invasão do Iraque patrocinada pelos republicanos.

As partes formavam mais que o todo.

Especificamente sobre o governo Haddad, o prefeito é visto como uma boa pessoa, mas inerte.

Talvez porque a comunicação falhou nos momentos-chave.

No enfrentamento das manifestações promovidas pelo Movimento Passe Livre, ficou a reboque do governador Geraldo Alckmin quando foi anunciada a redução das tarifas. Eu entrevistava integrantes do MPL quando a decisão foi comunicada em entrevista coletiva. Eles mesmos, os meninos e meninas do MPL, estranharam o papel secundário assumido por Haddad.

Nos aumentos do IPTU, Haddad levou uma tremenda surra da imprensa antes que algumas vozes isoladas se levantassem para defendê-lo — aliás, com excelentes argumentos, que dizem respeito à justiça tributária. Onde é que estavam aqueles articulistas antes? Por que o anúncio do aumento não foi precedido de uma campanha de eslarecimento?

Na implantação das faixas de ônibus em São Paulo, aprovadas inicialmente pela maioria dos paulistanos, o prefeito corre o risco de ver a situação revertida por não dispor de uma política de comunicação eficiente sobre o tema. Os ônibus ganharam em velocidade? Aumentou o número de passageiros? As faixas que não derem certo, depois da análise da engenharia do trânsito, serão removidas?

Este é um assunto dinâmico, em que não se pode ficar parado, especialmente quando as redes sociais se tornaram tão importantes para consolidar opiniões quanto o Jornal Nacional.

No escândalo da máfia dos fiscais, Haddad assistiu inerte à manobra do Jornal Nacional, que colocou o escândalo no colo do prefeito, onde permanece. No dia seguinte à denúncia contra Antônio Donato o prefeito deveria ter dado uma entrevista coletiva para detalhar a cronologia do escândalo, deixando claro que não tinha ainda assumido o poder quando a máfia começou a agir. De forma didática.

Se possível, com um gráfico trazendo as datas de forma detalhada — em seguida, poderia ser compatilhado em forma de meme no Facebook.

Para vocês terem uma ideia da política de comunicação da Prefeitura, recentemente a produtora do Viomundo tentou marcar entrevista com um secretário do prefeito justamente para obter dele aquela cronologia. Resposta do secretário ao pedido de entrevista: Não!

É bizarro que uma assessoria de imprensa profissional não tenha feito o que faria um estagiário em relações públicas: “Infelizmente, o secretário não está disponível no momento, mas enviarei um texto com os argumentos do governo a respeito do tema, uma entrevista recente do prefeito sobre o assunto e as notas oficiais que divulgamos”.

Por que o assessor deveria ter feito isso?

Porque no mundo das redes sociais, como entendeu perfeitamente Barack Obama, a política de comunicação deve ser pró-ativa. Você precisa ocupar espaço. Você precisa fornecer argumentos que sirvam tanto a seus apoiadores quanto ao confronto de ideias com seus críticos. Este confronto de ideias não é mais apenas mediado pelo Otavinho, Civita e irmãos Marinho.

Antes, um político poderia perfeitamente passar a mão no telefone, ligar para um barão da mídia e reclamar da cobertura desigual. Muitos o fizeram e continuam fazendo.

Hoje, política de comunicação é mais que fazer propaganda ou conseguir cobertura da Globo. É engajamento em nível quase pessoal com leitores, telespectadores e ouvintes — que também são contribuintes. Engajamento para o qual existem ferramentas praticamente gratuitas, na rede, sem passar pelo controle das grandes redações.

Dá trabalho, eu sei. O que talvez seja o grande problema.

Leia também:

A lógica torta da Globo no caso de José Dirceu


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Comentários

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assalariado.

Nessas alturas da luta de classes no Brasil, fico me perguntando: qual desses partidos da atualidade, que se dizem de esquerda, tem cheiro de povo? Percebo claramente, tem mais cheiro de carpete, de gabinete mofo.

Quando dos protestos de junho /2013, ficou claro para mim, o quanto custa caro politicamente a realidade irreal de um partido (de massas?) envelopado por fora, e por dentro de gabinetes e os desejos imediatos do povo nação. A grande massa assalariada assistiu os últimos acontecimentos sentada em frente aos jornais noturnos, mesmo assim, há muitos do povo nação quem nem se liga em telejornais. Sim, da trabalho! Por falta de dinheiro e pessoal é que não é, né internautas?

Como se comunicar com as massas/ fazer fluir as propostas colocadas em pratica num governo dito popular, as vontades/ necessidades imediatas de saúde, educação, transportes e tals?

Que tal os governos da vez (os ditos esquerdas), darem a volta na mídia burguesa que, como sabemos, tem ainda, poder imenso de lavagem cerebral diante das massas. Mesmo porque, na hora ‘h’ o povão vai se ‘informar’, onde mesmo?

Pelo jeito ‘os governos populares’ nunca leram Antonio Gramsci, líder revolucionário italiano que, nesta entrevista no Brasil de Fato, a profª Cristina Bezerra da UFJF nos fala, sobre a importância da (HEGEMONIA) na sociedade e dos pensamentos de Antonio Gramsci:

“Gramsci coloca que se a (hegemonia) é um dos elementos-chave para a luta política, para a de classes, ou seja, a classe que quer se tornar dirigente precisa alcançar (hegemonia). Então, ela tem diferentes batalhas a serem travadas que não se limitam à esfera econômica, mas que se ampliam para a esfera política. Nesse sentido, existe uma batalha cultural a ser travada”, afirma Cristina Bezerra, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista na obra do revolucionário italiano Antonio Gramsci (1891-1937).”

Entrevista/ endereço: http://www.brasildefato.com.br/node/12452

Saudações Socialistas.

foo

> Reflexo disso: enquanto o Jornal Nacional pela primeira vez na história
> tem audiência inferior a 20 pontos, o YouTube bomba.
> Ainda não surgiram aparatos de medição para avaliar este fenômeno.

Como assim “ainda não surgiram aparatos de medição para avaliar este fenômeno”???

Tudo na internet pode ser mensurado. É fácil descobrir, por exemplo, se 1, 10 ou 1 milhão de pessoas assistiram a um vídeo. Mais do que isso: é possível saber se assistiram do começo ao fim, se deixaram de assistir no meio, etc.

Mesma coisa com os sites e blogs. É possível mensurar a audiência e repercussão nas redes sociais.

O que está faltando é os blogueiros procurarem o prefeito — vocês não esperam que ele venha bater na sua porta para dar uma entrevista, não é mesmo?

Deixo uma pergunta para o Azenha: quando é que você procurou o prefeito para uma entrevista?

    foo

    Ops…

    Eu não tinha lido esse trecho:

    > Para vocês terem uma ideia da política de comunicação da Prefeitura,
    > recentemente a produtora do Viomundo tentou marcar entrevista com um
    > secretário do prefeito justamente para obter dele aquela cronologia.
    > Resposta do secretário ao pedido de entrevista: Não!

    Nesse caso, retiro o que disse.

    E acrescento: o prefeito (ou seu secretário) não está sabendo mesmo como lidar com a internet, sua maior aliada na batalha da comunicação.

augusto2

Falar em comunicaçao, uma coisa me envergonhou e enfureceu ontem.
De onde a presidenta tirou akele diskurso futebolistico no sorteio do Sauipe?
Tá certo q ele entende do mundo da bola tanto como eu astrofisica quantika.
E quem tinha de saber antes, de orientar? o soporífero gilberto do Karbalho? oU assessor de imprensa? o cara do Itamaraty? Transpareceu o que daquilo, diante de 1.5 bilhao de expectadores no mundo? arrogancia de bola e talvez só?!
Com a força total dos meus pulmões, é inaguentavel: voces sao infinitamente buuuuurrrrros!
fikouj provado ontem.

J Souza

Você está certo! O PT erra muito em comunicação… E nas Comunicações também…
Por falar nisso, por onde anda o Paulo Bernardo? Na verdade nem quero saber, pois quando ele apareceu, geralmente foi para trazer boas notícias… Para as empresas “das Comunicações”, e raramente para os usuários!

O governo, ao invés de aproveitar a maioria esmagadora que tinha no congresso e na opinião pública, e pautar o debate, foi pautado pela mídia conservadora empresarial, que por sua vez é pautada também pela oposição, que também serve somente aos interesses empresarias (mais do que as próprias empresas, vide o caso de São Paulo, onde o governo “solicitou” a formação de um consórcio para superfaturar trens…).

O governo tem que voltar à ortodoxia na economia, para baixar os juros, ao invés de cair na armadilha do PIB. Deve acabar com essas desonerações e estímulo ao crédito para consumismo, e utilizar os recursos para investimentos, primeiramente em em Educação, o que significa capacitação de mão-de-obra, e também, por que não, em infraestrutura.

Parece que o povo, que não é bobo, já entendeu isso. Pelo menos é o que dizem as notícias. A poupança tem sido a maior dos últimos tempos, e a população tem se endividado mais para estudar.

Apavorado por Vírus e Bactérias

Haddad tem potencial para ser Presidente da República. Mas do jeito que caminha na Prefeitura de São Paulo, vai para a aposentadoria com a Marta. Primeiro, porquê ele precisava aumentar o IPTU? Tirasse dinheiro de outro lugar. A Marta se deu mal e ficou conhecida como Martaxa. Não se enganem o Prefeito e sua equipe equivocada de Comunicação: a imprensa e a classe média conservadora e reacionária, além das bestas de plantão, todos arregimentados pela elite paulistana vão descer o cacete no Prefeito. Assim, o melhor é não dar motivo.

paulo bueno

O PT é ruim de propaganda em SP sofre porque a sua equipe de marketing praticamente não existe o PT criou o bilhete unico,CEUs,painel dos onibus que avisa quando ele se aproxima ,e varios politicas sociais,mas não faz proganda disso,,o papo de petista é o PIG nada mais porque o PT não monta uma MILITANCIA DIGITALcom uma equipe de 500 a 600 pessoas para fazer comentarios nos jornais e revitas e nas redes sociais em favor do partido,
porque o PT não preciona o STF para o julgamento do MENSALÃO DO PSDB
o PT é PÉSSIMO DE PROPAGANDA sofre porque o seu marketing não funciona
e corre riscos em 2014.

Benedito

Essa inapetência da Comunicação do governo Haddad tem nome e sobrenome: Nunzio Briguglio, um neandertal mantido no cargo por motivos que a razão não consegue explicar. O PT tá careca de saber que a mídia só joga bola nas costas das administrações do partido. Mesmo assim, insiste em agir como se essa mídia fosse sua parceira. Me desculpem o termo, mas haja burrice!

Sidnei Brito

Um tema para quem se interessar em estudar ou analisar. Não sei se vou saber expressar bem o que quero dizer.

No caso da máfia do ISS, viu-se a mídia – Folha à frente – num esforço descomunal para meter no meio da história a administração de Haddad, justamente aquela que desbaratava o esquema.

Por óbvio, o objetivo da mídia que se prestou a tal papelão era, num primeiro momento, enganar os incautos de sempre. Vivem fazendo isso e não há novidade alguma.

Por outro lado – e isso é o mais grave -, é que tais órgãos sabem muito bem que parte de seu público fiel é plenamente capaz de perceber a manobra e enxergam com total nitidez a desonestidade de tal prática. Ou seja, leitores e assinantes da Folha, por exemplo, em sua maioria, viram o que estava acontecendo: Haddad fazia o certo, estava no comando, mas estava sendo transformando em vilão pela imprensa – isso sem dizer que o mesmo cidadão talvez notasse a blindagem de gente próxima a Serra.

Mas, como não se trata de jornalismo, mas sim de guerra política, esse mesmo leitor, em vez de execrar o jornal pelo “estelionato informativo” que pratica, tende a devotar-se mais ainda a ele, em razão da atitude, por assim dizer, parceira que adota. Antipetistas em sua maioria, tais leitores congratulam-se com tais órgãos, como forma de reconhecimento pelo esforço que fazem em encriminar o PT.

Estou só colocando tal questão porque me cansei de ouvir por aí gente afirmando que a Folha e outros subestimavam a inteligência de seus seguidores. Nada disso. Lamentavelmente, talvez seja exatamente o contrário.

Elias

Esquivar-se de uma entrevista ao Viomundo, como fez o secretário de Haddad, é pura burrice. Pura burrice também é não levar em conta os apontamentos do sociólogo Aldo Fornazieri. Quase um ano de mandato e eu só lembro de ver o prefeito em rápidas aparições na Globo, sempre levando passa-moleque. Datena faz pesquisa instantânea sobre aumento no IPTU e desce a lenha na Prefeitura. Bizarro! Âncora de programa policial preocupado com impostos municipais. E os assessores de Haddad, calados, acomodados em almofadinhas de veludo, nada fazem. O próprio Haddad se mostra vacilante ao deparar-se com microfones e câmeras. Ele não tem a habilidade de um Jânio Quadros que em vez de ser notícia, criava notícia. Haddad me parece tímido e por isso mesmo deveria ter uma assessoria de comunicação muito mais aguerrida e como disse Azenha: “No Brasil, a Globo continua vendendo seu peixe baseada em medições do Ibope que não dão conta de analisar a complexidade do novo mercado de comunicação.” E no mesmo parágrafo, sobre verbas publicitárias, Azenha aponta: “Os clientes só aos poucos começam a despertar para o fato de que, usando as redes sociais, podem atingir seu público-alvo sem torrar milhões no canhão da Globo. Isso já se expressa no crescimento do Google como a grande agência de publicidade global. O Facebook vai pelo mesmo caminho.” Eu que não entendo quase nada de internet, sei que daqui a pouco todos os meios de comunicação serão canalizados por ela. E Haddad (aliás, melhor dizer os governos petistas nas três esferas) limitado ao mofo dos meios tradicionais. E aqui vai mais um ‘aliás’: Como está o projeto Wi-Fi em praças e ruas de São Paulo? Alguém já usou um dos 120 pontos que deveriam estar disponíveis a partir de outubro passado?

“Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração” Gilberto Gil

Tiveste meu voto, caro prefeito Fernando Haddad. Reaja, companheiro!

Romanelli

Eu seria o Paulistano mais feliz do mundo se achasse que o problema do Haddad era o de comunicação.

-Alianças aéticas e espúrias

-aumento real do IPTU mesmo tendo aumento de arrecadação e desafogo do Governo federal

-aumento das passagens sem promover a eficiência (com eliminação dos cobradores e repasse dos UM BILHÃO que haveria em economia, ou 25% das tarifas) e a transparência que elucidaria pq 72% da frota de Sp esta nas mãos dum só empresário (ex açougueiro)

-estabelecimento das faixas de ônibus exclusivas, PUXADINHOS – com GANHO ZERO pra cidade como um todo, e priorizando BRTs mais caros e lentos (segundo estudos SÉRIOS feitos por técnicos e não por palpiteiros de MKT)

-instalação de relógios CARÍSSIMOS que em tempos de contenção não se justificam

estes SÃO alguns dos exemplos que me fazem ter certeza que o problema do nossa prefeito não esta mais, definitivamente, na comunicação.

    Adilson

    Seríamos 2 paulistanos felizes.

ricardo silveira

Não há dúvida, a comunicação da oposição é muito eficiente e na grande mídia só dá oposição, o governo não tem espaço e é preciso aproveitar a oportunidade para discutir questões importantes. Por exemplo, a meninada do passe livre levantou uma questão fundamental na vida da cidade que é o transporte público, mas poderia respaldar o prefeito quando ele disse que o empresário tem que entrar na negociação, no entanto essa conversa morreu na fala do prefeito e bastou tirar o aumento do ônibus para a meninada sair de cena e dar lugar aos Black Blocs. Agora já é férias e no ano que vem, certamente depois do carnaval, voltam às ruas para ajudar a direita na eleição.

Darci

Para resolver as questões apontadas acima sobre as mudanças das linhas de ônibus, basta manter as linhas antigas como paradores. Há que haver na porta de casa.

Pereira

A lógica do PT, a partir do Governo Lula (que deve se arrepender desse erro) é compactuar com a grande mídia (seja por medo, puro comodismo ou mesmo por compartilhar certos ideais). Exemplos simbólicos recentes: Dilma foi para a festa da Folha (que havia publicado sua ficha falsa); também foi ao programa da Ana Maria Braga (que pouco tempo depois usou um colar de tomates). No segundo Governo Lula ainda se iniciou uma pulverização das verbas publicitárias em pequenos veículos. Até mesmo pequenas rádios do interior recebiam recursos. Já o Governo Dilma vem concentrando ainda mais as verbas publicitárias nos veículos tradicionais. Pura bobagem? Não. Basta ver o que ocorre nos governos locais do PT. Seja nos estados ou municípios, os governantes do PT estão sempre da defensiva, sempre financiando e tentando se amoldar à mídia dos pequenos barões locais. Espantoso mesmo é que o Haddad tenha embarcado nessa. Nesse caso, talvez seja resultado do elitismo do PT de São Paulo. Basta lembrar que Marta Suplicy (mesmo tendo recebido a alcunha de “martaxa”) agiu da mesma forma que o atual prefeito.

irineu Almeida Baptista

Luiz, o Haddad está caindo ou já caiu na mesma armadilha da Marta. No último ano de governo ela era muito bem avaliada e no entanto perdeu a eleição. até hoje ela defenestrada na mídia. Quiçá o Haddad perceba e muda o quanto antes ou antes que seja tarde,

Alexandre Tambelli

Eu falo por experiência própria. Em São Paulo o Governo Haddad decidiu realizar mudanças significativas no transporte coletivo de ônibus. Então, foram decididas ações, como por exemplo:

1) Mudar os pontos iniciais e/ou finais das linhas;
2) Mudar trajetos dos ônibus para se adequarem aos terminais, para chegarem nos metrôs, e passar pelas faixas exclusivas de ônibus que estão sendo implementadas por toda cidade;
3) Algumas linhas foram desativadas;
4) Algumas linhas tiveram seus trajetos reduzidos;
5) Algumas linhas tiveram seus carros (ônibus que circulam nela) diminuídos;
6) Pontos de ônibus mudaram de lugar, etc.

Eu sempre ando de ônibus, nunca aprendi a dirigir, para falar a verdade! E estou em constante movimentação pela cidade de ônibus.

Todos os tópicos que enumerei foram citados porque fui pego de surpresa nos últimos tempos, pelo menos uma vez, por causa de um dos itens enumerados acima.

De repente chego ao ponto final do ônibus e ele não é mais lá, depois chego em um ponto de ônibus e ele mudou para uns 200 metros à frente sem retirarem o ponto antigo, depois demora para passar um ônibus e alguém diz que ele passa com frequência reduzida, etc.

Tudo parece feito na canetada, sem o cuidado com a precisa informação. E vemos estas falhas:

1) Mudam-se linhas, trajetos, pontos sem que se distribua panfletos ou uma cartilha informativos, com linhas alternativas, sugestões de novos trajetos, entre outras coisas, esclarecimentos das mudanças: objetivos, etc.;
2) Sem publicidade nas redes sociais;
3) Sem nenhum funcionário temporário nos pontos finais, ao menos, para informar da mudança;
4) Sem a devida qualificação do cobrador e do fiscal, que poderiam ser o elo de ligação entre o usuário e as mudanças efetuadas;
5) Sem nenhum cartaz ou faixa nos pontos de ônibus e no local onde era o ponto inicial ou final do ônibus, etc.

A Secretaria de Transporte decide que vai alterar um trajeto, que vai mudar um ponto de lugar, que vai criar um corredor de ônibus e a gente só descobre a mudança ocorrida por sorte, porque alguém de boa vontade nos informa. Ou, alguém acredita que o usuário vai sair de casa com a informação atualizada? Cabe à Prefeitura comunicar, ir de encontro aos moradores da cidade afetados pela mudança, e não o contrário. O corpo a corpo é importante.

Não sei se essa experiência ocorreu com todo usuário de ônibus de São Paulo, comigo aconteceu. Escuto muita reclamação de pessoas comuns no ponto final/inicial de um ônibus sobre essa desinformação. E sei que isso não gera contentamento e sim desaprovação. Vivem falando que não vão votar mais em ninguém.

Não se comunicar direito é perda de votos, com toda certeza!
Depois não sabem a razão de a aprovação do nosso ótimo Prefeito estar na casa dos 20%.

E nem toda mudança dos ônibus é lógica, sei de situações em que a retirada da linha representa, um exemplo, aqui na Vila Mariana, onde moro, mas estende-se para diferentes bairros, um desserviço, porque senhores e senhoras (claro que num bairro de classe média/média-alta tem diversas exceções), muitas vezes em idade avançada acabam tendo de andar 4/5 quarteirões para pegar um ônibus, quando antes passava próximo de suas casas e muitas vezes nem podem fazer isto por questões de saúde/mobilidade. Sem contar as ladeiras, calçadas defeituosas e seus degraus enormes, o trânsito, os faróis sem a fase do pedestre, etc.
Esse pequeno transporte da terceira idade, não é um deslocamento de grandes distâncias, é pequeno, de casa até o supermercado, a farmácia, ao Médico, geralmente, do bairro, ou próximo, etc. É gente aposentada, não tem como querer que elas peguem táxi para tudo, não é verdade? Aposentado/pensionista não tem essa renda toda, para se dar ao luxo de pegar táxi, toda hora. E quanto menor o poder aquisitivo dos moradores de um bairro, isso nem passa pela cabeça do senhor/senhora.

Essas ideias: agora vamos criar corredores e mais corredores, faixas exclusivas, diminuir trajetos, tirar ônibus de circulação não podem ser feitas, apenas, na conta de diminuição do tempo de se chegar ao trabalho ou em casa, não só de trabalhador é feito o transporte coletivo, tem estudante, aposentado/pensionista, deficientes, etc. Diminuir o tempo de trajeto não significa benefício para todo mundo, se não existe um bom planejamento e estudo dos tipos de usuários de cada linha de ônibus.

Esses dias, por exemplo, a Linha Vila Gomes/Jardim Miriam foi modificada, termina agora no Metrô Ana Rosa. Muitas pessoas a utilizam no bairro para pequenos trajetos: casa/escola – casa/supermercado – casa/Médico, etc. Pra ir na direção da Avenida Paulista, dentre outros locais era o ônibus ideal. Tornar obrigatório a toda pessoa descer do ônibus para pegar o Metrô ou outro ônibus, não tem muita lógica, a Avenida Paulista fica alguns quarteirões apenas e a linha de ônibus chegava até lá.

A falta de comunicação e o bom planejamento acabam favorecendo coisas assim: página no Facebook e até abaixo assinado do Avaaz contra a desativação da linha. Isso, decididamente, não dá votos!

Tudo parece ser feito na lógica da melhoria do sistema e da mobilidade urbana! Mas, feito de cima para baixo, numa canetada! Sem o contato direto com o usuário e morador dos bairros afetados pela interrupção da passagem de uma linha de ônibus em determinado ponto da cidade!

Parece que tudo é medido pela quantidade nos governos do PT, mas será que isso tem validade eterna? E falo isto votando no PT desde sempre. Mas, que é uma conta atrás da outra é! Na lógica de quantos votos ganho e quantos perco se adotar esta ou aquela medida.

Apolônio

Tenho falado muito a esse respeito, Haddad tem outras formas de se comunicar com o público sem recorrer em demasia à mídia tradicional. Pode falar para os blogueiros progressistas, para o youtube, para as rádios comunitárias na periferia, escrever no twitter, face, etc.

Cibele

Azenha, no trecho do oitavo parágrafo: “algo que, para a molecada, é irrelevante”, você digitou errado, creio eu. Está “irrevelante”.

    Conceição Lemes

    Valeu, Cibele. Corrigido. bjs

    J Souza

    Por onde você andava? Está tudo bem? Estava de férias? Ou estava só nos bastidores?

    Conceição Lemes

    No estaleiro, Souza. Estou me recuperando de uma fratura gravíssima no cotovelo do braço direito com rompimento dos ligamentos. Tive de ser operada. “Ganhei” uma placa e nove pinos. Estou voltando aos poucos. Obrigada pela atenção. abs

    Cibele

    Caramba, Conceição! Eu tinha reparado mesmo que o blog da saúde estava parado há um tempão, mas a gente nem imagina que algo grave possa estar acontecendo. Boa recuperação aí!

    J Souza

    Fico feliz por você estar de volta. Tenho certeza de que muitos outros também estão.
    Saúde! E comemore sua volta ao trabalho! Abs

    ccbregamim

    isso é o que eu chamo de erro poético..

Patricio

Foi bom tocar nesse assunto. Em se tratando de “meios tradicionais de comunicação”, sr. Aldo Fornazieri, os caras são incompetentes. Não é uma questão técnica, mas ideológica. Quem foi que aprovou uma logomarca em que o coração de São Paulo está no lixo? O que é aquilo de dizer “a cidade que queremos” ? Queremos? Quem queremos, compadre? Dá a entender que esses nós são a turma do PT. Então não é “queremos” , mas “querem”. Pensa que o adversário não vai usar isso, Haddad? É um absurdo, mas acho que essa equipe é formada pelos publicitários do Zá Sarra. E deve ter infiltrados do PPS também. Jogam contra, são certeiros. E os publicitários comprometidos -os velhinhos que fundaram esse parti – estão de pires na mão, pedindo água nas portas das ongs ou vendendo bala no semáforo. Que tristeza, PT! Me sinto Genoino.

MARCOS F.L.

HADDAD DEIXOU NA MÃO DO RADICAL DATENA EXPLICAR A QUESTÃO DO IPTU E POR ISSO APANHOU FEIO.

tiago carneiro

COmo sempre, PT se mostrando budao e masoquista….

Ana

Perfeito.
Li nesta semana mesmo sobre um prefeito espanhol da cidade de Jun que faz seu governo praticamente pelo twitter, sempre deixando sua conta e dos demais assessores à disposição da população, para reclamações, sugestões, etc,…Está certo que deve ser milhões de vezes menor que uma São Paulo, mas não deixa de demonstrar uma adequação à comunicação nos tempos atuais

lukas

O YOUTUBE bomba pq cada um pode escolher o que assistir, ou seja, dilui-se muito a força do que está ali. Compare a audiencia do JN com a do video mais assistido no YOUTUBE.

Alf

Fantástico, estava falando sobre assunto semelhante em contexto distinto esta manhã. A palavra é o elemento de interação entre dois humanos. Humanos, ao interagir, fazem política, naturalmente. Na era da internet continuará havendo hierarquia, mas agora, com a palavra em evidência, lideram os que apresentam argumentos, idéias e que trabalham. Não adianta o Haddad e sua equipe de comunicação pensarem que: “O Haddad falou e então todos o seguiremos cegamente.” Precisa convencer diariamente. Ótimo texto.

Vinicius Garcia

Como diria o velho Chacrinha, quem não se comunica, se estrumbica.

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