Aprendendo a usar os recursos da rede e as tecnologias de informação

Tempo de leitura: 9 min

por Luiz Carlos Azenha

Agora que nos acostumamos à nova plataforma do Viomundo e que ficaram claras as normas para aprovação de comentários no blog, o próximo passo.

Vou explicar didaticamente as ferramentas à disposição de vocês. Esta é a reprodução do pé de um post:

Viram à esquerda, meio escondidinho, o passarinho do Twitter?

Pois bem, se você clicar nele, pode mandar um Twitter para seus amigos, familiares e seguidores reproduzindo este post.

Aquele símbolo vermelho? É do Orkut. Se você estiver logado no Orkut, pode reproduzir este post parcialmente em sua página no Orkut.

E aquele F pela metade? Clique nele e você pode reproduzir este post parcialmente em sua página no Facebook.

Em seguida há outras formas de disseminar este post, através de agregadores, na rede.

É como se você estivesse dizendo a parentes e amigos: li isso aqui, gostei, recomendo que você leia. E leia também o comentário que deixei no Viomundo.

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Olhe agora para a palavra Comments, comentários.

Há três formas de você classificar os comentários, para efeito de sua leitura:

1. DATA: Os mais recentes aparecem primeiro;

2. CLASSIFICAÇÃO: Os comentários que outros internautas aprovaram aparecem primeiro. Olhem lá para o comentário do Leider: três pessoas gostaram, votaram, e a mensagem dele aparece em primeiro lugar na classificação. Mas o Leider poderia elaborar melhor o comentário que fez. Vai ficar óbvio em seguida, se vocês seguirem a linha de raciocínio do post. Para votar positivamente, clique no botão que tem o dedo positivo; para votar negativamente, tem o dedo para baixo. Essa classificação não afeta o ranking dos 10 principais comentaristas do site, que aparece na capa e que explicarei em uma próxima oportunidade.

3. ÚLTIMA ATIVIDADE – Vamos que, ao ler os comentários, lá no pé, você encontrou um ao qual pretende responder. Assim que sua resposta é aprovada, aquele comentário (com sua resposta) passa a ser o primeiro da lista.

Não são ferramentas narcissísticas, para estimular a competição, nem de pessoas que pretendem aparecer.

São instrumentos importantes em uma sociedade da informação, que busca dar voz a todos as pessoas, independentemente de serem doutores ou não, de terem as gráficas do Frias ou o quase monopólio das verbas publicitárias dos Marinho.

Hoje existem agregadores de comentários (usamos o Intense Debate, mas há outros na rede) que permitem a você ter sua própria página de comentários.

Isso permite a uma pessoa como o Leider, por exemplo, agrupar todas as opiniões que ele deixou em todos os blogs e sites num só espaço.

Qual a vantagem disso, você me pergunta: é a voz do Leider na internet!

Se você clicar sobre a imagem do Leider, aparece:

Se você clicar no View IntenseDebate profile, que significa Veja a lista dele no Intense Debate, você terá acesso aos comentários que o Leider deixou na rede:

O Leider pode agregar àquela página todos os comentários que deixou em todos os blogs que ele lê, inclusive nos dos grandes portais.

Quem for à página do Leider pode não só ler os comentários dele, mas clicar para ir aos textos que ele leu em outros endereços eletrônicos.

O Leider não tem um blog! Tem muitos!

Com a vantagem de que ele, Leider, pode copiar o link da página de comentários e replicar por e-mail, pelo twitter e assim por diante, para amigos e parentes.

Se ele escrever comentários pertinentes e inteligentes, outras pessoas passarão a seguí-lo (existe essa opção na página do Intense Debate).

Em outras palavras, de graça, você pode fazer uma assinatura do Leider, depois de julgar se as opiniões, dicas de leitura e informações que ele escreve em seus comentários tem valor subjetivo ou objetivo.

É por isso que tenho insistido: não associe o seu nome à baixaria.

Vivi de perto a campanha eleitoral nos Estados Unidos, quando os republicanos fizeram pleno uso de sua máquina de moer carne, enquanto John McCain sorria na capa de revistas:

Eram tantos e tão repulsivos os comentários feitos contra Obama nos blogs, inclusive de alguns portais, que o efeito pretendido foi inverso. Falava-se tão mal de Obama que despertou na opinião pública uma curiosidade. Mas, afinal, quem é esse cara de que tanto mal falam na rede?

E os internautas, que não são tolos, foram buscar mais informações: descobriram o blog do Obama. Descobriram que o Obama deixava mensagens no You Tube. Descobriram que o Obama era gente. Que respondia a perguntas dos internautas. Que falava de igual para igual com os internautas. Que não dava respostas grosseiras a repórteres. Que não tentava desqualificar entrevistadores, independentemente de origem, cor da pele, status social.

Com todos os defeitos da rede, que são muitos, acho que é muito melhor que o monopólio da opinião, do entretenimento e da informação a que ainda estamos sujeitos no Brasil, onde as ideias mal cozidas nos laboratórios do Jardim Botânico ou às margens do rio Pinheiros nos são enfiadas goela abaixo.

A “mídia velha” permite a uma única pessoa, sentada no topo da hierarquia, ter uma voz desproporcional à sua importância na sociedade, desde que ela consiga recrutar um exército onde não há espaço para dissensão. Os recrutas precisam replicar o modo de fazer, de pensar, ler os livros do chefe e bater continência à causa, uma vez pela manhã e outra antes de dormir. Não sei como ainda não criaram um hino.

Se houver dissidentes, dá nisso!

É uma estrutura verticalizada, que é tudo o que a internet não é.

Por isso a nova mídia, baseada na internet, nas redes sociais e em outras tecnologias da informação, assusta muita gente.

Ela é  horizontalizada.

Um professor da Amazônia, por exemplo, com dificuldades para se fazer ouvir na mídia tradicional — que por motivos políticos ou ideológicos ouve sempre os mesmos — pode usar as ferramentas que sugeri acima para replicar o trabalho inovador que acabou de concluir mas não consegue publicar.

Dia destes, fiquei sabendo que estudantes de uma escola do Mato Grosso, cuja professora adotou o programa Nova África, da TV Brasil (do qual sou um dos diretores), como material didático, trocam mensagens a respeito dos episódios: fazem comentários, agregam e disseminam informação.

Já pensaram no potencial que essa troca horizontal de informações tem em uma sociedade? É mais gente falando, mais gente sendo ouvida, mais gente participando.

Recentemente, a equipe do Nova África registrou, no Quênia, um fenômeno espetacular: a utilização do aparelho celular para o pagamento de contas.

Até passagem de ônibus é possível pagar com uma mensagem de texto.

Para além de uma comodidade, está mudando a economia de um país agrário: os agricultores agora não precisam mais viajar quilômetros com a sua mercadoria  — correndo o risco de vê-la estragar — para vendê-la na cidade, a preço definido pelos compradores.

Muitos agricultores ficam sabendo a priori qual é o melhor preço oferecido. Só saem de casa para vender depois de terem garantido o melhor preço. Foram “empoderados” pelas tecnologias da informação.

(PS: Este sistema só vingou lá porque os bancos privados não eram suficientemente organizados para barrá-lo. As empresas de telefonia ganham com o aumento explosivo do número de clientes e das mensagens de texto trocadas entre os quenianos. Para pagar ou transferir dinheiro, os quenianos não precisam mais viajar longas distâncias. Ganham tempo e economizam dinheiro, que sobra para comprar gêneros de primeira necessidade e estimular toda a economia. Em Cabo Verde, um sistema online permitiu que todo o país acompanhasse em tempo real a evolução de uma epidemia de dengue. Todo o país sabia em tempo real onde surgiam os novos casos, permitindo ao governo focar o combate ao mosquito transmissor. O assunto será tratado, em breve, em outro programa da série).

Um trechinho do programa:

Mais dinheiro no bolso deles vai criando aos poucos um mercado de 900 milhões de consumidores no continente (quem se interessar deve ler Africa Rising, de Vijay Mahajan, ex-reitor de uma escola de negócios da Índia).

Não é por acaso que os governos do Japão e da Coreia do Sul ajudaram a financiar redes nacionais de banda larga: eles querem aproveitar melhor o potencial de cada um dos japoneses e sul coreanos.

Reconheço que existe gente bem intencionada apontando para os males da internet, buscando formas de contorná-los, de aperfeiçoar a rede, pensando em estratégias para evitar que o Pentágono simplesmente nos desplugue a todos, em caso de necessidade militar, pensando em formas de evitar que a soberania nacional seja refém dos satélites alheios — já pensaram se eles decidirem apagar o GPS, por exemplo? — , refletindo sobre o impacto destas tecnologias na saúde das crianças e dos jovens.

Mas também reconheço que “criminalizar” a parte da internet que não interessa atende a interesses políticos ou econômicos poderosos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, houve uma vitoriosa campanha para evitar que as teles criem pedágios na rede — pedágio, quem gosta de pedágio? –, para evitar que as teles hierarquizem qual é o site que abre mais rapidamente na tela, em detrimento de outros, ganhando algum com a venda de “facilidades”; para evitar a criação de uma rede nacional de banda larga como a japonesa e a coreana (não por acaso, muitos comentaristas americanos especializados em tecnologias da informação dizem que o calcanhar de aquiles do país é a velocidade e o preço das conexões, relativamente a outros paises).

São assuntos muito importantes para serem decididos nos bastidores, como quer a “velha” mídia, cujos comentaristas pertencem a uma geração que nem se deu conta, ainda, das questões que expus acima, mal sabe lidar com as novas ferramentas, não faz a relação entre democracia, inclusão digital, pleno aproveitamento de todo o potencial criativo de um povo. Isso se dá pela interconexão, pela troca de ideias, de informação de qualidade, especialmente em um país gigante como o Brasil.

O médico paulista pode fazer uma consulta virtual com um colega da Amazônia, especializado em doenças tropicais, sem a mediação de ninguém; o jornalista do Rio Grande do Sul publica informações confiáveis na rede a partir de uma fonte do interior do Maranhão que não foi ouvida pela grande mídia mas tem informações relevantes a dar sobre um determinado fato; o leitor desinformado fica sabendo de uma pesquisa interessante que um profissional está fazendo sobre a melhor utilização de folhas e plantas regionais na dieta.

Isso desgosta muita gente porque rompe com hierarquias, questiona o uso arbitrário do poder, submete quem não está acostumado a ouvir críticas.

Por isso escrevi “velha” mídia.

São os monopolistas que querem amarrar o Brasil a um modelo antigo, verticalizado, no qual eles falam e você ouve. E, quando você fala, em nome de interesses inconfessáveis eles querem desqualificar, diminuir ou calar a sua voz.

Querem abafar as rádios comunitárias, os blogs, as tevês comunitárias, as redes públicas, os produtores independentes, a concorrência na produção de material didático: numa sociedade da informação, lutam para exercer o controle quase absoluto nas duas pontas do processo.

Querem o controle da produção e da disseminação de conteúdos. Não se trata eminentemente de uma batalha ideológica. É dinheiro, mesmo.

À Globo não interessa produção independente de TV de qualidade, por exemplo. Porque expõe ao mercado que o que ela nos oferece como Jornalismo, nos dias de hoje, é tecnicamente ruim e politicamente enviesado. Porque faz dos produtores independentes reféns dos preços pagos pela emissora. Porque faz os produtores independentes reféns da linha editorial vinda de cima, verticalizada.

À Abril não interessa concorrência no mercado de material didático, que é bilionário. Ela quer voltar aos tempos do Caminho Suave: toda criança brasileira deverá crescer lendo as revistas e livros da editora, muitos dos quais pagos com dinheiro público.

Ao UOL não interessa uma rede nacional de banda larga de alta velocidade, especialmente se for de graça. O UOL ainda cobra assinaturas como provedor! A Folha, dona de um instituto de opinião pública, o Datafolha, usa colunistas para atacar um concorrente e um partido político para ajudar a praticar uma versão empresarial do assassinato de reputação, que é o que está acontecendo diante de nós com o Instituto Sensus. Para uma grande empresa, que vive de credibilidade, é um golpe que afugenta clientela.

Por isso, repito o que venho pregando desde muito: crie seu próprio blog. Crie seu próprio conteúdo.

Não tem tempo?

Deixe comentários produtivos nos sites e blogs. Argumente. Não dissemine informação sabidamente falsa. Não escreva comentários de cabeça quente, dos quais você talvez se arrependa depois. Ofereça links com informações relevantes, que outros possam aproveitar. Ouça o que outros tem a dizer. Trate os internautas da mesma forma como você gostaria de ser tratado.  Agregue seus próprios comentários. Dissemine-os.

Seja você de direita, de centro, de esquerda ou da pá virada, há um ponto que úne todos os internautas brasileiros: não dá mais para sustentar um modelo em que meia dúzia falam e 180 milhões escutam — parte dos quais confundindo cidadania com participação nos fuzilamentos periódicos no BBB. Interação, para a “velha” mídia, é isso.

No próximo capítulo, com a ajuda do Leandro Guedes, vou explicar como funciona o Intense Debate, a plataforma que permite a você agregar os seus comentários na rede.

Obrigado pela leitura.

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