Agora, a sério, sobre a estação Higienópolis

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Leio que o Ministério Público pediu ao Metrô paulistano que explique os critérios técnicos considerados para transferir a estação prevista na avenida Angélica para outro ponto do bairro de Higienópolis.

Li a argumentação de alguns moradores que se opõem à estação, argumentando que ela ficaria muito próxima (600 metros) de outra, que servirá ao Mackenzie e da seguinte (1.500 metros) que servirá à PUC. O presidente da associação Defenda Higienópolis chegou a dizer que com estações muito próximas o desgaste do material rodante seria maior, por causa dos arranques e freadas.

Não entendo do assunto, mas acredito que a distribuição das estações obedeça a outros critérios, como o preço das desapropriações, a geologia local, a existência de impedimentos físicos (por exemplo, diante do Pacaembu, a existência de um piscinão) mas, especialmente, a demanda local baseada na densidade de população e nos deslocamentos diários de quem trabalha no bairro ou o frequenta por outro motivo.

Nesse sentido, não há qualquer dúvida da existência de demanda na avenida Angélica, que aos poucos vai se tornando um dos principais centros médicos de São Paulo, com consultórios, clínicas, laboratórios e um hospital.

Em Nova York, que tem uma imensa rede de Metrô, há estações da mesma linha separadas por menos de 200 metros. Se considerarmos as linhas que atravessam Manhattan no sentido Norte-Sul, para calcular grosseiramente a distância entre duas estações, considerem cerca de 80 metros por quarteirão. Assim, se existe uma estação na rua 42 e outra na rua 50, são mais ou menos 640 metros.

Mas há distâncias bem menores. Considerem este texto do New York Times:

Short Trip, Long Trip

Q. Quando eu andava no trem número 5, notei a pequena distância entre as estações de Bowling Green e Wall Street. Qual é a menor distância entre duas estações? E a maior?

A. De acordo com Glenn Lunden, diretor de planejamento dos sistemas de trilhos da New York City Transit, a distância entre Howard Beach e Broad Channel na linha A é de mais de três milhas e meia [5,6 km] é a maior entre duas estações do metrô da cidade. “Existem vários pares de estações que estão a distâncias bem curtas uma da outra — pouco mais de dois décimos de uma milha [320 metros]”, o sr. Lunden escreveu numa mensagem de e-mail. “Elas são Bowling Green e Wall Street nas linhas 4 e 5, Wall Street e Fulton Streent nas linhas 2 e 3, Park Place e Chambers Street nas linhas 2 e 3”.

Mas Antonio Cabrera, assistente-chefe para engenharia de trilhos, disse que a menor distância na verdade é entre Beverley Road e Cortelyou Road na linha B e Q de Brighton — pouco menos de 500 pés [152 metros]. (Ron Schweiger, historiador do Brooklyn, disse que as duas estações precederam o metrô e serviram aos trens a vapor da ferrovia Brooklyn, Flatbush, Coney Island.

Lembro que o incentivo para o uso do transporte público é diretamente proporcional à comodidade oferecida aos passageiros e nesse cálculo entram, obviamente, o custo, a conexão com outros meios de transporte, a distância a ser percorrida a pé.

Mesmo que moradores de Higienópolis se manifestem em defesa ou contra a estação, faria muito mais sentido calcular a necessidade ou não de uma estação na Angélica levando em conta os interesses de toda a cidade e do conjunto do sistema. Que se manifestem os que conhecem o assunto melhor…


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Comentários

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Volnei João

A condição econômica de quem mora em Higienópolis transmite um "glamour" de modernidade, muito bem explorado pelos meios de comunicação da direita, no embate ideológico que acontece na sociedade. Na crise urbana que se desenvolve nas cidades, a questão da falta de qualidade do transporte público é sempre o elemento de defesa ideológica do transporte individual – leia-se o automóvel. É contraditória posição de parte dos moradores de Higienópolis, de não aceitar o metrô como alternativa moderna de transporte coletivo de qualidade, ao mesmo tempo que se revindicam vanguarda da modernidade. Talvés a representação de algumas espécies animais extintas na pré-história, seja mais adequada para os personagens sociais em questão.

Bernardino

O interesse publico tem de prevalecer nessas decisoes.Se o metro vai contribuir para melhoria do transporte é decisao do governo,Acontece que neste pais rico financia campanhas eleitorais e os corretores politicos cumprem as ordens deles.E`a maldita e deleteria cultura LUSITANA em vigor desde o descobrimento!!!

Ricardo Galvão

Não quero entrar no debate técnico, mas uma coisa me chama atenção é o fato do presidente da associação de moradores levantar problemas que não são de sua alçada colocá-los como, p.ex., problemas de desgastes de rodas etc. Se a associação levantasse problemas de danos matérias (como aqueles da cratera que afundou e destruiu casas e danificou o quarteirão em outra obra do metrô) ou sociais que poderiam ser causados a comunidade até que seriam discutíveis. Seria bom que os novos dirigentes do sindicato dos metroviarios de SP se pronunciassem, convocassem manifestações contrárias etc., pois são do PSTU, que não davam trégua ao governo Lula, mas estranhamente silenciam num governo do PSDB. Coincidência?

Sebastião Medeiros

É bom lembrar,Higienópolis (A Cidade da Higiene) é o bairro do FHC e é onde fica a sede nacional da TFP .Também é onde se localiza a Universidade MACKENZIE que foi base do grupo de extrema direita CCC.

FrancoAtirador

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A discriminação no Brasil é étnica, social e regional

Por Emir Sader em:

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostra

ZePovinho

http://hariprado.wordpress.com/2011/05/13/estacao

13 maio 2011
Estação da infâmia repelida pelos homens bons

Já não era o suficiente termos que aguentar a invasão dos aeroportos pela gente diferenciada, agora queriam os agentes do bolchevismo internacional, que nosso homeland fosse profanado pela estação da gentalha, atraindo pessoas desqualificadas, poluindo o higiênico ambiente com a presença de tais seres, ocasionando ocorrências indesejáveis. Tais entes inferiores não pertencem a este quartier e dele devem manter distância regulamentar, a exceção dos serviçais devidamente cadastrados e vigiados, por isso, não há função para tal parada do metrô por aqui, precisamos de mais helipontos e não de trens, pois enquanto a gentalha se mete em túneis abaixo da terra, nós, homens de bem, nos deslocamos pelos ares.
Além disso, não podemos acabar com a tradição do bairro. Vocês já viram o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, corintianos e eleitores do molusco apedeuta, uma gente diferenciada, morena e sem cultura para conviver no nosso meio. Não podemos permitir isso porque hoje é uma estação do metrô, amanhã será uma conjunto de habitações do “minha casa minha vida”! Assim não pode, assim não dá.

Mario

Sabemos o critério do PSDB: é o elitismo preconceituoso antipovo. Gente que só gosta de "massa cheirosa", como se pode ver no vídeo que indico, a seguir, não vai querer ter povo em quantidade por perto.
Isso é tudo, caro Azenha. O resto é lero-lero, vontade de enganar desatentos, nada mais.
Os mesmos que não aceitam que a meta estratégica da Presidente Dilma seja a erradicação da miséria absoluta e a redução das desigualdades. Vai ver, essa gente tem saudade é da senzala.
Veja o vídeo e compreenda como pensam certas elites que não se conformam com a emergência popular na agenda do país (mas quebraram a cara, como verás): http://youtu.be/yuXgolrKWjA

george

Azenha,
Um encontro da dna Guiomar com o Danilo Saraiva que organizou o churrasco dá pauta hein???

george

Intolerancia infelizmente faz parte da cultura brasileira. Essa repercussão toda é culpa da Folha que deu destaque somente a frase da Dna Guiomar Ferreria, que inclusive ja negou no G1 que falou à Folha sobre "gente diferenciada". Assim foi também com o CQC, que trouxe a tona do bueiro do preconceito o praticamente esquecido Jair Bolsonaro.
Entre a paz e o caos, o caos vende muito mais anuncio.

thiago

O argumento técnico da distância entre as estações não cola. Na Paulista, a média é de 900 metros entre uma estação e outra. Construir estação no Pacaembu é inútil, não serve a ninguém.

Clarissa

A pé as estações Marechal Deodoro-Santa Cecília-República ficam 10 minutos uma da outra. Isso de distância obviamente é desculpa esfarrapada dessa elitizinha nojenta que nem anda de metrô pra saber quem frequent eou se tem camelô do lado de fora. Gente burra.

Yarus

É por essas e outras, que logo, logo, os "diferenciados" DEMOTUCANOS vão ficar só no couro e no osso.

Marcelo Fraga

O que eu vou dizer também é sério:

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O churrasquinho sai ou não sai?

Alvaro Tadeu Silva

(III, cont.) A documentação de obras na Avenida Angélica é farta, menos dinheiro gasto em estudos geológicos e geotécnicos. Além do mais, seria longe da encosta, construção mais barata e mais segura. Se há opção, por que escolher a pior? Do ponto de vista da Engenharia, qualquer solução pode ser defendida, até o minhocão que destruiu a Avenida São João e as marginais, que prensaram os rios Tietê e Pinheiros e criaram terríveis pontos de enchentes. Engenheiros que não entendem de Geologia construíram a Estação Pinheiros da Linha Amarela, não fizeram os estudos adequados, para economizar em tempo e dinheiro (a malha de sondagem utilizada foi de 50m, aplicada apenas a terrenos de boa qualidade geotécnica, o que não é o caso da várzea do Rio Pinheiros. Naquele lugar sensível, malha de apenas 7m teria sido muito mais cara, porém segura e a tragédia não teria acontecido.

Alvaro Tadeu Silva

(II, cont.)O Jardim Paulista é muito mais sofisticado que a decadente Higienópolis e é servido por 3 estações: Brigadeiro, Trianon-Masp e Consolação (2 estações, linhas amarelas e verde). Se a estação em Higienópolis for construída no Pacaembu, sobra uma ladeira de uns 100m de altura para o povo subir. 100m numa inclinação de uns 20º são diferentes de 100m num plano, qualquer engenheiro sabe disso. Além do mais, a qualidade geotécnica dos terrenos em SP é de péssima qualidade, nossa cidade está situada numa bacia geológica preenchida com sedimentos terciários, grosseiramente falando, "terra" mole sem muita consistência, verdadeiro pesadelo para a construção civil.não teria acontecido. (cont.em III)

Alvaro Tadeu Silva

A polêmica sobre a Estação Avenida Angélica do metrô deu-se por ela ter sido cancelada, não por problemas técnicos, mas sim por questões políticas, de pessoas influentes junto ao governador Geraldo Alckmin, que nem é paulistano e nem conhece a cidade direito. É óbvio que essa gente egoísta não está preocupada com o transporte público, apenas não querem "gente diferenciada" na porta de seus condomínios e ainda alegam que o bairro ficaria infestado de camelôs. Uma estação de metrô é muito mais conveniente onde haja mais movimento, do que em outra, deserta. Não importa aí se há estações a 600 ou 800m dali, pela Avenida Angélica passam diversas linhas de ônibus e o movimento de pessoas justifica uma estação do metrô. (cont.em II)

Luci

A elite-decadente oligárquica odeia pobre por perto e por longe.

gilberto silva

a verdade é uma só e a resumo aqui : São Paulo esta fedendo.

francisco

acho que o debate sobre a questão da distância entre as estações parte de uma premissa torta para justificar a mudança que o governo quer fazer.

falar sobre estações muito perto é tratar do trâfego pela ótica dos moradores do local, ou seja, posso escolher esta ou aquela estação.

sou do rio e não conheço muito o local mas se ele é de população flutuante grande, é lógico que a premissa deve ser outra.

se vou para aquele local trabalhar, por ex., e pego uma linha norte sul, para mim pouco importa se naquele local existe uma estação próxima da linha oeste leste. Eu venho de outro local e quero descer ali, não posso utilizar a estação da outra linha.

ao deixar aquele local, se moro na zona norte, só posso pegar a estação de uma linha, ao contrário dos moradores que podem escolher duas, desde que este não se importe tanto com baldeações.

assim, se a maioria dos usuários for de não moradores, a questão de múltiplas estações pode ser suplantada. Para que incentivar multiplas baldeações?

e se for um local de população flutuante muito grande, é claro que pode haver demanda para mais de uma estação, até mesmo de uma mesma linha. Aqui no rio, as estações carioca e cinelandia são quase coladas visto se situarem numa região onde trabalham milhares de pessoas. e ainda há previsão de outra estação perto( cruz vermelha (só deus sabe quando esta sera feita)) , esta última pertencente a outra linha.

enfim, até pros moradores estações perto podem ser uma boa ao diminuir, potencialmente, as baldeações.

e não nos esqueçamos: o transporte deve ser pratico para atrair cada vez mais gente.

aurica_sp

Uma explicação é sempre pior que a outra!!! Os donos de higienópolis não querem a estação e ponto, chega de enrolação realmente a elite paulistana quer distância de " gente comum".

    Noé

    Querem distância de gente comum,mas o voto de gente comum é aceitado sem preconceito,certo?!!!!!!

O_Brasileiro

"Moradores de Higienopolis só aceitam metrô se houver ligação com estação Broadway/5th Avenue"
Sensacionalista – um jornal isento de verdade http://www.sensacionalista.com.br/?p=5039&sms

betinho2

Apenas um reparo. Uma milha são 1.600 metros, portanto 2/10 seriam 320 metros e não "— pouco mais de dois décimos de uma milha [512 metros]“

    Luiz Carlos Azenha

    Obrigado pela correção. abs

edv

Nenhuma região da cidade é uma ilha ou um gueto de seus moradores.
Há trabalhadores do comércio local, clientes de escritórios e consultórios (como já observado), empregadas, prestadores de serviços, "passeadores" para restaurantes, bares, teatros, etc.
O ponto mais importante de uma rede metropolitana é a abrangência e densidade de acesso à ela.
Ou seja, quanto se anda a pé para chegar ao transporte? Ou sair dele e chegar ao destino?
O fato de uma composição parar mais ferquentemente não é mais importante do que as pessoas andarem menos (ou acabam optando por táxi ou ônibus).
Nós ainda estamos nos tempos de chamar transporte coletivo de "transporte de massa", onde "massa" (mal cheirosa) = povão …
Bacana só anda de Jaguar mesmo que 4 quadras e pode pagar "20 real" pro "valet" zonear (literalmente) o uso das ruas. Gosta também de ficar esperando dezenas de minutos pra seu BMW chegar as suas mãos…
Ainda falta muito pra entendermos que podemos ser "bacanas" e andarmos de trem e metrô…
Metrô (ideal) é um transporte cuja principal vantagem é poder atender a uma densa resolução de origens e destinos com volume, acesso fácil e PREVISIBILIDADE.
Não é um transporte "expresso" (mania que fez de SP uma cidade recheada de vias expressas…paradas e sem capilaridade, forçando milhares de veículos a ficarem presos junto com os outros por até hora, em retornos "expressos" de mais de kms, só para voltar à rua que está ali a 10 metros…
Óbvio que fazer um bom metrô custa tempo, recursos e transtornos (quem manda começarmos tarde e deixarmos o pessoal continuar ganhando dinheiro com obras viárias há décadas, em vez de metrô?
Mas o ponto nevrálgico da discussão de Higienópolis não é técnico…
É cultural.

Lazlo Kovacs

A questão das distâncias é discutível. Vejam alguns exemplos: entre as estações Ana Rosa e Paraíso, a distância é de 702m; entre Anhangabaú e República, 641 metros; o trecho entre Praça da Árvore e Santa Cruz é de 1312m. Quando a patuléia reclama do lixão no seu bairro (seu Kassab, não esqueço disto até hoje), coloca-se diante dele o "critério técnico", um termo abstruso para dizer qual o interesse está em jogo. O Metrô de São Paulo destruiu o terminal de ônibus que existia no metrô Santa Cruz para construção de um shopping, jogando os usuários dos ônibus às ruas paralelas (será que o Metrô olhou que as pessoas "andam" pelas ruas, igualmente?). Sinto PELO CHEIRO de gordura (fruto de um precário sistema de exaustão de ar do shopping, que empesteia a estação Santa Cruz) quando estou próximo ao meu destino.

Existem duas determinantes básicas: o interesse público e o critério técnico. Mas, como uma doença infecciosa que se alastra, os interesses particulares travestidos de públicos são os que mais interessam.

Ivan Freitas

Caro Azenha, uma pena que essa 'gente diferenciada' não tem a oportunidade de conhecer como funciona, por exemplo, o 'metrô' de Londres, de Paris, de NY… senão, a coisa ficaria ainda mais complicada e difícil de explicar (Metrô, Defenda Higienópolis e o Skambáu à quatro…). Facilitando as coisas, seguem os links esquemáticos do 'Metrô' em: Londres: http://is.gd/HeGYl5 ; Paris: http://is.gd/YAkXZp ; NY: http://is.gd/Lh1jwg

    Edson Barbosa

    Você tá brincando, né? Segundo vi no programa "Expansão São Paulo" do Governo de São Paulo" http://www.youtube.com/watch?v=RsS5KVAuSPw o metrô destas cidades provinciais nem chegam perto de São Paulo

@srcesario

É a elite paulista com nojo de quem usa transporte público…

luis antonio

As estações novaiorquinas (shuttle) não são utilizadas para o tráfego de uma composição completa. São dois ou três vagões que fazem ligações entre linhas ou pontos, o que torna viável a existência dessas linhas. O que se está propondo aqui não é isto e sim uma estação comum, em local onde a demanda não justifica o alto investimento. Fica claro que houve um erro primário de planejamento.

    Bruno

    Normalmente a ligação entre uma estação ferroviária interurbana com o sistema metroferroviário local em um ponto de interesse (como Wall Street em NY ou City em Londres).

MA_Jorge

O segundo maior Metro da Europa por passageiros transportados/ano, o de Paris, possui 14 linhas e em 10 destas linhas, a distância média entre estações é menor do que os 600 metros alegados e utilizados como tentativa de justificar-se a não conveniência da Estação Angélica.

Ver http://en.wikipedia.org/wiki/Paris_M%C3%A9tro#Par

Bruno

Azenha, o maior interesse de uma estação na avenida Angélica no ponto proposto é, sem dúvida, para os não-lindeiros, que são atraídos pela alta densidade de consultórios médicos existentes na avenida e nas suas transversais. Os estudos do Metrô (feitos para o projeto funcional da Linha, se não me engano ainda em 2009) indicam que, mesmo considerando este polo de atração, a estação seria de pouco movimento. A distância implica, como eu já disse antes, em menor velocidade operacional (grosso modo, a divisão entre a distância percorrida em uma volta pelo trem pelo tempo que se leva nela), exigindo mais trens para a operação e aumentando o tempo de viagem. Evidente, a estação deve atender a população. O que eu já disse antes e vale reitrerar é que para a maioria destes viajantes, pouco se adiciona em tempo de caminhada se a estação não existir, já que existem outras estações previstas (chequem no Google Maps ou no excelente alternativo nacional, o MapLink, a distância entre as estações Higienópolis-Mackenzie, que fará parte da própria Linha 6 e já tem em obras sua estrutura da Linha 4, e o cruzamento da Sergipe com a Angélica, por exemplo).

Quanto à comparação com o sistema nova-iorquino, acho meio descabida: ele foi idealizado e teve sua construção iniciada há mais de um século; por mais que seja abrangente, é, em virtude de suas diretrizes de projeto (extensão, distância entre estações de mesma linha, raios de curva e perfil de construção em baixas profundidades, sob avenidas), muito mais lento – e, desta forma, com capacidade de carregamento muito menor – que o Metrô de São Paulo é, e ainda mais aquém do que este pretende ser com as especificações das novas linhas do sistema.

Por fim, reitero minha desaprovação aos interesses preconceituosos da associação de moradores que, de acordo com alguns, teria sido a única responsável pela supressão da estação. Mas acho que o retorno para a cidade e os cidadãos não seria condizente com o investimento em MAIS UMA estação ali, ainda mais se for considerado o aspecto de decadência da importância de Higienópolis para a cidade. Em linhas gerais, me parece que o dinheiro seria mais bem investido na modernização do corredor Lapa-Brás da CPTM, que tem carregamentos enormes e precisa que os investimentos idealizados sejam aplicados o mais rápido possível.

    Conceição Lemes

    Beleza, Bruno. Obrigado. abs

    Bruno

    Conceição, uma preocupação que tenho é que em algumas coisas (por exemplo a foto do Serra no outro post, mas também em várias outras coisas) este tópico de tão profunda importância – o poder da opinião pública, de entidades de classe e de associações de bairro sobre decisões capitais do Estado – está sendo posto de lado pela velha partidarização sobre o tema: já botaram o FHC na história, associando-o ao bairro de Higienópolis, que no fundo é reduto, por seus preços e não por seus bastiões, de "elites" das mais variada linhas de pensamento e tendências socio-ideológicas, como se fosse identidade a 100% dos seus moradores (e os redatores deste sítio, entre vários dos seus leitores, sabem bem desta diversidade).

    Sempre muito me assusta esta polarização endemonizadora do assunto. Os jornais (do tal PIG, que em teoria deveria endeusar toda ação do Governo do Estado de São Paulo dominado pelo PSDB) fizeram, antes mesmo do anúncio do tal churrasco de gato, associações levianas entre o lobby sectarista da associação de moradores local e a decisão do Metrô em eliminar as estações. Ora, se o jornal é "do Governo", por que ataca desta forma? Evidentemente, é para vender, e nada mais. Li a matéria da "gente diferenciada" ainda na data de sua publicação original, e vi nesta época que, se havia alguma chance de esta estação sem atração local de passageiros sobreviver, ela morreria por pressão local.

    Sobre este tema opino com muita convicção – mais do que em temas políticos, em que prefiro manter uma postura de defesa da ética, porque é no que eu me balizo – porque estudo e entendo a engenharia de tráfego e a engenharia ferroviária, e confio nas equipes que desenvolveram os estudos racionais para esta linha.

    Enfim, embore eu ache que a discussão segue por rumos errados – todavia concorde com o último e ponderado do Azenha no texto acima – não pretendo fazer muito esforço evangelizar ninguém. Entendo as convicções ideológicas e até o ódio político que se criou na "blogosfera progressista". Mas serei mais infeliz de ver que as pessoas nem tentaram levar a discussão pelo caminho certo, mesmo quando o chefe da casa tentou endireitar o diálogo. Abs

    Antonio Dias

    "Os estudos do Metrô (feitos para o projeto funcional da Linha, se não me engano ainda em 2009) indicam que, mesmo considerando este polo de atração, a estação seria de pouco movimento."

    Divertido argumento, se contrastado com a estação sendo deslocada para o Pacaembú, onde "certamente" existe infinitivamente um maior movimento: o dos comedores de pastel na feira, o dos alunos da FAAP (sic) e o das torcidas em dias de jogos (uns trinta e tantos por ano). Que beleza!!!
    Chega de tergiversação, o problema é evitar o fluxo de "gente diferenciada" pelas ruas do bairro em dias de jogos e shows, o resto é trololó ou bolinha de papel.

    Bruno

    Havendo estação praticamente ao lado dos portões monumentais, você reduz em mais de 80% o fluxo de veículos particulares ao estádio. Quanto à localização da estação Pacaembu: além de estar junto da Vilaboim, da FAAP e do Estádio, ela está exatamente no meio das estações Cardoso de Almeida (PUC) e Higienópolis (Mackenzie), proporcionando melhor distribuição.

    Uma alternativa razoável seria uma estação a 200m da "Angélica" proposta (eliminando também a estação Pacaembu), ainda seguindo o eixo da rua transversal. Assim se evitaria a desapropriação do Pão de Açúcar (que há de se admitir que tem alguma importância para os moradores) oferecendo um acesso razoável ao estádio e permitindo atendimento pleno do bairro. Mas me parece que na localização proposta é absolutamente desinteressante ter uma estação.

    Vi um comentário de alguém citando o Metrô de Paris e uma suposta média de 600m de túnel entre estações: não sei se o número bate, mas a impressão que tive dos meus quatro dias de uso frenético deste sistema foi de que ele é mais lento e tem capacidade de carregamento (POR km de linha, por favor!) bem menor que o de São Paulo ou outras redes mais modernas, como Santiago ou Xangai. E, de fato, o Metrô Paulistano (sem nem contar a CPTM), com menos de 70km (ele chegou a esta marca com a inauguração da Estação Butantã), carrega 3,6 milhões de pessoas – muito apertadas, claro -, enquanto o parisiense, com o triplo da extensão, carrega 4,5 milhões, apenas 25% a mais. É sensacional pela capilaridade, mas em eficiência o nosso, com lotações absurdas e falhas frequentes (a maioria decorrente da lotação e do sobrepeso), é bem superior, até porque seus sistemas e veículos foram projetados entre 20 e 80 anos depois.

    Outro exercício. Imagine que você mora no Jabaquara, do lado da Estação, e trabalha na Sé. Quanto tempo a mais você demoraria para chegar ao trabalho se, ao invés de 15, você tivesse que percorrer 25 estações?

    Ana Dias

    Bruno,
    esses dados do metrô de Paris incluem o RER?
    porque em Paris o que acontece é que o RER (que é o trem ou metrô regional) transporta um número bem maior de pessoas por trem do que o metrô.
    Os trens do RER são ao estilo dos trens do metrô paulista. Os trens do metrô parisiense são sim bem diferentes, embora os trens das novas estações ou da linha 1 (que foi modernizada) sejam mais modernos (mas ainda assim bem menores que os trens de RER). Não sei se o metrô de SP está pensando em fazer isso, trens diferentes para as linhas menores. Por exemplo, penso que o eixo norte-sul e leste-oeste deve transportar bem mais gente do que as demais linhas. Nesse sentido os eixos originais seriam mais parecidos com o RER, e as demais linhas, às linhas do metrô parisiense. E se assim fosse, as distâncias entre as estações poderiam ser reduzidas, sem problemas.

    De fato as distancias entre algumas estações parisienses são bem pequenas. normalmente isso acontece envolvendo uma estação mais central. Por exemplo, da plataforma da estação Mouton Duvernet (linha 4) a gente consegue ver a plataforma da estação Denfert-Rochereau (linhas 4 e 6 do metrô e linha B do RER). A estação Denfert tem ligação com Orly por ônibus. O mesmo acontece entre as estações Cluny/La Sorbonne/St Michel (que tem o entrocamento com o RER B e com o RER C, e grande movimento por ser próximo à Notre dame) e a estação Maubert-Mutualité (linha 10). A lógica, me parece, é fazer com que haja alternativa para o passageiro, que não precisa descer nas tumultuadas Denfert ou St Michel se quiser ir a algum lugar próximo.
    Outra coisa, Bruno: a maior "eficiência" do metrô paulistano é conseguida, como você disse, às custas de lotação absurda. Não que o RER e algumas linhas de metrô de Paris sejam um mar de rosas, mas você não pode comparar os números simplesmente, sem considerar esse dado da superlotação. Em outras palavras, a eficiência deve também embutir um mínimo de conforto em seus cálculos (a não ser que você considere que o cidadão deva ser tratado como gado…). Claro que é um cálculo bem mais difícil de fazer, mas provavelmente os números seriam um pouco diferentes.

    Bruno

    Ana Dias, os dados do Paris Metro não incluem os do RER assim como os de São Paulo não incluem a CPTM, dada a natureza diversa dos serviços. Além disso, o uso do RER, apesar da maior extensão, é de menos de 3 milhões de usuários/dia – valor semelhante a seu serviço mais parecido no Brasil, o da CPTM (que tem mais caráter metropolitano do que regional, sendo um metrô de maiores distâncias e de menor eficiência operacional).

    Quanto a "os trens do RER são ao estilo dos trens do metrô paulista", mais ou menos. Dada a natureza regional do serviço, os comboios RER não precisam tanto das formações de dinamismo para evacuação. Em geral eles tem mais assentos e menos espaço para pessoas em pé, além de existirem trens de dois andares em algumas linhas.

    Por fim, a parte da modernidade: as linhas de Paris evidentemente não são hoje exatamente iguais a quando foram projetadas, entre 50 e 150 anos atrás. Melhoraram e muito em eficiência operacional, velocidade comercial, tecnologia de sinalização, etc. Mas o que eu disse é que, se compararmos a MÉDIA das linhas de Paris, o Metrô de São Paulo é, sim, mais moderno, e lida todos os dias com situações extremas de carregamento que fazem mal ao sistema. Existem linhas lá bem mais modernas, como a 14. Da mesma forma, aqui temos nossas linhas modernas – a Linha 4, por exemplo, já opera com o sistema CBTC, e este está sendo implantado nas outras três linhas principais do sistema.

    Em suma: temos um sistema bom. Mas é carregado demais, e isso atrasa viagens, quebra composições, estraga a operação. E, caso não tenha ficado claro, gosto muito do Paris Metro. Mas ele realmente fede, tem túneis confusos, raios de curva pequenos e outros defeitos, como qualquer sistema de metrô do mundo tem os seus.

Ricardo

Voces estão indignados com a mudança da estação Higienópolis????
Meus caros senhores o governo de Geraldo Alckimin dará aval a um dos maiores crimes ambientais da cidade de São Paulo e os senhores não fazem nada? Nenhum protesto????
Eles, comprometidos que estão até a medula com as grandes empretreiras destruirão a Serra da Cantareira e a água que os senhores bebem. Vai ficar igual aquele lodaçal em que transformaram a Represa Billings.
Albert Goldman que assumiu o gargo de governador quando Serra se candidatou a presidencia, mora em Higienópolis. Os senhores sabiam?
Ele disse a respeito desse traçado criminoso feito pela DERSA: "Não estamos mais no tempo das cavernas". Entenda-se;"Destruam tudo!!!!!" .Os babacas dos paulistanos não vão fazer nada mesmo.
Mas o patrimonio natural nunca foi uma preocupação dos brasileiros. não é mesmo?
Vários comentarios foram feitos por especialitas sobre o assunto e eles apontam em apenas uma direção: e o fim da maior area de reserva de mata nativa de uma cidade brasileira.

aurélio

Azenha, hoje no SPTV o presidente do Metro/SP disse que a estação higienópolis ficará entre o estadio do Pacaembu e a Pça. Villaboim, e servirá a FAAP. Me digam: o que é mais barato desapropriar, o Pão de Açucar esquina da Angélica com Sergipe, ou alguma das propriedades do entorno da Vilaboim? Eu acho que o metro sairá da Cardoso de Almeida (PUC) e irá direto até a Consolação/Mackenzie – Higienópolis ficará sem.

    Aline C Pavia

    Falou e disse.
    Estão querendo defender o indefensável e justificar "tecnicamente" a segregação sócio-econômica que existe sim em SP.
    A prova são os argumentos e declarações dos moradores de Higienópolis contrários ao metrô.

    SP ainda está parada em 1932, se pudesse ainda andaria em Ford Bigode e bonde.

    Ora, que comam brioches.

FrancoAtirador

.
.
Chama o Paulo Preto.

Ele é o maior especialista do Metrô de São Paulo.
.
.

    george

    especialista em Metro eu nao sei, mas em levar os outros consigo pro buraco, isso ele sabe!

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