Cinzas na usina

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cinzas na usina*

no do.exílio

Pasmem !
Torraram-me na usina
O fogo, a caldeira calcina.
Restos, corpos, pedaços, morte cinza.
Ódio rancor que me fulmina.
Perscruta, procura e pinça,
uma trama, sanha assassina,
e de mim, ninguém sabe, minha sina.

Choram meus filhos
órfão de quem ainda não foi executado
porque  meus pedaços, meu corpo,
ainda é classificado
como item desaparecido.

Dizem serem crimes continuados
Apesar da inúmeras revoltas e brios
sinto mil calafrios,
com esses putos senhores togados
sem conseguir achar meu cadáver, insepultado,
Teimam, insistem em declarar,
isso, é um crime anistiado!

*A partir, presumimos, do lançamento do livro Memórias da Guerra Suja, que narra a queima de corpo de militantes de esquerda em uma usina de açúcar do Rio de Janeiro

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