Thiago Scatena: Noite surreal em uma delegacia de polícia

Tempo de leitura: 9 min

Foto Silvio Cesar

Secretaria de Estado da Segurança Pública

Polícia Civil do Estado de São Paulo

Dependência: 08°

Boletim N°: 1539/2014, Iniciado: 22/02/2014 22:52hs e Emitido: 23/02/2014 00:23hs

Histórico:

Comparecem os Policiais Militares apresentando as partes acima descritas e informando que nesta data estavam em operação policial, visando coibir a ação delituosa perpetrada por grupos de badernistas; sendo que as pessoas acima qualificadas participavam de manifestação pelo centro de São Paulo.

Segundo os militares, em determinado momento da manifestação, ocorreu que um grupo de manifestantes, veio a causar danos ao patrimônio público e privado, muitos deles utilizando objetos de potencialidade lesiva, o que obrigou a intervenção dos Policiais. No momento em que foram efetuar a detenção dos manifestantes que praticavam as depredações, esses se misturaram a outros que também encontravam-se pelo local, sendo necessário retê-los para a identificação de tais desordeiros.

Efetuada a separação pelos Policiais Militares dos que efetivamente se envolveram nos atos denunciados, os que apenas participavam das manifestações foram aqui trazidos a fim de se aferir a possibilidade de que algum deles constasse como procurado na Justiça.

Aqui, feita a identificação dos manifestantes, na presença de inúmeros advogados, dentre eles o acima qualificado, e se a comprovação que não houve a participação de nenhum deles nos atos de vandalismo e/ou outros delitos, bem como em face de não haver nenhuma restrição criminal contra eles, foram, ao final, dispensados.

*****

por Thiago Scatena, via Facebook

Esta é a explicação que consta no Boletim de Ocorrência, número 1539/2014, contra a minha pessoa.

No dia 22 de fevereiro, às 18:00, eu e praticamente todos os outros manifestantes do 2° Grande Ato Contra a Copa, fomos ordenados a sentar no asfalto e ficamos retidos em um cordão formado de Policiais Militares, munidos de escudos e cassetetes.

Sem nenhuma informação do porque da atitude, ficamos sentados…

Como é de costume, gritos, caos, pessoas chorando, sons de palavras de “ordem”, xingamentos dos Policiais Militares para os manifestantes e dos manifestantes para os Policiais Militares, foram ecoando e desaparecendo na chuva fina que precipitou a cair no asfalto do centro de São Paulo.

Nós, os manifestantes sentados, observávamos atônitos a PM recolher um a um os nossos pares.

Primeiro os manifestantes vestidos de preto, depois os manifestantes com camisetas vermelhas, depois os que usavam camisetas brancas, depois os que estavam com camisetas, depois os sem camisetas…

Também atônitos, vimos a PM restringir o uso de máquinas fotográficas e câmeras celulares.

Apreenderam algumas das máquinas dos manifestantes. Não queriam gravações.

Ao meu lado, um repórter da Folha, bem identificado com um cartão pendurado no pescoço — o também jovem Reynaldo Turollo Jr — faz seu papel profissional e grava o momento. O também jovem Reynaldo estava com a mesma sensação de terror que eu e todos os manifestantes sentíamos, sentados.

Porém, Reynaldo foi logo “fagocitado” pelo cordão policial, de maneira bastante violenta, autoritária e ilegítima; ação costumeira das Instituições Militares.

Possivelmente, meia hora ou mais de um chá de cadeira asfáltica, foi o meu momento de ser “fagocitado”.

A Polícia Militar mandou-me levantar, ergui-me com o meu Registro Geral em mãos, fui revistado e encaminhado para um caminhão azul da Polícia Militar.

Apreenderam meu RG, e logo, fui ordenado a sentar, ao fundo, na janela, de vista para a entrada do metrô Anhagabáu.

De lá vi o tamanho do contingente policial. Eram muitos capacetes brancos. E já alguns caminhões azuis da corporação militar. Azul e branco, cores brandas e agradáveis.

Quando o ônibus ficou cheio, alguns manifestantes foram ordenados a sentar no corredor.

Como de costume, a Polícia Militar não forneceu informações, e como de costume, as atitudes de escracho, de humilhação, de machismo e racismo, de autoritarismo físico, foram constantemente usadas por todos os Policiais Militares da operação.

Notei neste momento, que uma ferramenta bastante eficaz dos Policiais Militares é justamente o assédio moral, o abuso de autoridade e a humilhação física e verbal.

Gerar um sentimento de pânico, terror e depressão humana. Nem preciso dizer que o “clima” do busão não era dos mais animados.

Com o ônibus lotado, contei 28 manifestantes no meu ônibus. Vi ainda manifestantes correndo da Polícia Militar e se escondendo na entrada do Metrô.

Ficamos meia hora, ou mais, dentro do ônibus. Não podíamos gravar, nem filmar, mas a Polícia Militar nos filmava através de um cinegrafista da Instituição.

Zoom’s eram dados na nossa cara.

Quando nosso transporte (acredito que não era bem este tipo de transporte público que o Movimento Passe Livre reivindicou) finalmente partiu, percebi como são transportados os presos do nosso país.

A intenção do condutor do ônibus não é a integridade física do transportado, mas sim sua eficiência e velocidade, ou seja, detentos e presos, como de costume, são tratados como bois.

No momento do transporte, os manifestantes do corredor, foram ordenados a se levantar, e se segurar onde podiam.

Em pé, eu era um dos jovens do corredor. Estava tão enfurecido com a forma, atitude, palavras e surrealismo da situação, que comecei a olhar diretamente nos olhos dos cinco Policiais Militares presentes.

Três deles me ignoravam, um deles me encarou, bradejou algo, e virou os olhos. E um, o mais violento e grosseiro, não desviou por momento algum seus olhos. Nem eu. Foi uma disputa silenciosa de apoderação do momento.

Vale me apresentar: tenho 1,90 de altura, sou loiro de olhos azuis, logo, tenho uma proteção racial implícita ao meu lado. Em um momento de tensão, o Policial Militar brada “Não olhe para mim! Pare de olhar para mim! O quê você está olhando?”; resisti ao meu impulso de mandá-lo à merda, e respondi “Estou olhando um nada…”.

Em seguida o tal Polícia Militar vira para um companheiro de farda e diz em alto e bom som “Esse mauricinho merece levar um tapa na cara”.

Fomos direto para a 1° Delegacia de Polícia, na Rua da Glória, na Sé. Paramos, e quem estava em pé, foi ordenado a sentar.

Um rapaz, bastante novo, sofreu um ataque de pânico, foi humilhado pelos Policias Militares, e realmente  “embranqueceu”.

Vale lembrar a frase proferida em alto e bom som pelo mesmo Policial Militar que me encarava, ao rapaz em estado de pânico: “Na hora de protestar, você não passa mal!”

Com frases e argumentos assim, é realmente impossível dialogar com os Policiais Militares. Outro rapaz queria muito urinar. Não podia, é claro, tinha que esperar chegar à Delegacia.

Na parada, de mais dez minutos, os Policiais Militares liberaram o rapaz em estado de Pânico para descer, acompanhado de uma amiga, também jovem, para tomarem um ar. Não vi se o rapaz sofreu mais agressões verbais e humilhações, mas como é de costume, foi ordenado a sentar na calçada. Iríamos mudar de Delegacia de Polícia, pelo visto a 1° DP estava lotada de manifestantes.

Mais uma vez, quem estava de pé foi ordenado a sentar no corredor, o rapaz em pânico voltou com a amiga, e partimos. Mais uma vez um transporte bovino, costumeiro.

O Policial Militar, vez em outra, me encarava, e eu retribuía os olhares irados e ameaçadores. Chegamos por fim, por volta das 21:30, nas dependências longínquas do 8° DP, no Brás. Quem estava em pé, foi ordenado a sentar.

Os Policiais Militares fizeram uma contagem rápida, perguntaram nomes, informações provenientes dos RG’s apreendidos. Mais alguns bons minutos de chá de cadeira. Foram chamados os manifestantes em grupos de quatro.

Eu fui logo chamado e o mesmo Policial Militar que me encarava fez, do lado de fora do ônibus, em frente à delegacia lotada, minha averiguação. Perguntou meus dados, meus números, minha profissão, meus contatos e, por fim, perguntou a minha versão do ocorrido.

Respondi: “Estava no protesto, vocês chegaram, vocês mandaram eu sentar e me puseram no camburão e estou aqui agora.”

Complementei que não havia entendido absolutamente nada do motivo da minha prisão. O mesmo Policial Militar respondeu: “Isto não é um camburão, porque você não foi algemado.”

Percebi o abismo entre a minha forma de pensamento e a do Policial Militar, logo silenciei. Depois ele pediu para eu assinar o documento. Respondi que somente assinaria algo em presença dos meus advogados. É incrível como dizer a palavra “advogado” causa um extremo desconforto em um Policial Militar, então vale a pena repetí-la ao infinito.

Ordenaram a minha volta ao ônibus e, como de costume, ordenaram-me a sentar. Sentei, e logo me chamaram, com mais três manifestantes para efetuar o Boletim de Ocorrência. Levantei e entrei.

O ambiente da 8° DP era bastante surreal: paredes tons pastéis, alguns bêbados, alguns bolivianos, misturados com 77 manifestantes, todos jovens e adolescentes.

O ambiente burocrático desse lugar, cheirando a café fresco, misturado a gritos de manifestantes inconformados, com advogados pró-manifestantes, esbaforidos, e com delegados carregando pistolas na cueca e brasões dourados no pescoço, extrapolou um sentido surreal: ri do realismo-cômico do momento.

Fim da ação da Polícia Militar e começo da ação burocrática da Instituição Militar. Sem a burocracia é impossível uma Instituição se legitimar, e no caso de uma Delegacia de Polícia a burocracia tem um peso fundamental.

Recebi meu RG de volta e fui depor. Vale lembrar que os pertences apreendidos, como as câmeras fotográficas, foram também devolvidos. Um educado escrivão solicitou que me sentasse, e tomou nota dos meus documentos, meus dados, meus contatos, minha profissão, tudo o de costume.

Fui “qualificado” pela Delegacia de Polícia. Ao fim, perguntei qual era o procedimento para gerar uma denúncia contra a atuação de Policial Militar da operação, no caso, o famigerado Policial Militar que me encarou. Espanto! Pelo visto os manifestantes não fazem B.O.’s contra as atitudes ilegais dos agentes do Estado.

O escrivão chamou o Doutor Delegado, que, prontamente, perguntou se eu sabia o nome dos Policiais Militares envolvidos, respondi que sim.

Vale ressaltar a importância de marcar os nomes de todos os Policiais Militares envolvidos, e melhor fazê-lo de maneira discreta, haja vista que a identificação é Lei, mas como de costume, não é obedecida.

O Dr. Delegado, um senhor de terno, rapidamente tentou me persuadir de maneira educada a não fazer o B.O, disse que eu não havia feito nada ilegal.

Avisou também que demoraria bastante para eu poder fazer meu B.O, já que a delegacia estava lotada.

Disse que faria do mesmo jeito, afinal já havia tomado tantos chás-de-cadeira. Com tal processo, vi que já eram 22h52min.

O advogado pró-manifestantes, também jovem e bastante ocupado, disse que bastaria eu depor para fazer o B.O contra o Policial Militar que me ameaçara.

Perguntei se meu B.O acarretaria um processo administrativo. O advogado respondeu que somente a Instituição poderia abrir um processo administrativo contra meu agressor.

Esse é um dos motivos maiores para se questionar a legitimidade desta Instituição: o formato de regulação das suas ações é questionado, averiguado e processado pelo mesmo corpo institucional. No sentido que esta Polícia é de estatuto Militar, possui parâmetros de regulação de cunho Jurídico-Militar, distante da nossa regulação Jurídico-Civil.

Por isso faz-se tão necessário as mudanças estruturais e constitucionais do seu fundamento, oriundo do período ditatorial militar de 1964.

Esperei no corredor que ligava a entrada da 8°DP até o local que faria o B.O contra o Policial Militar. Esperei sentado. Foi-me oferecido água e café. A água aceitei, já o café recusei. Sentado no corredor das dependências, esperei.

O mesmo Dr. Delegado disse que eu podia sair da 8° DP caso quisesse, poderia fumar um cigarro e me ver livre do ambiente. Respondi que preferiria permanecer sentado, disse que estava com medo dos Policiais Militares presentes fora da Delegacia de Polícia. Esperei até às 00:46 min. Em um determinado momento da espera, um Policial Militar da 8° DP, e que acredito não fez parte da operação in loco, perguntou se eu era um BlackBlock, respondi que não, disse que era um “mauricinho mesmo…”.

Quando todos os manifestantes, bêbados, bolivianos foram ouvidos e “qualificados”, foi a minha vez de entrar. Entrei na saleta, com o mesmo escrivão, em presença do mesmo Dr. Delegado, sem o advogado pró-manifestantes, e começamos a fazer o meu B.O.

Como de costume, o Dr. Delegado argumentou sobre os protestos, com os argumentos de sempre: depredação, baderneiros, vândalos, etc…

Respondi que a deslegitimação de todo um protesto pacífico e sobre os parâmetros constitucionais não pode ser efetuado com argumentos tão simplistas e reducionistas.

Perguntei do porque da prisão de todos os manifestantes. Respondeu ele que era uma detenção para qualificação, e era para evitar depredação pública e privada.

Respondi que caso este formato de Operação Policial vigorasse, a Secretaria de Estado da Segurança Pública teria direitos inconstitucionais de deter quem quisesse, como exemplo, entrar em todas as casas de um bairro, para encontrar um foragido em uma delas. Inocentemente esqueci que isso ocorre diariamente nas periferias e favelas do país.

Formatei meu B.O. Fiz que eu constasse como vítima. Que eu tinha medo da minha integridade física em futuros protestos. Fiz que no B.O constasse a agressão verbal e ameaça de acordo com meu testemunho, “esse mauricinho merece levar um tapa na cara”. Foi constatado.

Depois bati um papo mais descontraído com o Dr. Delegado, disse que já passará das 01:04 min. e que não havia metrô aberto, e completei que era um absurdo uma cidade como São Paulo não ter metrô 24hrs. Chegaria uma carona de um amigo logo mais.

Ainda bem que tinha condições de pagar um taxi, ou chamar um amigo motorizado, porque a grande maioria dos manifestantes não tinha esta facilidade. Mais uma situação surreal ocorrerá antes da minha carona chegar.

Estamos eu e o Dr. Delegado fora da 8°DP, em uma delegacia agora taciturna. O mesmo escrivão grita de dentro da delegacia “Oh Doutor, estamos com um [caso de lei] Maria da Penha aqui, o cara é funileiro, quanto eu ponho no processo?”.

O Dr. Delegado responde prontamente: “Põe 3 salários mínimos aí.”

O Dr. Delegado se vira para mim e complementa: “Temos que ser justos, porque se fosse um empresário de Lamborghini eu poria mais alto o valor.”

Só me restou concordar, sentar e esperar pela minha carona…

Leia também:

Bruno Gilga: Tropa do braço viola direito à livre manifestação


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Comentários

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Thiago Scatena

Olá, agora que eu vi meu relato na Viomundo, desde já agradeço pelo espaço concedido.

Vou, primeiramente, convidar a todas as pessoas que tentem me conhecer, que sentem e batam um papo comigo em um café ou em um bar. Porque pelos comentários que leio diariamente pela internet eu imagino que a raiva grosseira e descabida que surgem desde a esquerda-política, até a direita-política, é derivada da imaterialidade (ou proteção virtual) que a web proporciona.

Bem, primeiro, a prisão de 260 manifestantes que não quebraram janelas de Bancos, não picharam um StarBucks, não vandalizaram com uma loja da Vivo, é algo extremamente violento, no sentido legal-constitucional. Prender por prender é característico de um poder centralizador, autoritário e parcial.

Segundo, sou um “mauricinho” porque fui denominado mauricinho pela própria PM de São Paulo. Sou de classe média alta, loiro, branco, com ensino completo de graduação. Logo, um mauricinho. Não acredito que esse fato seja primordial para me definir como pessoa ou como um ator político. E mais, se eu não fosse um mauricinho, provavelmente a PM me chamaria de outras denominações, como “playboy”, “maconheiro”, “preto”, “blackbloc”, “esquerda caviar”, “vadia”, “viadinho”, “sapatão”, “comunista”, etc… De qualquer maneira eu teria uma denominação de cunho perjorativo feito pela PM.

Terceiro, o que que tem a ver trabalhar, estudar, ser uma “pessoa do bem” com conscientização política? Okay, eu trabalho, e estudo, e faço cursos e vou ao teatro, isto significa que sou um cidadão mais consciente ou mais politizado, ou mais legitimado para protestar? Se for isso mesmo, então teremos que desconsiderar como atores políticos ativos e legitimos os garis do Rio, as pessoas em situação de rua, os catadores de materiais reciclavéis, os iletrados, os vagabundos e viciados em drogas como cidadãos, ou como agentes da transformação social? Se for isto mesmo, não vivemos em uma democracia…

Os protestos do NaoVaiTerCopa, são justamente para esplanar sobre os problemas estruturais do nosso país, como educação, saúde, transporte. E as pautas são claras, e acessíveis a qualquer pessoa que queira pesquisar sobre. Estão no google, é só pesquisar.

Eu, Thiago Pizzo Scatena, fui contra a ação violenta, ilegítima e ilegal da PM. Eu encarei olhos nos olhos a autoridade. Se isto é crime, fico feliz em ser um transgressor e um subverssivo. A PM de São Paulo e do Brasil tem que ser reconfigurada. Não é culpa de um ou dois PM’s, é a instituição que está falida e é anacronica. E mais, a PM, nesta sua atual configuração, não consegue lidar com as situações e questões da realidade social-brasileira. É ineficiente e custosa.

Bem, já me chamaram de viadão, de maconheiro, de esquerda caviar, de coxinha, de loiro-burro, de petista, de juventude psdebista, filho de chocadeira, de comunista, e por aí vai. Estes tipos de denominações não fazem o menor sentido lógico, porque não explicam nada, são respostas moralistas, são rudimentares e grosseiras nos termos técnicos, e não me afetam sentimentalmente. Ou seja, me chamem do que quiserem, podem me chamar de Unicórnio Gigante Mágico, ou qualquer outra denominação que o efeito será o mesmo: a falta de argumentação do meu contra-debatedor, no qual somente comprovará que estou vencendo nos argumentos propostos.

Gente, só quero complementar, vamos acrescentar ao debate, vamos construir um projeto de cidade, de estado, de país, de mundo, que seja mais justo e libertário. Muito me assusta os rumos da civilização humana moderna. E faço um convite, vamos a rua! Vamos ver ao vivo do que se trata os movimentos sociais, os protestos, quem são os BlackBlocs, ver as vidraças dos Bancos estourados, mas ver também a construção de ideias e paixões, a vida da rua, a energia da mudança, as ideias novas e reformuladas. A rua é o passado, o presente e o futuro constante da democracia.

Qualquer outras inserções, dúvidas do meu relato, xingamentos e tals, podem entrar em contato comigo. Meu facebook é: Thiago Scatena.

Agradeço mais uma vez o espaço cedido pelo Viomundo. E agradeço pelas críticas e defesas.

Fortes abraços.
Thiago Scatena

Paulo

As vidraças e fachadas das lojas e bancos e os equipamentos públicos não foram quebrados por ninguém, aquilo que a gente viu foi uma ilusão coletiva, são todos inocentes!

    Luiz Carlos Azenha

    Não existe crime por associação: por exemplo, você não pode ser criminalizado se o seu vizinho cometer homicídio. Mesmo que você assistir ao crime. abs

Ivan

A PM tem inúmeros defeitos. É, sem dúvida, uma das muitas idiossincrasia do sistema atual: profissionais mal treinados, mal utilizados e mal equipados. Instituição defasada, porosa à corrupção e caracterizada por ótica militar (combater inimigos), ao invés da ótica civil (pacificar e evitar crimes). É o retrato mais fiel do esgotamento do nosso modelo de estado arcaico, disfuncional e adiposo, no qual os órgãos públicos, no geral, funcionam com baixíssima produtividade e alto custo humano ou financeiro.
Todavia, não posso me furtar a comentar a infelicidade do texto acima. A PM estava lá para prevenir o crime, as badernas e as depredações. Exigir tapinha nas costas, toddynho e bolachas, em situações como essas é, no mínimo, um contrassenso. Não podemos encarar a policia (e o policial) como algo a ser enfrentado, mas tentar entende-la e tentar melhora-la. O enfrentamento de alguns manifestantes aos profissionais da polícia é triste de engolir e aceitar num estado que apoia tao pouco seus profissionais.
Enfim, os erros do passado e as deficiências do presente não podem gerar desprezo e desrespeito em relação ao ser humano que serve à polícia: só com respeito podemos melhorar a instituição.

David Preto

– Olha, olha. Ninguém citou a palavra principal da manifestação do dia 22 “Não vai ter xxxx”. Estão com vergonha?
– Foi um fracasso, a cena dá dó: o sujo apanhando do mal lavado.
– Oportunistas tentando aproveitar as manifestações para instrumentalizar interesses partidários, agora chora dizendo que a repressão obrigou vocês a ficarem sentadinhos. Quem tá se importando, no ano passado foi diferente, havia a bandeira dos 20 centavos, a repressão veio e daí…
– Aí foram milhões de cabeça erguida.
– Aí sim, pode ter mudança na estrutura. Para mudar a estrutura o PT não tem força ou não quer ou um pouco dos dois, elegeram uma gerente para presidente e vão continuar ganhando só gerenciando. Se vai focar em algo então foca em “10% para a educação em 2015”, “Fora TV GLOBO” ou qualquer coisa semelhante.
– Enfim, 2014 é ano de eleição.

Urbano

Na vida, sempre há quem opte pela copa e quem opte pelo capo…

Janson

O cara diz para o policial que está olhando um nada, e se acha certo ainda? Essa é a juventude nos dias de hoje, se acha cheia de direitos, exige respeito incondicional mas não respeita uma autoridade constituída. Para mim são um bando de mimados mal educados pelos pais com uma necessidade incontrolável de aparecer.

    Leo V

    Pois é, se dependesse de vc estávamos ainda das cavernas… 68 então, que gente mimada que não respeitava autoridade constituída.

    É, a lógica do conservadorismo: o maior crime é apanhar, ser agredido, humilhado, ter seus direitos rasgados e não baixar a cabeça. Isso os conservadores não perdoam, quem não baixa a cabeça diante de agressões.

    RicardãoCarioca

    Se dependêssemos desses manifestantes de hoje, aí sim, estaríamos nas cavernas.

    Sequer conseguem escrever frases inteligíveis nos cartazes e faixas…

    O mundo é de quem trabalha, estuda e produz. E não de “a toas” que se acham revolucionários.

    Há 22 anos atrás protestei e ajudei a tirar um presidente do poder.

    E vocês, hoje? O que conseguem? Quebrar uma vidraça? Destruir um orelhão? Virar um carro de polícia? Ganhar um afago da imprensa golpista?

    Os manifestantes de hoje se acham Che Guevaras, mas não passam de arruaceiros que se vangloriam com quebra-quebras, depois com fotos postadas no feicebuque e de bobagens ditas no tuíter.

    abolicionista

    Caro Leo, às vezes a gente tem que levar em conta que os reaças só precisam de um pouco de compreensão.

    Para desencargo de consciência, deixo aqui um link do Manifesto contra o Trabalho, de Robert Kurz: http://www.dhnet.org.br/desejos/textos/krisis.htm

    Recomento também a leitura, mais divertida, do “Direito à preguiça”, do Paul Lafargue:
    http://portugues.free-ebooks.net/ebook/O-Direito-a-Preguica/pdf/view

    Abraços preguiçosos a todos vocês!

david

“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”
– Seria bem melhor se a manifestação tivesse esta bandeira, garanto que a repressão estaria em péssimas condições se tivessem feito o que fizeram.
– Continua com a bandeira partidária oportunista que utilizaram no dia 22 e vai continuar levando borrachada, eu só lamento. Foi ruim nos dois sentidos, desgastaram as manifestações e deram uma boa oportunidade de treinamento para a PM.
– Enfim 2014 é ano ELEITORAL, lembrou.
– Agora imagina grandes manifestações neste ano com a bandeira:
“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”
– Não entendeu.
“DEZ POR CENTO NA EDUCAÇÃO EM DOIS MIL E QUINZE”
– Foi?
“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”
“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”
“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”
“10% NA EDUCAÇÃO EM 2015”

Leo V

Havia lido esse depoimento no facebook.

Merece ser lido até o fim.

RicardãoCarioca

Se estivesse trabalhando e/ou estudando, estaria fazendo mais por você mesmo do que ter perdido o seu tempo com um grupelho que não quer Copa e tem a petulâncias de achar que fala pela população.

Por que não protesta contra o pagamento de juros da dívida pública, que consome 3 Copas por ano do orçamento federal?

Por que não protesta contra o péssimo atendimento em muitos hospitais?

Por que não protesta contra o banheiro superluxo de R$55.000,00 do Eduardo Campos para o seu camarote no carnaval?

Se você é jovem, não perca seu tempo: Estude, se forme e inicie uma carreira de sucesso. Daqui a 20 anos você irá agradecer muito por esse conselho.

    Fernando

    Se nem você vai nessas manifestações por que quer os outros vão?

    RicardãoCarioca

    Pseudo-manifestações não são produtivas. Prefiro me aprimorar físico-academicamente nos finais de semana. Tantas manifestações e de prático, até agora e por muitos anos a frente, foi um mero adiamento no aumento das passagens.

    Leo V

    Que engraçado, a manifestação foi no final da tarde de um sábado, e era para estar estudando ou trabalhando.. sei.

    Acho que foi com esse tipo de pensamento que se criaram os gulags e campos de concentração.

    Bem, de fato quando se faz panfletagem e manifestação em dia de semana se costuma ouvir pessoas dizendo, irritadas: “vai trabalhar!”.

    Daí percebemos que o trabalho se presta mais, hoje em dia, há fonte de controle político do que de valor econômico.

    RicardãoCarioca

    Pensamento confuso esse, o seu. O Trabalho dá dignidade a pessoa. Trabalho e controle político não se misturam, só na sua mente. Manifestar para coisas sérias tudo bem, mas o que essas “manifestações” (com aspas mesmo) que vocês vêm fazendo é uma nulidade que dá pena. Ok, perca o seu tempo. Experimentei perder um pouquinho do meu lhe respondendo e me irritei com tamanha inutilidade desse meu tempo gasto.

    abolicionista

    Caro Ricardão, você acha que o trabalho liberta?

Júlio De Bem

As aventuras do coxinha de um metro e noventa loiro de olhos azuis.

    Leo V

    Isso é para vc ver, vc está bem à direita dos “coxinhas”, se vc quer chama-lo assim.

    Se vc leu o relato, percebe que o autor é bem articulado politicamente.

    Suponho que se vc lê esse blog é porque vc se considera de ‘esquerda’.

    Pois estamos diante de um fenômeno, petistas e eleitores da Dilma aplaudindo de pé a polícia do Geraldo Alckmim. A polícia mundialmente conhecida pela sua violência e brutalidade.

    Júlio De Bem

    Sorte que sua opinião vale tanto quanto o que faço quando vou no banheiro. Quem se denomina assim, é o próprio autor. Leia o texto.

    Leo V

    Não, ele diz que é um “mauricinho”, não um “coxinha”. De qualquer forma, ele diz isso porque ele sabe que a aparência dele é um escudo contra maiores agressões, como deixa claro no texto.
    E quem tem consciência disso, e demonstra a consciência política que ele tem, merece muito respeito por qualquer um que se diga “progressista”.

    Minha opinião vale tanto quanto a sua.

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