Refinaria em Betim tem 200 casos de covid, mas direção faz que não vê — diz sindicato

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Regap sofre surto de Covid-19

Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), tem mais de 200 petroleiros infectados pelo coronavírus só em março

Via Maíra Santafé

O surto de Covid-19 no Brasil avança a níveis alarmantes também na Refinaria Gabriel Passos.

Até ontem (17/3), segundo denúncia dos trabalhadores, foram contabilizados mais de 200 petroleiros que testaram positivo para o novo coronavírus só no mês de março, entre efetivos e terceirizados; 84 deles de um mesmo setor,  segundo informações recebidas pelo Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG).

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou nota à imprensa na terça-feira (16), denunciando a grave situação na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim que, até aquele momento, contava com 11 trabalhadores internados por complicações da Covid-19.

Um deles não conseguiu internação, por falta de vagas nos hospitais, mesmo com 30% do pulmão comprometido.

Na última segunda-feira (15), o sindicato enviou ofício para a gerência-geral da refinaria, solicitando a suspensão da parada de manutenção e outras medidas de segurança, para proteger os trabalhadores e seus familiares.

Além do gerente-geral da empresa, a denúncia foi enviada ao Ministério Público do Trabalho (MPT); Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE – MTE – MG); Ouvidoria do Estado de Minas Gerais; Conselho Estadual de Saúde – MG; Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – Betim (CEREST-Betim) e Conselho Municipal de Saúde – Betim.

A carta solicita, também, a garantia de condições seguras para a prevenção à pandemia.

O documento enviado explica que a Parada de Manutenção na Regap, que gerou aglomeração e, consequentemente, o surto da doença na unidade, começou no dia 28 de fevereiro e tem previsão de duração de 30 dias.

Também coloca que durante a atividade, há um aumento no contingente de trabalhadores, para a realização das diversas tarefas previstas.

O aumento presencial da Regap foi de mais de 2 mil pessoas, isso significa que o efetivo quase dobrou de tamanho, para trabalhar praticamente no mesmo espaço.

A carta denuncia, inclusive, que para esse aumento de contingente acontecer, há indivíduos e equipes inteiras que vêm de outros estados, podendo aumentar o risco de contágio pelas novas variantes do coronavírus.

Além das aglomerações, há denúncia de falta de condições para o cumprimento dos protocolos de segurança, indicados pelos órgãos de saúde.

Ainda na segunda-feira (15), a Vigilância Sanitária de Betim realizou uma fiscalização na Regap, para averiguar as condições das unidades.

Mas, mesmo após vistoria, o sindicato recebeu novos registros de aglomerações no interior da refinaria, além da denúncia de tentativas, por parte da gerência, de “maquiar” as péssimas condições de segurança, como no transporte de terceirizados e higienização de contêineres.

“É um absurdo o que está acontecendo na Regap. Os números [de contaminados] não param de crescer e a Regap finge que nada está acontecendo. As pessoas estão com medo de ir trabalhar”, disse Alexandre Finamori, coordenador do Sindipetro-MG.

“A refinaria sequer respondeu ao ofício do sindicato, mostrando desprezo pela vida dos trabalhadores no pior momento da pandemia. Vamos seguir denunciando o que está acontecendo”, acrescentou Finamori.

O Brasil está sofrendo o pior momento da pandemia, desde o seu início. Só na última terça-feira (16/3), foram registradas 3.149 mortes no Brasil, segundo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em nota divulgada no dia 17/3.

Diante do caos instaurado no país, muito em parte pela irresponsabilidade do governo federal em lidar com a pandemia, diversos municípios e estados estão com o sistema de saúde, público e privado, em colapso e, por este motivo, decretando lockdown.


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