Merval trata política externa como concurso de miss

Tempo de leitura: 3 min

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Ela não tem importância!

por Luiz Carlos Azenha

Merval Pereira tem a tarefa de falar mal do governo. De qualquer governo trabalhista, presumo.

Faz isso com a regularidade de um gotejamento em sua longuíssima coluna n’O Globo, na CBN e na Globonews.

No diário conservador carioca, a extensão dos escritos de Merval é inversamente proporcional à lógica do conteúdo.

Neste sábado, 3 de janeiro, a coluna de Merval, intitulada “Mal na fita”, poderia ficar no primeiro parágrafo: “O Brasil começa 2015 em situação descendente, em que pese a enganosa euforia da presidente Dilma em seu discurso de posse no segundo mandato”.

O ócio de uma manhã nublada nos permitiu uma aventura pelos parágrafos seguintes.

A “decadência” brasileira, expressa na desimportância crescente do Brasil no cenário internacional — sempre segundo Merval — se baseia em dois pontos.

Primeiro: por causa do baixo crescimento, o Brasil terá perdido duas posições no ranking das maiores economias do mundo quando 2015 terminar. Merval menciona a Índia, que por conta do tamanho de seu mercado tem ainda muito a avançar.

O colunista não explica exatamente qual a relevância disso para o papel do Brasil no cenário internacional. Também não explica como a queda no ranking, de sexta para oitava economia, prejudicou ou prejudicará o Itamaraty e a diplomacia brasileira.

Tenho comigo que, ao contrário do que escreve Merval, o Brasil tem assumido um papel cada vez mais relevante baseado exclusivamente no soft power e na quieta diplomacia de sussuros que é marca histórica de nossa política externa.

Ainda me lembro com clareza que, anos atrás, num artigo sobre política externa a revista dominical do New York Times esmiuçou a estratégia brasileira, descrita como sendo a de amarrar os Estados Unidos nos múltiplos compromissos de um mundo multipolar.

Portanto, ao contrário do que diz o colunista de O Globo, a importância do Brasil vai muito além dos BRICs. Deriva também do fato de o Itamaraty ter ajudado a construir — tanto na América do Sul, quanto na América Latina, quanto em escala global — uma arquitetura que beneficia o exercício de nosso forte, que é ironicamente o soft power.

Merval explica: “A desimportância econômica vem acompanhada de desimportância política internacional, reforçada pela política externa do governo Dilma, mais voltada para questões regionais e ideologicamente ligada aos parceiros do Mercosul, em detrimento das relações com Estados Unidos e Europa”.

No parágrafo acima, Merval espalha desinformação.

Em primeiro lugar, não houve qualquer esforço dos governos Lula e Dilma, ao menos que eu saiba, para prejudicar as relações com Estados Unidos e Europa.

Houve, sim, algumas constatações:

1. O fim da guerra fria e o crescimento econômico da China e da Índia, com suas imensas populações, apontavam na direção de um mundo multipolar;

2. O forte do Brasil é o soft power e, no contexto de uma liderança econômica inegável na América do Sul, este poder é ampliado quando o Brasil leva consigo os vizinhos do Mercosul.

Coloque a economia brasileira ao lado da chilena e espere sentado: a inércia tende a favorecer quem tem maior capacidade de acumular capital.

Merval também parece desconhecer o óbvio:

1. Na esteira de uma diplomacia que reduziu a importância relativa do comércio com Estados Unidos e Europa, o Brasil ocupou mercados que dinamizaram sua economia exportadora;

2. A indústria brasileira tem vantagens comparativas quando compete por mercados geograficamente próximos como são os da América do Sul; portanto, faz todo o sentido a política externa “mais voltada para as questões regionais e ideologicamente ligada aos parceiros do Mercosul”.

Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil não hostiliza a Venezuela no cenário internacional. Também há um motivo econômico para isso: nossas exportações para o vizinho são de U$ 4 a 5 bilhões anuais.

Merval escreve que a tarefa do novo ministro brasileiro das Relações Exteriores “será interromper a crescente desimportância brasileira”.

Neste caso, ele baseia sua argumentação numa espécie de concurso de miss: uma pesquisa de popularidade feita pelo Ash Center para a Governança Democrática e Inovação, da Harvard Kennedy School.

A pesquisa “perguntou a cidadãos de 30 países suas opiniões sobre dez influentes líderes nacionais que têm impacto global”.

Obama liderou com 93,9% e Dilma ficou em último com 25,4%.

O fato de a pesquisa ter sido feita em apenas 30 países — quais? — já seria suficiente para questionar a representatividade dos números.

Mas, dando de barato que ela realmente expresse a opinião majoritária no planeta, qual é a relevância do resultado? Ele reflete apenas desconhecimento ou é mesmo sinal de “desimportância política internacional” do Brasil que justifique uma guinada na política externa, como quer nos fazer crer Merval Pereira?

O colunista dedica oito longos parágrafos (e promete continuar amanhã) à pesquisa, omite informações e tortura a lógica para fazer disfarçadamente o que faz diuturnamente no rádio, na TV e no jornal: falar mal do governo Dilma com base em argumentos simplórios e irrelevantes.

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Comentários

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Márcio Gaspar

“Merval explica: “A desimportância econômica vem acompanhada de desimportância política internacional, reforçada pela política externa do governo Dilma, mais voltada para questões regionais e ideologicamente ligada aos parceiros do Mercosul, em detrimento das relações com Estados Unidos e Europa”.”

Aqui é o mais do mesmo de um pensamento anacrônico que serve para alimentar a mente pouco esclarecida de “coxinhas”. Vai acabar na Veja.

Márcio Gaspar

“O colunista não explica exatamente qual a relevância disso para o papel do Brasil no cenário internacional. Também não explica como a queda no ranking, de sexta para oitava economia, prejudicou ou prejudicará o Itamaraty e a diplomacia brasileira.” Como estamos em tempos de vestibulares, e lembrando do tradicional vestibular da Fuvest, eu diria que o que o Azenha pontuou é digno de um examinador corrigindo uma redação de vestibular. rsrsr. Então, esta redação do Merval neste quesito argumentativo é vaga. Zero para ele. rsrs

bertha

Merval é sem-noção…

Bacellar

Não faz mal Merval! Em 2018 volta o Lula; miss universo -para nos deixar benzaço na fita, manow- no conceito do Ash.

roberto

Esse Merval é o próprio Pedro Bó, que escreve em uma empresa jornalística ,onde 99% dos integrantes têm o seu mesmo QD (quociente de desinteligência).

enganado

Deveríamos perguntar ao Merdal se é realmente jornalista ou comprou o diploma. Por que acha/desconfia/tem pressentimento que a rede gRobo o mantém neste cargo. Perguntar se lê pelos jornais, vê TV, escuta rádio, porque uma pessoa que se presta a escrever para o público deveria ter algum conhecimento dos fatos a sua volta, mas parece ser o caso. Caro Merdal, você já pensou que a rede gRobo está o treinando para substituir o Mister M no “Fintástico Show da Vida” com suas nobre Adivinhações e Mágicas a respeito do Governo Federal? Experimente aquela máscara e nos diga que adorou, tá!

Cezar Gouvêa

Merval cada vez mais se especializa para agradar os ilustres colegas da ABL nos convescotes do chá das cinco. Quem mais dá ouvidos a Merval? Até sua biografia já foi detalhada em vida por Mino no romance “O Brasil”; ele já é quase uma nota de obituário.

Edgar Rocha

Merval é complicado, hein? Não era mais fácil falar do vestido da Dilma na posse? Precisa atentar mais para o estilo direto da Miriam Leitão a Pururuca (é elogio, viu Miriam? Gostosa!).

Só pra constar, a referida pesquisa perguntou se a tal influência política global era positiva ou negativa? Se me perguntassem, eu também diria que o Obama é influente. Seria a mesma resposta de um sírio, um ucraniano, um líbio, um grego, um venezuelano… Somos todos fãs do Obama.

Fabio Passos

A quarta derrota seguida deixou o psdb/PiG submerso em um oceano de amargura e rancor.
Assistir o PiG faz mal a saúde.

Julio Silveira

Caros amigos um alerta. Só tenho sabido da existência do Merval nas leituras dos Blogs que leio. Mas acredito que do jeito que a politica é conduzida no país, logo ele vai estar elogiando a Dilma, senão ele será como aqueles que ainda pensam a Russia como URSS.

Caracol

Nada diferente daquilo a que o sistema globo tem se dedicado em fazer durante os últimos 50 anos: imbecilizar o brasileiro.
Reconheçamos que com razoável sucesso.

Antonio

Na última campanha, um candidato usou a boca como aparelho excretor.
Depois da campanha, fica demonstrado que alguns jornalistas, usam a boca e os dedos como aparelho excretor para esvaziar a cabeça que não se cansa de produzir o que costumamos chamar de detrito de maré baixa.

Francisco

Merval é desimportante.

Minha vizinha cria um papagaio.

Ela fora a gaiola do papagaio com Merval.

Para o papagaio, Merval tem alguma importância.

Não sejamos papagaios do Merval…

Bovino Paulista

Azenha, não se pode exigir nada além de simplório e irrelevante de lambe botas dos Marinhos.
Outro detalhe: Ainda bem que é imortal, já pensou no mau cheiro desse sujeito morto.

Marat

FU-TRI-QUEI-RO… Merval, coitado, não passa de um pobre e infeliz futriqueiro, que recebe esmolas do Tio Sam. Esse ai, se pedirem, oferece até o seu traseiro para o Tio Sam (acho que oi oferece mesmo se não o pedirem)… é por essas e outras que um inútil desses é “imortal”… Está em boa companhia!

Vicente

Esse Merval escreve o que quer, sem qualquer compromisso com a vida real. O melhor mesmo é nem ler um cara desses.

Reinaldo José Mercador Dantas

Quem é mesmo mp….A assim o mortal da abl ,,,,,,,,,,,,,,,he!
Piada: A rede globo é imparcial!!!!!!!!!!!!!!!!!

delsuc oliveira

É o famoso Zé Ruela !!!

Marat

Azenha, todos sabemos que Merval é um garoto de recados (muito bem pago) dos EEUU, ou seja, é um dos Washington Boys, mesmo já avançado em idade.
De todo modo, é sempre importante pessoas qualificadas desmontarem, um a um, os argumentos daqueles que por motivos pra lá de escusos, agirem diuturnamente contra o Brasil, e toda a América Latina.
Exceção ao povo de SP, que infelizmente convive com uma imprensa corrupta e vendida, crê nessas matérias entreguistas e reelege ad eternum o partido dos globobalizados, o restante do Brasil tende a ter um pouco mais de consciência, e, quem sabe, continua na trilha de um Brasil mais independente, rumo ao melhor!

Wendy

Ele é simplório e irrelevante. E força muito a barra para agradar os patrões. Deveria sentir vergonha.

Giloson Lopes Silva

Talvez falta a Merval Pereira conteúdo pois seus artigos estão monótonos puro revanchismo político, está escrevendo coisa por coisa.

Flavio de Oliveira Lima

Simplório e irrelevante. Define também o próprio merv(d)al.

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