Lelê Teles: Cadê os yanomami? Sumiram ou foram sumidos? Por quê?; vídeos

Tempo de leitura: 4 min
Fotos: Reprodução de vídeos

CADÊ OS YANOMAMI?

Por Lelê Teles*

em roraima, na região de waikás, um grupo de 24 indígenas desapareceu na floresta, deixando pra trás a comunidade em chamas.

pra onde foram, por quê foram; sumiram ou foram sumidos?

tudo aconteceu no último dia 25, logo após a comunidade ser invadida e atacada por garimpeiros.

os sujeitos violentaram brutalmente uma menina de 12 anos, levando a pequena à morte.

em seguida, os violadores sequestraram uma mulher, com o seu filho de três anos de idade; a criança, veja que brutalidade, foi jogada no rio, segundo relato de júnior hekurari yanomami, liderança indígena que publicou um vídeo nas redes sociais denunciando o crime.

pode ser que a comunidade tenha fugido em desespero para não ser exterminada.

são muitos, e cada vez maiores, os relatos de ataques brutais contra indígenas.

o terror, o pavor, o pânico e o medo são armas psicológicas utilizadas pelo macho branco desde que este câncer da terra aportou por estas paragens.

há mais de 500 anos temos visto essa cena se repetir, ininterruptamente, e se alastrar como uma metástase: de forma brutal e covarde, homens fortemente armados, com armas de fogo, matam os povos originários sem piedade, ou obrigam indígenas a se esconderem nas regiões mais profundas da floresta para não serem assassinados.

os exploradores gananciosos não têm escrúpulos: mandam e desmandam, matam e desmatam.

as terras, e isso parece um imperativo, deve estar apenas nas mãos do macho branco.

por isso, os quilombos estão sempre sob vigilância, por isso os quilombolas lutam, por séculos, para terem a posse de um pequeno pedaço de chão.

é por isso que morrem tantas lideranças comunitárias, por esse motivo matam os que defendem a floresta, é por essa razão que as mulheres quebradeiras de coco babaçu vivem sob a ameaça constante de fazendeiros e grileiros.

é por essas e outras que os brancos gananciosos odeiam tanto os indígenas: “eles têm terras demais e são preguiçosos”, dizem os preguiçosos que parasitam crianças, animais e máquinas para trabalharem pra eles.

mesmo as terras demarcadas estão sob a mira dos assassinos.

e agora eles têm um governo que os apoia, têm parlamentares que incentivam a brutalidade, têm instituições que fazem vista grossa às agressões que os povos da floresta, e a própria floresta, vêm sofrendo cotidianamente.

o macho branco, quando invade uma terra, antes de colocar uma cerca, ele destrói tudo o que encontra: toca fogo nas matas, polui os rios, mata tudo o que nada, voa, rasteja, fornece sombra e garante a vida.

a morte do “outro”, o assassínio, é a cachaça do macho branco.

em seguida eles vão a uma igreja, fazem um teatro místico, depositam umas moedas na sacola de espórtulas e dormem com os bolsos cheios e a consciência tranquila.

estupraram uma menina de 12 anos, jogaram uma criança de 3 anos dentro de um rio…

dói, cara, isso dói pra caralho!

isso fode a alma de quem tem alma; dilacera o coração de quem tem coração!

lembro-me da pequena madeleine mccann, uma criança de 4 anos, branca e britânica, que desapareceu em portugal no ano de 2007.

o mundo ficou em pânico: será que estupraram a pequena, será que está viva, será que passa frio e fome, será…

o planeta terra se mobilizou para procurar a criança, os principais meios de comunicação do mundo, fizeram desta a sua notícia principal.

ilze scamparini, do alto de um telhado, chorava a perda da infante.

é triste o que aconteceu com madeleine, mas por que diabos é menos triste o que aconteceu com os yanomami, por que diabos a comoção é menor?

cadê os yanomami?

desapareceram ou foram desaparecidos; por quê?

é preciso gritar com todas as forças e gritar sempre: vidas indígenas importam, porra!

palavra da salvação.

*Lelê Teles é jornalista, roteirista e publicitário

Segunda-feira à noite, 25 de abril de 2022. Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), denunciou no vídeo acima, postado em rede social, que uma menina de 12 anos foi estuprada e morta por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na Terra Yanomami.

Terça-feira pela manhã, 26-04. O Condisi-YY enviou ofícios à Polícia Federal, Ministério Público Federal, Funai e Ministério da Saúde, pedindo investigação do caso.

Quarta-feira pela manhã, 27-04. Integrantes da PF, MPF, Funai e Condisi-YY — Júnior Hekurari Yanomami é um deles — viajaram de helicóptero de Boa Vista até a comunidade Aracaçá para apurar o caso.

Quinta-feira pela manhã, 28-04. Integrantes da PF, MPF, Funai e Condisi-YY retornam à comunidade Aracaçá para tentar aprofundar as investigações.

Para facilitar a compreensão, o Viomundo editou quatro vídeos enviados por Cláudia Ferreira, ativista de direitos humanos e da causa indígena, em um só. Eles foram usados na íntegra, sem qualquer corte (veja no vídeo abaixo).


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

robertoAP

O que a ONU está esperando para declarar o genocida Jair de Tal, como autor de crime contra a Humanidade?

    Claudio Nunes

    Isso que não tem lógica amigo, vc querer culpa alguém que provavelmente não tem nada aver com isso…
    Acho que vc não sabe nem o que é ONU e nem para que isso serve.

Maria Carvalho

Cadê os yanomami?
Qual órgão público está interessado nesse assunto?
Precisamos de uma resposta urgente!

Afrânio Costa

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-globonews-interrompe-jornalista-que-explicava-ao-inves-de-detonar-fala-de-lula-sobre-zelensky/

Não se preocupem com as coincidências da platinada.
O Brasil vai se ferrar se Bolsonaro for reeleito, mais ela também vai, simplesmente porque perderá o sinal e seus jornalistas podem tratar jeito de deixar seus currículos em ordem já que nestas circunstâncias todos vão perder os empregos. Quando a cabeça nao. pensa o corpo padece. É isso aí…

Deixe seu comentário

Leia também